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Resenha dos cap. I, II e III da obra: Formação Econômica do Brasil. Companhia da editora Nacional: 2005. Celso Furtado.

Confira aqui a resenha dos capítulos I, II e III da obra: Formação Econômica do Brasil. Companhia da editora Nacional: 2005. Celso Furtado.

O texto publicado foi encaminhado por um usuário do site por meio do canal colaborativo Meu Artigo. Brasil Escola não se responsabiliza pelo conteúdo do artigo publicado, que é de total responsabilidade do autor . Para acessar os textos produzidos pelo site, acesse: https://www.brasilescola.com.

Assim como Caio Prado, Gilberto Freyre e alguns outros, Celso Furtado é protagonista de um dos grandes clássicos nacionais que se propões a explicar a formação nacional. Logo de inicio, assim como Caio Prado, no livro Formação do Brasil Contemporâneo, Celso Furtado estreia o primeiro capítulo colocando a descoberta da América como algo recorrente da expansão colonial e não por necessidades demográficas. Segundo Celso Furtado, as preocupações após o descobrimento tanto da Espanha como Portugal após o descobrimento não foram apenas comerciais e sim de proteção dessas áreas contra a ambição de outros reinos na Europa. No caso português, segundo o livro, o Brasil começaria a ser habitado por uma pressão política em defesa aos anseios de ocupação alheios, como por exemplo: os franceses. Para conseguir tal façanha de proteger seus novos territórios e ainda assim não se tornar tão custoso aos cofres portugueses, a Coroa Portuguesa, aposta na produção agrícola já que o tão cobiçado ouro só seria descoberto muito tempo depois. Desta maneira, a América estaria agora se integrando, embora com algumas ressalvas, a um sistema europeu de produção não sendo mais um local de apenas extração, como foi outrora. O sistema agrícola, apesar de ser uma saída de lucro também guardaria seus ônus, como por exemplo, o custo dos fretes destes produtos como o próprio plantio.

No capítulo 2, intitulado, Fatores do Êxito da Empresa Agrícola, Celso Furtado tenta explicar justamente a resolução das dificuldades da agricultura na América. É relatado a importância do plantio do açúcar como uma grande protagonista no sucesso português. Seja nos lucros com a venda do açúcar até mesmo o encorajamento do desenvolvimento da indústria portuguesa voltada a melhorar o plantio, a plantação da cana de açúcar foi capaz de proporcionar a Portugal proezas como enfrentar em igualdade o forte comércio veneziano. É importante ressaltar que desde cedo os grandes refinadores desse açúcar português eram os flamengos, no qual distribuía para toda a Europa, onde segundo o texto foram estes os maiores responsáveis pela expansão do produto no mercado. Se utilizando de um já organizado comercio marítimo os holandeses tinham o necessário para integrar com boas proporções o açúcar no mercado europeu. Além disso, muito do capital para produção do açúcar advieram dos chamados países baixos, desta maneira, o tão famoso açúcar da colônia portuguesa não seria viável se não houvesse de alguma forma o suporte flamengo. A compra e o escambo do comércio negreiro africano, conhecida desde muito tempo, também foi uma das partes chave para o desenrolar do plantio do açúcar. Em tempos de escassez de mão de obra em Portugal e falta de estímulo dos mesmos uma vez que o comércio das índias orientais ainda se encontrava em grande lucro, a força de trabalho escrava foi a mais presente nesse processo.  Desta forma, a agricultura na América que só seria apenas um elemento proteção contra a ambição de outros povos europeus, somado a estes fatores citados acima, formou um grande sistema de exorbitantes lucros.

Enquanto Portugal utilizava os potenciais agrícolas de sua parte da América, os espanhóis, apenas aumentavam sua produção de extração de metais. Tendo uma terra mais densamente povoada, os espanhóis utilizam deste artificio, como sua mão de obra, além disso, o intercambio entre as colônias era quase nulo, razão pela qual os fretes continuavam bastante claros. O capítulo 3, intitulado, Razões do Monopólio, nos elucida que na verdade a Espanha se esforçava em criar áreas auto suficientes na América, cujo o objetivo destas seria enviar metais para a sua metrópole europeia. Porém todo este lucro da Coroa da Espanha com os metais americanos esbarrava em problemas como a alta inflação, sendo assim, o ouro espanhol escoava de seus domínios com a mesma facilidade que adentrava.  Aos poucos, com seus altos gastos e problemas econômicos, a forte Espanha, iria entrar em crise, prejudicando também suas colônias. Tendo se restringindo na exploração de metais, as colônias espanholas, não produziam outra coisa, o que ocasionou forte recessão. Toda crise espanhola do século XVII, que dificultaria o desenvolvimento das suas colônias, segundo Celso Furtado, proporcionou em uma nova relação entre metrópole e colônia. No momento da crise, os espanhóis aumentaram suas vendas de produtos manufaturados a suas colônias, estes colonos em contrapartida, em dado momento, sentiu-se necessitado em exportar seus produtos, o que trouxe um grande crescimento. Celso Furtado explica que se a Espanha tivesse tomado os trilhos portugueses da produção agrícola, estes poderiam ter tido muito mais êxito que Portugal, seja pela sua densidade populacional nas colônias até a proximidade das terras com a Europa. Porém a sua fragilidade econômica não permitiu que isso fosse feito. Assim se concluir na visão de Celso Furtado, nesses três capítulos, a última causa para que a Coroa de Portugal tivesse tanto lucro com o açúcar: a falta da concorrência espanhola.

Diante desses três capítulos e comparando um pouco com outros autores clássicos como Gilberto Freyre, Caio Prado Junior e Sérgio Buarque de Holanda, percebemos que Celso Furtado tenta através da economia dar uma cara mais ampla do processo de colonização. É percebido uma alta preocupação por parte do autor em mostrar a importância holandesa em todo o processo do açúcar, como também a influencia que as colônias vizinhas, ainda que de maneira indireta, tiveram no êxito português.


Publicado por: Anderson Carlos Meira Rodrigues

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