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Anabolizantes e Aceleradores Metabólicos: riscos e consequências do uso indiscriminado

O que são os Esteroides Anabolizantes Androgênicos (EAA) e quais são as suas consequências irreparáveis ao organismo.

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Resumo

Os EAA (esteroides anabólicos androgênicos) são hormônios que englobam a testosterona e seus derivados. São responsáveis pelas características sexuais masculinas secundárias, ou seja, estão intimamente ligadas à masculinidade. Geralmente são utilizados por esportistas, especialmente os praticantes de musculação. No organismo os EAA são produzidos nos testículos e no córtex adrenal, sendo utilizados nos esportes para ganho de massa e aumento da força física. Os EAA podem causar diversos efeitos colaterais graves. Este artigo tem a intenção de despertar o interesse dos praticantes de esportes que utilizam esses hormônios de forma irregular e que podem provocar consequências irreparáveis ao organismo afetado.

Palavras-chave: Aceleradores, Anabolizantes, Musculação

Abstract: AAS (anabolic androgenic steroids) are hormones that encompass testosterone and its derivatives. They are responsible for secondary male sexual characteristics, that is, they are closely related to masculinity. In the body are produced in the testicles and the adrenal cortex, being used in sports for mass gain and increase in physical strength. AAS can cause several serious side effects. This article is intended to arouse the interest of sports practitioners who use these hormones irregularly and that can cause irreparable consequences to the affected organism.

Keywords: Accelerators, Anabolic, Bodybuilding

Introdução

Os anabolizantes são hormônios sintéticos muito similares à testosterona (hormônio sexual masculino) que foram desenvolvidos inicialmente para fins terapêuticos sendo utilizado no tratamento de diversas doenças. Hoje não somente com esse objetivo, é utilizado também como um meio rápido de adquirir maior competitividade, maior capacidade de recuperação de lesões e até mesmo como forma de adquirir um "corpo perfeito”. Possuem uma estrutura química semelhante a de esteroides, responsáveis pelo equilíbrio das funções vitais do organismo podendo ser chamado de esteroides anabolizantes. O uso ilícito desses esteroides androgênicos anabólicos pode acarretar a utilização em doses mais elevadas que o recomendado causando diversos efeitos no metabolismo.

O metabolismo é toda reação química no organismo que gaste energia para produzir ou alterar moléculas. O metabolismo energético, envolvido na perda e no ganho de peso, corresponde a apenas uma parte do metabolismo corporal. Existem vários processos metabólicos acontecendo ao mesmo tempo. O metabolismo basal é responsável por 60% a 70% do gasto calórico diário. São as calorias necessárias para manter as funções vitais do organismo, como os batimentos cardíacos, a pressão arterial e a temperatura corporal. Já o metabolismo da atividade física é o gasto energético quando da prática de atividades físicas, sejam elas simples ou mais complexas e corresponde de 20% a 50% do gasto energético diário, dependendo da modalidade e da intensidade do exercício.
 
Esteróides Anabolizantes Androgênicos (EAA)
 
Esteroides Anabolizantes Androgênicos (EAA) são hormônios sintéticos muito similares a testosterona, hormônio sexual masculino sintetizado a partir do colesterol e secretado nos testículos e pelo córtex da glândula supra renal, criados com o objetivo de atingir efeitos anabólicos da testosterona, a função de manter e desenvolver características sexuais masculinas, de aumento da síntese proteica e consequentemente da massa muscular.  Possuem uma estrutura química semelhante a de esteroides, responsáveis pelo equilíbrio das funções vitais do organismo podendo ser chamado de esteroides anabolizantes.

Efeitos colaterais e o uso excessivo dos Esteroides Anabolizantes Androgênicos (EAA)

Mudanças comportamentais podem ser observadas acerca do uso indiscriminado de EAA, como mudança de humor, ansiedade, humor agressivo, descontrole emocional e raiva incompreensível.

O uso por via oral ou injetável é muito comum entre alunos de academias de musculação e atletas profissionais, uma vez que aumenta consideravelmente o desempenho físico e emocional para a realização de atividades físicas. Com o uso abusivo, podem ser observados efeitos negativos no organismo, como: na mulher, engrossamento das cordas vocais, hipertrofia do clitóris, aumento na quantidade de pelos do corpo; em homens a atrofia testicular, causando a impotência e a esterilidade, o aumento nas glândulas mamárias, câncer de próstata. Em ambos os sexos, são observados ainda outros efeitos colaterais associados ao uso indiscriminado dos EAA, como: problemas cardiovasculares, aumento na oleosidade da pele dando origem a acne, libido crescente, o aumento na massa muscular pode causar o rompimento de tendões, disfunções hepáticas câncer, entre outros.

Aspectos bioquímicos dos Esteroides Anabolizantes Androgênicos (EAA)

No intuito de aumentar sua eficiência, atletas e praticantes de musculação aumentam indiscriminadamente a dosagem dos anabolizantes, por via oral ou injetável, intensificando os efeitos negativos no organismo podendo causar: engrossamento das cordas vocais, aumento ou no caso da mulher o hipertrofia do clitóris, um humor mais agressivo, aumento na quantidade de pelos do corpo, aumento na oleosidade da pele dando origem a acne, atrofia testicular, em homens o aumento nas glândulas mamárias, disfunções hepáticas entre outros. Além disso, os eles podem provocar efeitos colaterais, como psicopatologias, câncer de próstata, doença coronariana e a tão falada esterilidade decorrente do uso indiscriminado.

Os hormônios se ligam a proteínas receptoras específicas de cada célula-alvo, quando o complexo hormônio-receptor é formado, ativa sistemas enzimáticos diversos inclusive o de transcrição genética, ou seja, o esteroide anabolizante, sendo muito similar a testosterona, se liga a um receptor androgênico localizado no citoplasma da célula-alvo no músculo formando um esteroide-receptor que se liga ao DNA nuclear da célula, promovendo a transcrição de RNA mensageiro que são responsáveis pela síntese proteica. Depois desse processo pode ser promovido um aumento na força de contração da célula devido o armazenamento de fosfocreatina (auxilia na conversão de ADP em ATP, fonte de energia nos músculos), um balanço positivo de nitrogênio (componente de crescimento da proteína) fator principal para o crescimento muscular e força, retenção de glicogênio no músculo (segunda fonte de energia no músculo), aumento na captação de aminoácidos que são importantes na construção de massa muscular. O aumento na síntese de proteínas faz com que a quantidade de fibras musculares (miofibrilas) aumente, fazendo com que o atleta suporte cargas maiores de exercício e peso. A droga acelera o metabolismo basal, portanto aumenta a capacidade de recuperação dos tecidos, assim com exercício físico o músculo sofre pequenas lesões que depois são tratadas com a produção de mais proteínas no local da lesão evitando lesões posteriores, além de acarretar a perda de calorias.

Uma consequência do uso abusivo de anabolizantes é que devido a esse crescimento muscular, músculos cardíacos também sofrem uma hipertrofia, gerando uma diminuição na ejeção sanguínea que leva a um maior bombeamento de sangue aumentando o retorno venoso, ou seja, uma frequência cardíaca alta e uma maior força de contração, assim podendo causar problemas cardiovasculares, levando até mesmo a morte. Há uma interferência no perfil lipídico, ou seja, aumento de colesterol total e da fração de LDL e diminuição de HDL no sangue também favorece o risco de problemas cardiovasculares entre outros fatores...

No fígado, os anabolizantes causam uma hepatoxidade que eleva o número das transaminases (enzimas hepáticas que participam do metabolismo das proteínas) uma vez que o anabolizante entra no sangue e é metabolizado no fígado. Os anabolizantes causam a insuficiência renal, pois para o "crescimento" dos músculos é preciso que ele retenha água para que as células consigam a quantidade de nitrogênio necessário para tal fazendo com que a pessoa pare de urinar logo que começa a fazer efeito, causando um aumento na pressão arterial.

Uma publicação do "National Institute on Drug Abuse" explica que os efeitos dos anabolizantes no cérebro não são os mesmos efeitos agudos no cérebro que as demais drogas de abuso causam, porém com o uso ao longo prazo afeta alguns dos mesmos caminhos cerebrais e substâncias:

“However, long-term steroid use can affect some of the same brain pathways and chemicals—including dopamine, serotonin, and opioid systems—that are affected by other drugs, and thereby may have a significant impact on mood and behavior. Abuse of anabolic steroids may lead to aggression and other psychiatric problems, for example. Although many users report feeling good about themselves while on steroids, extreme mood swings can also occur, including manic-like symptoms and anger (“roid rage”) that may lead to violence. Researchers have also observed that users may suffer from paranoid jealousy, extreme irritability, delusions, and impaired judgment stemming from feelings of invincibility.” 

Aceleradores e seus efeitos

Os aceleradores metabólicos são conhecidos como termogênicos, isso significa que podem transformar em energia as calorias provenientes da gordura corporal e da alimentação.

A velocidade que o organismo queima calorias é chamada taxa metabólica.

A taxa metabólica individual é determinada em grande parte por características genéticas. Alguns têm metabolismo lento, e por isso dificuldade em emagrecer e se manterem magras. O metabolismo lento leva ao acúmulo de gordura. Com o uso de aceleradores é possível aumentar a taxa metabólica.

Os termogênicos visam manter o metabolismo acelerado para que ocorra uma maior queima ao longo do dia. Alguns produtos são mais completos contendo um conjunto de ingredientes termogênicos. Outros são mais específicos, focados em ingredientes termogênicos conhecidos como guaraná e cafeína.

Drogas formuladas a partir de estimulantes, a base de efedrina, cafeína e aspirina, promovem o aumento do metabolismo. Não foram observadas mudanças drásticas comportamentais nos usuários de aceleradores metabólicos, contudo ansiedade e impaciência puderam ser verificadas em alguns deles.

Tabela - Variáveis bioquímicas antes e após oito semanas de administração do produto termogênico

Variáveis

Antes  

Após  

Δ  

Δ%  

Glicemia em jejum

123,0 

106,0 

-17,0 

-13,8 

Hemoglobina glicada

6,0 

5,8 

-0,2 

-3,3 

Insulina

20,8 

16,9 

-3,9 

-18,8 

Peptídeo C

2,45 

2,26 

-0,2 

-7,8 

HOMA-beta

90,0 

141,4 

51,4 

57,1 

HOMA-IR

3,18 

4,41 

1,2 

38,7 

Colesterol Total

131,0 

119,0 

-12,0 

-9,2 

HDL-c

44,0 

46,0 

2,0 

4,5 

LDL-c

73,0 

63,0 

-10,0 

-13,7 

Triglicérides

70,0 

52,0 

-18,0 

-25,7 

TGO

43,0 

31,0 

-12,0 

-27,9 

TGP

93,0 

60,0 

-33,0 

-35,5 

IL-6

2,0 

2,0 

0,0 

0,0 

TNF-α

1,3 

1,2 

-0,1 

-7,7 

Fonte: Revista Brasileira de Nutrição Esportiva

‘’Em relação aos aspectos bioquímicos, observam-se na tabela 3, reduções importantes em algumas variáveis, especialmente as relacionadas ao perfil lipídico e à função hepática. Em relação às variáveis inerentes à inflamação, apenas o TNF-α mostrou-se alterada; no entanto, a diminuição da concentração desse importante agente pró-inflamatório, ao final do período de administração do produto termogênico, foi discreta’’.

No que concerne a tabela 3 ficou demonstrado ao final do período de administração do produto termogênico, que ocorreram reduções de massa corporal total, IMC e CCin, e do percentual de gordura total e de membros inferiores e tronco; este último, ligado aos valores de CCin, particularmente, demonstra redução de riscos cardiometabólicos. Não ocorreram alterações importantes nas variáveis cardiorrespiratórias, atestando, pelo menos em parte, a segurança no que tange à administração de um termogênico. Foi observada uma melhora relacionada ao perfil glicêmico e lipídico e aos biomarcadores com função hepática e inflamatória.

Um estudo elaborado por Armstrong, Johnson e Dohme (2001), utilizou suplementação a base de fitoterápicos contendo Ma huang, laranja amarga e cafeína, demonstrou significativo efeito para a redução de massa gorda e tendência à significância para a massa corporal e percentual de gordura, sem apresentar efeito sobre o gasto energético em repouso e para a bioquímica sanguínea (glicemia em jejum, colesterol total, triglicérides e HDL-colesterol) após seis semanas de acompanhamento em seres humanos.

Conclusão

Todos e quaisquer anabolizantes ou aceleradores quando usados sem acompanhamento médico ou em excesso podem provocar alterações metabólicas significativas no organismo, uma vez que comprometem a estabilidade metabólica desequilibrando o sistema, priorizando algumas vias em detrimento de outras, causando assim efeitos colaterais em órgãos vitais. Faz-se necessário suprir as vias metabólicas em órgãos que foram priorizados devido ao efeito desses hormônios e aceleradores causando prejuízos, como por exemplo, aos rins do indivíduo, devido a maior utilização da água pelos músculos. Por isso, o recomendável é somente utilizar estes recursos sob orientação médica e para fins terapêuticos. A automedicação pode trazer prejuízos irreparáveis ao usuário e ainda provocar a falência de órgãos e sistemas como um todo, podendo ocasionar, inclusive, a morte do indivíduo. Todo tratamento, acompanhado por um especialista, visa objetivos estéticos e/ou esportivos, sem que ocorram alterações fisiológicas indesejáveis e maléficas ao bom funcionamento do metabolismo do paciente.  

Referências Bibliográficas

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Por Douglas Alexandre dos Santos e Rayane Castro Tavares.


Publicado por: Rayane Castro Tavares

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