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ORGANIZAÇÃO DOS ESTUDANTES NO TEMPO E NO ESPAÇO: ALGUMAS CONSIDERAÇÕES EM CONTEXTOS DA JUVENTUDE NO BRASIL

Considerações sobre contextos da juventude no Brasil.

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De acordo com o artigo de Marcos Rogério Jesus Chagas, com o título “História da organização estudantil e os grêmios na atualidade”, publicado no site  http://www.uel.br/grupo-estudo/gaes/pages/arquivos/MARCOS%20artigo%20GT%2006.pdf : “(...) O Movimento Estudantil no Brasil ocorreu de maneira bem particular.  (...) Os Grêmios Estudantis foram as entidades que ao longo da segunda metade do século XX (...)’

A organização dos estudantes, dos acadêmicos, é, e sempre foi, uma sequência de resistências pela construção de uma democracia participativa e, quando esta vem com a Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, outros entraves, desafios, contratempos, e similares, surgem no caminho, na estrada. Mesmo assim, estes atores, protagonistas de transformações, mudanças, novos tempos, não desanimam. Em 2022, são figuras que marcam esta década.

Segundo o artigo com o título “Adolescência e juventude: os “rebeldes” do Brasil Colônia”, publicado no site https://historiahoje.com/adolescencia-e-juventude-os-rebeldes-do-brasil-colonia/ : “(...) As poucas informações sobre a adolescência no período colonial mais contam sobre os rapazes. Sim, pois as moças tinham como única função preservar sua virgindade. (...)”

Já na colônia, a juventude, os jovens, davam sinais de que algo precisaria mudar e que a situação como tal, não poderia continuar. A juventude negra é uma desses casos concretos. O negro não nasceu para ser escravo. O negro é pessoa humana e tem os mesmos direitos do que todos os outros seres humanos. Não é a cor da pele que define a pessoa humana. Pensar assim, pela cor da pele, é pensar pouco, pensar baixo, pensar dentro de um mundinho de preconceitos, discriminações, racismos, e outros sinais de mortes que, de fato, matam corpo, mente, coração, espírito, alma, da pessoa humana. Pensar, em algum tempo e espaço de Brasil, que o negro é mercadoria, é escravo, é menor do que outro ser humano, é, na real, burrice, ignorância, tese do mal. Vários relatos, na literatura do Brasil, demonstram que a pessoa humana do negro, mais destacadamente, da juventude negra, resistiu, e ainda resiste em 2022, para não morrer enquanto carne e também enquanto alma, espírito, diante de tantas pedras que nela são atiradas, remessadas, por mãos de outras pessoas humanas.  O ser humano tem sabedoria, e apenas ele, nenhum outro mais. O que este faz para melhorar seus conhecimentos diante de sua sabedoria? Pouco. Os motivos são tantos. Vão desde ganância por ter mais e mais dinheiro no bolso até uma simples não gosto de tua cara e quero me livrar de você.  Diante de tal quadro, a juventude negra, no caso concreto em tela, utilizou, e ainda utiliza, suas ferramentas, e são tantas, para gritar, lutar e marcar sua presença, servindo de inspiração para outros jovens.

De acordo com o artigo de Douglas Martins Amaral, com o título “Racismo e a criminalização da juventude pobre e negra: Uma análise a partir da realidade do Centro de Socioeducação Professora Marlene Henrique Alves (CENSE PMHA) - Unidade no Norte Fluminense- RJ”, publicado no site   http://www.joinpp.ufma.br/jornadas/joinpp2021/images/trabalhos/trabalho_submissaoId_814_81461242a311218f.pdf : “(...) Para Florestan Fernandes (2008), as relações de poder dos países europeus sobre as colônias e países na América Latina e a reorganização da economia no mundo, através da revolução industrial, possibilitaram a dominação e subordinação deles, resultando no capitalismo dependente.  (...)”

Os povos indígenas também participam da história da juventude, dos jovens. Com a invasão do Brasil por estrangeiros, os irmãos índios muito sofreram. Dos tantos sofrimentos enfrentados por eles está o tema da opção sexual pelo mesmo sexo, tema este que os estrangeiros, principalmente cristãos, não compreendiam. Os “tibira” (gays) e as “çacoaimbeguiras” (lésbicas), além de sofrerem enquanto escravos e explorados, sofriam com preconceitos, conforme já apresentado aqui. E o sofrimento dos índios não é de hoje, chega até o ano de 2022, principalmente no Brasil com uma fauna e flora extensa, casa comum de todos. Além dos velhos, crianças e jovens também começaram a construção da história de Brasil sofrendo com as dores de uma exploração que vinha para ocupar e tomar o que era deles por direito.

De acordo com o artigo de Rayane Santos; Paulo Eduardo Cirino de Queiroz, com o título “A construção da Teoria do Indigenato do Brasil colonial à Constituição republicana de 1988, publicado no site  https://egov.ufsc.br/portal/conteudo/constru%C3%A7%C3%A3o-da-teoria-do-indigenato-do-brasil-colonial-%C3%A0-constitui%C3%A7%C3%A3o-republicana-de-1988 : “A imposição de regimes jurídicos aos povos indígenas pelo Estado luso-brasileiro fez-se constante em todo o processo colonial de conquista e ocupação. Os direitos dos povos nativos eram reconhecidos nos discursos teóricos e nas normas estatais, mas negado na prática pela sociedade luso-brasileira e pelo próprio sistema que, em tese, os reconhecia.  (...)”

Os jovens estão espalhados, presentes, em todos os cantos do nosso Brasil. Igrejas; Sindicatos; Partidos Políticos; Movimentos Populares, Sociais, Comunitários e outros Movimentos Religiosos; além de Escolas, Faculdades e Cursos.  São eles que dão vida a transição da infância para a idade dos mais velhos.    São pessoas humanas com sonhos e sentimentos que oscilam a todo momento. É uma caixa com uma interrogação bem destacada.

De acordo com o artigo de Candida de Souza; Ilana Lemos de Paiva, com o título “Faces da juventude brasileira: entre o ideal e o real”, publicado no site https://www.scielo.br/j/epsic/a/ZBY9r5KFD5c7QnhzpZ6CVDk/ : “A juventude é uma categoria social que tem conquistado espaço na agenda pública e nas discussões científicas.  (...)  A juventude não se trata de um conceito que está dado, mas sim de vários conceitos, que são fruto de uma histórica representação específica dessa população. (...)  Não existe uma concepção social única que caracterize e delimite o grupo geracional no qual os jovens estão inseridos, visto que se trata de uma categoria em permanente construção social e histórica. (...)  A juventude consiste numa categoria social relevante, seja pelas dificuldades ou potencialidades. (...)”

Pensar a organização da juventude não é algo teórico, ufológico, metafisico, transcendental, abstrato, utópico, de sonhos, é, de fato, entender que a juventude se organiza sim, no seu tempo e no seu espaço, desde uma equipe de amigos, passando por um Grêmio Estudantil e até tendo a possibilidade de alcançar uma bancada política no Parlamento do Brasil em algum ente federado.   Revoluções, Movimentos de Ruas, Congressos, Ações nas mídias/na internet/no computador, e outros campos de ações, e tantos outros, são espaços sagrados que a Juventude sempre participou, desde as fugas das correntes dos escravocratas, passando pela fuga das Senzalas das Casas Grandes até chegar a liberdade por respeito, dignidade, igualdade de direitos. Alguns casos concretos da participação dos jovens, da juventude, em suas organizações enquanto estudantes, são sempre acolhidos aqui no meu artigo em tela.

(1) Caras Pintadas. Os Caras Pintadas representou um movimento estudantil brasileiro ocorrido em 1992. Disponível no site https://www.todamateria.com.br/caras-pintadas/: “(...) Com as cores da bandeira nacional estampada em seus rostos, os estudantes e a população descontentes, se reúnem em frente do Museu de Arte de São Paulo em 11 de agosto. Cerca de 10 mil pessoas estavam presentes nesse dia. (...)”

(2)    A UNE, há 30 anos: o histórico “Congresso da Reconstrução”.  Por Celso Marcondes. Disponível no site https://ideiaspaposebesteiras.blogspot.com/2009/06/une-ha-30-anos-o-historico-congresso-da.html : “Nos dias 29 e 30 de maio de 1979 acontecia em Salvador, o 31º. Congresso da União Nacional dos Estudantes, o "Congresso da Reconstrução", um evento histórico. Marcava o fim de 13 anos de ilegalidade, no momento que crescia a pressão sobre a ditadura militar. (...) O Congresso ganhou o nome de Honestino Guimarães, último presidente da UNE, eleito em 1970, quando a entidade atuava muito precariamente na clandestinidade. Honestino era estudante da Universidade de Brasília, foi preso pelo Centro de Informações da Marinha (Cenimar), está desaparecido até hoje. (...)”

(3) Pastoral da Juventude enquanto juventude da Teologia da Libertação. Disponível no site https://1library.org/article/pastoral-da-juventude-enquanto-juventude-da-teologia-liberta%C3%A7%C3%A3o.yjkp25kq : “(...) A Pastoral da Juventude – PJ – corresponde aos grupos das paróquias e das CEB‟S, das grandes cidades ou do interior, sendo a maior e também a mais articulada e estruturada dentre as pastorais específicas. (...) A PJ tem seu momento alto de elaboração e articulação nos anos 80, momento em que o contexto favorecia a constituição de novas formas de participação social.  (...) O grupo é a BASE da PJ. É no grupo e pelo grupo, que a Pastoral da Juventude acontece, ou não. (...) O eixo da Pastoral da Juventude são os pequenos Grupos de Base. São grupos que criam relacionamentos de irmãos, confrontam a vida com o Evangelho e formam lideranças jovens para o engajamento na comunidade eclesial e na sociedade. (....)”

(4)   As Revoltas Tenentistas de 1920. Disponível no site https://rachacuca.com.br/educacao/historia-do-brasil/movimentos-tenentistas/ : “Os "Movimentos Tenentistas", também conhecidos como "Tenentismo", foram uma série de revoltas durante a década de 1920 lideradas por oficiais do exército de baixa patente. Essas revoltas tinham como principais reivindicações a reforma da estrutura de poder no Brasil, que estava sob a "República do Café-com-Leite", ou seja, dominado pelas oligarquias mineira e paulista. (...)”

(5) A Passeata dos 100 mil de 1968. Por Michelle Viviane Godinho Corrêa. Disponível n o site https://www.infoescola.com/historia-do-brasil/passeata-dos-cem-mil/ : “Durante o ano de 1968, a ditadura militar sofreu com uma série de levantes populares que demonstraram a insatisfação com o regime militar e ocasionaram a edição do AI-5, em dezembro daquele ano. Uma dessas manifestações foi chamada de Passeata dos Cem Mil, ocorrida em 26 de junho em decorrência da morte do estudante secundarista Édson Luis de Lima Souto. (....)”

(6) 2013: Um movimento de muitas bandeiras, mas com protagonismo da juventude brasileira – Jornadas de junho. Por Viviane Teodoro. Disponível no site https://escolaeducacao.com.br/jornadas-de-junho-de-2013/ : “As Jornadas de Junho de 2013 foram manifestações populares que ocorreram em todo território brasileiro. Inicialmente, a pauta dos protestos consistia em contestar o aumento das taxas dos transportes públicos. (...)”

(7)  A Revolta dos Malés. Disponível no site  https://mundoeducacao.uol.com.br/historiadobrasil/revolta-males.htm : “(...) Os envolvidos nessa revolta foram, em sua maioria, escravos nagôs (também conhecidos como iorubás) e haussás – embora os segundos estivessem em menor número. Os participantes da revolta eram, em geral, muçulmanos, embora tenham existido aqueles que fossem adeptos de religiões de matriz africana. O grande número de muçulmanos participando dessa revolta influenciou na forma como ela foi chamada. A palavra “malês” utilizada para nomear o acontecimento é derivado de imalê, que no idioma iorubá significa “muçulmano”. Ao todo, cerca de 600 africanos participaram da Revolta do Malês. (...)”

(8) Juventude, tecnologia e inovação: Uma construção mítica na contemporaneidade. Por Bruno Pompeu; Silvio Koiti Sato. Disponível no site file:///C:/Users/p/Downloads/9844-Texto%20do%20Artigo-40946-1-10-20171220%20(2).pdf : “(...) A hipervalorização do futuro corresponde, de certa maneira, a um efeito de minimização em relação ao momento presente e, sobretudo, ao passado. Este passa a ser associado cada vez mais ao obsoleto, ao ultrapassado, ao velho e à decrepitude. (...) talvez estejamos deixando de ter somente a hipervalorização (positiva, elogiosa, desejada e conformada) do jovem e passando a viver também a hiperexploração (ativa, intencional, estratégica e limitadora) dos significados associados ao mito do jovem na contemporaneidade.”

Alegrias, tristezas, medos, revoltas, ansiedade, tensões, e tantos outros sentimentos acompanham o jovem, a juventude, aqui e acolá. Como ser humano com suas limitações, desafios, preocupações, medos, curiosidades, e muito mais, sentimentos também estes próprios da pessoa humana, o jovem, a juventude de ontem, de hoje e até projetada para o amanhã, tem esperanças.  Trabalho e emprego, culturas de diversões, formas de se vestirem, convivências com outros, ousadia, desafiar o que está estabelecido pela sociedade, namoro, drogas, shopping, futebol, festas, sexualidade, emancipação, são caminhos percorridos pelos jovens, pela juventude do Brasil. O primeiro emprego, estágio, empreendedorismo individual, mundo do crime, desespero, e outros, vistos de várias formas, favorável ou desfavoravelmente, são realidades presentes na vida da juventude do Brasil.    Já na Bíblia Sagrada, por exemplo no Livro de Provérbios, são apresentados os caminhos da sabedoria, dos conhecimentos.  A doutrina Espírita também fala aos jovens, a juventude, em suas publicações.

De acordo com o artigo de Regina Novaes, com o título “Juventude e Sociedade”, publicado no site http://www.gerts.ong.br/2022/05/juventude-e-sociedade.html : “(...) Pensar o “jovem como sujeito de direitos” diz respeito, também, à particularidade de cada um, sem a ideia de exclusão dos “direitos difusos”. A experiência que cada indivíduo e/ou grupo adquire no processo de desenvolvimento fomenta as possibilidades de engajamento social, e, por consequência, amplia a conexão solidária da coletividade a partir de experiências similares.  (...)”                              

Com os desenhos de escolas, faculdades e cursos existentes no Brasil, tantos conservadores no sentido de regras, normas, currículos, fechados, grades de estudos, onde a participação dos estudantes, dos acadêmicos, dos cursistas, é quase nada. Dentro desta realidade, a juventude ocupa apenas lugar de aprendentes, ocupando estes ocupam apenas o lugar de seres aprendentes. A organização dos estudantes brasileiros precisa vir de fora pra dentro já que de dentro pra fora está cada dia mais difícil. Se em períodos de chumbos do Brasil, e tantos outros de horrores, os estudantes podiam ser organizar dentro das escolas, das faculdades, dos cursos, agora em 2022 a situação exige uma rota inversa para o sucesso da organização estudantil.  Grêmio Estudantil, Centros Acadêmicos, Diretórios Estudantis, e similares, são espaços físicos, dentro da escola, da faculdade, onde os estudantes podem se reunir, de dentro para fora, para participarem da vida em sociedade, lutando, conquistando e renovando Direitos.           

A Lei Federal nº 12.852, de 5 de agosto de 2013, Institui o Estatuto da Juventude e dispõe sobre os direitos dos jovens, os princípios e diretrizes das políticas públicas de juventude e o Sistema Nacional de Juventude – SINAJUVE.

Diante do exposto aqui, de forma demonstrada, é possível entender que os jovens, não são seres presos em uma sala de aula, presencial ou virtual. Eles são seres que se organizam dentro da sociedade brasileira.

Autor:  Pedro Paulo Sampaio de Farias

Professor; Pedagogo; Especialista em Educação; Especialista em Gestão Pública; Mestrando em Educação; Pós-graduando em Teologia; Pós-graduando em Antropologia; Graduando em Direito; Líder Comunitário; Líder de Associação de Professores; Sindicalizado da Educação; Servidor Público Estadual e Municipal; Atuante em Movimentos Populares e Movimentos Sociais; Cristão Romano; Conselheiro de Conselhos do Município de Queimados, Estado do Rio de Janeiro; Ex-Conselheiro Escolar.


Publicado por: PEDRO PAULO SAMPAIO DE FARIAS

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