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O dia que o rim me parou

Relato de como um problema de sáúde a fez pensar mais e valorizar mais tudo o que está a sua volta.

O texto publicado foi encaminhado por um usuário do site por meio do canal colaborativo Meu Artigo. Brasil Escola não se responsabiliza pelo conteúdo do artigo publicado, que é de total responsabilidade do autor . Para acessar os textos produzidos pelo site, acesse: https://www.brasilescola.com.

Nós sabemos que temos órgãos internos, porém lembramos pouco deles e muitas das vezes nem lembramos. Um deles é o rim, alguns de nós tomamos pouca água, outros em demasia e assim caminhamos esperando que tudo funcione da melhor maneira possível. Na semana passada eu conheci o meu rim, uma dor me levou ao hospital as pressas, a dor era simplesmente indescritível, eu confesso que é mais fácil um parto normal que uma cólica de rim. Não é exagero, eu cheguei a desmaiar de dor. Estou com os braços roxos de veia estourada e uma dorzinha ainda enjoada.

Com mais tempo para pensar na vida iniciei uma reflexão em cima de uma música que pouco eu conhecia. Ela tocava na vizinha e me fez parar com tudo, deitar e pensar. São os titãs quem cantam e fala da vida e do valor que damos a ela.

“Devia ter”, é uma das frases que mais me chamou a atenção. Tudo que deveríamos fazer e não fazemos, apenas corremos para o que se pode esperar e ou ficar para depois. E quando caímos em uma cama começamos a observar tudo isso.

“Devia ter amado mais”, como deveria tê-lo feito. Quantas respostas atravessadas damos em que amamos sem observar a pergunta feita. Se tivesse amado mais teria sido mais amada, curtido mais tempo alguém, sobrevivido a muitas outras tempestades amorosas sofrendo menos. Amando mais a vida eu teria aproveitado mais o clube, ao invés de reclamar do sol quente. Aproveitado mais o filho pequeno ao invés de observar apenas o trabalho que a educação nos proporciona.

“Queria ter aceitado” cada pessoa como elas são, com as alegrias dos acertos e com a dor dos defeitos que muitas vezes temos os mesmos, mas só conseguimos enxergar do próximo. Poderia ter aproveitado mais a amizade de alguém se eu soubesse entender o que a faz assim ou de outra forma, teria tido mais paciência com parentes, amigos, colegas e aqueles que se aproximam apenas pedindo atenção.

O acaso pode até me proteger, mas não posso mais andar distraído com a vida, com as pessoas. Enquanto eu andar distraído posso perder oportunidades, pessoas lindas que passam apenas uma vez em nossa vidas, perco o primeiro passo do meu filho por trabalhar em excesso achando que assim consigo melhorar a vida. Que nada apenas acumulo cansaço, fadiga e dores musculares.

“Devia ter complicado menos, trabalhado menos e ter visto o sol se pôr”, sol se pôr. Nem lembramos que isso acontece até que precisamos acender a lâmpada. Estamos tão acostumados a trabalhar muito que não paramos para a beleza do sol se pôr, um amarelo fantástico e em alguns momentos um vermelho fenomenal em outro.

Como é bom complicar menos, me mostrar frágil em certas situações. Não querer saber de tudo e de todos. Quando complicamos menos implicamos menos, aborrecemos menos e somos menos aborrecidos.

Eu nunca dei importância demais a brigas no casamento, as dificuldades, mas a ansiedade é o meu ponto fraco, então tenho que me importar menos ainda para poder viver com a ansiedade mais baixa evitando dores onde não precisa estar.

O acaso jamais vai me dar outra oportunidade, então eu preciso complicar menos, sorrir mais e valorizar cada gesto, palavra e delicia de ser quem somos. As dores deixamos para o acaso, para apenas nos ensinar a reflexão.

Em uma semana parada eu pude entender mais o filho que pede carinho e estou ocupada com as tarefas da casa, trabalho, igreja. Entender que o marido precisa de mais atenção do que casa arrumada e mulher cansada. Que apenas o fato de tê-los ao meu lado é motivo de alegria intensa.

O dia em que o rim me parou teve um valor mais alto que eu jamais poderia imaginar. Foi um dia importante para entender que a vida vale mais que o salário que ganhamos o nome que conquistamos ou os bens que compramos. Foram sete dias parados, sete dias de descanso, brincadeiras, filhos de amigos fazendo barulho em casa e descobrir o sorriso de uma criança feliz sem ter horário marcado para nada, tomar banho de mangueira mesmo com gripe, esquentar debaixo do chuveiro sem a correria que tenho que sair e fazê-lo dormir sem a correria de voltar logo. Redescobrir a delicia de ver TV com o marido apenas para passar o tempo, comer fora de hora, tomar refrigerante gelado com sorvete sem importar que é tarde. Enquanto eu andava distraída eu sofria as dores de não saber o que fazer.

Quero agora, cantar mais, viver mais, sorrir ainda mais e saber que mesmo estando interno eu não os vendo meus órgãos reclamam minha correria, minha ansiedade por algo a mais que nem sempre eu preciso. E agradecer a Deus em Cristo Jesus pela oportunidade de saber como é bom estar vivo e ter família.

Até a próxima...


Publicado por: silvia leticia carrijo de azevedo sá

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