A ESTÉTICA COMO FERRAMENTA DE CUIDADO DE ENFERMAGEM

Resumo

O presente estudo tem como objetivo definir a concepção de uma Enfermeira sobre a Enfermagem estética e analisar, segundo a opinião da mesma, os resultados dessa estratégia terapêutica. Trata-se de uma pesquisa qualitativa por ter como característica trabalhar com o universo dos significados, motivos, crenças, valores e atitudes, o que corresponde a um espaço mais profundo das relações e que tem natureza descritiva, pois observa, registra e analisa os fatos sem manipulá-los.

Foi realizada pesquisa de campo com uma Enfermeira experiente em trabalhos estéticos, que atua em um abrigo na Zona Oeste do Rio de Janeiro que acolhe mulheres que residem longe da unidade de saúde em que estão sendo submetidas a algum tipo de tratamento oncológico, neste município.

Como instrumento de coleta utilizou-se uma entrevista semiestruturada.

Concluiu-se que a profissional entrevistada concorda com a utilização de procedimentos estéticos como ferramenta de cuidado de Enfermagem e que o papel do enfermeiro é o de agente terapêutico, tendo como base dessa terapia o relacionamento com o paciente e a compreensão do seu comportamento. Sendo assim, os resultados dessa estratégia terapêutica ficam evidentes já que a estética promove uma sensação de bem-estar, ajuda no autoconhecimento, contribuindo para elevação da autoestima. O cuidado estético é capaz de afastar o paciente dos sintomas agudos da doença naquele momento do contato com os benefícios que tais tratamentos oferecem. Percebeu-se também, que a Estética como ferramenta de cuidado de Enfermagem, a partir do momento que promove bem estar, e resgata a autoestima da paciente, facilita a adesão e continuidade da paciente ao tratamento oncológico, ajudando-a na interação com as demais pacientes, familiares e membros da equipe. A utilização da estética como ferramenta de cuidado de Enfermagem está voltada exclusivamente à promoção do bem estar, enquanto cuidado de Enfermagem já que os tratamentos e procedimentos escolhidos atuam para diferentes finalidades, que são particularidades e necessidades individuais de cada paciente.

Palavras-chave: Estética. Bem estar. Enfermagem.

Abstract

This study aims to define a Nurse's conception of aesthetic nursing and analyze, in her opinion, the results of this therapeutic strategy. This is a qualitative research because it works with the universe of meanings, motives, beliefs, values and attitudes, which corresponds to a deeper space of relationships and has a descriptive nature, as it observes, records and analyzes the facts without manipulating them.

Field research was carried out with a Nurse experienced in aesthetic work, who works in a shelter in the West Zone of Rio de Janeiro that welcomes women who live far from the health unit where they are undergoing some type of cancer treatment, in this municipality. .

As a collection instrument, a semi-structured interview was used.

 It was concluded that an interviewed professional agreed with the use of aesthetic procedures as a nursing tool and that the nurse's role is that of a therapeutic agent, based on the relationship with the patient's care and the understanding of their behavior as a basis for this therapy. Thus, the results of this therapeutic strategy are evident since aesthetics promote a sense of well-being, help in self-knowledge, contributing to increased self-esteem. Aesthetic care is able to distance the patient from the acute symptoms of the disease at that moment of contact with the benefits that such appropriate treatments provide. It was also noticed that Aesthetics as a nursing care tool, from the moment that it promotes well-being and rescues the patient's self-esteem, facilitates the patient's adherence and continuity to cancer treatment, helping her in the interaction with others patients, family members and staff members. The use of aesthetics as a nursing care tool is exclusively aimed at promoting well-being, while nursing care, as the treatments and procedures chosen work for different purposes, which are the individual particularities and needs of each patient.

Keywords: Aesthetics. Welfare. Nursing.

Introdução

A palavra estética surgiu na antiga Grécia, significando percepção e sensação. Sócrates foi um dos primeiros pensadores gregos a refletir sobre as questões da estética, julgando-se incapaz de definir e explicar o belo em si. A Estética centra-se no belo e releva de uma atitude contemplativa do agente isolado, a partir da sua sensibilidade pessoal.

A estética é a teoria do belo enquanto harmonia de manifestações exteriores da matéria ou enquanto ideia concretizada sensivelmente. A estética permite que se dê consistência às percepções, produzindo o que Deleuze chama de perceptos e afetos (DELEUZE, 1992). 

Sobre a promoção da saúde, Smeltzer e Bare (1994) a veem como um processo ativo e de atuação direta da enfermagem, cujo propósito é melhorar a saúde das pessoas, encorajando-as a alterar seus hábitos e estilo de vida, de modo a lhes possibilitar um aumento de sua saúde e bem-estar.

Considerando esse contexto, é possível afirmar que a qualificação técnico-científica do enfermeiro o prepara para o atendimento das necessidades humanas básicas das pessoas, por meio da sua especialidade no cuidado e no cuidar para a promoção da qualidade de vida (SOUZA, 2005).

É nesta perspectiva que o enfermeiro pode alargar autonomamente o seu campo de atividade, orientando o seu cuidado no domínio da estética, que atualmente representa a prevenção de problemas relacionados com o stress e envelhecimento, cultura, saúde, resgatando a beleza, a sensibilidade estética e promovendo a felicidade e bem estar com seu corpo e autoestima

A arte de cuidar sempre foi uma necessidade. No período pré-cristão, e o cuidado era exercido por curandeiros ou feiticeiras que se preocupavam com o alívio da dor e dos sintomas das doenças.

Utilizavam infusões, chás, e emplastros, produzidos com ervas, experimentalmente reconhecidas como medicinais.

Com o tempo, houve a necessidade de uma visão que se afastasse dos mitos e se concentrasse no tratamento com base científica.

Considerando as potencialidades do enfermeiro no desenvolvimento do cuidar estético é que realizei o presente estudo, norteado pela premissa de saber o que se produziu do ponto de vista bibliográfico e documental acerca das habilidades em estética do enfermeiro para a promoção e para a prevenção da saúde, do bem-estar e do conforto de usuários da saúde que buscam caminhos estéticos para o cuidado de si.

A partir das ideias observadas, analisadas e avaliando as possibilidades e as potencialidades do enfermeiro no desenvolvimento do cuidar estético é que foi realizado o presente estudo, acerca das habilidades estéticas do enfermeiro para promoção e prevenção da saúde, bem-estar e conforto dos usuários de saúde que buscam métodos cosméticos para se tratarem.

Entende-se a estética não apenas como ser belo ou feio, mas sim relacioná-la a uma anuência pessoal, abarcando com os anseios íntimos de cada um...

(MARCUZZO; PICH; DITTRICH, 2012; TILIO, 2014; LEMES et al, 2018).

Desenvolvimento

REVISÃO DE LITERATURA

A palavra estética surgiu na antiga Grécia, com o significado de percepção e sensação. Sócrates foi um dos primeiros pensadores gregos a refletir sobre as questões da estética, julgando-se incapaz de definir e explicar o belo em si.

A preocupação com a estética existe desde a Antiguidade. Os antigos filósofos gregos, por outro lado, enfrentaram a questão definindo um valor supremo na forma ou ideia do bem como valor supremo.

A influência da cultura grega na sociedade moderna permanece primordial e pode ser percebida através do julgamento estético, que é praticado por toda a humanidade. Atualmente vivemos em uma sociedade de consumo, na era da imagem e da aparência, onde o corpo se tornou uma vitrine e uma mercadoria.

O corpo e seus atributos, especialmente a beleza, adquiriram uma centralidade sem precedentes na história (LEAL, 2010).

A atenção e a assistência à saúde abrangem todas as dimensões do ser humano como biológica, psicológica, social, espiritual, ecológica e são desenvolvidas por meio de atividades diversificadas, dentre as quais a estética está inserida (BRASIL. Ministério da Educação, 2001).

A ENFERMAGEM E O CUIDADO

As novas fronteiras do conhecimento da enfermagem são abordadas em uma perspectiva que assume a complexidade dos cuidados.

O conhecimento estético em Enfermagem tem se estabelecido como uma área emergente de cuidado e implementado como uma legítima especialidade em diversos países (RADMEHR; ASHKTORAB;ABEDSAEEDI, 2015).

Observamos que este é um cuidado para o exercício da cidadania, da independência do cliente, inclusive da soberania de saber dos profissionais de saúde, rumo à sua qualidade de vida, o qual é compatível com as ideias referentes ao educar junto às pessoas e não o educar pessoas.

A Enfermagem Estética é um instrumento do Enfermeiro, para a promoção do conforto e bem-estar de seu paciente. Essa ferramenta torna-se valiosa, pois permite ao profissional mudar o paradigma e ampliar sua autonomia. (BRANQUINHO e BICALHO, 2019).

Entre os tratamentos que os pacientes mais precisam para reduzir a ansiedade, segundo Marília Schembri, estão os cuidados ambientais, o suporte emocional, o conforto e os cuidados físicos, reforçando a importância da busca de estratégias que promovam um cuidado sensível.

Cada ser humano é único e tem suas experiências individuais, emocionais, físicas e cognitivas.

A análise da literatura selecionada para a pesquisa permite destacar, por meio dos traços recortados nos resultados, os seguintes conceitos e categorias.

Cuidar − construção do profissional Enfermeiro(a) no instante de interação. Uma criação muito mais metabolizada do que pensada que tem no corpo do cuidador o seu suporte. Cuidar é a possibilidade de promover o crescimento, a autonomia e o desenvolvimento dos inumeráveis estados do ser (cuidador e o que é cuidado).

Método para o cuidar − unir competência técnica à relação humanizada e sensível, ou seja, implementar cuidados visando além do atendimento às necessidades biológicas e terapêutico-medicamentosa. Promover o diálogo, cuidado com o emocional, dar atenção, apoio emocional e espiritual. Ter respeito, disponibilidade, tranquilidade espiritual e confiança para se expor.

Exigência para o cuidar em saúde − escuta e visão do ser na sua totalidade, inclusive em relação às experiências vividas, tais como as de estar doente e ser cuidado pela enfermagem. Cuidar numa perspectiva que focalize o cliente como pessoa, visando a compreensão deste em sua complexidade.

Prática de enfermagem − um saber envolvendo questões morais, éticas, políticas e sociais pela sua destinação privilegiada – o ser humano. O entendimento e a aceitação incondicional da individualidade de um indivíduo por um outro que o atende em suas necessidades, sem também se despir de sua própria individualidade, caracteriza-se numa relação humana altamente privilegiada.

O cuidado estético visa compreender e respeitar a vida, compreender preocupações, dúvidas, emoções e necessidades além da beleza, desenvolver tratamentos adaptados às necessidades das pessoas com câncer e aumentar a autoestima.

Há de se ressaltar que para a realização de determinadas intervenções é imprescindível a autorização do médico responsável pelo tratamento oncológico, estando os procedimentos estéticos realizados vinculada ao estágio da doença.

A Enfermagem Estética e seus Benefícios

A Enfermagem estética tem feito grandes avanços na saúde e vem contribuindo para melhorar a qualidade de vida dos pacientes.

Talento (2000) acredita que a enfermagem é uma ciência humana, que não se limita à utilização de conhecimentos relacionados às ciências naturais; são pessoas que exibem comportamentos distintos construídos a partir de valores, princípios, estereótipos culturais e experiências que não podem ser objetivados ou considerados como elementos separados.

A Enfermagem estética evoluiu para um repositório particular e, consequentemente, para um tipo particular de conhecimento.

Watson também afirma que esse conhecimento ajuda os profissionais de enfermagem a ampliar sua visão de mundo e desenvolver habilidades de pensamento crítico.

O desenvolvimento dessas ferramentas é necessário à ciência do cuidado, que se concentra mais na promoção da saúde do que na cura da doença.

A Enfermagem tem resgatado a estética (em sua forma ampla) principalmente pelo desenvolvimento dos estudos sobre o cuidado, e nesta nova concepção do cuidar em enfermagem, nos deparamos com o cuidado alternativo, que se une e utiliza outras áreas como ferramenta de cuidado, e que se mostra mais receptivo, autônomo e humanístico.

A ATUAÇÃO DO ENFERMEIRO   

O acolhimento e o comprometimento são fundamentais na relação entre o especialista e o usuário. Nessa relação, a aceitação e o alinhamento facilitam a construção da autonomia por meio de responsabilidades compartilhadas e pactuadas entre os atores envolvidos na terapia. (JORGE et al., 2011).

Por ser Enfermeira, a experiência ao longo dos anos, tem me mostrado uma vida muito mais simples, mais profunda e mais minuciosa. Diante disso, venho inserindo, em meu dia a dia, as experiências adquiridas através dos registros enriquecedores.

Iniciei minha pesquisa no ano de 2021, com pacientes temporariamente residentes em uma casa de acolhimento, localizada na zona oeste do Rio de Janeiro.

A pesquisa focou nos profissionais de enfermagem, pois são eles que mantêm o contato mais próximo com os pacientes.

Desenvolvi o hábito de usar a estética como estratégia terapêutica e descobri que tais tratamentos tinham o potencial de induzir ações e reações no ser humano em sua totalidade. Pude notar que quando a atividade é finalizada, os sentimentos das pacientes afloram mais intensamente.

Meira et al. (2017), afirma que a autoestima é uma expressão psicológica acerca da subjetividade da existência, a união da confiança e do respeito a si mesmo. É um fator de proteção importante, já que está relacionada com a saúde mental e o bem-estar psicológico, e com ela estão implicados outros elementos como o apoio social, como a auto eficácia e a autonomia.

Na prática da Enfermagem, a estética tem se comportado de forma extraordinária como recurso terapêutico complementar no manejo e controle do bem estar.

É extremamente importante validar as terapias alternativas como estratégia e ferramenta para a Enfermagem, para que possamos ampliar nossa perspectiva sobre o elemento “cuidar”, evitando assim a robotização do cuidado.

Este "cuidar mecânico" distancia o paciente do enfermeiro. (MATEUS, 1998). 

Deve-se estudar, e realizar anamnese detalhada de cada paciente para elaborar e definir o melhor esquema de tratamento para cada caso, bem como estudar a fase de evolução do tratamento e estágio da doença.

É possível inserir a Enfermagem estética em pacientes oncológicos, desde que estejamos atentos aos diversos cuidados durante a consulta de Enfermagem, e principalmente iniciar o procedimento com a utilização de dermocosméticos seguros e confiáveis

Para pacientes com câncer, as precauções e práticas de segurança devem ser redobradas, pois o tratamento sem o nível necessário e completo de segurança pode desenvolver efeitos colaterais e causar vários tipos de efeitos adversos, causando outros problemas de saúde, pois o uso inadequado de produtos pode machucar a pele, causar infecções e manchas no paciente.

O enfermeiro deve apresentar os tratamentos, indicar e conversar com o paciente sobre a segurança e viabilidade dos tratamentos a serem desenvolvidos. Ressalto que os tratamentos realizados devem ser agradáveis ao paciente.

É preciso ter uma postura mais democrática, deixando os pacientes escolherem o tratamento que desejam, e sempre repensar a sua prática e as suas atitudes, avaliando constantemente o que está sendo feito e proposto, pois não adianta utilizar uma alternativa de atuação se essa não fizer sentido aos usuários.

O enfermeiro deve avaliar a escolha do paciente e analisar se pode utilizá-la, avaliando seu impacto no estado clinico atual do paciente e seu tratamento oncológico em andamento, sempre alinhado ao tratamento oncológico, e respeitando as instruções do médico oncologista assistente.

O enfermeiro, profissional que presta cuidados mais próximos ao paciente, deve ser capaz de compreender a si mesmo e ao outro, estendendo esse conhecimento na forma de ação e tomando consciência dos valores e princípios que norteiam essa ação.

Perceber o ser humano como alguém que não se resume meramente a um ser com necessidades biológicas, mas como um agente biopsicossocial e espiritual, com direitos a serem respeitados, devendo ser garantida sua dignidade ética, é fundamental para começarmos a caminhar em direção à humanização dos cuidados de saúde.

O Enfermeiro deve tornar-se cada vez mais ativo e consciente do seu papel e estar apto a explorar as diferentes modalidades de tratamento no exercício da sua atividade profissional, colocando em prática abordagens alternativas na assistência ao paciente, para que possam manter a sua prática, autonomia e expressão. Essas alternativas tornam o tratamento da doença do paciente menos sacrificante e mais agradável.

O presente estudo tem como objetivos descrever a concepção de uma Enfermeira Esteta atuante na área de Oncologia sobre Enfermagem Estética como ferramenta de cuidado de enfermagem e analisar, segundo a opinião da mesma, os resultados dessa estratégia terapêutica.

METODOLOGIA

Trata-se de um estudo qualitativo, pois se caracteriza por trabalhar com um universo de significados, motivações, crenças, valores e atitudes, que corresponde a uma dimensão mais profunda das relações e tem caráter descritivo, pois irá observar, registrar e analisar os fatos sem manipulação.

Segundo BASTOS e KELLER, a pesquisa de campo visa dirimir dúvidas ou obter informações e conhecimentos a respeito de problemas para os quais se procura resposta ou busca de confirmação para hipóteses levantadas e finalmente a descoberta de relações entre fenômenos ou os próprios fatos novos e suas respectivas explicações.

A metodologia escolhida justifica-se pela proposta deste estudo em compreender A Estética como Ferramenta de Cuidado de Enfermagem.

Foi realizado um estudo de campo de observação sistemática ambulatorial e uma entrevista semiestruturada usada como ferramenta de coleta. (ANEXO A).

A entrevista foi gravada na íntegra para transcrição posterior e sua análise.

O sujeito do estudo foi uma profissional de enfermagem com experiência em Enfermagem estética, prestadora de serviço voluntário em um abrigo para pacientes em tratamento oncológico, residentes temporárias, que vivem fora do município do Rio de Janeiro e estão sendo submetidas a tratamentos em hospitais especializados na Cidade do Rio de Janeiro.

O abrigo privado conta com ajudas, com doações e vendas de roupas de um brechó no local. Está localizada na Zona Oeste da cidade do Rio de Janeiro.

Como instrumento de coleta utilizou-se uma entrevista semiestruturada.

A especialista foi convidada a uma entrevista sobre sua experiência no trabalho com as pacientes, concordou em participar e assinou o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.

A análise foi organizada em três temas: Perfil do Entrevistado, Significados de Enfermagem estética e Intervenção em Enfermagem estética.

ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS  

Perfil do Entrevistado

A entrevistada é do sexo feminino, sua idade é 43 anos, é graduada em Enfermagem, especializada em Estética e atua como enfermeira voluntaria na instituição privada, criada em 2004.

Significado de Enfermagem estética

Quando perguntada sobre três palavras que lhe vinham à cabeça quando pensava em Enfermagem estética, foi respondido motivação, prazer e empatia.

De acordo com Bergamini, no início do século, o desafio era descobrir aquilo que se deveria fazer para motivar as pessoas, mas recentemente tal preocupação mudou de sentido. Passa-se a perceber que cada um já traz, de alguma forma, dentro de si, suas próprias motivações. Aquilo que mais interessa, então, é encontrar e adotar recursos organizacionais capazes de não sufocar as forças motivacionais inerentes às próprias pessoas.

Intervenção e Enfermagem Estética

Nesta instituição há apenas essa profissional Esteta voluntária, e neste ambiente o tipo de procedimento estético aplicado é bastante restrito.

A Enfermeira visita os quartos das pacientes, a sala de convivência e as dependências da casa promovendo conversas sobre tratamentos estéticos, seus benefícios para o bem estar e autoestima das pacientes.

Quando indagada sobre como é para seus colegas da equipe de apoio multiprofissional trabalhar com as pacientes que aderem ao tratamento, a mesma relata que a estética vem promovendo uma interação prazerosa entre os pacientes e os profissionais que convivem com eles, e também com o restante do grupo de pacientes e familiares.

Sobre o que percebe nas atitudes das pacientes nos dias em que há a realização dos procedimentos estéticos, a entrevistada relata ser notório que as pacientes se alegram, interagem, e fazem planos, enfatizando que a estética tem o poder de alegrar e distrair as pacientes.

"A prática da atenção plena permite que as pessoas interajam com o mundo de forma satisfatória, em vez de simplesmente reagir impulsivamente a ele.

Dra. Hedy Kober, professora associada de psiquiatria e psicologia e responsável pelo Clinical & Affective Neuroscience Laboratory da Universidade de Yale.

Quando indagada sobre sua relação com as pacientes durante os tratamentos estéticos, a entrevistada relata que sente que os tratamentos atuam como um fator estimulante, e que a sua participação enquanto enfermeira nestes momentos é conduzir e estimular a paciente a participar das sessões para auxiliar na sua recuperação e promover o bem estar.

A entrevistada afirma ainda que ao conseguir convencer um paciente que não tenha interesse em participar das sessões, os resultados com esta paciente são surpreendentes e positivos.

Quando perguntada se existem mudanças perceptíveis no comportamento do paciente diante da doença, que possam ser atribuídas às sessões de estética, a entrevistada relata que o tratamento promove uma sensação de bem estar e afasta a paciente dos sintomas agudos naquele momento em que ele tem esse contato.

Não há uma única condição que observada, incluindo o câncer, que não tenha respondido positivamente à massagem e ao toque físico. A massagem terapêutica reduz o cortisol, hormônio ligado ao estresse, e aumenta a produção de dois neurotransmissores, a dopamina (que estimula a atividade do sistema nervoso central) e a serotonina (responsável, entre outras funções, pela liberação de diversos hormônios e associada ao estado de felicidade).  

Tiffany Field, diretora do Instituto de Pesquisas do Toque da Universidade de Miami

A entrevistada refere ainda que a Enfermagem estética consegue "tocar" o sentimento do indivíduo e consegue desta forma resgatar a aceitação da auto imagem, que geralmente é um sentimento muito comprometido, em decorrência da patologia e seus efeitos colaterais e dos longos períodos de tratamento.

Compreende-se autoestima, como bem estar, felicidade e avaliação positiva de si. Com a autoestima elevada além de melhorar o bem estar físico e mental, o indivíduo começa a se relacionar melhor na sociedade, tanto no ambiente de trabalho como em relacionamentos, se sente mais satisfeito, assim mais motivado a realizar seus sonhos e objetivos. (CAPONI; POLI NETO, 2007). 

Com relação a preferência de tratamento das pacientes, a entrevistada ressalta que em pacientes jovens geralmente os procedimentos mais solicitados são drenagem linfática e massagens faciais.  Já quando se trata de pacientes idosas, há predominância por procedimentos e massagens terapêuticas que relaxam e acalmam.

A entrevistada relata ainda que entre as pacientes, em todas as faixas etárias, a aceitação da estética como "ferramenta de cuidado de Enfermagem" é muito parecida, e que dificilmente há rejeição já que a grande maioria ao perceber a satisfação e mudança comportamental nas colegas, muitas vezes manifesta a aceitação.

Na opinião da entrevistada, a paciente deve ser estimulada a participar e ser respeitada de acordo com sua vontade, entendendo-se que o cuidado estético como ferramenta de enfermagem em pacientes oncológicos é uma atividade complementar, e exige formação específica.

Conclusão

Este artigo teve como objetivo descrever a concepção de uma Enfermeira Esteta sobre a Estética como Ferramenta de Cuidado de Enfermagem e analisar, segundo ela, os resultados dessa estratégia terapêutica.

Concluiu-se que a especialista entrevistada concorda que o uso da estética como ferramenta de cuidado de Enfermagem contribui para uma cura mais rápida, auxilia no relacionamento interpessoal e melhora o bem-estar físico e psicológico das pacientes.

Concorda também que o papel do enfermeiro deve ser o de agente terapêutico, a partir da relação com o paciente e da compreensão do comportamento que está subjacente a essa terapia.

Ressalta-se que, segundo ela, a Enfermagem estética serve como uma ferramenta para facilitar o engajamento e o diálogo entre as pacientes ,para motivá-las e torná-las mais seguras e mais confiantes no retorno à sua comunidade e local de origem.

Pude observar durante a pesquisa, que o enfermeiro está cada vez mais atuante, ciente de suas novas funções e com meios suficientes para explorar as diferentes modalidades de tratamento no exercício de suas atividades profissionais, elevando sua expertise como ferramenta de cuidado e tratamentos de pacientes.

A capacidade de criatividade é inerente ao ser humano. Basta que tenhamos iniciativa e possibilidade de executa-la e realizar diferentes métodos terapêuticos nos hospitais, clínicas, abrigos e unidades básicas de saúde para promover o bem estar dos pacientes.

No decorrer da pesquisa, percebi que nesta instituição, que depende de profissionais voluntários, não há um planejamento sobre a atividade a ser realizada e que tal atividade poderia ser mais bem estruturada, levando-se em consideração principalmente o ambiente e os recursos a serem utilizados.

Ressalta-se que os tratamentos estéticos promovem uma sensação de bem-estar e ajudam a paciente a se entender, o que contribui para uma melhor autoestima. A Enfermagem estética pode trazer diversos benefícios aos pacientes, tais como alívio da ansiedade e irritabilidade, reinserção social, entre outros.

A estética como ferramenta de cuidado de Enfermagem ajuda as pacientes a aderir ao tratamento e facilita o diálogo em grupo.

Pude concluir que, entre as muitas conquistas dessa estratégia terapêutica, fica claro que a Enfermagem estética pode reconstruir a identidade, integrar as pessoas, reduzir a ansiedade e fortalecer a autoestima.

Ao utilizar a enfermagem estética para fins estabelecidos, os profissionais procuram selecioná-los de acordo com as preferências da paciente, sempre respeitando as instruções do médico oncologista assistente, e a condição clínica da paciente no momento da consulta de Enfermagem que precede o procedimento estético.

“A Enfermagem é uma arte; e para realizá-la como arte, requer uma devoção tão exclusiva, um preparo tão rigoroso, quanto a obra de qualquer pintor ou escultor; pois o que é tratar da tela morta ou do frio mármore comparado ao tratar do corpo vivo, o templo do espírito de Deus?

É uma das artes; poder-se-ia dizer, a mais bela das artes! ”

( Florence Nightingale )

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