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OS SONHOS E AS RELIGIÕES

Um breve resumo sobre sonhos e as religiões.

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OS SONHOS E AS RELIGIÕES

As Religiões primitivas, compreendiam o ato de dormir, como sendo a desconexão do corpo físico para a consciência se conectar a outros mundos e aos Deuses, através dos sonhos. Porém, com o surgimento da Filosofia na Grécia Antiga, as respostas aos questionamentos outrora oferecidos pela religião, perde espaço. Ou seja, fenômenos naturais que outrora eram explicados pela Religião, agora são explicados a Luz da racionalidade e a partir do Século XVI, pela cientificidade.

As Religiões se desenvolvem ao longo do tempo, e explicações que outrora eram dadas unicamente pela religiosidade, agora, a partir do Século XVI passa pelo crivo da epistemologia.

Sonhos (sonhar) em uma abordagem transdisciplinar entre as Ciências da Religião e a Psicanálise, é uma atividade neurológica cerebral, todos os dias nós sonhamos e tem relação com inconsciente e não está relacionado à metafísica, pois, nós não estamos nas religiões primitivas, por exemplo, o Xamanismo. Nós estamos no Século XXI, as próprias religiões usam da epistemologia que são as ciências para adaptar aos seus credos as suas crenças, já que vivemos em um mundo concreto.

Para entender como se dar a interpretação dos sonhos a luz das ciências, recomendamos assistir o vídeo do YouTube: “PSICANALISTA EXPLICA COMO INTERPRETAR SONHOS | Dr. Lucas Nápoli”. A religiosidade conforme vários teóricos, veem a religião como fonte para suportar as diversidades da vida e essa deveria ser a interpretação que deveríamos fazer sobre a religião: “[...] a concepção de Religião é: antes de ser um princípio de fé ou moral, é fonte de força para que o crente possa suportar as adversidades da vida” (DURKHEIM, 1989, p. 281).

A religião serve para o homem como um impulso para dar esperança para as necessidades da vida. Essa é a função dela, o que passa disso é alienação religiosa. Conforme Barros; Silva; Santos, 2019, p. 108:

"Alienação religiosa é abstração da realidade que permeia a vida dos indivíduos, ou seja, ela faz com que os seres humanos não percebam a capacidade que possuem de construir sua própria história, não busquem compreender a realidade social em que vivem, de forma racional, no modo em que é produzida a vida material. Sendo mistificadora do real, a religião alienante, oferta uma explicação e resolução das mazelas vivenciadas num plano para além do real".

Sonhos segundo Sigmund Freud (1856-1939) são desejos do dia anterior do sonho que a pessoa teve e que ela reprimiu. O sonho é uma imagem distorcida desse desejo com conexões que estão no seu inconsciente há anos, os neurônios fazem essa conexão.

Sonhos são manifestações do inconsciente, por exemplo, hoje eu passei raiva e desejei matar essa pessoa que me fez raiva, logo, eu vou reprimir esse desejo por considerar matar uma pessoa um sentimento errado. No entanto, esse desejo não vai embora simplesmente como eu acredito, esse desejo vai ficar armazenado no meu inconsciente. E no momento que eu for dormir, esse elemento vai fazer conexões com outros elementos que estão no meu inconsciente há anos e aí sairá a imagem distorcida do sonho. Então, o sonho nada mais é do que uma imagem distorcida de uma realidade já vivenciada.

Para sair de Freud, porque ele não tem uma relação tão boa com a religião: “[...] Freud retornou a seu ateísmo e ali permaneceu para o resto da vida. “Nem em minha vida privada nem em meus escritos” disse ele um ano antes de morrer, “jamais fiz segredo de minha absoluta falta de fé” (GAY, 1992, p. 52 apud RODRIGUES, 2014, p. 61) partimos para Carl Gustav Jung (1875-1961). Todavia, Freud e Jung vão afirmar que a mítica é o resultado do processo psiconeural: "[...] ambos chegaram à conclusão de que os mitos se originam no inconsciente e se manifestam, com sua linguagem simbólica, por meio dos sonhos” (CAMPBELL, 2009 apud RODRIGUES, 2014, p. 63). Jung já vai ter uma mentalidade mais voltada para a religião. Ele irá dizer que sonhos é a manifestação do inconsciente coletivo, ou seja, imagens, arquétipos desde os tempos primórdios da humanidade armazenados no inconsciente da pessoa. E dado momento, com as situações vividas do dia a dia, esses elementos se conectam e gera o sonho, a imagem invertida da realidade.

Jung vai dizer que os sonhos são compensatórios, ou seja, ligada à religião, sonhos são elementos manifestos do inconsciente para trazer esperança e encorajamento para a pessoa suportar as adversidades da vida, bem como, qualquer dificuldade que ela esteja passando no momento. Por exemplo, uma pessoa está passando por um tratamento médico e ela sonha recebendo um resultado positivo de um médico ou sonha com alguma coisa associada ao hospital, a medicina que traz um bem-estar naquele momento para ela, nada mais é, do que a manifestação do inconsciente trazendo uma fonte de encorajamento de esperança para suportar essa diversidade.

Portanto, sonhos são atividades do cérebro que impulsiona o inconsciente para trazer esperança, força para as diversidades da vida. Conforme Émile Durkheim diz que a religião é para esse sentido que ela existe e assim como Jung ele vai falar que o sonho são arquétipos e esses arquétipos, vão trazer esperança para as diversidades da vida e muitos deles conforme Freud, vão ser elementos do cotidiano com conexões há anos no inconsciente (desejos reprimidos) que gera a imagem do sonho de forma distorcida.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Conforme definição de Sigmund Freud, sonhos de uma noite, são desejos do dia anterior reprimidos. Por exemplo, no dia anterior a pessoa passou raiva com alguém e pensou em matá-la, mas logo, ela reprimiu esse desejo pelo fato de considerar errado esse sentimento e esse desejo reprimido, ficará guardado no seu inconsciente. E ao dormir, a pessoa pode sonhar com elementos e conexões relacionados com essa pessoa que ela desejou matar e logo o desejo foi reprimido. Elementos do dia anterior com conexões com outros elementos e episódios ocorridos há anos, décadas e guardados também no seu inconsciente. Assim, esses elementos do dia anterior ao sonho de uma pessoa, faz conexão com outros episódios aguardados no inconsciente e gera o sonho da noite, muitas vezes, uma alucinação, porque o sonho será uma imagem distorcida da fusão desses dois elementos (os elementos do dia anterior do sonho e os episódios já ocorridos e guardados no inconsciente por anos e até por décadas). Portanto, sonhos não são aleatórios, são projeções realmente de coisas que nós já vivenciamos, possa ser um passado muito remoto e assim como a teoria de Carl Gustav Jung, que fala dos arquétipos que são imagens da humanidade desde os tempos primórdios registrados no inconsciente de cada pessoa (inconsciente coletivo).

Sonhos são passivos de Interpretação e é onde que entra a Religião. Porém, conforme Jung e Émile Durkheim, parafraseando os autores, sonhos são elementos do inconsciente como mecanismos com o objetivo de encorajamento e esperança para a pessoa suportar as adversidades da vida. Uma pessoa em tratamento médico, sonhar recebendo um resultado positivo ou com elementos que fazem alusão ao ambiente hospitalar e transmitam um sentimento de bem-estar a essa pessoa, é aquilo que Jung chamou de “sonhos compensatórios”. Ou seja, o inconsciente manifestando o encorajamento e a esperança de que dias melhores virão para essa pessoa. E esse sentimento, é o que os teóricos da Religião “não alienante” chamam de sonhos na dimensão da espiritualidade: “[...] a concepção de Religião é: antes de ser um princípio de fé ou moral, é fonte de força para que o crente possa suportar as adversidades da vida” (DURKHEIM, 1989, p. 281).

REFERÊNCIAS

BARROS, Albani de; SILVA, Natanna Santos da; SANTOS, Rejane Farias Santos. APONTAMENTOS SOBRE A CRÍTICA DA ALIENAÇÃO RELIGIOSA. Ciências Humanas e Sociais | Alagoas | v. 5 | n.2 | p. 103-116 | maio 2019.

CAMPBELL, J. Mitos, sonhos e religião. Rio de Janeiro: Ediouro, 2001.

DURKHEIM, Émile. As formas elementares de vida religiosa. Trad. Joaquim Pereira Neto. São Paulo: Paulinas, 1989.

FREUD, Sigmund. A Interpretação dos Sonhos. Porto Alegre: L&PM, 2012.

JUNG, C.G. Memórias, Sonhos e Reflexões. São Paulo: Círculo do Livro, 1989.

RODRIGUES, Marcel Henrique. Jung e seu relacionamento com a religião. Revista Sinapse Múltipla, 3, jul., 2014.

SOBRE O AUTOR

Renato Silva de Araújo Graduado em Ciências da Religião pelo Centro Universitário Internacional e Especialista em Didática e Tecnologias Educacionais pela Universidade Federal do Vale do Jequitinhonha e Mucuri.


Publicado por: Renato Silva de Araújo

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