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Meu príncipe azul

Educação, religião, deficiências físcias, bíblia, Deus, Silvia Letícia carrijo de Azevedo Sá.

O texto publicado foi encaminhado por um usuário do site por meio do canal colaborativo Meu Artigo. Brasil Escola não se responsabiliza pelo conteúdo do artigo publicado, que é de total responsabilidade do autor . Para acessar os textos produzidos pelo site, acesse: https://www.brasilescola.com.

Deparei-me agora com o jornal Estado de Minas de 05 de Junho de 2009. A noticia caiu em mim como uma bomba. Pois eu tenho um filho de 2 anos e 7 meses que tem uma deficiência física e estuda em uma escolinha.

A noticia conta que pais fizeram um abaixo assinado por causa de um aluno com deficiência que está em uma escola com alunos “chamados Normais”, a noticia fala que os pais estão reclamando que os outros alunos estão sendo prejudicados, pois ele morde, bate, briga e é mais forte que os outros da mesma idade.

Os pais de forma muito linda não aceitaram retirar o filho da escola e nem a direção da mesma, o que me deixou muito feliz. Afinal qual é o real problema nesta história. A repórter Luciane Evans pergunta quem nunca teve um filho com este problema na escola? Pois bem. O meu filho não tem 3 dedos na mão esquerda, sendo então uma garra. Ele não está nem ai, pega tudo, belisca e bate se você ficar pegando na mão dele e perguntando por que não tem dedo. Outra, ele conta que cortou com faca. Nada, coisa de sua mente infantil. Nasceu assim, já expliquei, mas não aceita prefere dizer que cortou brincando com faca. O fato é que não foi uma nem duas vezes que pequei meu filho na escolinha mordido, no rosto, nas costas, no braço, e ai? Ele nunca mordeu uma criança lá, pelo que já me foi relatado na escola. Ontem ele chegou com o rosto machucado, pois brincou no parquinho foi empurrado do escorregador e por pouco não quebra a face. E ai? O que devo então fazer? Tirar os NORMAIS da escola? Já que são eles os agressores neste caso? Nada são crianças, brigam agora e brincam depois. O que mais morde lá é o que ele mais fala em casa, leva docinhos e pergunta por ele no fim de semana.

Jamais me verão neste tipo de discussão. O que estas mães de Contagem (MINAS GERAIS) precisam é acordar para a vida, seu filho pode sofrer um acidente dentro da sua casa e se tornar o Anormal que ela julga que o outro é. Pode sofrer um acidente dentro do seu carro e nunca mais andar, falar e ela vai fazer o que com ele? Enfurnar dentro de casa e nunca deixa-lo sair, ir a escola. Ou irá começar a entender o que é uma criança especial. Ela não é especial porque tem decificiência, é especial por ser meu e seu filho. Todos os nossos filhos chamamos de especial. Queremos vê-los na vida, lutando, vencendo, correndo, caindo e levantando sacudindo a poeira e voltando a luta.

Quando saio com meu garoto vejo as pessoas olhando de banda e fico rindo, e daí, ele não tem 3 dedos e você? O que tem feito com a sua mão perfeita? Tem lutado como ele para segurar o máximo de coisas, ou nem sabe o valor de um dedo até perdê-lo.

Os normais vítimas do deficiente, esta frase me fez rir. De todas que conheço são as mais carinhosas. Pois precisam conquistar muito mais que as outras. E se isso fosse verdade um abaixo assinado seria falta de respeito aos pais do garoto B., pois eles teriam que ser comunicados da atitude e não perseguidos.

Parabéns aos pais por ter procurado o Jornal, parabéns a jornalista Luciene Evans pela forma que escreveu a matéria. Vocês deram um banho de dignidade nestas mães que só estão olhando para o próprio umbigo e ensinado os seus filhos como é ser uma pessoa pobre de espírito e o que jamais devem seguir em seus pais.

Se perguntarmos essas crianças longe dos pais como é o dia com o B. garanto que a opinião será outra. Eu sofro um tipo de preconceito diferente, silencioso, mas não dou idéia, não serão eles que educaram meu filho. Nunca o tratei de forma diferente pela mão. Quando fazia arte a usava como meio de não sofrer reação da minha parte, eu nem ligava, dava os tapinhas necessários para não mexer mais ali. Hoje ele a usa como usa a direita, não aceita que você dê nada a ele na outra mão. Ele fala logo, NÃO é nessa.

Eu sempre digo a ele que esta á mão mais linda que já vi. Não é para deixá-lo feliz com frase de mãe. Pois eu acho mesmo. Ela é diferente, mas não o faz diferente de nenhuma outra criança que conheço. Eu amo assim e o amaria se tivesse a mão perfeita da mesma forma. Oro e peço a Deus para que seja um homem honesto, bom marido, bom pai e bom profissional. Hoje ele fala que vai ser baterista e já tem a dele, vai ser doutor pediatra e pastor. Que seja o que desejar, mas com dignidade e louvor.

Aos pais de B. lute mesmo não por seu filho ser deficiente, mas por ser humano, cidadão. Por ser uma criança, por ser seu filho. A escola parabéns pela atitude, ao jornal abra mais espaço assim e verá como vai melhorar as coisas.

Que Jesus Cristo nos dê muita força para lutarmos por um mundo melhor, sem essas bobagens de mentes vazias de amor ao próximo.

Até a próxima...

Silvia Letícia carrijo de Azevedo Sá
leticiacarrijo@oi.com.br


Publicado por: silvia leticia carrijo de azevedo sá

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