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A palavra Apocalipse

Como é vista a palavra apocalipse, a etimologia da palavra, significado, revelação, carga de significados...

O texto publicado foi encaminhado por um usuário do site por meio do canal colaborativo Meu Artigo. Brasil Escola não se responsabiliza pelo conteúdo do artigo publicado, que é de total responsabilidade do autor . Para acessar os textos produzidos pelo site, acesse: https://www.brasilescola.com.

 Em geral a simples menção à palavra APOCALIPSE já causa mal estar em muita gente: medo, fim do mundo, fim dos tempos, catástrofes... Nas artes, no cinema principalmente, apocalipse é sempre sinônimo de desgraça, destruição, fim catastrófico, desolação...

Existem pessoas que identificam alguns desastres naturais com aquilo que, segundo elas, estaria “previsto” no apocalipse: desastres ambientais, terrorismos, terremotos, epidemias...

Outros, e talvez estes sejam os piores, se utilizam do medo do povo, para anunciar o fim iminente; e disso tiram proveito pessoal. Alguns usam o medo para criar novas denominações religiosas, alguns até identificando o papa católico, com alguns elementos simbólicos do livro do apocalipse. Esses enganadores exploram ao povo, tanto quanto a “besta do apocalipse”. Esses, podemos dizer, são atuais personificações da besta apocalíptica, pois se utilizam do nome de Deus, que é paz, tranqüilidade, segurança, para infundir discórdia, medo, terror.

Muita coisa pode ser dita como se estivesse “previsto” no apocalipse, mas na realidade está na cabeça de quem falou. “Cada um lê o apocalipse conforme o seu próprio entendimento. E dele tira suas conclusões. Onde procurar o entendimento certo?” (Mesters; Ourofino, 2002, p. 9).

Importa não crer em qualquer coisa que seja dito, nem nos espertalhões que nos aparecem. É preciso cautela. “Cuidado para não vos alarmardes”, ensinou Jesus. Se nos tempos bíblicos a cautela era necessária, nos dias atuais possivelmente ela seja ainda mais importante, pois tem muito espertalhão tirando proveito; tem muito medroso provocando pânico; tem muito ignorante querendo ensinar. Vale o cuidado recomendado por Mateus (Mt, 24,15-24): “hão de surgir falsos cristos e falsos profetas”.

De modo geral as pessoas não se sentem muito à vontade diante desta palavra, pois ela “traz sempre a idéia de algo que foge ao normal. Em épocas de crise, como a nossa, há uma espécie de sensibilidade apocalíptica como se ficássemos à espera do inesperado” (CEBI, 2000, p. 57). É necessário, portanto que iniciemos compreendendo o significado dessa palavra, buscando sua mensagem libertadora. E, diante dos anunciadores do fim do mundo, não esquecer as palavras de Jesus: “Daquele dia e da hora, ninguém sabe, nem os anjos dos céus, nem o fiho, mas só o Pai” (Mt 24, 36)

Que significa apocalipse? Podemos começar dizendo que apocalipse é uma palavra composta com um verbo e uma preposição gregos e significa “Revelação”. No site o professor Airton oferece as seguintes informações: “O verbo grego kalýpto significa cobrir, esconder, ocultar, velar”. Diz também que a “preposição grega apó indica um movimento de afastamento ou retirada de algo que está na parte externa de um objeto”.

Nessa página o professor Airton diz mais: “Deste verbo deriva o substantivo feminino grego apokálypsis, revelação, apocalipse”. E conclui dizendo que: “De apocalipse deriva apocalíptica e é exatamente com esse nome que designamos uma corrente de pensamento e uma literatura surgidas em Israel entre os anos 200 a.C. e 100 d.C., mais ou menos”.(Silva, 2008)

Usando as palavras de Etiene Charpentier, podemos dizer que “A palavra ‘apocalipse’ vem do grego ‘apocaluptein’ que significa ‘tirar o véu’; no sentido literal, uma re-velação” (Charpentier, 1983, p. 8). Revelar, para nós é algo assim como contar um segredo! Pois a revelação apocalíptica também tem um sentido semelhante. É como se Deus, por meio de seu escolhido, estivesse contando um segredo para seus amigos, escondido de seus inimigos. E faz isso justamente porque os inimigos são muito ousados e tentam enganar ou sufocar os amigos de Deus.

Por sua vez Carlos Mesters e Francisco Ourofino também afirmam que apocalipse quer dizer revelação, falam que “revelar é o mesmo que tirar o véu, desvelar o que está escondido. O livro vai revelar o que até agora estava escondido, a saber, as coisas que devem acontecer muito em breve”. E acrescentam: “a expressão ‘deve acontecer’ não significa que as coisas anunciadas vão acontecer independentemente de nós, sem nossa participação” (Mesters; Ourofino, 2002, p. 15). A intenção de Deus em “Revelar” o que está escondido é justamente para que seus amigos fiquem alertas e não sejam ludibriados pelo inimigo. Esse alerta é feito pelo próprio Jesus: “atenção para que ninguém vos engane. Muitos virão em meu nome, dizendo ‘sou eu’, e enganarão muitos. É preciso que aconteçam, mas ainda não é o fim. Pois levantar-se-ão nação contra nação e reino contra reino. E haverá terremotos em todos os lugares, e haverá fome” (Mc 13,5-8)

Estamos, portanto, diante de uma palavra que já traz uma carga de significados. Já que se trata de uma “revelação” caberia perguntar o que o apocalipse pretende revelar/mostrar. Podemos dizer que antes de ser um termo que desperta medo ou catástrofe, apocalipse deveria despertar um sentimento de esperança, pois sua mensagem não é de catástrofe, nem sobre o fim do mundo, mas sobre a necessidade de se ter coragem para alcançar a alegria da vitória.

Neri de Paula Carneiro: Mestre em Educação pela UFMS. Especialista em Educação; Especialista em Didática do Ensino Superior; Especialista em Teologia; Professor de História e Filosofia na rede estadual, em Rolim de Moura – RO. Filósofo; Teólogo; Historiador; Professor de Filosofia e Ética na Faculdade de Pimenta Bueno (FAP). Jornalista e produtor e apresentador de programa radiofônico.

Referências

BÍBLIA de Jerusalém, São Paulo: Paulinas, 1989

CEBI (Centro de Estudos Bíblicos), Evangelho de João e Apocalipse. São Paulo: Cebi/Paulus, 2000.

CHARPENTIER, Etiene et al. Uma leitura do apocalipse. São Paulo: Paulinas, 1983.

GORGULHO, G.S.; ANDERSON, Ana Flora. Não tenham medo: apocalipse. 3 ed. São Paulo: Paulinas, 1981.

MESTERS, Carlos; OUROFINO, Francisco. Apocalipse de João, Esperança, Coragem e Alegria. 2 ed. São Paulo: Cebi/Paulus, 2002

SILVA, Airton José da. Apocalíptica: Busca de um tempo sem fronteiras. disponível em: acessado em 20/07/2008


Publicado por: NERI DE PAULA CARNEIRO

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