Traidos pela memória
Com o passar do tempo muitas coisas acontecem em nossa vida, mas é importante guardar na memória apenas as coisa boas para que remorços ou mágoas nos invadam o pensamento.O texto publicado foi encaminhado por um usuário do site por meio do canal colaborativo Meu Artigo. Brasil Escola não se responsabiliza pelo conteúdo do artigo publicado, que é de total responsabilidade do autor . Para acessar os textos produzidos pelo site, acesse: https://www.brasilescola.com.
“Sobre tudo o que se deve guardar, guarda o teu coração, porque dele procedem às fontes da vida.”(Provérbios 4:23)
A memória é onde guardamos informações preciosas ou não. Ela é nosso arquivo interno. Onde deixamos o que vivemos de mais delicioso e o mais terrível. Há lembranças que gostamos de carregá-las para sempre como um passeio de trem na casa dos avós, um almoço em família, o nascimento de um filho ou até o dia do seu casamento. Outras como gostaríamos de esquecer e nada nos tira a lembrança!
É impressionante como as coisas ruins são as que mais nos marcam, e deveria ser o contrário. Mas nunca é. Tem pessoas que quando falam de suas memórias ficamos olhando e pensando: de onde saiu toda essa lembrança ruim sem ter novo sofrimento. Como conseguiu se curar de forma que ao falar não há sofrimento nem rancor em suas palavras?
Há pessoas que aprendem que não é tarde para se sonhar, não é tarde para recomeçar e há outras que vivem recomeçando.
Pessoas são as que mais marcam nossas vidas. Como é bom lembrar com saudades de alguém, é uma dorzinha gostosa, paramos no tempo, há momentos em que até o cheiro da pessoa nos vem novamente às narinas, sua voz soa aos nossos ouvidos. Há amores do passado que são assim, se foram em circunstâncias não explicáveis e fica apenas a lembrança da chegada, e a partida como um doce adeus. Não deixaram tristes marcas, apenas doces e saudosas lembranças em nossa memória.
Os amigos são outros que vão, outros chegam e nos enchem de boas e terríveis memórias. Alguns com seu jeito especial de ser, nos marcam de tal forma que chegamos a dar lugar definitivo na memória, mesmo que se vão, são eternos em nossos corações, não importando quanto tempo ficamos sem nos ver, quando os reencontramos é como se o tempo não tivesse passado. Outros não vamos nem citar aqui, seria melhor se nem tivessem passado por nós. Marcam-nos tão tristemente que só de imaginar que seja esta pessoa que está vindo em nosso caminho, já sentimos o suor frio nas costas.
Fatos também nos marcam muito, 11 de setembro para nossa geração vai ficar, tsunames, pedofilia, são fatos que marcaram nossa geração. Não há como esquecer, mesmo que tentemos é quase impossível, ficou marcado no nosso registro pessoal e humano.
A mente se torna uma armadilha e nos trai quando não damos conta de processar, armazenas e sermos curados das partes ruins e que nos machucam. Convivemos com pessoas que suas memórias são tão doloridas que ao contarem as lágrimas voltam como se o fato estivesse acontecendo naquele instante. E quando surge a pergunta do tempo do fato ficamos assustados, pessoas carregam más lembranças por uma vida inteira e não conseguem se dispor delas. É necessário procurar ajuda tanto de profissional em certos fatos quanto ajuda espiritual. Precisamos nos livrar das más lembranças.
Conheci uma jovem bonita que o tempo passou e ela não adquiriu sua família porque sua memória não a deixa esquecer que quando amou alguém uma amiga o tomou. Ou seja, ela ainda tem o mesmo medo hoje que tinha quando o fato ocorreu, então escolheu viver uma vida solitária a arriscar deixar outro homem ocupar sua memória. A história seria outra hoje se ela tivesse deixado à memória cicatrizar ao invés de cada tentativa de conquista relembrasse o fato e recuasse.
Então chegamos à conclusão que nossa memória não pode ser o motivo de sermos traídos sempre, elas precisam ser curadas. Cura leva tempo, cicatrização, dor, mas no final a vida segue um rumo com mais leveza, mais transparência e alegria. Eu posso lembrar de um amor mal sucedido com calma e serenidade, mas não posso deixar este fato dominar meu ser de forma a nunca mais amar alguém.
As marcas em nossos corpos nos lembram fatos, artes e aventuras, só não podemos passar a vida olhando para elas e dizendo não faço mais isso nem aquilo. Elas me fazem lembrar que venci uma barreira. Eu tenho marcas de brincadeiras de carrinho de rolimã, tenho marcas nas pernas de brincadeiras de bola e depois de adulto uma de pé de jabuticabas, não sairão nunca, mas todas as vezes que alguém pergunta o que é começo novamente a sorrir, doeram no momento depois cicatrizaram e me fizeram ver que vale a pena tentar sempre.
Hoje temos uma liberdade muito maior em expor nossa dor aos lideres religiosos, a compreensão quanto a dor humana e ao passado, os psiquiatras e psicológicos tem sido dos consultórios e entrado em nossas comunidades eclesiásticas. Tanto que há inúmeros eventos dentro da igreja para sermos ministrados em nossa triste memória para que ela deixe de nos trair. Para que ela seja curada no poder do Espírito Santo de Deus em Cristo Jesus e nossa vida possa caminhar de forma mais calma e satisfatória.
Quando deixamos pessoas entrarem na nossa memória dolorida conseguimos conviver muito melhor com elas, não é qualquer pessoa, nem opinião pública. Mas pessoas treinadas, dispostas a ajudar e que sejam responsáveis e principalmente com a própria memória curada. Ainda guardo lembranças ruins da minha infância, como no dia em que troquei a pimenta da minha mãe por algo que nem lembro mais o quê apanhei com a própria pimenta, só eu sei o quanto ardeu, doeu e marcou por anos. Depois a memória foi se aquietando, fui crescendo e aprendendo a conviver com a pimenta e a memória desagradável do momento, hoje falo do assunto sem tristeza, sem remorsos e conforme os momentos lembramos em família para sorrir do ato.
Precisamos tomar a iniciativa de deixar Cristo derramar sobre nossas memórias seu sangue curador. Deixar pessoas usadas pelo Espírito Santo de Deus nos orientar e nos ensinar a voltar à caminhada com passos fortes e firmes. A memória tem que ser nossa aliada, jamais nossa inimiga e traidora. Boas lembranças sempre nos ajudam a seguir em frente, as ruins são para nos ensinar que aquele caminho não compensa retornar. Devemos criar em alguns momentos atalhos, e se preciso for desbravemos novos caminhos, mas sem caminhar jamais...
Até a próxima...
Publicado por: silvia leticia carrijo de azevedo sá
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