Psicoterapia online durante a pandemia do COVID-19
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A psicoterapia pode ser entendida como um processo terapêutico no qual uma pessoa treinada estabelece deliberadamente uma relação profissional com outra pessoa (buscando ajuda) com o objetivo de tratar problemas ou transtornos emocionais e/ou de personalidade. A psicoterapia online (OPT) ou e-terapia é ministrada usando tecnologia baseada na Internet por meio de videochamada, chamada de voz, mensagens de texto e/ou e-mails.
Tele-psicoterapia é um termo mais amplo e envolve o uso de telecomunicações (ou seja, telefone) ou meios de comunicação digital baseados na Internet para fornecer terapia ou sessões de aconselhamento remotamente. Neste artigo, vamos nos concentrar especificamente no TPO porque é uma forma relativamente mais nova de tele-psicoterapia que as pessoas com sofrimento psicológico têm usado cada vez mais para procurar ajuda durante a pandemia do COVID-19.
As possíveis razões para essa crescente popularidade entre o público em geral são a maior acessibilidade, acessibilidade e aceitabilidade da psicoterapia oferecida em mídias online.
Eficácia do OPT
Em comparação com muitos países ocidentais de alta renda, o Brasil tem grande diversidade cultural e níveis socioeconômicos e de alfabetização digital significativamente diferentes entre seu povo. Além disso, o sofrimento psicológico decorrente do medo de contrair COVID-19, deslocamento social, interrupções na rotina diária (por exemplo, fechamento de escolas/faculdades ou escritórios), dificuldades financeiras, aumento da carga de cuidados e/ou perda de entes queridos durante a pandemia é contextualmente diferente e pode responder de forma diferente ao TPO convencional ou ao aconselhamento.
A literatura disponível sugere que a terapia cognitivo-comportamental online tem eficácia semelhante à terapia presencial para o tratamento de depressão e transtornos de ansiedade. No entanto, quase todos esses estudos foram realizados em países ocidentais durante os tempos pré-COVID, e é necessário cautela ao extrapolar suas descobertas para o contexto brasileiro. Assim, há uma necessidade de realizar pesquisas avaliando a eficácia, equivalência, aceitabilidade, desafios relacionados à implementação e custo-benefício do OPT em ambientes rurais e urbanos do Brasil.
Restrições relacionadas à Internet ou à tecnologia digital
Uma conexão de internet estável e fácil acesso a um dispositivo digital (por exemplo, celular, computador) são necessários para qualquer OPT. Além disso, a internet de alta velocidade geralmente é necessária quando a comunicação de áudio e vídeo online é feita, para evitar atrasos ou interrupções no sinal, o que pode dificultar o andamento das sessões de terapia. Além disso, a alfabetização digital e um certo nível mínimo de competência tecnológica são necessários tanto para o cliente quanto para o terapeuta para garantir o envolvimento adequado no OPT.
No entanto, uma proporção significativa de pessoas no Brasil pode não cumprir esses pré-requisitos. Além disso, durante a pandemia do COVID-19, houve um aumento no uso de dispositivos baseados na Internet para comunicação (por exemplo, mídia social), trabalho em casa, educação (por exemplo, aulas on-line) e entretenimento (por exemplo, assistir a vídeos e jogar jogos) por muitas pessoas restritas às suas casas. Assim, o OPT pode pressionar ainda mais as pessoas de origem socioeconômica desfavorecida que já provavelmente têm acesso limitado a dispositivos digitais baseados na Internet.
Preocupações Éticas e de Segurança de Dados
A prática do OPT ainda está nos estágios iniciais de desenvolvimento no Brasil, com uma mudança repentina para o meio online para vários clientes e terapeutas por causa da pandemia do COVID-19. Assim, muitos terapeutas estão praticando TPO sem treinamento adequado na realização de intervenções psicoterapêuticas online e sem conhecimento adequado sobre os aspectos relacionados à tecnologia envolvidos. Isso pode levar à não uniformidade nas práticas ou serviços prestados online por diferentes terapeutas. Na ausência de treinamento uniforme ou padrões estabelecidos para OPT, existe o risco de prestar cuidados subótimos às pessoas.
Da mesma forma, muitos terapeutas e clientes não têm certeza sobre como lidar com várias outras questões éticas relacionadas ao TPO, como os limites da confidencialidade das informações compartilhadas online devido a fatores além do controle do terapeuta ou o pagamento de taxas (por exemplo, , antes ou depois da sessão, taxas para uma chamada ou mensagem gratuita para esclarecer quaisquer dúvidas ou questões urgentes entre as sessões de acompanhamento). Há também uma corda bamba em ter uma propaganda ética, porém eficaz, para serviços de OPT oferecidos por terapeutas no meio digital (por exemplo, mídia social ou plataformas de telemedicina online).
Embora o fornecimento de informações sobre os serviços on-line seja permitido, o uso de uma foto ou outra divulgação de informações pessoais provavelmente será interpretado como má conduta sob as diretrizes de telepsicoterapia existentes.
Além disso, o terapeuta deve manter registros básicos de sessões de psicoterapia ou serviços prestados de acordo com a extrapolação dos padrões tradicionais de prática de psicoterapia.
Conclusão
Os autores reconhecem o importante papel dos serviços OPT no atendimento da enorme demanda por serviços de saúde mental durante a pandemia de COVID-19 e era pós-pandemia, mas gostariam de chamar a atenção de profissionais de saúde mental, formuladores de políticas e outras partes interessadas sobre a necessidade urgente de discussão sobre possíveis maneiras de torná-lo mais seguro e confiável tanto para o cliente quanto para o terapeuta.
Declaração de interesses conflitantes
Os autores não têm potenciais conflitos de interesse a declarar com relação à pesquisa, autoria e/ou publicação deste artigo.
Financiamento
Os autores não receberam apoio financeiro para a pesquisa, autoria e/ou publicação deste artigo.
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Publicado por: Gabriel Lafeta Rabelo
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