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Amor: um brinde à vida inédita!

Você sabia que é nossa estrutura psíquica que determinará nossas escolhas amorosas? Saiba mais!

O texto publicado foi encaminhado por um usuário do site por meio do canal colaborativo Meu Artigo. Brasil Escola não se responsabiliza pelo conteúdo do artigo publicado, que é de total responsabilidade do autor . Para acessar os textos produzidos pelo site, acesse: https://www.brasilescola.com.

“Quero me casar...
Depressa, que o amor
não pode esperar!”

          (Drummond)

“Foi assim como ver o mar a primeira vez que meus olhos se viram no seu olhar...” (Roupa Nova)

Olhos nos olhos... Almas desnudadas... Escravo do seu amor e livre pra amar. Assim é que canta a música. Delata como “escolhemos” o parceiro. Que risco!!! Não são, de fato, relações de “livre escolha” pela dimensão inconsciente que nos habita; e, nem necessariamente simétricas, pois as partes têm diferentes recursos (emocionais, estéticos, éticos, intelectuais, financeiros) e investimentos em si, no outro e na relação.

Sabia que é nossa estrutura psíquica que determinará nossas escolhas amorosas? Há importância do fator sociocultural na estruturação psíquica, ao lado dos fatores constitucionais (hereditários e congênitos), do meio ambiente (basicamente nos cinco primeiros anos de vida), e dos acontecimentos atuais.

Amor e ódio amalgamados entram em cena.   Podemos “optar” por buscar a “alma gêmea” por afinidade ou diferenciação, pois opostos e/ou iguais se atraem.  Um de meus professores de Psicopatologia Psicanalítica dizia que nossas doenças é que se casam. Portanto, formamos pares complementares.  Aliás, ilustro: experimenta por duas laranjas no liquidificador e depois faça a tentativa de separá-las...

Quanta mistura e fusão há na vida conjugal de muitos com jogos de dependência e poder que fatalmente levam às tragédias anunciadas. Dividir ou compartilhar? Escolha, eleição ou destituição? Coisas de paixão e da transitoriedade o enamoramento é estado de graça. Diz o poeta que amor com amor se paga e nisto Freud concorda.

Na atualidade os iPhones, tablets, aplicativos, Tinder, prometem relações virtuais, ligações instantâneas a um clique. Encontros. Mil facilidades!!! Aproximação afetiva? Intimidade? Desencontros. Desencanto. Desconectar é muito mais fácil ainda. Sem apego. Sem nenhum sofrimento. Nada? A atual clínica psicanalítica que o conte.

Dificuldades de estabelecimento de vínculos. Desumanização... Depressão transgeracional... Sociedade com perda dos marcos civilizatórios. Que herança maldita estamos construindo? Nunca estivemos tão entrincheirados nas correntes da solidão pela influencia da cultura do imediatismo, pragmatismo e descartabilidade.

Em época de “Dia dos Namorados” e de “Santo Antônio” casamenteiro, vou colocar gente de castigo: proíbo os vínculos tantalizantes (amor doentio). Que possamos assumir novas práticas verdadeiramente amorosas e transformemos afetos, nas quais prevaleçam o autocuidado e autorespeito em relação a nossos desejos e direitos e também às necessidades, desejos, fantasias, interesses do outro. Que haja diálogo, acordo, relativa autonomia, fertilidade, prazer e real projeto de vida em comum. Romanticamente idealizo a todos que “livremente” escolham (sempre o inconsciente) – o tipo socialmente incomum entre os casais: maduras e férteis relações prazerosas. Que o corpo seja lugar das delícias do sagrado, da intimidade e do secreto. Sonho estarem investindo significativamente na relação com perspectivas de desenvolvimento e projeto amoroso de futuro. Desejo que os conflitos e as contradições sejam enfrentados com realismo e civilidade pela dupla. Voto que cada um tenha todo e apenas o poder de findar a relação. Sobretudo almejo o poder de dois de dar continuidade e aprofundamento: tem que ser compartilhado na promoção do diálogo, do respeito às individualidades e autonomia das partes (sempre relativa) e do acordo. Que ambos promovam sempre integração entre razões e paixões.

Finalizo, acenando aos casais o desejo do poeta maior que seja duradouro, flexível e seguro lugar de afetividade e liberdade:

Ah, quem me dera ter-te
Como um lugar
Plantado num chão verde
Para eu morar-te
Morar-te até morrer-te...

           (Vinicius de Moraes)

Eliane Pereira Lima
Especialista em Psicologia Clínica, Organizacional e do Trabalho
Psicologia - Psicanálise
CRP 06/43457
Crianças - adolescentes – adultos


Publicado por: Eliane Pereira Lima

O texto publicado foi encaminhado por um usuário do site por meio do canal colaborativo Meu Artigo. Brasil Escola não se responsabiliza pelo conteúdo do artigo publicado, que é de total responsabilidade do autor . Para acessar os textos produzidos pelo site, acesse: https://www.brasilescola.com.