Ambiguidade: para além do texto verbal
Situações de ambiguidades fora do texto verbal.O texto publicado foi encaminhado por um usuário do site por meio do canal colaborativo Meu Artigo. Brasil Escola não se responsabiliza pelo conteúdo do artigo publicado, que é de total responsabilidade do autor . Para acessar os textos produzidos pelo site, acesse: https://www.brasilescola.com.
O linguista Mattoso Câmara definiu a ambiguidade como sendo a "circunstância de uma comunicação linguística se prestar a mais de uma interpretação" [1]. Diz, ainda, Mattoso Câmara que esse fenômeno é consequência da homonímia, polissemia e deficiência dos padrões sintáticos. A ambiguidade seria, de um modo mais amplo possível, a construção de mensagens em que se verifica dupla possibilidade interpretativa decorrente de vários fatores. Aqui, está-se diante da ambiguidade como problema de construção cujo "ruído" se faz perceber na relação entre interlocutores numa dada situação comunicativa: alguém pretende dizer ou escrever algo e, de repente, dois sentidos se apresentam ao interlocutor, comprometendo a clareza daquilo que se desejou expressar. Exemplificando:
A ambiguidade é um problema de construção na produção da mensagem. Ela se dá a partir de vários fatores. [O pronome "Ela" pode ter os seguintes referentes: "ambiguidade", "construção", "produção", "produção da mensagem" e "mensagem". Qualquer que seja o referente escolhido, teremos dois vieses interpretativos.]
Parece-nos que o autor desejou informar que a "ambiguidade [...] se dá a partir de vários fatores", todavia o pronome "Ela" - que introduz o segundo período - poderia estar se referindo ao segmento "produção da mensagem", por exemplo. E o que teríamos? Um deslocamento temático, pois o foco não seria mais a "ambiguidade", mas a "produção da mensagem" que se daria "a partir de diversos fatores". Vejamos outro exemplo:
O deputado falou para os seus colegas que sua posição, quanto ao relatório apresentado, não deveria ser revista. [O possessivo "sua" indica que a "posição, quanto ao relatório apresentado" tanto pode ser do deputado, quanto dos "colegas" do deputado]
Mas nem tudo em relação à ambiguidade é problema de construção que venha impedir a apreensão do exato sentido do que se quis dizer. Basta observar, em determinados textos publicitários e de propaganda política, por exemplo, o uso deliberado e intencional da ambiguidade como recurso expressivo. Exemplificando:
"Moreno pede Socorro!"
O que se leu acima foi uma exposição elementar sobre a ambiguidade [quer como problema de construção, quer como recurso expressivo] no plano linguístico, isto é, num dado ato comunicativo em que a linguagem verbal [oral ou escrita] se faz presente.
Mas será que ambiguidade se instala apenas a partir do material linguístico [a palavra]? De bom grado, informo-lhes que não. As tais ilusões óticas ou ambíguas [2] abaixo dão o tom do poder da ambiguidade enquanto possibilidades de leitura visual.
*Diógenes Afonso
Graduado em Letras
Especialista em Linguagens da OjE [Olimpíadas de Jogos Digitais e Educação]
Publicado por: Diógenes Afonso de Oliveira
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