O rio que passa...
O rio que passa..., A nascente das águas, A preservação das águas, Os processos e segredos das águas, O trabalho das águas, As areias, as rochas, as praias, o rio.O texto publicado foi encaminhado por um usuário do site por meio do canal colaborativo Meu Artigo. Brasil Escola não se responsabiliza pelo conteúdo do artigo publicado, que é de total responsabilidade do autor . Para acessar os textos produzidos pelo site, acesse: https://www.brasilescola.com.
O RIO QUE PASSA... Sinônimo de todas as águas, homenagem a todos os seres, respeito e moderação a todos os meios, culto a todas as crenças, raças e culturas; vontade de ver renovados e melhorados os ciclos de vida: início, meio, fim e início de um novo processo sustentável para todas as espécies e a nós e nossos descendentes.
Ano de 2003 / de LUIZ ROMEU OLIBONI
01 - A nascente das águas...
As águas nascem:
forte o desafio!
Belas, destemidas,
Iniciam pequenas,
feito filete de pena,
despontam do grotão,
dessas pedras soltas
que elas cavavam
com as próprias mãos...
Vertem as águas:
precioso líquido,
muito mais,
para os sedentos aflitos...
Elas ao longo,
acenam, amenas,
do percurso – caminho!...
Lá elas se vão
e molham longo,
onde era seco o chão,
alongam o caminho
e empurram tontas
à forte sentença!...
Lágrimas:
as águas
que somadas
andam, desandam,
correm belas,
leves, moles,
borbulham do vaso raso
que a natureza esculpiu,
plantou, pintou com harmonia
no chão do vale do jardim de Deus!...
Fazem o percurso,
cortam biomas,
vestem ecossistemas.
É o destino entalhado:
da nascente à foz,
o grande legado!...
Princípio, meio e fim,
(alto, médio e baixo rio),
de todas as coisas!
As águas são...
...do rio que passa!...
02 – A preservação das águas...
Preservar as águas
deverá ser ato contínuo
de todo sedentário humano
peregrino do planeta Terra!...
É dever, é querer viver,
Já é consciência coletiva,
culta, de que as águas
se tornem eternas
às vidas efêmeras!...
Que as vidas agradeçam
Às águas já consumidas!...
Que, eternamente,
as pessoas possam saciar a sede!
Que as pessoas sejam lavadas
de suas incoerências!...
Que o divisível rio seja permanente
No seu leito corrente
No tempo e no espaço!...
Ensine a preservar,
Vá em frente, ajude,
Seja grande, forte gente, destemida!...
E que as águas estejam
sempre vivas às vidas!...
E que sejam renovadas,
puras quais crianças ativas,
que não se cansam, rolam e dançam
no leito da vida:
esperança!...
O rio é a porta de frente:
Nossa cara, nossa gente,
sem maquiagem, sem cena:
espelha em si
a realidade do que somos:
amigos ou inimigos?!...
Que as águas não morram...
Sejam eternas,
eternamente!...
Com as propriedades livres
sejam elas todas
para todos os tempos
para todos os vales
para todos os seres
servidas livremente...
Voltem elas sempre
a passar no canal mutável,
ainda viável
à continuidade de tudo,
Sobretudo a...
...do rio que passa!...
03 – Os processos e segredos das águas...
Águas, o domínio:
espaços, limites,
terras em declives,
divinas, infernais,
de todos os desníveis,
de todos os destinos,
desses mortais!...
Caminham, avançam
de mãos dadas,
abraçam-se,
balançam,
ganham espaços,
tarefa difícil,
árdua batalha:
alongam o percurso,
fazem as curvas,
molduram as praias
por onde passam!...
A cada passo dado,
novas vidas renovadas!
As águas criam
as lavadeiras
à beira do rio
com seus filhos
atletas esguios,
tostados...
São quase peixes,
de nado a nado,
de lado a lado,
margeiam,
atravessam o rio...
No qual, as mães,
levam, lavam, passam;
carregam nas suas cabeças
as trouxas – magotes:
sustentos delas,
de suas proles
às vidas inteiras,
fazendo de tudo,
tudo da mesma maneira,
de simples que elas são,
são elas, simplesmente,
as lavadeiras!...
Por eles, os filhos,
não são herdeiros
dos mesmos trabalhos:
destinos das mães!...
Procuram, trabalham,
visam construir a passagem
para nova vida,
ultrapassar as fronteiras
do ‘psíquico-social,
conquistar as cidades
ribeirinhas, outras mais,
para onde, além,
não se sabe,
centros maiores,
é provável?!...
Tudo é feito
com vontade de vencer,
tempo existe,
o coletivo é duro
e persiste!...
Iguais idades,
jovens são jovens
em todos os tempos
e espaços!...
Grandes obreiras,
as lavadeiras,
de todos os dias,
de todos elas conhecidas
com suas dúzias de roupas
batidas, esfregadas, estendidas
sobre as pedras alisadas...
Águas formam os pescadores,
fazem crescer os peixes...
Os instrumentos (...) à pesca!...
Águas:
infortúnio o sorte!...
Caminham, molham, vertem:
mistério de vida ou morte!...
Águas correm vales,
despontam dos montes,
testemunhos – altiplanos:
altares dos ‘deuses’,
antenas dos humanos...
A natureza à comunicação,
céus e terras estão ligados:
criaturas, Criador!...
Pessoas trabalham,
revertem males
com ás águas
dos tortuosos vales!...
Continuam batizando,
molhando cabeças
ao longo de gerações
de crédulos e incrédulos...
E ao viverem suas vidas,
as vidas deles os ensinam
que elas são únicas:
singulares,
particulares,
peregrinas!...
E de tanta disciplina
e experiências
a que cada um domina,
quase os tornam santos
e deles, suas vidas terminam!...
Das benzedeiras:
ramos, tesouras,
águas preparadas,
misturadas, bentas;
estátuas tantas,
muito atentas,
de tudo e de todos,
muito e tanto!...
Santos intensos,
olhares do além,
firmes como quem
fala do além, Latim...
Armas armadas,
apontadas contra todos:
os males
e direções!...
a tudo somado
não sobram legados:
laços amarrados,
rivalizados,
por postes fincados!...
Os crédulos nas divindades,
na dor que dói no peito doído,
efeitos são tantos que passa
o homem de peito ferido:
vazado se foi, do doido amor,
não é tonto, não é tanto!...
E de tudo – é muito iminente –
que precisa urgente da cura,
não são poucos os males,
muitos são os curandeiros!...
As rezas, por outros feitas
não surtem os efeitos das benzedeiras...
O rio:
estrada que caminha,
leva e traz
saudades de vida
de menino e rapaz!...
Barcos navegam,
deslizam pelas águas,
não apenas serenas,
mas dói a saudade
na alma por quem fica
e dói mais, para quem vai!...
Trabalho contínuo das águas:
peregrinas, quase divinas!...
Horas, minutos, segundos
de todos os relógios do mundo:
águas não cessam,
passam, refrescam...
Despertam, muitos,
longos anos...
Milhões:
reta infinita de todos os tempos,
tempo finito do finito mortal...
Águas dos céus,
dos mares,
de todos os lugares...
Senhoras originais:
dos altos penedos,
planaltos e medos!...
Águas chegam à foz,
quase sem força,
quase sem voz...
Vão se diluindo
ao novo porto...
Nova porta:
a mesma de entrada e saída;
a ida compensa a estada;
a partida nova longa jornada;
a vida única e já cansada...
Águas vivas às vidas:
crianças, ativas,
criativas, crescidas!...
Águas que as rochas burilam:
“água mole em pedra dura (...)”!...
Águas moldam os seixos:
roliços, lisos, pesados,
soltos, desenfreados,
embalados, por elas;
rolam, soam como trovão
pelo chão...
...do rio que passa!...
04 – O trabalho das águas...
Partículas de rochas
trituradas , moídas,
multifacetadas, coloridas,
pelas águas trabalhadas,
lavadas, levadas, dispersas
em todas as direções...
As areias,
de rochas feitas,
formam as praias,
nem todas perfeitas:
as curvas de forma tabular
às margens do leito do rio,
elas, as praias, se deitam...
Lazer,
paz e prazer
são lá do mundo...
...do rio que passa!...
Publicado por: Luiz Romeu Oliboni
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