Apologia das Águas
Aprecie aqui o texto Apologia das Águas de Francisco Gomes.O texto publicado foi encaminhado por um usuário do site por meio do canal colaborativo Meu Artigo. Brasil Escola não se responsabiliza pelo conteúdo do artigo publicado, que é de total responsabilidade do autor . Para acessar os textos produzidos pelo site, acesse: https://www.brasilescola.com.
Primeira Epístola
cordel primeiro
(... pelas águas de Pindorama )
A
Águo folhas em verso
Cuja tinta molhada traça
No objeto deste universo
Ultimato à nossa raça,
Predadora de si e demais:
Mais zelo aos mananciais
Para evitar nossa desgraça!
B
Base deste próprio corpo
Templo da centelha divina
Símbolo deste nosso porto
Em dois terço se dissemina
Gerando vida exuberante
Nesta nave itinerante -
Terra nossa que fascina!
C
Corrente em nossas veias
Formando todos os sistemas,
Biodiversidade de cadeias,
Configuram-se seus emblemas:
Tépidas, frias e cálidas...
Sem-fim de nuances válidas!
Pancromática fita em temas.
D
Destarte este poeta advoga
Mesmo sem ser em tese douto,
Todavia, em vez duma toga,
Veste seu verso solto,
Argüindo singela defesa
Ao símbolo da natureza,
Eis multiforme desenvolto.
E
Enquanto esta seiva prover,
Cedendo a potabilidade,
Transmutada em seu mister,
Inda que sem eqüidade
Conforme a lente no espaço
Monitora cada pedaço
Há de haver fé em perenidade...
F
Fé na justa distribuição
Do hidromapa brasileiro...
Apelo de uma população
Sofrida em terreno sequeiro,
Refém dum fato sazonal
Que provoca muito mal
Ao sertanejo caatingueiro.
G
Gosto, desejo e aptidão
São importantes fatores
De uma aquática vocação
Desde amnióticos vetores
Código-fonte da vida
Genoma de gente atrevida
Que ora segrega seus valores:
H
Hidrogênio em dois volumes
Mais um de oxigênio expressa
Esta fórmula que resume
Uma divina promessa
Nossa rápida passagem
Neste bonde de viagem -
Arca do Criador professa.
I
Ilustre bebida harmoniosa
Com sua física propriedade -
Sólida, líquida ou gasosa
Indexa o sistema de unidade
Decimal, métrico e térmico;
E do seu ciclo hidrológico
A graça da pluviosidade.
J
Justiça seja feita ao gole
(Insípido quanto inodoro)
Cultura de nossa prole
Água sagrada que adoro
No azul das profundezas (oceanos)
Ou matizes das naturezas
De cada rio que exploro:
K
Kadiweu!9 Ou seria cadê eu?
Rio e tribo explorados
Cuja cultura se perdeu
No Pantanal sob arados
Do homem inescrupoloso
Que só ver o solo pastoso
E desrespeita antepassados...
L
...Legado da humanidade,
a água doce dos rios,
nicho da biodiversidade,
algumas veias que denuncio:
Talvegues do Pantanal,
Rios da ilha do Bananal,
Araguaia,Tocantins!...invade!
M
Maltrata sua mata ciliar,
Envenena seus mananciais,
Pelo lucro peculiar
Vende plantas e animais
Ao mascate estrangeiro
que aqui faz seu roteiro
de busca transnacionais.
N
Navegando ainda rio a rio
Chegamos na bela Amazônia,
Madeira-Mamoré se sitio,
Sigo rumo a Rondônia
Na Hidrovia do progresso
Um mundo d´água atravesso
Um Brasil de parcimônia.
O
Oiapoque – Tumucumaque,
ouro e plata em abundância -
Ouve-se a catarata e o baque
ostentando a ressonância
Obra muito maravilhosa
Olho d`água melodiosa
Oxalá e seu atabaque
P
Paraíso da fase terrena
Da vida de muitas nações
Navegando em água amena
Rumamos para os sertões
Saimos da Aqualândia
Chegamos na Caatingalândia
Terra das lamentações
Q
Que natureza estranha!
Outrora os rios tão cheios
Agora seca tamanha,
No Velho Chico e seus veios
Que devido ao grande abuso
Deixa seu leito confuso
E o ribeirinho em devaneios!
R
Rios afluentes temporários
Fazem do São Francisco
Muitas vezes tributário
Que expõe iminente risco
De total esgotamento
Associado ao assoreamento
deste vale em confisco
S
Sugado em muita demasia
O Jordão do nordestino
Quase perde sua primazia,
Se comparado ao palestino,
Embora tão mais extenso
Porém nem tanto pretenso
Ao rio do povo que fascino.
T
Trecho a trecho percorrido
Em tão diverso panorama
As águas que eu elucido
Da terra de Pindorama
Também correm no subsolo,
Aqüífero Guarani arrolo,
Testemunha dum programa...
U
...Um lençol debaixo da terra
De São Paulo à cisplatina
Reserva que em si encerra
Mais uma bênção divina:
País mais rico do mundo
Neste bem tão profundo
Que toda sede elimina.
W
Warrant tão contestado
Pelo direito de ingerir
Este bem mal gerenciado
Que o povo quer usufruir
A água fonte de vida,
A todos deve ser servida
Agora e em todo porvir.
V
Viver depende de água
Na equação do Criador,
Para vivermos sem mágoa,
Temos que ser zelador,
Setenta por cento nos dois
Homem e terra Ele pôs
Água Fonte de vida e amor.
X
Xabocos, lagos e açudes,
Artificiais ou naturais,
Rio, riacho, arroio, pude
Considerar como canais
Da fonte de vida corrente
Que ainda sou aprendente
Das lições dos mananciais
Y
Yin e yang hexagrama global-
Princípios de filosofias -
A água nossa fonte vital,
Sinal de início e fim dos dias
São partes do mesmo universo
Do tempo e espaço adverso
Origem do ser que anuncia:
Z
Zerar toda sede e fome
Do povo pobre e carente
Que a miséria o consome
Nesta conjuntura doente;
Que a vida seja fraterna,
justa e digna quanto eterna
que a paz esteja presente
APOLOGIA DAS ÁGUAS
A toda face da terra,
Provendo o santo direito
Original, sem mais guerra,
Lamentos e desrespeito,
Onde deveria haver consenso
Gestão para o uso intenso e
Indiscriminado deste bem,
Agora sob grande ameaça
De sua reserva exaurir
Apressando nossa desgraça
Secando em breve porvir.
Amemos mais o próximo
Garantindo à nossa raça
Uma cota do que estimo:
Agua, fonte de vida e graça
Sem a qual não existimos!
Segunda Epístola
cordel segundo
(... pelas águas do Mundo )
SEGUNDA EPÍSTOLA
A Apologia das Águas – Cordel Segundo - foi feita no gênero didático compreendido por epístola cuja a carta em forma de Á-Bê-Cê tem o objetivo de demonstrar a importância da água no globo terrestre num ato contínuo do Cordel Primeiro ou primeira epístola que foi uma obra inspirada no tema da Campanha da Fraternidade de 2004, promovida pela CNBB.
Esta apologia traz o argumento de uma viagem mais distante e esboça um outro plano de viagem deste cordelista que, de antemão, agradece a chegada nesta rota ao tempo em que faz mais um convite ao apreciado amigo leitor e se, por ventura, for aceito basta posicionar a nave ou barco e seguir a epístola nos próximos versos:
“Agora traço um roteiro / nas águas do nosso planeta / como viajante aventureiro / configurando na caneta / um pouco do panorama / feito ato de sociodrama / da vida em várias facetas. ”
Esta estrofe configura o produto de uma pesquisa bibliográfica superficial sobre este tema tanto complexo quanto importante para o Brasil e para a humanidade.
Esta obra foi escrita nos interregnos da labuta diária da caserna e simbolicamente encerrada à sombra de uma árvore isolada num ponto cotado 700, a jusante da nascente do Rio Quilombo, área da Fazenda Chapadão na cidade de Campinas, Estado de São Paulo, no dia 23 de maio de 2004, dia da Arma de Infantaria.
O autor.
A
Agora traço um roteiro
nas águas do nosso planeta
como viajante aventureiro
configurando na caneta
um pouco do panorama
feito ato de sociodrama
da vida em várias facetas.
B
Bússola bem azimutada,
Navego em forma de verso
Pela corrente regada
No nosso belo universo,
Destes seis continentes,
Observando as nascentes
E o seu nicho tão diverso...
C
...Coloridas veias da terra,
Sem-fim de nuances válidas,
Cuja correnteza encerra:
Gélidas, tépidas, cálidas...
Nos mares, lagos e rios
O objeto que ora aprecio
E sacio de forma plácida...
D
Degustando mais um gole
Enquanto mais esta estrofe
Se forma no meu embole (embolada)
E este nauta filosofe
A água fonte de vida
Que deve ser bem servida
para não ser limítrofe.
E
Escolhi o ponto estação
Neste Estado bandeirante,
começo desta navegação.
Primeiro dado importante,
O Guarani no subsolo,
Lençol d' água rumo ao polo
na Patagônia distante.
F
Fluxo de águas correntes
Nascentes formando par,
Rio Paraíba duas vertentes:
Bocaina e Serra do Mar,
Paraitinga e Paraibuna
A dupla que se coaduna
Pra São Paulo ao Rio ligar
G
Gerando o desenvolvimento
Num grande vale industrial
Que o progresso fez testamento
do espacial ao bem trivial,
Neste eixo nave se produz,
Noutro trecho ela conduz
Rumo ao cone meridional
I
Iguaçu e sete cataratas
Lindas tríplices fronteiras
Sua foz no Paraná e as matas
com belo Quati nas beiras,
República dos Guaranis,
Paraguai das araras anis...
Uma nação e três bandeiras!
J
Jusante deste grande rio
Uruguai e o Rio da Prata
Configura mais desafio
Estuário que se retrata
Antiga e bela Cisplatina
Terra de gente alegre e fina
a celeste coxilha trata...
L
Leme de grande calado
Já de navio no Atlântico
Viso o continente gelado
Busco o frio solo antártico
Mar de água doce do mundo
Gelo azul e branco profundo
Insular Pólo fantástico
M
Manejo as velas ao oriente
Pingüins, focas guardo foto
Retrato muito embelezante
No limbo outro azimute boto,
Rosa-dos-ventos ilha a ilha
Ouço didjeridu, Austrália,
Vejo o canguru e Uluru anoto
N
Navego pela Oceania
Na linha mundial da data
Menos quinze, menos um dia
noutras correntes e regata
Arco-íris da Polinésia
Malásia, adeus Indonésia
As ondas, a nave arrebata
O
Oriente do Sol Nascente
Muralha da China sobrevoo
Tibete, Huang Ho e Yangtzé
No Himalaia natural show
de águas azul e amarela
Grande vale que povo zela
E milenarmente cultivou
P
Pode ser a gota d' água
Motivo até de guerra
Conflito de muita mágoa e
Luta no topo da terra
Na disputa da Caxemira
Índia e Paquistão sob mira
Ganges e Indo se encerra...
Q
Quadrícula já alterada
Sigo na rota da seda...
Monte Ararat balizada
Mesopotâmia em vereda
Velho Tigre e belo Eufrates,
Teatro de antigos combates;
Vedas da história que enreda.
R
Restos de antigos pomares
Reporta a areia do deserto,
Anatólia e Arábia entre mares
O homem fez canal aberto
No Cáspio à montante Volga,
Grande Sibéria me empolga!...
Da maior nação estou perto...
S
Sigo outro rumo porém
Pelas águas da Fenícia
Do Mar Morto África além
Uma viagem de perícia
Pelo Jordão palestino
Rio Nilo, outro destino,
Outra história, outra notícia...
T
Testemunho dos profetas
Grande veia d' água africana
Por desertos e florestas
Gerando a vida urbana
As águas seguem seu curso
Independente do discurso
Cristã ou fala muçulmana
U
Uma volta em Boa Esperança
Uma nova topografia
Uma rota que se lança
No fluxo da hidrografia
Novamente no Atlântico
Iço velas em cântico
Dos ventos da geografia
V
Vou para o solo europeu
Sentir a água doce alpina,
Mais um bem que Deus deu,
E para a vida se destina
Naqueles altos talvegues
Gerando antigos albergues,
Que em cidade estabeleceu.
X
Xábega de peixe cheia
Faço um almoço na brasa
Ante os Urais e sua cadeia
Escandinávia outra causa
Península de Jutlândia
Sigo esquimós na Groenlândia
Sol da meia-noite uma pausa
Z
Zona polar, Novo Mundo
Continente americano,
Grandes lagos profundos,
Deles o Salgado explano:
Recebe água de um Jordão
Semelhante ao de São João
Embora norte-americano.
APOLOGIA DAS ÁGUAS DOIS
Agora em outras correntes
Pelas Montanhas Rochosas
O Mississippi-Missouri56 rente
Lembro as paredes rosas-
Oranges Gran Canyon quente
Galgo o Yellowstone parque
Indo para o antigo México
Através de outro embarque
Das terras astecas e maias
As águas de um povo rico
Se Tenochtitlan atraia
As naves d' ilhas Bermudas
Golfo atrás sigo Amazônia,
Universo d´águas absurdas
As vistas incas idônea,
Sentida dos Andes o rio
Descer e formar correnteza
O Amazonas em desafio
Imenso rio-mar natureza
Seleiro doce do Brasil.
FRANCISCO
Fluvialmente se interligar
Rios dos diversos biomas
A Amazônia pode irrigar
Nordeste e semi-árido
Combatendo a estiagem
Incentivando a agricultura
Semeando cada vagem,
Cada palmo em muita cultura
Onde antes era só miragem.
Publicado por: Francisco Gomes
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