Romance de José de Alencar apresenta mulher como sujeito e protagonista da história
Refletir sobre as questões sociais da época que ainda ressoam na nossa atualidade.O texto publicado foi encaminhado por um usuário do site por meio do canal colaborativo Meu Artigo. Brasil Escola não se responsabiliza pelo conteúdo do artigo publicado, que é de total responsabilidade do autor . Para acessar os textos produzidos pelo site, acesse: https://www.brasilescola.com.
Aurélia Camargo, personagem central, ganha status que poucas vezes se viu na literatura do século XIX
José de Alencar, um dos principais escritores do romantismo brasileiro, alçou a literatura cearense para o cenário nacional, tendo em vista que suas obras compõem o panteão dos clássicos da literatura brasileira. Destoando de outras obras divulgadas anteriormente, o escritor, em 1875, publica o livro Senhora, em volumes, o qual rompe com a lógica machista da época em que a predominância de figuras masculinas nos romances ofuscava o brilho feminino, cercando a mulher de uma aura de submissão ou fragilidade.
O romance Senhora gira em torno da personagem Aurélia Camargo, que repentinamente surge na alta sociedade da corte carioca arrebatando olhares de admiração e desejo, principalmente por sua altivez, mas também por conta de duas características principais: sua estonteante beleza e sua riqueza. Através da protagonista, que antes era uma moça pobre prestes a ficar órfã, o escritor situa o leitor no jogo de interesses da sociedade da época, ao trazer à baila os penduricalhos implícitos do casamento. A personagem, que antes tinha sido rejeitada para o matrimônio por situar-se em uma camada pobre da sociedade, agora, dado o seu status, vive cercada frequentemente por galanteios. Aurélia Camargo evidencia o caráter interesseiro daquela sociedade ao atribuir um “preço” a cada um de seus pretendentes, chegando ao ponto de “comprar” como marido aquele que outrora a havia rejeitado, submetendo-o a um reexame de seu caráter. Por essa razão, o romance é divido em quatro partes bastante sugestivas: O preço, Quitação, Posse e Resgate.
Com a linguagem ornada, típica de Alencar, este romance merece ser lido, não simplesmente por ser um clássico, mas sobretudo por nos fazer refletir sobre as questões sociais da época que ainda ressoam na nossa atualidade, como a questão do dinheiro, que pode içar a altas posições, mas que na sua ausência aflora o que de pior aos indivíduos que têm a ânsia de possuí-lo. O livro direciona-se ao público leitor de qualquer idade que queira apreciar a boa literatura, que é justamente aquela que tem o poder de nos tirar da realidade, mergulhar na história e, não obstante, fazer-nos refletir e aguçar nossa criticidade.
Referência
ALENCAR, José de. Senhora. 2a ed. São Paulo: Editora Escala, 2005.
Por Erivaldo Sales
Publicado por: Erivaldo Sales Freitas
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