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Ribeirinhos da Amazônia

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O texto publicado foi encaminhado por um usuário do site por meio do canal colaborativo Meu Artigo. Brasil Escola não se responsabiliza pelo conteúdo do artigo publicado, que é de total responsabilidade do autor . Para acessar os textos produzidos pelo site, acesse: https://www.brasilescola.com.

Na grande enchente de 2009 que ocorreu em todo Amazonas pude presenciar uma das cenas mais comoventes da minha vida.

Eu partira de viagem à capital Manaus para participar de um congresso de estudantes universitários. Até aí nada demais.

O barco seguia seu caminho normal. Dobrando aqui e ali num igarapé, diminuindo e aumentando sua velocidade de acordo com o trajeto.

Quando de repente, algo aconteceu!

Todos os passageiros se levantaram de suas redes para acompanhar aquele fenômeno inesperado.

Natureza e homem em comunhão. Uma cena divina.

O sol já se preparava para o descanso e refletia lindos fios de magia pelo rio.

Foi quando apareceu o primeiro pontinho no horizonte, depois outro e mais outro e muitos outros. Centenas!

Eram crianças, mulheres, jovens e adultos que se aproximavam do barco em pequenas canoas para pedir alimentos.

Era a busca pela sobrevivência, visto que a cheia tinha acabado com tudo que eles cultivavam.

As canoas disparavam em frente dos barcos para aguardarem as doações dos passageiros que solidários arremessavam nas águas do rio Amazonas sacolas com maças, bolachas, queijo, presunto, laranjas, pão, conserva e sardinha em lata, bombons, enfim, qualquer coisa que desse para comer de imediato.

Era lindo e triste ao mesmo tempo ver aquilo.

Parecia um país devastado pela guerra recebendo ajuda humanitária internacional.

Dava pena ver os gados magros em cimas de marombas (troncos de árvores) sem saber para onde ir e o que comer.

Absorto em meus pensamentos levei um susto quando recebi um tapinha em minhas costas.

Era um companheiro de viagem que estava me observando.

Ele me disse:

- Não tenha pena desse povo! O governo já deu a eles uma ajuda de custo, cesta-básica e auxílio-doença. O que mais eles querem?

Falei pra mim mesmo: Apenas viver!

* Geone Angioli é professor do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas - Campus;Parintins, especialista em Literatura Brasileira.


Publicado por: GEONE ANGIOLI FERREIRA

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