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O mistério: Ana, Josepe Bruno

Clique aqui e confira o texto O mistério: Ana, Josepe e Bruno!

O texto publicado foi encaminhado por um usuário do site por meio do canal colaborativo Meu Artigo. Brasil Escola não se responsabiliza pelo conteúdo do artigo publicado, que é de total responsabilidade do autor . Para acessar os textos produzidos pelo site, acesse: https://www.brasilescola.com.

Era um dia de domingo de 1899, e Ana chegava ao Palácio do Rio de Janeiro numa linda tarde, convidada pelo Barão para festa de comemoração do aniversário do seu filho Josep Gire. Ana era francesa, estava de passagem pelo Rio a passeio com seu pai Gherra. Quando o Barão soube da vinda, fez questão de convidá-los ao aniversário, pois ele tinha alguns planos para esta moça e seu filho.

Josep tinha 23 anos, cabelos longos pelo ombro, cor de tabaco, corpo esguio e elegante, olhos claros e sorriso singelo, mais um pouco misterioso. Ana, uma mulher de 20 anos, cabelos vermelhos e pele matizada pela natureza, rodeada de lindas sardas que a deixavam sedutora aos olhos de qualquer homem da época. Encantada com toda beleza que o Brasil expunha, seus cabelos ao vento na brisa beira mar do Rio de Janeiro.

— Como vai senhora Ana e Sr. Gherra? fiquem a vontade, vou chamar o meu filho pra conhecerem o palácio antes da festa começar. Ele pediu que o criado chamasse Josep. Ana olhou nas escadas e seus olhos brilharam quando se deparou com o filho do Barão, deixou escapar um pouco de euforia, e logo em seguida foi contida por seu pai disfarçadamente. — Que encanto Senhora Ana, venham comigo, vou levá-los ao passeio. Ana percebeu algo estranho, um rapaz, que não parecia ser nobre, olhava pelas cortinas acompanhando o passeio com os olhos. — Sr. Josep, desculpa a descrição, mais tenho a impressão de ter visto um rapaz a nos observar. — Senhora Ana (sorriu Josep) ,ele é um amigo, vive conosco aqui no Palácio.

Era meia noite e o baile estava lotado de convidados, mesa farta e muita bebida. O Barão fez questão que Ana ficasse ao lado de Josep, enquanto ele jogava conversa fora com o pai. E lá, em cima da varanda, próximo ao lustre de bronze, estava o amigo de Josep a observar. Josep olhou o relógio e rapidamente saiu correndo, Ana ficou sem entender nada. Curiosa como ela, o seguiu. De longe Ana observava Josep e o amigo estranho a conversar, pareciam discutir, ou algo parecido. Como Ana havia de passar a semana hospedada, resolveu por conta própria que iria desvendar isso, porque o interesse no filho do Barão já era grande.

No dia seguinte...

— Oi Ana, sente-se aqui conosco para tomar café, deixe me apresentar meu amigo Brunno.

Brunno não era nobre, se via pelo porte físico, cor parda e cabelos encaracolados, olhos esverdeados e corpo forte. Ele era quieto, quase não falava, a não ser com Josep. Estavam sempre juntos e dividiam o mesmo quarto, como irmãos. Ana muito intrigada quis tentar descobrir a importância de Brunno nessa história toda. Porque de certa forma, se sentiu ameaçada por esta amizade, pois podia botar a perder o seu interesse por Josep. Noutro dia de manhã bem cedinho, Ana se levanta e vai ate a sacada onde o Barão costuma ficar para apreciar a paisagem.

— Sr. Barão, bom dia, estou a incomodar? — Que isso minha filha, fique a vontade. — Posso fazer uma pergunta Sr. Barão? (disse Ana) _sim, quantas quiser. — Como o Brunno veio parar no Palácio? Ele não é nobre como nós. — Minha filha, porque a curiosidade? (sorriu o barão) _Notei o seu interesse no meu filho, certo? bom, vou contar resumidamente como ele veio parar aqui. — O Brunno e filho de uma escrava com um Marques, sua mãe faleceu logo no seu nascimento e ele foi encontrado por um dos meus empregados quase morto a beira de um rio, dentro de um cesto de palha, então resolvemos ficar com o garoto.

Ana não se deu por satisfeita com a história contada pelo Barão, mais estava decidida a ficar com Josep. Quando mais tarde, Josep teve que acompanhar seu pai a uma visita de negócios, e Ana aproveitou para vasculhar os aposentos do seu pretendente.

Enquanto ela revirava tudo, um barulho na porta. Ana se esconde atrás do cortinado de veludo azul e fica a esperar. Era Brunno, entrou, tirou a roupa e deitou em sua cama. Ana, não sabia como sair dessa, mais ficou a observar Brunno deitado, e como ela observou! Já se passaram duas horas, sua pernas encolhidas não agüentavam mais, ela resolveu sair de mansinho sem assustar. Mais Brunno estava somente se refrescando, o Rio é muito quente nessas épocas, e ele percebeu algo ... — Pare aí! o que está fazendo aqui Senhorita Ana, como entrou no meu quarto?

Ana sem saber o que dizer; e nervosa ao mesmo tempo, olhava para Brunno despido, coisa que na França, não há se ver.

Ele se aproximou de Anna, tão perto, que se podia sentir o bafo quente de sua boca. — O que foi senhora, nunca viu um homem antes? Ana fugiu porta afora, desnorteada se perdeu no Palacio com tantos corredores. Seu coração palpitava, um misto de medo e sedução. — Ana minha filha, o que foi? (disse seu pai) — nada papai, só um pouco cansada.

Durante todo dia, Ana não tirava aquilo da cabeça, o tempo que estava lá, tentava de todas as maneiras evitar a presença de Brunno. Ela já não sabia mais de nada, o seu interesse por Josep e sua curiosidade por Brunno.

Numa noite de quarta feira, Ana está em seus aposentos e escuta passos pelo corredor, era Josep, vestido em trajes de dormir. Ela aproveitou e foi ao seu encontro. — Oi Josep! sem sono? — um pouco, o calor está intenso, me acompanha até a sacada?

Quando chegam, Brunno está lá, olhando para o céu. — Também sem sono Brunno? (diz Josep) — sim, e parece que a senhorita Ana também, não é? (sorriso entre os lábios). Ana que há dias tentava evitar Brunno, naquele momento não teve como voltar atrás.

— Então vamos apreciar as estrelas juntos. Falou Brunno com as mão sobre os ombros de Anna e Josep. Ana se via em situação embaraçosa e ao mesmo tempo intensa para os padrões de uma mulher da época. Sem jeito, Ana cedia ao poucos as investidas dos olhares de Brunno e Josep. Um momento único, onde Ana descobria o que estava acontecendo ou se entregava aquele jogo de sedução e mistério.

Amanhece...

Ana corre até os aposentos dos rapazes, e eles já haviam saído bem cedo. Estava disposta e entrar no jogo, em pouco tempo já estava envolvida de tal forma, que esquecera que a semana estava acabando e logo teria que voltar para casa.

É noite de quinta feira...Ana ouve baixo um grunido, ou coisa do tipo, meio animal e meio humano. Com medo, ela sai pelos corredores, chama por Josep, e ninguém responde. Mas ainda assim, ela pode ouvir o som do animal, lá no final dos corredores do Palácio. Mesmo com medo, sua curiosidade é grande, ela vai seguindo o som, que a leva a uma grande porta de madeira talhada, com figuras egípcias, muito antigo. Atrás dessa porta o som é mais forte. Ela se abaixa e tenta ver pela fresta no chão o que está acontecendo. Consegue mais ou menos enxergar Brunno e Josep, completamente despidos, sujos de sangue, de um animal que estava morto no chão. Completamente apavorada, ela corre chorando e pensando como sair dali o mais rápido possível. Brunno e Josep, sentem os movimentos dela, e como se flutuassem, arrebentam as portas e vão ao seu encontro. Antes mesmo dela alcançar seu quarto, eles descem pelas paredes a sua frente. — Não grite senhora Ana! não vamos lhe fazer mau (diz Brunno).

Josep a pega em seus braços e voa como pássaro até a sacada do Palácio. Os dois retiram cada peça de roupa de Ana, deixando completamente nua. Nesse momento ela que até então estava amedrontada com a situação, agora se entrega no mistério e no desejo, sem medo do final que aquilo podia levar. O dia está quase clareando, o três ainda enrolados nas cortinas da sacada, o cabelo vermelho brilhavam com os primeiros raios de sol.

Tarde de quinta feira...

Josep e Brunno contam a Ana toda a verdade que os une. Brunno não é filho de escrava, é filho de uma mulher que usava feitiçaria, eles se conheceram por acaso, quando Josep foi atacado por sua mãe para rituais satânicos, e Brunno o salvou, provocando a morte da própria mãe. Enquanto agonizava, ela amaldiçoou os garotos, onde eles não poderiam se alimentar da terra e nunca se separariam um do outro. Caso isso acontecesse, os dois morreriam juntos ou viveriam eternamente. Por isso tal estranheza do comportamento dos rapazes. O Barão sabia de toda verdade, mais escondia por medo de retalhação e da fogueira que seria o destino dos garotos, e casando seu filho Josep, ele manteria imagem do rapaz, que na época solteiro não era bem visto, trazendo a paz para o Palácio e sua carreira política.

Ana agora já sabia de tudo, estava envolvida até o pescoço, em todos os sentidos.

Noutro dia eles resolvem fazer as bagagens, e sem avisar a ninguém, Ana, Brunno e Josep, partem no primeiro navio rumo a um lugar qualquer, levando uma saca de moedas que daria pra eles recomeçarem a vida em um lugar onde ninguém os conhecesse. Dizem até hoje, que alguém já os viu passar, que Anna já estava bem idosa, Brunno e Josep, jovens como sempre.  Mais estavam juntos, os três ,como sempre foi...

Se é lenda ou não, vai se saber. Sempre que alguém conta um conto, aumenta mais um ponto. Boa noite...


Publicado por: Robert Lima

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