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O bicho era um homem

O homem é um animal racional que ao longo dos séculos buscou sempre aprimorar a sua relação no contato com a natureza.

O texto publicado foi encaminhado por um usuário do site por meio do canal colaborativo Meu Artigo. Brasil Escola não se responsabiliza pelo conteúdo do artigo publicado, que é de total responsabilidade do autor . Para acessar os textos produzidos pelo site, acesse: https://www.brasilescola.com.

O homem é um animal racional que ao longo dos séculos buscou sempre aprimorar a sua relação no contato com a natureza. O conhecimento acumulado em períodos o possibilitou desenvolver. Esse conhecimento virou poder e quem os detêm não repassa gratuitamente ao próximo, tudo se torna moeda de troca, vivemos sob a égide do capitalismo. Nessa roda-viva o desenvolvimento “ficou lento”, porém casamentos são ótimos negócios!

Bem, lá estava eu varrendo meu quintal alugado e, nesse exercício mental de relaxamento juntei umas tralhas, algumas folhas e sobras de lixo orgânico. Amontoei cada coisa em sacolas diferentes e as deixei em frente de casa para o carro coletor levar. Minutos depois de tê-las deixado ali observei que foram remexidas. Caminhei até o portão para afugentar aqueles miseráveis cachorros e urubus, os responsáveis de sempre por esses infortúnios, assim eu acreditava. Chegando ao local do ocorrido, percebi que não eram os bichos imaginados, aquilo era obra de um homem! O faminto rasgou as sacolas e levou umas bananas já quase podres, umas raspas de melancia, latas de cervejas e um fogãozinho de duas bocas surrado. Manuel Bandeira! Conjeturei.

É fantástica a capacidade que o homem tem em reagir, sobreviver, criar, se reinventar, enfim. Nós brasileiros, infelizmente, ainda somos o país do futuro, visto que nosso presente é muito cruel. O Brasil é um país de grandes riquezas naturais e culturais, mas seus governantes não conseguem implementar políticas públicas sólidas (Políticas de Estado) que venham aliar ciência e tecnologia com o desenvolvimento social de nosso povo.

Educação, emprego, moradia, comida, juventude e infraestrutura são alguns dos gargalos encontrados em nossas cidades, assim como em todo país. É evidente que muito se tem avançado. Mesmo assim, é preciso fazer muito mais para diminuir as desigualdades sociais agravadas por autoritarismos e governos que venderam a preço de banana o patrimônio nacional.

O que mais espanta nesse momento político são as idéias excepcionais que prometem fazer o que ninguém fez. O Super-Homem de Nietzsche entra em cena, talvez um novo Hitler, Bin Laden ou um Josef Fritz - o pai austríaco que encarcerou e estuprou a filha por mais de 20 anos. O herói político acredita que sozinho pode fazer tudo, os outros são meros degraus. Entrementes, um pobre-diabo dirá: não adianta falar, tudo vai ficar como está! É preciso encontrar o que comer todo dia, nem que seja catando lixo, vendendo a consciência, ficando em cima do muro pra pegar de todos os lados, é bom ficar calado. E o mesmo ainda te acusará de negligência – E tu que fazes?

Ressuscitemos o revolucionário poeta Maiakóvski para responder com o poema o Poeta-Operário: - Frases vazias não agradam. [...] Penoso é trabalhar nos altos-fornos onde se tempera o ferro em brasa. Mas pode alguém acusar-nos de ociosos? Nós polimos as almas com a lixa do verso. Quem vale mais o poeta ou o técnico que produz comodidades? Ambos! Os corações também são motores. A alma é poderosa força motriz. Somos iguais [...].

Viver é uma arte e a poesia é irmã conselheira do homem. Acreditem, logo depois das eleições muitos voltarão às suas Pasárgadas e o povo continuará lá, esperando um amigo pelo menos.

*Geone Angioli – Professor de Língua Portuguesa, Especialista em Literatura Brasileira.


Publicado por: GEONE ANGIOLI FERREIRA

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