Cristo segundo Mel Gibson
Comentário sobre o filme A Paixão de Cristo de Mel Gibson.O texto publicado foi encaminhado por um usuário do site por meio do canal colaborativo Meu Artigo. Brasil Escola não se responsabiliza pelo conteúdo do artigo publicado, que é de total responsabilidade do autor . Para acessar os textos produzidos pelo site, acesse: https://www.brasilescola.com.
Grande parte das pessoas que assistiram ao polêmico filme do ator e diretor Mel Gibson – “A Paixão de Cristo”, saiu do cinema com a sensação de choque pela crueza das cenas. Ouvi, inclusive, muitos dizerem que o enredo ficou preso demais à extrema violência que fez parte de uma das histórias mais conhecidas de todos os tempos.
Pois é exatamente aí que está, a meu ver, a novidade trazida por Gibson. Por séculos a fio milhões e milhões de pessoas vêm rezando todos os dias orações que nos remetem às últimas horas do Filho de Deus na Terra. Também a Bíblia conta tais passagens de uma maneira que não deixa dúvidas quanto ao sofrimento e às humilhações vividas por Jesus há mais de dois mil anos.
Acontece que nem sempre as palavras conseguem traduzir com tanta fidelidade o que as imagens evocam. E, essencialmente, “A Paixão de Cristo” é um filme de poucas falas, de poucos diálogos. Sua personagem principal, vivida de forma impecável pelo ator Jim Caviezel, é interpretada muito mais com o corpo do que com a voz. Esta proposta não poderia ter sido melhor, pois faz da mensagem de Cristo algo muito mais próximo de atos do que de palavras.
Da mesma forma, é bem mais contundente conhecer de perto os bolsões de miséria espalhados pelo mundo inteiro do que saber da sua existência de dentro de uma casa confortável, sentado a uma mesa farta. Muitos dos que se disseram chocados com as cenas fortes que retratam o calvário de Cristo na versão de Mel Gibson talvez já tenham lido e ouvido falar inúmeras vezes sobre esta triste passagem bíblica. No entanto, sua imaginação certamente não foi tão eficaz em trazer à tona as imagens que o filme muito provavelmente manteve fiéis ao que realmente aconteceu.
Quanto à polêmica em torno do enredo poder despertar um sentimento anti-judeu, só mesmo os que não têm senso crítico para chegar a esta conclusão. Afinal, a culpa que sacerdotes e judeus daquela época tiveram na condenação e morte de Jesus não pode ser repassada para as gerações futuras. Senão teremos que culpar os portugueses do século 21 pelo extermínio dos índios brasileiros nos primeiros séculos após o descobrimento do Brasil; ou culpar eternamente o povo alemão pelas atrocidades cometidas por Hitler e outros compatriotas no período da Segunda Guerra Mundial. Guardadas as devidas proporções, é o mesmo princípio de comparação.
O que o filme tem de mais fantástico é nos fazer voltar no tempo, colocando-nos na condição de espectadores das atrocidades sofridas por aquele que aceitou carregar tal fardo apenas para nos ensinar a maior de todas as lições de amor. Seu sofrimento significa até hoje a nossa redenção. É um parâmetro para que possamos entender e balizar os nossos próprios padecimentos. Mais até: será eternamente o maior simbolismo na vitória do Bem contra o Mal.
Para os que nunca assistiram ao filme, vale a pena se atentar aos detalhes sugeridos do começo ao fim, seja na história principal, seja nos pensamentos de algumas personagens. O que fica absolutamente claro na obra de Mel Gibson é a sua crença otimista do triunfo da Luz sobre as Trevas, da morte como uma libertação para tudo que é fugaz e sem qualquer importância para a obra divina.
Publicado por: Roberto D´arte
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