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As pantufas não têm idade

A importância de ter uma infância feliz para não carregar arrependimentos posteriores.

O texto publicado foi encaminhado por um usuário do site por meio do canal colaborativo Meu Artigo. Brasil Escola não se responsabiliza pelo conteúdo do artigo publicado, que é de total responsabilidade do autor . Para acessar os textos produzidos pelo site, acesse: https://www.brasilescola.com.

Uma das maiores perdas que um adulto pode ter na vida é chegar exatamente nesta fase sem qualquer resquício da infância.

Não se trata de querer parar o tempo para continuar sendo eternamente uma criança. Até porque a síndrome de Peter Pan pode ser um retrocesso quando o assunto é a negação do amadurecimento natural. O perigo está em perdemos a pureza sincera que normalmente só conseguimos de forma integral nos primeiros e inestimáveis anos de vida.

Felizes os adultos que tiveram suas infâncias amplamente registradas em fotos ou vídeo, pois são poucos os que conseguem guardar na memória com nitidez o que viveram até os 3 anos. E olha que acontecem tantas experiências importantes durante este período que mais tarde as pessoas poderiam perfeitamente usá-las na retomada do fio condutor de suas próprias vidas. Quantas terapias poderiam ser evitadas!

Mesmo não tendo filhos, já me “especializei” em conviver com o mundo infantil através dos afilhados e dos sobrinhos de verdade e por consideração. Consigo “mapeá-los” desde os recém-nascidos até os de 12 anos, seja através de depoimentos de seus pais, seja por minha própria observação. Basta estarmos atentos aos seus movimentos e teremos as melhores aulas de como ser feliz.

As crianças têm razão em muitas vezes achar altamente chato o mundo adulto. Tudo é excessivamente cheio de regras, horários e compromissos. E tudo para quê? Para se fazer dinheiro. Para quê? Para continuar se fazendo mais dinheiro. Não que este seja exatamente o problema em si. Qualquer garoto de 6 anos acha o máximo ganhar algum dinheiro; a diferença é que ele o quer como meio para alcançar algum tipo de prazer que o faça sorrir, que o faça vibrar de alegria. Já para a maior parte dos adultos não é bem assim: dinheiro é um fim que justifica tudo, até mesmo perder a própria honra, o amor próprio, o afeto do outro.

Quando pais dizem que não têm tempo para os filhos por excesso de trabalho algo está errado. Os que agem assim podem até justificar que tudo é feito para o próprio bem dos filhos, mas dificilmente isso será verdade, ainda que dito com as melhores intenções. O que uma criança espera é bem mais próximo de um colo, de um gesto de carinho do que de um brinquedo caro.

Mais grave ainda é quando um adulto diz ter tido uma infância infeliz. Grave e perigoso, pois alguém que tenha perdido a doçura da meninice é um sério candidato à degeneração de caráter. Como já disse Ziraldo, uma criança feliz jamais será um canalha quando crescer. Se pudéssemos comprovar esta teoria abriríamos um caminho fantástico para a cura do mau caratismo antes que ele virasse uma doença crônica.

É por isso e um tanto mais que vale a pena nunca apagarmos certas atitudes e símbolos comumente associados ao universo infantil. Há algum tempo, ainda na fase de namoro, a minha esposa me enviou por e-mail uma foto calçando as pantufas que tinha acabado de comprar. Um pouco sem jeito, ela perguntou se eu havia notado que as novas companheiras dos seus pés tinham a cara do Garfield. Rimos da escolha, mas apenas porque o gato preguiçoso de Jim Davis tem uma expressão bem peculiar. No mais, nenhum problema. Afinal, as pantufas não têm idade. Assim como a magia da infância.


Publicado por: Roberto D´arte

O texto publicado foi encaminhado por um usuário do site por meio do canal colaborativo Meu Artigo. Brasil Escola não se responsabiliza pelo conteúdo do artigo publicado, que é de total responsabilidade do autor . Para acessar os textos produzidos pelo site, acesse: https://www.brasilescola.com.