Língua estrangeira como exclusão social ou libertação?
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Se o conceito freireano de educação como força libertadora aplica-se ao ensino de Língua Estrangeira é indiscutível pensar sobre o papel que esta desempenha no desenvolvimento social e escolar dos adolescentes. Sabe-se que a Língua Estrangeira pode ser fonte de instrumento de elitização libertando ou excluindo o indivíduo da promoção de relações. E como isso afeta diretamente o aluno adolescente é o que se pretende discutir a seguir.
A perspectiva pragmática nos Parâmetros Curriculares Nacionais em Língua Estrangeira de 1998 diz que:
"No que se refere ao ensino de línguas, a questão torna-se da maior relevância. Para ser um participante atuante é preciso ser capaz de se comunicar. E ser capaz de se comunicar não apenas na língua materna, mas também em uma ou mais línguas estrangeiras. O desenvolvimento de habilidades comunicativas, em mais de uma língua, é fundamental para o acesso à sociedade da informação. Para que as pessoas tenham acesso mais igualitário ao mundo acadêmico, ao mundo dos negócios e ao mundo da tecnologia etc., é indispensável que o ensino de Língua Estrangeira seja entendido e concretizado como o ensino que oferece instrumentos indispensáveis de trabalho”
É indiscutível a importância do estudo da Língua Estrangeira, mais especificamente da Língua Inglesa, esta que é falada por mais de meio bilhão de nativos e a mais falada do mundo por não-nativos. Sendo ela um fator de inserção ao mundo tecnológico e cultural, é importante entender como é o processo de ensino e como ele se dá no âmbito do ensino regular brasileiro.
Sabe-se que o foco principal de ensino da Língua Inglesa ainda é feito pelo estudo da gramática escrita, sendo em instituições públicas ou privadas, porém a realidade do ensino público ainda mostra o quanto essa prática, ou a falta dela, exclui de maneira considerável os adolescentes pertencentes a essa realidade.
A realidade da educação básica pública no Brasil é de conhecimento da sociedade o quanto é defasada e carente há muitos anos. Com relação ao ensino da Língua Inglesa esse problema parece atingir de maneira significativa os adolescentes. Salas de aulas lotadas, falta de material didático adequado, carga horária extremamente pequena e por muitas vezes falta de profissional capacitado são apenas alguns sinais de um problema que parece nunca ter solução e que afetam diretamente o adolescente que já vive uma realidade de exclusão social.
E se esses são alguns dos entraves do cenário da escola pública brasileira de que maneira seria possível melhorar o ensino e a qualidade desse conteúdo tão importante atualmente? Seria a resolução dos problemas salas de aula com menor número de alunos? Ou salas divididas por níveis de conhecimento? Materiais didáticos com ênfase maior para o ensino da língua falada do que apenas a escrita? E sobre a carga horária, seria importante aumentar para pelo menos o dobro de horas semanais para poder ter acesso a língua escrita e também a língua falada?
Quando nos voltamos para outra realidade socioeconômica do ensino regular brasileiro das escolas privadas é possível perceber uma realidade totalmente diferente. Salas de aula com poucos alunos, material didático importado de países em que a Língua Inglesa é nativa, atividades extras curriculares e aulas totalmente lecionadas em inglês. Algo que claramente beneficia o adolescente dessa realidade.
E o professor? Esse não deveria ser, talvez, o fator de transformação? O profissional capaz de ser uma ponte para todos os alunos para um mundo de inovação e libertação, independente de escola pública ou privada? Onde estaria o educador libertador?
São muitas perguntas, poucas respostas e uma geração inteira defasada por algo tão importante. É a força libertadora que consta no PCN que não atinge a maior parte dos adolescentes da sociedade brasileira:
“A aprendizagem de Língua Estrangeira aguça a percepção e, ao abrir a porta para o mundo, não só propicia acesso à informação, mas também torna os indivíduos, e, consequentemente, os países, mais bem conhecidos pelo mundo. Essa é uma visão de ensino de Língua Estrangeira como força libertadora de indivíduos e de países”
É a liberdade que é negada para todo adolescente que não aprende, que não é incentivado e que não sabe e não consegue se comunicar em outro idioma que não seja o da sua língua materna. Enquanto uma parte é excluída a outra alcança a tão almejada liberdade de acesso à cultura, tecnológica e informação. O ensino eficaz da língua inglesa realmente se transforma em um instrumento de elitização beneficiando uma parte e excluindo a outra.
Referências bibliográficas
BRASIL, Parâmetros Curriculares Nacionais: terceiro e quarto ciclos: Língua Estrangeira. Brasília: MECSEF, 1998.
Publicado por: Samantha Fernandes Marcrucci
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