Os impactos do PROECI no desenvolvimento de Patos de Minas
Os impactos do PROECI no desenvolvimento de Patos de Minas, PROECI – Investimento – Patos de Minas – Baixa renda, Microunidade de Produção - MUP, Centro de Bairro, Centro de Educação Politécnica, Comercialização Agrícola, Infra- estrutura viária, Saúde.O texto publicado foi encaminhado por um usuário do site por meio do canal colaborativo Meu Artigo. Brasil Escola não se responsabiliza pelo conteúdo do artigo publicado, que é de total responsabilidade do autor . Para acessar os textos produzidos pelo site, acesse: https://www.brasilescola.com.
Os Impactos do PROECI no Desenvolvimento de Patos de Minas (1982-1990)
Fabiano Tredezini Coury*
Resumo: o presente artigo tem como propósito estudar a execução do Programa Estadual de Centros Intermediários (PRECI) na cidade de Patos de Minas, Minas Gerais. Com ele, a cidade recebeu investimentos nas áreas de: saúde, educação, infra-estrutura, comercialização agrícola entre outros. Neste trabalho procuro mostrar como a cidade se desenvolveu com este programa, elaborado com o objetivo de reduzir os fluxos migratórios que estavam acontecendo no Estado Minas Gerais.
Palavras – chave: PROECI – Investimento – Patos de Minas – Baixa renda
1 – Considerações iniciais
O Programa Estadual de Centros Intermediários (PROECI) foi criado em 20 de outubro de 1982, entre a Secretaria de Estado de Planejamento de Minas Gerais e a Fundação João Pinheiro. No entanto devemos investigar que conforme o relatório da Fundação sugere “[...] o Governo do Estado de Minas Gerais, através de uma carta de 26 de fevereiro de 1981, solicitou ao Banco Interamericano de Desenvolvimento um empréstimo para o financiamento do Programa Estadual de Cidades Intermediárias” (Fundação João Pinheiro, 1991, p.13).
Um dos principais objetivos deste Programa foi tentar reduzir os fluxos migratórios do Estado de Minas Gerais, principalmente no interior. O relatório da Administração do Prefeito Dácio Pereira da Fonseca (1977 – 1983) nos confirma isto:
o objetivo do Programa é evitar o fluxo migratório no Estado (na década passada 2.000.000 de mineiros migraram).Conter este fluxo migratório só é possível dando condições de habitabilidade em cidades previamente escolhidas e que são cognominadas de cidades-diques. Essas condições são: infra – estrutura urbana, saneamento básico, equipamento de saúde, escolar, condições de emprego através de implantação de indústrias de desenvolvimento econômico do município e humanização da vida urbana (Prefeitura Municipal de Patos de Minas, 1983, p.6).
Acerca da migração e de seus desdobramentos recorremos ao estudo do economista Paul Singer onde ele enfatiza que “as causas da migração podem ser: motivação econômica (procura de trabalho, melhora das condições de vida etc.) ou para acompanhar o esposo, a família ou algo deste estilo” (Singer, 1979, p.45). Nas questões de programas regionais em países capitalistas, Singer é bem claro:
De uma forma geral, os programas de ‘Desenvolvimento Regional’ nos países capitalistas tem dado ênfase ao da infra-estrutura de serviços nas áreas estagnadas – transporte, energia, comunicação etc. – e o oferecimento de incentivos econômicos, geralmente de caráter fiscal ou creditício, as empresas que se fixam em tais áreas (Singer, 1979, p.40).
O fenômeno do crescimento econômico verificado em certas áreas em Minas Gerais foi de suma importância para a criação do programa. O Relatório da Fundação João Pinheiro constatou que “Na década de 70, enquanto Minas cresceu a uma taxa de 1,54% ao ano, a Região Metropolitana de Belo Horizonte teve um crescimento da ordem de 5,1% ao ano” (FUNDAÇÃO JOÃO PINHEIRO,1991,P.13).A Região Metropolitana cresceu bastante, pois várias indústrias se instalaram no local.O PROECI foi instalado em quatorze cidades de porte médio, por serem consideradas estratégicas, do ponto de vista econômico para o Estado, além de possuírem um expressivo setor definido como camadas de baixa renda. As cidades beneficiadas foram: Governador Valadares, Unaí, Uberlândia, Poços de Caldas, Patos de Minas, Teófilo Otoni, Itajubá, Varginha, Três Corações, Pouso Alegre, Uberaba, Coronel Fabriciano, Timotéo e Ipatinga.
Não cabe aqui explorar o efeito do Programa nas demais cidades, pois este trabalho tem como objetivo entender o impacto que causou o referido Programa na cidade de Patos de Minas. A cidade fora beneficiada com projetos como: Microunidade de Produção, Centro de Bairro, Centro de Educação Politécnica, Comercialização Agrícola, Melhoria da Infra-estrutura Viária e Saúde. Estes projetos serão analisados um a um para se entender o real impacto que o PROECI causou na cidade.
2 – Microunidade de Produção - MUP
As Microunidades de Produção (MUP) tinham como objetivos dar oportunidades a pessoas com baixa renda e imigrantes. Em Patos de Minas criaram-se dez MUPs ao qual se seguem: Marcenaria, Lavanderia Caramuru, Lavanderia Lagoinha, Lavanderia Cristo Redentor, Confecção/Bordado, Confecção Infantil, Doces, Sabão, Botinas Rústicas e Calçados. Segundo a Fundação João Pinheiro, constatou-se que “Uma das características da região é que todas as MUP estão em atividade, ainda que o nível de operações varie substancialmente de uma para outra” (FUNDAÇÃO JOÃO PINHEIRO, 1992, p.34-38).
Um fato importante é que com as MUPs em funcionamento, criaram-se Associações de Bairro e até uma Cooperativa Artesanal, algo que pode ser evidenciado logo abaixo:
Em Patos de Minas, por exemplo, situam-se três das mais antigas não só da região, mas de todo o conjunto do projeto. A MUP de confecção e bordado remonta ao ano de 1978,quando foi organizado o grupo de trabalho não formalizado que deu origem ,primeiramente, a uma associação e depois, à Cooperativa Artesanal que abriga na atualidade (FUNDAÇÃO JOÃO PINHEIRO, 1992, p.38).
Sobre a questão dessa Cooperativa, o Relatório nos mostra que “A existência dessa cooperativa tem possibilitado a cobertura das transações comerciais efetuadas pelas demais MUP situadas em Patos de Minas, com fornecedores e clientes” (FUNDAÇÃO JOÃO PINHEIRO, 1992, o.38). Nas MUPs, uma característica era que as mulheres eram maioria, além de serem de baixa renda, o que mostra que as MUPs estavam atingindo seu objetivo. Isto pode ser confirmado pelo documento:
O conjunto de trabalhadores das MUP está constituído predominantemente por mulheres (67,71%), mães de famílias (77,94), na faixa etária superior a 26 anos (79,41%) e ocupadas com atividades tipicamente femininas (lavadeiras/passadeiras – 22,06%,costureiras/confeccionista – 17,65% e doceiras/salgadeiras 7,35%). Em 77,94% das vezes estas pessoas contribuem para a renda familiar, com o que recebe do trabalho na MUP. A quinta parte destes trabalhadores (19,12%) sempre viveu na cidade onde reside atualmente; porém, em sua maior parte, são imigrantes provenientes de zonas rurais do Estado de Minas Gerais (51,47%) com mais de 16 anos de residência na cidade-pólo (45,59%). Entre eles predomina a baixa escolaridade: 58,82% dos trabalhadores não ultrapassaram a 4ª série do primeiro grau; e 10% não sabem ler nem escrever. Além de 92,65% dos trabalhadores nucleados moram no mesmo bairro ou nas proximidades da MUP. (FUNDAÇÃO JOÃO PINHEIRO, 1992, p.53).
Nas MUPs, as jornadas de trabalho eram de duas, quatro, seis ou oito horas diárias. Sobre os gastos das MUPs na cidade, notou-se que “O balanço dos recursos consumidos em obras civis, até 24 de abril de 1990, indica um gasto realizado a menos do que o previsto da ordem de US$ 290, 085,00” (FUNDAÇÃO JOÃO PINHEIRO, 1992, p.82). No entanto, nos anos de 1991 e 1992 os gastos aumentaram e o custo total foi de US$ 1.129,733, 00.
3 – Centro de Bairro
O Projeto Centro de Bairro foi implantado em sete cidades do programa, sendo elas: Patos de Minas, Itajubá, Governador Valadares, Poços de Caldas, Teófilo Otoni, Uberlândia e Unaí. O objetivo principal do projeto de acordo com a Fundação João Pinheiro foi de:
Dotar as comunidades periféricas dos Centros Intermediários de equipamentos que sejam auto-sustentados e capazes de promover a dinamização do mercado informal local. Paralelamente ao apoio às atividades já existentes, os Centros de Bairro deverão ser capazes de gerar novas atividades, propiciando o aumento da renda familiar dos usuários (FUNDAÇÃO JOÃO PINHEIRO, 1984, p.09).
Em Patos de Minas, fora criado o Centro de Bairro Cristavo tendo sua inauguração em 19 de outubro de 1991. Este nome foi dado, pois “Foi resultante de uma combinação de letras que compõe os nomes dos bairros abrangidos, da seguinte forma: Cristo Redentor, Santa Terezinha, Nossa Senhora Aparecida e Vila Operária” (FUNDAÇÃO JOÃO PINHEIRO, 1992, p.111).
O Centro de Bairro Cristavo realiza atividades como: creche, padaria, horta e contém um ginásio poliesportivo. É importante salientar que a Prefeitura usava o centro para atividades do PROMAM ao qual o relatório enfatiza que “Os menores vem sendo capacitados na padaria, na horta, na creche, na quadra poliesportiva e outras atividades” (FUNDAÇÃO JOÃO PINHEIRO, 1992, p.112). O Centro teve forte mobilização comunitária, o que resultou em formação de várias associações de bairros. O custo total do Centro de Bairro Cristavo foi de US$ 1.100,00. O mesmo relatório que mostrou o objetivo do projeto ressaltou o grande potencial que o Centro de Bairro tinha. Porém ressalta alguns entrelaces que havia entre Prefeitura Municipal e associações, ao se nota abaixo:
Como se vê, o Centro de Bairro Cristavo de Patos de Minas tem grande potencial de funcionamento, que não foi deslanchado em sua totalidade devido à ausência de definições acerca da competência administrativa do equipamento e do custeio das operações. O representante do consórcio entrevistado na pesquisa de campo ressalta o desgaste que as lideranças comunitárias vêm sofrendo devido ao não – funcionamento pleno do equipamento. Por outro lado, enfatiza a dificuldade de se chegar a acordos entre as quatro associações e a Prefeitura (FUNDAÇÃO JOÃO PINHEIRO, 1992, p.117).
Assim conclui-se que o Centro de Bairro Cristavo alcançou o objetivo de colocar a disposição os instrumentos de trabalho, o que possibilitou aos beneficiados melhores oportunidades.
4 – Centro de Educação Politécnica - CEP
O Projeto Centro de Educação Politécnica (CEP) teve sua criação pela Secretária Estadual de Educação de Minas Gerais (SEE) criado em 1986 e contemplou cinco cidades sendo elas: Governador Valadares, Patos de Minas, Poços de Caldas, Teófilo Otoni e Unaí. Tinha como objetivo principal oferecer cursos técnicos profissionalizantes a alunos do segundo grau. A cidade de Patos de Minas foi a única beneficiada com dois CEP. Segundo o relatório, viu-se que “É a única das cinco cidades que foram encontrados dois CEP funcionando autonomamente: o CEP/Cidade Escola ‘Professora Elza Carneiro Franco’ e o CEP/Fazenda Escola Estadual “Afonso Queiroz” (FUNDAÇÃO JOÃO PINHEIRO, 1992, p.216).
Sobre a CEP/Cidade Escola “Professora Elza Carneiro Franco”, notou-se que:
Passa a partir de 1986 a integrar o projeto, oferecendo 1º e 2º grau, estes com os seguintes cursos profissionalizantes: Edificação,Economia Doméstica e Contabilidade.Quanto a estrutura produtiva,prevista no projeto para gerar renda para os alunos e proporcionar auto sustentação à escola,foi criada a marcenaria,apesar da escola já dispor para treinamento dos alunos,de oficinas como a gráfica,a de torno e solda,de revelação de fotografia e a de SILK-SCREEN.Todas sem uso,desde há muito tempo,pertencentes a um programa desativado da SEE: as “escola polivalente” (FUNDAÇÃO JOÃO PINHEIRO,1992,p.257)
Isto nos mostra que a CEP/Cidade tinha uma enorme variedade de cursos, para alunos do segundo grau, hoje ensino médio. Já na CEP/Fazenda “Afonso Queiroz” observou - se que:
Criada em meados de 1989, a partir do desmembramento do CEP/Cidade, na Fazenda “Canavial” a 10 km da cidade, para onde foi transferido de 2º grau com habilitação profissionalizante na Área de Técnicas Agropecuárias. Os cursos do treinamento produtivo eram: Agricultura, com lavoura de café, tomate, milho, arroz, feijão, mandioca, fruticultura, citrus; suinocultura, criação para abate; avicultura, criação para abate e postura, bovinocultura, criação para leite e abate (FUNDAÇÃO JOÃO PINHEIRO, 1992, p.259).
Vê-se que os dois CEPs tiveram ampla atuação na cidade. O custo total do projeto foi no montante de US$ 2.467,157. Além disso, não estaria errado ao afirmar que com os alunos sendo capacitados, a cidade ganhou em termos de mão-de-obra qualificada, algo que estava em falta na região.
5- Comercialização Agrícola
O Projeto de Comercialização Agrícola teve como objetivo principal o de organizar os produtos hortigranjeiros por atacado nas cidades contempladas que foram: Governador Valadares, Itajubá, Poços, Teófilo Otoni, Patos de Minas e Uberlândia. Em Patos de Minas, detectou-se que “Tem seu comércio atacadista de produtos hortigranjeiros centralizado no Centro Integrado de Abastecimento (CEASA) de Patos de Minas” (FUNDAÇÃO JOÃO PINHEIRO, 1992, p.169). A cidade teve o menor dentre todos os subprojetos construídos pelo PROECI.
E ainda que a cidade sofreu uma mudança em sua paisagem urbana ao notar que:
Quando da inauguração do CEASA,em 22 de maio de 1987,as 17 lojas de atacadista de hortigranjeiros, que funcionavam no centro da cidade, foram “convidadas” a se transferirem para o CEASA, onde foram também instalados uma loja de insumos, um laboratório de classificação de sementes da Secretaria de Agricultura e “Varejão” nas sextas-feiras e sábados. Este CEASA substituiu a comercialização desordenada de produtos hortigranjeiros, por atacado que acontecia nas ruas próximas ao Mercado Municipal, com vantagens para a limpeza pública e o transito da cidade (FUNDAÇÃO JOÃO PINHEIRO, 1992, p.170).
Este programa contou com média de 160 produtores, o que aumentou a procura pelo CEASA da cidade. O custo do projeto de Comercialização Agrícola em Patos de Minas foi de US$ 435.094,00. Papel importante neste programa teve a Secretaria do Estado de Agricultura de Minas gerais com seu trabalho de treinamento e assistência técnica aos produtores. Ressalta-se que se pretendia construir projetos de horticultura, algo que depois foi descartado.
6 – Infra- estrutura viária
O principal objetivo do Programa de Infra-Estrutura viária foi o de suprir deficiências de acesso e circulação de veículos nos centros urbanos, nas vias de hierarquia superior (malha viária básica), nos bairros periféricos e favelas conforme o Relatório Final de Execução elaborado no ano de 1992. Em Patos de Minas, os investimentos viários foram nos bairros periféricos. O relatório nos mostra ainda que executado em duas etapas, a primeira com 151.417,39 m2 pavimentados, a segunda com 120.293,00 m, os recursos permitiram a pavimentação total de 271.656,39 m2.
O impacto do projeto pode ser sentido pela população, pois segundo o relatório nos mostra que “Os benefícios são imediatamente sentidos pela população. Para caracterizar o impacto nas áreas beneficiadas, foram aplicados questionários nos bairros Jardim Paulistano, Nossa Senhora das Graças, Lagoinha, Boa Vista e Caramuru” (FUNDAÇÃO JOÃO PINHEIRO, 1992.p.288). Nestes questionários, observou-se que 30% das pessoas mudaram para os bairros há menos de cinco anos, 32% entre cinco e dez anos e pouco mais de 38% há mais de dez anos. O custo total do Projeto Melhoria de Infra-estrutura Viária foi o mais alto valor de todos os outros projetos na cidade, totalizando-se em US$ 4.308,502, 00. E neste projeto, observa-se que a este projeto foi o de maior beneficio sentido pela população, além de ter tido maior aceitação popular. Nisto, fica evidenciado o total êxito do projeto na cidade.
7 – Saúde
O Projeto para melhorar os serviços de saúde teve como objetivo principal o de ampliar a cobertura dos serviços públicos que eram prestados nas cidades beneficiadas pelo PROECI. Estes objetivos podem ser evidenciados conforme o Relatório de Execução do Programa:
•Aumento da cobertura dos serviços públicos de saúde para a população urbana, principalmente de baixa renda;
•A reorganização dos serviços dos serviços de saúde e garantia da atenção hospitalar, procurando entre outras coisas, a diminuição do índice das enfermidades controláveis por meio da humanização, a redução da mortalidade infantil e a diminuição do déficit de leitos hospitalares. (FUNDAÇÃO JOÃO PINHEIRO, 1992, p.357).
Assim sendo, com estes objetivos propostos na cidade de Patos de Minas, criaram-se quatro centros de saúde sendo eles: Centro de Saúde “Dr.José Olimpio Borges” no bairro Caramuru/Alvorada II, Centro de Saúde “Sebastião Amorim”, no bairro que leva o mesmo nome, Centro de Saúde “Irmã Dora”, no bairro Novo Horizonte e Centro de Saúde “André Luiz”, no bairro Cristo Redentor. Além de tentar reaparelhar o Hospital Regional “Antônio Dias”. Sobre os Centros de Saúde o relatório mostra que todos este quatro centros de saúde estavam funcionando com atendimento médico em: clínica geral, ginecologia e pediatria, além de serviços de enfermagem, vacinação e curativos.
Pelo que vimos logo acima, ficou evidente que a saúde no município de Patos de Minas, teve melhorias tanto de corpo físico, quanto de corpo técnico; além de ter beneficiado bairros que comportam pessoas de baixa renda. Ainda assim, o Programa de Saúde teve um custo total de US$ 59.424,00, o que fica evidenciado que a cidade foi que a teve menos recursos no Projeto para melhorar a Saúde nos Centros Intermediários.
8- Considerações Finais
Para a execução do PROECI foram gastos 102 meses (25/10/1982 a 25/04/1990). A cronologia nos mostra que:
• 25/10/1982 – Assinatura dos contratos
• 25/10/1983 – Data – limite para o início da implantação dos projetos
• 25/10/1986 – Data – limite para o inicio da execução das obras de todos os projetos
• 25/10/1987 – Data de conclusão da implementação do programa.
• Em 1986, o governo do Estado propõe ao banco o reajustamento do PROECI, estabelecendo nova data – base para a execução.
• 25/10/1987 – Data – limite para o inicio da execução das obras de todos os projetos posteriormente acertada para 1º de julho de 1988
• 25/10/1988 – Termino da execução do programa (último desembolso), acertada posteriormente para 25 de abril de 1990 (FUNDAÇÃO JOÃO PINHEIRO, 1991, p. 35).
Nota–se que o programa teve de ser estendido, pois não conseguiu executar as obras no período planejado (1987). E ainda que o programa fosse marcado por falta de amparo técnico, por causa do Governo Estadual de Minas Gerais. Pois no inicio do PROECI evidenciou – se que:
Foi marcado pela falta de determinação política em fazê-lo acontecer. O secretário de Estado do Planejamento não deu nenhum amparo técnico e político do PROECI. O programa é iniciado de fato pelo trabalho de convencimento político da sua importância, feito pelos novos prefeitos, todos do partido do governador, e pelas pressões do BID visando o comprimento do acordo de empréstimo. (FUNDAÇÃO JOÃO PINHEIRO, 1992, p.36)
Isto nos mostra que no Governo de Tancredo Neves/Hélio Garcia, no Palácio da Liberdade, eleitos pelo Partido do Movimento Democrático (PMDB), e que os prefeitos eleitos pertencentes a mesma agremiação partidária, procurou um impacto sobre o projeto. O sucesso do Programa se deve muito à participação do BID. Pois, parte do avanço é creditada ao esforço desenvolvido pelo escritório do Banco. Isto nos mostra a preocupação desta instituição, pois o relatório final mostrou que ela investiu no total US$ 74.077.978,00. Sendo que destes, US$ 9.500,00 foram investidos na cidade de Patos de Minas.
Algo importante que deve ser destacado é sobre as administrações municipais. Pois constatou – se que:
As prefeituras Municipais, de maneira geral, tiveram êxito maior na execução dos projetos sob a sua responsabilidade, se comparadas com as agências executoras vinculadas ao Estado. Neste contexto, ressalta a Prefeitura de Patos de Minas, como exemplo de eficiência da execução direta de projetos, na participação efetiva em outros e responsabilidade de Agências Estaduais e na agregação planejada de outros investimentos complementares ao dos projetos do PROECI. (FUNDAÇÃO JOÃO PINHEIRO, 1991, p. 40).
A atuação da Prefeitura Municipal de Patos de Minas se destaca, sobretudo, por que:
Foi a Prefeitura com melhor desempenho. Ao lado das ações políticas e administrativas de apoio a implementação dos projetos do PROECI, o Prefeito Arlindo Porto desenvolveu um elenco de projetos complementares, melhorando de forma substantiva a qualidade de vida em Patos de Minas. Peças importantes neste processo foram: a modernização administrativa, a institucionalização do planejamento municipal – iniciado com Projeto Reforço Institucional das Prefeituras, do PROECI – e a elaboração do Plano Diretor de Patos de Minas, que deu coerência interna às ações voltadas para o desenvolvimento de Patos de Minas. (FUNDAÇÃO JOÃO PINHEIRO, 1991, p. 229-230).
O Prefeito Arlindo Porto governou a cidade no período de 1983 a 1988, e quando deixou o cargo estava bem avaliado pela população. Em uma entrevista, ele cita a dificuldade em obter apoio do Governo Estadual, período em que Tancredo Neves era Governador e não se conseguia obter os recursos necessários. E sobre a importância do PROECI na cidade, ele afirma:
No Governo de Hélio Garcia, Patos foi contemplada com o Programa Cidade Intermediária, onde conseguimos recurso para viabilizar a implantação de obras de infra-estrutura, pavimentação micro unidades de produção, a Escola Agrícola, que em meu governo foi construída com recursos do Estado, alguns postos de saúde, não teve assim a contribuição, destacando principalmente as grandes obras, foram construídos 407 km de rede de esgoto, a urbanização do Parque do Mocambo, inicio da canalização da Avenida Fátima Porto, Av. JK em toda a sua dimensão, a urbanização da lagoa, todas as grandes obras foram feitas com recursos do município, destacando a Av. JK que teve a participação da comunidade. Mas não deixo de reconhecer em nenhum momento a contribuição tanto do Governador Tancredo, quanto a de Hélio Garcia e Nilton Cardoso. (RIBEIRO, 2003, p.44)
É importante ressaltar que quando o ex-prefeito cita que os postos de saúde não receberam o devido apoio como recebeu, por exemplo, o projeto de infra-estrutura. Isto se deve ao caso que na Saúde, foram gastos apenas a quantia de US$ 59.424,00. No entanto não implica dizer que a cidade não obteve melhoria neste aspecto. Já o antecessor de Arlindo Porto, Dr. Dácio Pereira da Fonseca que administrou a cidade no período 1977 – 1983, na mesma entrevista, cita a importância do Projeto. Pois, o PROECI começou surtir efeito no final de seu mandato. Dr. Dácio Pereira afirma que:
Algumas obras executadas ainda em meu Governo, e outras dos meus sucessores foi graças aos planejamentos do Projeto Cidade Dic que foi realizado pela SEPLAM e SUPLAN ( Secretária de Planejamento e Surperintedência de Planejamento Municipal), esses projetos contaram com o financiamento do BIRD e o BID, de modo que foi uma soma elevadíssima, permitindo que posteriormente a concretização destes planos. O município de Patos de Minas foi o único que realizou integralmente o planejamento feito e aplicou as verbas de forma estabelecida. (RIBEIRO, 2003, p. 38)
Esta resposta do ex-prefeito Dácio Pereira, mostra a importância do PROECI, que a cidade se planejou e aplicou toda a quantia que veio. No período de 1989 – 1992 se elege Antonio do Valle Ramos pelo PMDB. O prefeito administrou a cidade já no fim do Programa, o que não seria errado afirmar que ele apenas inaugurou as principais obras. No entanto é preciso lembrar que Antônio do Valle era Secretário da Fazenda na época do seu antecessor, assim vê-se que o PROECI teve sua devida importância nas eleições. Dácio era da ARENA – Aliança Renovadora Nacional -, Arlindo Porto e Antônio do Valle do PMDB. É importante que fique claro a importância destes partidos na história desta casa chamada Patos de Minas. Pois a Arena teve papel fundamental no período após a Revolução de 1964, emplacando vários prefeitos e vereadores na cidade. Já o PMDB, se mostrou voraz na luta pela redemocratização do país. Figuras como Ulisses Guimarães e Teotônio Vilela tiveram participação fundamental. Em Patos de Minas até nos dias atuais o PMDB vem tendo presença significativa na política patense Do Valle foi durante a sua gestão contemplado com uma indústria na cidade: a CICA, que gerou inúmeros empregos na cidade, esta teve relações com o PROECI mesmo não sendo diretamente.
A conclusão que se pode chegar é que mesmo com problemas e amparos técnicos por parte do Governo Estadual de Minas Gerais, o resultado foi notadamente positivo principalmente na cidade de Patos de Minas. O que nos evidencia isto é que o censo demográfico de Minas Gerais conclui que 1980, a cidade tinha na zona urbana 73.302 habitantes, em novo realizado no ano de 1981 este numero passou para 86.205. Já o relatório de execução do PROECI mostrou que as cidades intermediárias obtiveram crescimento de 5% ao ano.
Enfim, se a década de 1980 pode ser considerada a “década perdida” no Brasil, em Patos de Minas e as demais cidades contempladas com o PROECI foi à década de grandes investimentos que trouxeram maiores oportunidades e melhorias as populações. A classe de baixa renda foi a grande personagem. Pois teve melhorias sociais significativas. Finalizo esta pesquisa constatando que o PROECI foi de suma importância para Patos de Minas ter se desenvolvido como se desenvolveu.
9 - Referências bibliográficas
FUNDAÇÃO JOÃO PINHEIRO. Programa Estadual de Centros Intermediários – Concepção, Metodologia e Síntese. Belo Horizonte. 1980.90 p.
______A Execução do PROECI – Relatório final de execução. Belo Horizonte. 1991.335p.
______Primeiro Relatório de avaliação do Progresso e Impacto do Programa Estadual de Cidades Intermediárias (PROECI). Belo Horizonte. 1992.490p.
______Programa Estadual de Centros Intermediários – Projeto Centro de Bairro. Belo Horizonte. 1984.115p.
RIBEIRO, Adrião Soares. Patos de Minas Ontem e Hoje – Evolução Urbana e Econômica – 1970-2000.2003.78 p. Pós-Graduação “Lato-Sensu” (Pós-Graduação em História: A Visão da Contemporaneidade) – Faculdade Integradas de Patrocínio, Patrocínio, 2003.
SINGER, Paul. Economia Política da Urbanização. SãoPaulo : Ed . Brasiliense, 1979. 6.ed.154 p.
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* Graduando do 6º Período de História do Centro Universitário de Patos de Minas, sob orientação do Prof. Ms. Marcos Antônio Caixeta Rassi.
Publicado por: Fabiano Coury
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