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Origens do Carnaval

O carnaval é uma das manifestações culturais mais conhecidas no mundo todo.

O texto publicado foi encaminhado por um usuário do site por meio do canal colaborativo Meu Artigo. Brasil Escola não se responsabiliza pelo conteúdo do artigo publicado, que é de total responsabilidade do autor . Para acessar os textos produzidos pelo site, acesse: https://www.brasilescola.com.

O carnaval é uma das manifestações culturais mais conhecidas no mundo todo. Em nosso país, de norte a sul, a festividade é expressa de formas diversas, que perpassam desde os bois folclóricos do norte, os tradicionais bonecos gigantes de Olinda, o originário frevo do Recife, o carnaval eletrificado baiano, as passarelas do samba em São Paulo e Rio de Janeiro, até as folias de salão espalhadas por várias cidades brasileiras, inclusive muito comuns em nosso município.

A origem histórica do carnaval remonta à Antiguidade, cerca de dois mil anos antes de Cristo. Na mesopotâmica cidade da Babilônia, durante a estação de verão, as pessoas se reuniam e festejavam durante alguns dias, sendo a grande motivação para este encontro a momentânea suspensão das rígidas hierarquias sociais, as quais apartavam camponeses, artesãos e obreiros dos sacerdotes e governantes. Durante o período de cinco dias era promulgada a inversão de status e valores: as camadas sociais de menos reputação e prestígio gozavam de ricos banquetes, bebidas e mulheres; os representantes do poder eram chicoteados e privados de seus excessos.

Registros históricos atestam a ocorrência de festividades semelhantes em outras partes do mundo. Na Roma Antiga, por exemplo, havia também uma celebração em que acontecia a interrupção temporária das atividades braçais exercidas pelos escravos e os papéis, ofícios e trabalhos que as pessoas usualmente desempenhavam naquela sociedade, assim como as vestimentas que utilizavam no dia-a-dia eram invertidos. Nestas festas, muito comum era o uso de máscaras, que preservavam o anonimato dos indivíduos e, de certa forma, contribuíam para a criação de um sentimento maior de liberdade.

Com o advento do cristianismo e posterior fundação da Igreja Católica, tais festividades passaram a ser encaradas com maus olhos pelo clero, que não tardou em aproximá-las a idéia de manifestação do Mal e do pecado. Seu intuito, naquele momento, não consistia em impedir a sua ocorrência, dado o seu profundo enraizamento na cultura popular, mas esterilizá-las, “livrá-las de todo o mal” que julgavam estar relacionadas.

Como tentativa de exercer um maior controle sobre elas e transformar o seu conteúdo, ocorreu, no século VIII, a criação da quaresma. Ficava estabelecido, a partir de então, no período que se estende da quarta-feira de Cinzas ao domingo de Páscoa, o carnis levale, ou seja, a retirada da carne do cardápio dos fiéis, os quais deveriam abster-se e se resguardar dos prazeres mundanos, como uma forma de respeito à memória da via sacra percorrida por Cristo. Assim, tais festejos tinham o seu caráter modificado e se tornavam nada mais do que uma celebração litúrgica.

Contudo, como era de se esperar, tornou-se muito comum, especialmente nos três dias que antecediam este período de sacrifícios, as pessoas esbanjarem dos excessos e gozarem ao máximo dos prazeres que a vida pode oferecer. Eram festas regadas a vinho, fartura de alimentos, nudez e liberdade sexual. Tratava-se de uma forma de resistência diante das imposições colocadas pela Igreja, as quais cerceavam o direito das pessoas de se divertirem e perverterem, mesmo que de maneira transitória, a ordem social.

Durante toda a Idade Média, período de apogeu de influência da Igreja, aquilo que se tornou de fato o carnaval sobreviveria, mesmo sob a constante vigilância e condenação dos órgãos inquisitoriais. A tradição carnavalesca foi com o tempo se impondo, criando raízes as quais a Igreja jamais conseguiria erradicar. O carnaval chega, desta forma, aos dias atuais e, mesmo que as possibilidades de manifestação sejam inúmeras, ainda guarda resquícios de sua essência - alegórica, divertida, recheada de fantasias e ilusões, uma verdadeira válvula de escape para as tensões sociais do mundo moderno, mas, antes de tudo, como uma maneira de subversão e crítica social.


Publicado por: André Eitti Ogawa

O texto publicado foi encaminhado por um usuário do site por meio do canal colaborativo Meu Artigo. Brasil Escola não se responsabiliza pelo conteúdo do artigo publicado, que é de total responsabilidade do autor . Para acessar os textos produzidos pelo site, acesse: https://www.brasilescola.com.