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GUERRA DE CANUDOS: UMA REFLEXÃO SOBRE OS SUJEITOS OCULTOS PELOS HERÓIS

Personagens reais de histórias de revoluções, guerras, fomes e misérias vividas no interior da Bahia em uma comunidade chamada Canudos, um conflito ocorrido entre um movimento popular e o exército brasileiro.

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RESUMO: O presente artigo tem por objetivo apresentar uma reflexão sobre os personagens que ficam ocultos nos contos dos heróis nacionais. A história nem sempre menciona os povos que viveram naquela determinada época, quais eram seus pensamentos quanto às transformações e revoluções almejadas pelos conquistadores. Utilizaremos como parâmetro a Guerra de Canudos buscando conhecer o posicionamento dos cidadãos daquele vilarejo, suas expectativas e visão de libertação.

Palavras chaves: Povos, guerra de canudos, revolução, crise econômica, crise do encilhamento, fome, miséria, seca, Bahia.

SUBSTRACT: This article aims to present a reflection on the characters that are hidden in the tales of the national heroes. History does not always mention the peoples who lived in that particular epoch, what were their thoughts on the transformations and revolutions sought by the conquerors. We will use as a parameter the War of Canudos seeking to know the positioning of the citizens of that village, their expectations and vision of liberation.

Keys words: Peoples, war of canudos, revolution, economic crisis, crises of encilhamento, famine, misery, drought, Bahia.

1 INTRODUÇÃO:

O presente artigo visa ilustrar como foram os comportamentos dos sujeitos ocultos pelos heróis. Personagens reais de histórias de revoluções, guerras, fomes e misérias vividas no interior da Bahia em uma comunidade chamada Canudos, um conflito ocorrido entre um movimento popular e o exército brasileiro.

2 REFERENCIAL TEÓRICO:

A revolução ou insurreição de Canudos, ocorreu entre (1896-1897), no Arraial de Belo Monte, mais conhecido como Canudos, no sertão baiano, foi um conflito entre o exército da república brasileira e o movimento popular da comunidade de Canudos na Bahia. Este confronto deu-se em detrimento de vários contextos orquestrados na época, como a crise internacional econômica na Europa, que impactou diretamente nas perdas das importações de cafés no Brasil, culminando em altas taxas inflacionárias, fome e miséria em várias partes do país.

Para entendermos o motivo do Arraial de Belo Monte (Canudos) ter sido palco de uma das guerras mais sangrentas ocorridas no país, precisamos compreender sobre o que impactou a crise econômica no Brasil e o que motivou a revolta popular, onde o seu desfecho se deu na Guerra de Canudos.

Em 1890, ocorreu a primeira recessão internacional, que ficou conhecida como “Pânico de 1890”. Este fato deu-se em detrimento do Banco Barings, um banco inglês quase ter decretado falência, o motivo foram os altos investimentos de risco do banco na Argentina devido ao crescimento agrícola durante a década de 1880. Como a Argentina possuía uma política liberal, ela atraía grandes investidores financeiros o que aumentaram as grandes especulações financeiras. Entretanto, após a quebra do Banco Constructor de La Plata em 1888, houve um colapso que impediu os pagamentos internacionais, o que acabou por desencadear uma declaração moratória e a ruptura da bolha especulativa. Com a falta de financiamentos internacionais, em decorrência da crise na Argentina, ocorreu outra crise, esta em seu país vizinho o Brasil, chamada crise do Encilhamento.

O Brasil também desfrutava das grandes especulações financeiras internacionais, as quais eram necessárias nas exportações de café. Com a falta de investimentos internacionais, houve uma queda significativa nas exportações de café, o que acabou desencadeando, a crise do encilhamento (movimento incomum de especulação na bolsa de valores no começo da República que resultaram em transtornos econômicos de toda a ordem). Além destes problemas o país passou a sofrer com as altas taxas inflacionárias, desvalorização monetária, desemprego e a perda de prestígio político dos militares com a saída de Floriano Peixoto do governo.

Com todos estes acontecimentos, eclodiu a opressão e a exploração, juntamente com a fome e a miséria. Devido às práticas oriundas do coronelismo na República Velha, em diversos estados do país. Neste contexto, marcado pelas práticas autoritárias agravado pela seca no interior do sertão baiano, surgiu um sentimento de libertação popular, marcado por uma profunda religiosidade, através das palavras do beato Antônio Vicente Mendes Maciel, conhecido como Beato Conselheiro ou Antônio Conselheiro, fundador do Arraial do Belo Monte, na Capela de Santo Antônio.

“O governo da Bahia, com apoio dos latifundiários, não concordava com o fato dos habitantes de Canudos não pagarem impostos e viverem sem seguir as leis estabelecidas. Afirmavam também que Antônio Conselheiro defendia a volta da Monarquia. Por outro lado, Antônio Conselheiro defendia o fim da cobrança dos impostos e era contrário ao casamento civil. Ele afirma ser um enviado de Deus que deveria liderar o movimento contra as diferenças e injustiças sociais. Era também um crítico do sistema republicano, como ele funcionava no período”. (A Guerra de Canudos – Resumo. Portal de Pesquisas Temáticas e Educacionais).

O movimento popular de Canudos surge com uma visão do messianismo, com o intuito de se verem livres das opressões dos fazendeiros (coronéis) da região. Os sertanejos de Canudos, não obedeciam às ordens impostas pela República e suas instituições. Os “coronéis” viam-se insatisfeitos com a falta de trabalhadores, pois estes deixavam seus trabalhos nas fazendas das regiões devido às grandes opressões e explorações e partiam para a comunidade de Canudos em busca de um caminho de superação da miséria através dos ensinamentos do beato. A igreja católica não aprovava a liderança de Antônio Conselheiro, e estava insatisfeita por perder fiéis para o beato.

A Comunidade de Canudos estava crescendo muito rápido e por não obedecerem às normas da República, foram realizadas expedições militares com o intuito de utilizar a força para controlar os sertanejos, entretanto as duas expedições orquestradas pelo estado baiano foram um fiasco, e o que antes era um problema estadual acabara aumentando e se tornando um problema federal. Com a perda das expedições estaduais, a imprensa solta rumores de que a Guerra de Canudos ocorrera porque os sertanejos eram monarquistas e não aprovavam a república.

Desta forma, com a intervenção do exército nacional ocorreram duas expedições militares sangrentas, sendo que a última acabou com um massacre do movimento popular de Arraial do Belo Monte.

3 CONCLUSÃO:

A Guerra de Canudos foi o fruto de uma opressão coronelista, marcada pelo contexto da fome, miséria e crise econômica do país, que piorou após a crise do encilhamento. Os fazendeiros da região estavam insatisfeitos com a perda de trabalhadores, que deixavam de trabalhar nas fazendas e se mudavam para o vilarejo; A Igreja por sua vez, achava o movimento herege, por ter perdido seus fiéis para o Antônio Conselheiro; Com a falta de controle sobre o povoado de Arraial do Belo Monte, o governo estadual realiza duas expedições fracassadas e utiliza a imprensa para desmoralizar os sertanejos. Após as derrotas das duas expedições militares baianas, a República percebe que precisa intervir com uma força militar nacional, haja vista que o movimento popular estava crescendo muito e não obedeciam as normas impostas pelo governo e suas instituições. Não obstante, o exército nacional, realiza um massacre, em sua segunda expedição militar ao Arraial de Canudos.

4 REFERÊNCIAS

GONÇALVES, João Victor. Guerra de Canudos faz 120 anos. Disponível em: . Acesso em: 04 de Nov. 2017.

A Guerra de Canudos – Resumo. Portal de Pesquisas Temáticas e Educacionais. Disponível em: https://www.suapesquisa.com/historiadobrasil/canudos_resumo.htm Acesso em: 04 de Nov. 2017.

LEOCÁDIO, Leandro Cesar. Desafio Profissional de História. [Online]. Valinhos, 2017, p. 01-11. Disponível em: . Acesso em: abril 2017.

BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: terceiro e quarto ciclos, História do ensino fundamental: introdução aos parâmetros curriculares nacionais / Secretaria de Educação Fundamental. – Brasília: MEC/SEF, 1998, pp. 19-43. Disponível em: Acesso em 14/06/16.

CERQUEIRA, Erika Morais. O processo de construção dos heróis nacionais na historiografia de Gustavo Barroso. Disponível em: http://www.ilb.ufop.br/IIIsimposio/73.pdf. Acesso em: 28/03/2017.

LINHARES, Célia Frazão. Sujeitos Históricos: seus lugares na escola e na Formação de Professores. Disponível em: http://rbep.inep.gov.br/index.php/rbep/article/view/1094/1068. Acesso em 28/03/2017.

NASCIMENTO, José Uesele Oliveira; ANDRADE, Manoel Ribeiro. Por uma Nova História: outros objetos, domínios e abordagens historiográficas no ensino de História. Disponível em: file:///C:/Users/Aline/Downloads/1692-5603-1-PB%20(2).pdf. Acesso em 28/03/2017.

SALIBA, Elias Thomé. As imagens canônicas e o ensino de História. Disponível em: http://ojs.fe.unicamp.br/ged/FEH/article/view/5864/4753. Acesso em: 28/03/2017.

SANTOS, Andrea Paula dos. Trajetórias da História Social e da Nova História Cultural: cultura, civilização e costumes no cotidiano do mundo do trabalho. Disponível em: http://www.uel.br/grupo-estudo/processoscivilizadores/portugues/sitesanais/anais9/artigos/mesa_debates/art3.pdf . Acesso em 28/03/2017.

TOURINHO, Maria Antonieta de Campos. Os sujeitos históricos e o ensino de história: os heróis precisam ser banidos?. In: http://e-revista.unioeste.br/index.php/temposhistoricos/issue/view/253/showToc. Acesso em: 28/03/2017.


Anne Caroline Soares Antunes Fernandes, graduanda no curso de História da Faculdade de Negócios de Belo Horizonte e graduanda no curso de Direito da Faculdade Pitágoras de Belo Horizonte.


Publicado por: Anne Caroline Soares Antunes Fernandes

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