Bandeirismo paulista
Em nome de si e de seu grupo e não de Sua Majestade, os bandeirantes pouco respeitaram as linhas imaginárias oficialmente acordadas – como o Tratado de Tordesilhas.O texto publicado foi encaminhado por um usuário do site por meio do canal colaborativo Meu Artigo. Brasil Escola não se responsabiliza pelo conteúdo do artigo publicado, que é de total responsabilidade do autor . Para acessar os textos produzidos pelo site, acesse: https://www.brasilescola.com.
O enriquecimento por meio da aquisição de metais preciosos fez parte do imaginário europeu desde os primórdios da colonização do Novo Mundo. A existência do Eldorado e outras “cidades de ouro” tanto referendadas por lendas indígenas seduziram os interesses de subalternos a abastados situados no continente americano.
Com a fundação da Vila de São Paulo (1554) em pleno planalto Piratininga, a procura por metais ganhou novo vulto. Completamente isolada do centro de gravidade da colônia – o litoral – a vila sustentava-se através da produção de culturas de subsistência baseadas numa singela mão de obra escrava indígena. Custear africanos era impraticável para a maioria dos colonos dali, uma vez que os preços, já nesta época, eram exorbitantes. Era necessário capturar mais negros da terra (indígenas) e torná-los cativos, mesmo com a desaprovação dos jesuítas.
Assim, começaram a ser organizadas expedições que, partindo especialmente de São Paulo, se embrenharam nas matas rumo ao interior da colônia. Além dos indígenas para a lavoura, os expedicionários passaram a buscar riquezas minerais, aproveitando do conhecimento que os indígenas que os acompanhavam tinham das florestas.
Nas andanças e incursões nos sertões e em meio à selva, o desconhecido tornara-se atemorizante. Tornou-se imprescindível criar certas artimanhas para firmar presença: o uso de tambores e bandeiras. Flamejantes, de notória percepção, as bandeiras foram descritas por quem as observava passar, como os já citados jesuítas, que não mediam esforços para notificar El-rei de Portugal. Tamanha foi a referência que passaram a ser taxadas de “bandeiras” tais expedições e de “bandeirantes” seus praticantes. Em certos locais do Brasil, os bandeirantes ficaram conhecidos como sertanistas ou vicentistas.
Certas expedições comportaram cerca de 2 mil pessoas, muito embora empreendimento de tal envergadura tenha sido exceção, segundo os historiadores. A variabilidade étnica era grande: brancos livres, indígenas aliados, mestiços e escravos de origem africana. As alianças entre índios e não-índios eram costumeiras: as forças militares eram insuficientes e o “terreno” estranho era por eles clinicamente conhecido.
A grande maioria das expedições foi feita a pé, inclusive com grandes deslocamentos, rumando ao norte ou ao sul dos limites coloniais. Não ocorriam por força d’El rei, mas da iniciativa particular. Em nome de si e de seu grupo e não de Sua Majestade, os bandeirantes pouco respeitaram as linhas imaginárias oficialmente acordadas – como o Tratado de Tordesilhas - sendo a passagem para o “lado” espanhol muito comum. Com o tempo, os pequenos aldeamentos fundados deram origem a vilas e contribuíram para a expansão dos domínios portugueses. Por vezes, os bandeirantes serviram-se das redes hidrográficas em seu empreendimento, naquilo que ficou caracterizado pelos historiadores como “monções”.
Certos bandeirantes ficaram conhecidos por capitanear expedições, como Fernão Dias e Anhanguera, mas talvez os mais famosos tenham sido Raposo Tavares, destacado pela sua truculência e uso de práticas de extrema violência na captura de indígenas e destruição de Missões jesuíticas; e Domingos Jorge Velho, que ganhou renome depois de liderar a derrocada do Quilombo por Palmares em Alagoas e também por acabar com a revolta indígena dos cariris no Rio Grande do Norte.
Publicado por: André Eitti Ogawa
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