A cultura indígena no Vale do Paraíba
A importância e o legado cultural indígena ainda existente no Vale do Paraíba.O texto publicado foi encaminhado por um usuário do site por meio do canal colaborativo Meu Artigo. Brasil Escola não se responsabiliza pelo conteúdo do artigo publicado, que é de total responsabilidade do autor . Para acessar os textos produzidos pelo site, acesse: https://www.brasilescola.com.
Resumo:
Mais uma vez sentimos a necessidade de abordar esse tema, pois é importante valorizar e preservar as raízes indígenas do Vale do Paraíba. O tema em questão é relevante porque, faz parte da cultura de nossa região, e resolvemos aplicá-lo para ver o quanto desperta o interesse e curiosidade dos alunos. Relacionamos a literatura existente com a realidade em uma escola da rede pública municipal, com a intenção de colaborar com o processo de ensino-aprendizagem e conscientizar os discentes e os docentes, dessa importância. A observação ocorreu por meio de aplicação de uma aula sobre a cultura indígena no Vale do Paraíba repleta de atividades que englobam vários aspectos sobre a cultura indígena no vale, ressaltando a importância e o legado cultural indígena ainda existente. Percebemos que a escola está se planejando para difundir a cultura indígena em sala de aula, contendo esse tema inclusive, no material didático. Mas o que ocorre de forma geral englobando todo o país e não citando ou ressaltando a nossa região. Por isso, ainda existe a necessidade do tema ser elaborado e abordado já que estamos falando de algo que faz parte de nossa cultura.
Palavras-chave: Identidade Cultural, Valorização, Vale do Paraíba, Legado Cultural, Indígenas.
Área do Conhecimento: História
Introdução:
Diante do vasto legado cultural deixados pelos nossos índios em nossa região, sentimos a necessidade de abordar esse tema numa sala de aula, para observarmos o quanto esse assunto desperta o interesse e curiosidade das crianças. A cultura indígena de modo geral é pouco abordada em sala de aula, somente ocorre, conforme pesquisas anteriores quando acontece algum fato marcante, com muita ênfase na mídia ou quando o professor tem formação em História. Portanto, podemos perceber que a cultura indígena principalmente da nossa região, não faz parte do conteúdo curricular das escolas. Entretanto, a nova diretriz da LDB determina que todas as escolas, a partir de 2010, deverão abordar esse tema, resolvemos fazer um diagnóstico. Ministramos atividades em uma sala de aula, objeto de nossa pesquisa, englobando vários aspectos nas atividades sobre a cultura indígena no Vale do Paraíba, ressaltando a importância e o legado cultural indígena que ainda se faz presente nos dias atuais. Os povos indígenas despertam todas as fantasias possíveis e imagináveis: são vistos com romantismo, receios infundados, exotismo, folclore, porém, pouquíssimas vezes como seres humanos capazes de realizar, de escolher livremente, de tecer a sua vida, de fazer a sua história e, principalmente, até de errar (REIS, 1988). Desde a chegada dos portugueses ao Brasil havia 5 milhões de índios, divididos conforme sua língua: tupi-guaranis (no litoral), os macro-jê ou tapuias (planalto central) e os aruaques e caraíbas (na região amazônica). Os primeiros contatos foram de confronto cultural, no qual, os índios foram escravizados e explorados para retirada do pau-brasil das matas. Esse trabalho indígena era realizado em troca por bugigangas que os portugueses traziam que recebiam o nome de escambo. Esses índios eram considerados seres sem alma e foram ainda catequizados pelos jesuítas. E assim, mais descaracterizados e subestimados tornaram-se mais produtivos aos interesses dos portugueses. “O sonho associado à aventura marítima não devem ser encarado como fantasias desprezíveis, encobrindo o interesse material.” (FAUSTO 2002). Os nativos que aqui viviam possuíam uma organização social diferente dos portugueses. Mas a eles, foram impostos às regras da nação portuguesa.
Os índios valorizam as coisas imateriais, e não as materiais. E essa, certa ingenuidade arruinou com a vida dos índios do Brasil. Todos os índios tinham responsabilidade bem definidas e apesar de terem o cacique e o pagé, todos os índios estavam classificados na mesma classe social. O trabalho, assim como o resultado era dividido por toda a tribo. Os homens eram responsáveis pelo trabalho externo: caça, pesca e por defender a tribo e as mulheres, pela comida, pelas crianças e ainda pelo plantio e colheita. Quanto à religião, cada nação indígena possuía crenças e rituais religiosos diferenciados. Tudo pautado nas forças da natureza e nos antepassados. Os rituais eram sempre muito festivos, mas seguiam certa cerimônia, que era rigorosamente obedecida. Na região litorânea, havia os tupinambás que eram canibais, entretanto, a antropofagia era praticada em rituais simbólicos, porque acreditavam que comendo a carne humana do inimigo, toda a sabedoria, valentia e conhecimentos seriam incorporados, ou seja, não comiam carne de pessoas fracas ou covardes (REIS, 1988; TOLEDO, 1998). E ainda podemos observar que no Brasil, existem pequenas nações que sobreviveram aos constantes ataques, as doenças trazidas pelos homens brancos e que precisam de nossa proteção e principalmente, nosso respeito. Todos eles, se “renderam” a modernização, perdendo um pouco de sua identidade cultural. Mas mesmo assim, continuam com seus rituais e cerimônias e ainda, propagam vestígios de sua cultura no nosso mundo moderno. A diversidade das sociedades indígenas – cada uma sendo uma síntese original de sociabilidade e de uso dos recursos naturais – é o patrimônio essencial do Brasil. E os contrastes entre a simplicidade das tecnologias e a riqueza dos universos culturais merecem toda a atenção (TOLEDO, 1998).
A população valeparaibana é bem diversificada, bem como a brasileira devido à miscigenação de varias etnias. Com a caça e extermínio de diversos nativos, povos de diversas regiões dominaram essa nossa atual região, implantando o catolicismo e o domínio português. Essa imposição cultural dos portugueses aos índios está bem ilustrada na poesia de Oswald de Andrade: “Quando o português chegou, Debaixo de uma bruta chuva, Ele vestiu o índio, Que pena! Fosse uma manhã de sol, O índio teria despido o português!” Ou seja, os índios foram despidos de sua cultura, e ocorreu a imposição da cultura européia. No começo do século XVI, Mém de Sá, esteve na região explorando o sertão paulista e depois os jesuítas liderados pelo padre Anchieta, fundando missões para conversão dos gentios à sua fé e cultura. Observamos nessa mesma época, o surgimento de diversas cidades do Vale do Paraíba. Todas elas surgiram devido aos aldeamentos indígenas: São José dos Campos, Taubaté, Queluz, entre outras. Ainda resistem no litoral norte (São Sebastião e Ubatuba) algumas nações indígenas como: Puris, Tupinambás, Guaranis e Aratus. Observamos o legado deixado por eles, nos nomes de rios, cidades, bairros, animais, peixes, árvores, aves e frutas. E ainda, enraizado em nossos costumes: na culinária, no artesanato, nos mitos e crendices, na medicina natural, na linguagem, nos usos e costumes da gente valeparaibana, como tomar banho de rio, comer içá, queimar a terra para plantar, andar descalço, pitar em cachimbos de barro, assar ou cozinhar alimentos em folha de bananeira, estórias de bichos, e nas casas de pau-a-pique e sapé (REIS, 1988). Toda essa herança cultural deve ser transmitida aos alunos de uma maneira dinâmica e interessante. Respeitando o desenvolvimento do aluno em relação a sua faixa etária, seu desenvolvimento cognitivo e sua história de vida. Materiais e Métodos:
Para a constatação e análise da aula em uma escola estadual, que se constitui um objeto de nosso estudo, foi realizado uma pesquisa bibliográfica nos poucos livros que abordam questões relativas aos indígenas no Vale do Paraíba. Com isso, foi possível a elaboração de algumas atividades pertinentes a essa faixa etária e embasamento teórico necessário para o artigo. Nosso trabalho de campo realizou em uma escola estadual na região sul de São José dos Campos. Foi apresentado sob forma expositiva todo o tema referente aos indígenas de nossa região. Em seguida, foi proposto um questionário com quatro perguntas abertas aos 30 alunos do 4ª ano do Ensino Fundamental do período da tarde. E, ainda, um questionário para a professora que ministra aulas nessa sala.
Os dados foram coletados por meio desses questionários e posteriormente foram realizadas as tabulações para confecção de gráficos e conclusão de nosso trabalho. Resultados e Discussão: Constatou-se que nessa sala de aula do quarto ano, os alunos dispõem de um livro didático que aborda o tema dos indígenas do Brasil, mas que eles desconheciam a existência dos indígenas em nossa região. Participaram da pesquisa 30 alunos, sendo 16 meninas e 14 meninas, entre 8 e 9 anos, exceção de um aluno com 10 anos. Das atividades propostas, a mais elogiada foi a confecção do cocar seguida da atividade de ligar pontos, que foram todos, em um momento posterior, caprichosamente coloridos. Podemos concluir com isso, que a sala aprecia aula e as atividades de artes. Todos avaliaram a aula sendo como ótima ou boa, não obtivemos nenhuma nota regular. Tentamos englobar nessas atividades questões relacionadas à vida dos indígenas. No último item, abordando o tema de sugestões: surgiu o pedido de inclusão de brincadeiras e de uma dança. Assunto que analisaremos cuidadosamente, para o nosso próximo trabalho.
Conclusão:
Pudemos perceber que eles conheciam bem a cultura indígena no nosso país. Mas desconheciam a existência dos índios em nossa região. Pudemos quantificar essa mudança na resposta da pergunta, se a aula ajudou no conhecimento da cultura indígena da nossa região, do total de entrevistados 29 responderam afirmativamente e apenas 1, não apresentou nenhuma resposta. Ainda observamos que a escola ainda está se planejando para difundir a cultura indígena em sala de aula. E que no material didático, o tema já é abordado, mas não há um melhor aprofundamento sobre a nossa região. Portanto, apesar da melhora em relação ao trabalho anterior, ainda existe a necessidade do tema ser abordado de forma bem dinâmica, diversificada e eficiente sobre a cultura indígena e seu legado da nossa região.
Referências Bibliográficas:
FAUSTO, Boris. História Concisa do Brasil. São Paulo. Ed. Universidade de São Paulo, 2002.
PRINCE, Ana Enedi. Metodologias Diversificadas para o Ensino da História Local: Vale do Paraíba. SJCampos: Ed. Cabral, 2007.
REIS, Paulo Pereira dos. Indígenas no Vale do Paraíba. Caçapava: Ed. Fundação Nacional de Tropeirismo, 1988.
TOLEDO, Francisco Sodero. Em busca das Raízes. Aparecida: Santuário, 1998.
Publicado por: Gabriel Madrigal
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