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Evolução urbana da avenida Vinte e Oito de Abril no município de Ipatinga - Minas Gerais

Importância da Avenida Vinte e Oito de Abril no município de Ipatinga.

O texto publicado foi encaminhado por um usuário do site por meio do canal colaborativo Meu Artigo. Brasil Escola não se responsabiliza pelo conteúdo do artigo publicado, que é de total responsabilidade do autor . Para acessar os textos produzidos pelo site, acesse: https://www.brasilescola.com.

RESUMO

O estudo discute a importância da Avenida Vinte e Oito de Abril no Município de Ipatinga, Minas Gerais, enfocando a referida Avenida como forma espacial que é referência territorial e comercial para a população de Ipatinga. A Avenida Vinte e Oito de Abril consolida-se como principal centro comercial do município a partir da implantação da Usina Siderúrgica de Minas Gerais (USIMINAS) nas décadas de 1950 e 1960. Com o objetivo de caracterizar a Avenida Vinte e Oito de Abril e relatar os grupos de comércio e serviços presentes na Avenida, é feito um estudo da revisão bibliográfica de autores que trabalham economia, urbanização e industrialização, além de pesquisas em campo que permitiram a aplicação de questionários e entrevistas com comerciantes e freqüentadores da Avenida. A Avenida Vinte e Oito de Abril como centro de comércio e serviços propicia a articulação econômica e social em Ipatinga, constituindo-se destaque pela influência exercida com a contribuição na dinâmica sócio-econômica do município, num contexto de economia de zonas industriais. Assim sendo, a Avenida Vinte e Oito de Abril tem papel relevante na economia do município, pois, a cidade de Ipatinga não cresceu ou cresce exclusivamente com a indústria; seu desenvolvimento é estimulado pelo surgimento de novas atividades ligadas ao comércio e a serviços, esses tendo papel fundamental, particularmente, após a privatização da USIMINAS na década de 1990.

Palavras chave: População; evolução urbana; comércio; serviços.

ABSTRACT

Is study ofs the importance of the Avenida Vinte e Oito de Abril no Município de Ipatinga, Minas Gerais, argues, focusing the related Avenida as space form that commercial reference for the population of Ipatinga. Avenida Vinte e Oito de Abril, hasfeen consolidated a main commercial center of the city since the implantation of the Siderurgical Plant of Minas Gerais (USIMINAS) in the decades of 1950 and 1960. With the objective to characterize the urban evolution of Avenida Vinte e Oito de Abril and to the groups of present commerce and services in the Avenida, a study through the bibliographical revision of authors who work economy, urbanization and industrialization, beyond is made that had allowed to the application of questionnaires and interviews with traders and of the Avenida. Avenida Vinte e Oito de Abril as center of commerce and services propitiated great economic and joint in Ipatinga, consisting prominence of the influence exerted on the partner-economic dynamics of the city, in a context of economy of industrial zones. Thus being, Avenida Vinte e Oito de Abril has excellent in the economy of the city, therefore, the city of Ipatinga did not grow or grows exclusively with the industry; its development is stimulated by the sprouting of new on activities to the commerce and the services, these having basic, particularly, after the privatization of the USIMINAS in the decade of 90.

Words key: Population; urban evolution; commerce; services.

INTRODUÇÃO

O processo de industrialização do Brasil, iniciado efetivamente a partir de 1930, provocou significativa migração populacional para as regiões onde se concentrava a implantação de indústrias. Santos, (1994, p. 202), entende este contexto como o momento de uma revolução urbana brasileira, consecutiva à revolução demográfica dos anos 50. Este processo proporcionou uma urbanização com o aumento do número e da respectiva população dos núcleos com mais de 20 mil habitantes, e em seguida uma urbanização, ocasionando mais tarde uma metropolização.

Nesta urbanização aglomerada, o território segundo Bertha (1998, p. 86), foi tanto um instrumento quanto um produto do capitalismo nacional, através das estratégias espaciais implícitas e explícitas do Estado. O desenvolvimento reforçou o papel da urbanização como base para a industrialização, favorecendo a concentração econômica no sudeste.

Nas décadas de 1940, 1950 e 1960, o país consolida sua industrialização, a partir principalmente da siderurgia ( 1940/ 1950 ) e de indústrias automobilísticas ( 1950/1960 ). O Estado de Minas Gerais tem na implantação da Belgo Mineira ( 1930, Companhia Vale do Rio Doce ( 1940 ), da Acesita ( 1940 ) e da Usiminas ( 1950 ) a consolidação da sua industrialização que foi diretamente responsável pela urbanização da bacia do rio Piracicaba.

Atualmente a região do Vale do Aço, possui o maior Parque Siderúrgico do país e uma das maiores concentrações urbanas do Estado. As indústrias Acesita, Usiminas e Cenibra compõem a base econômica da emergente região metropolitana do Vale do Aço, que tem como núcleo central os municípios de Ipatinga, Timóteo, Coronel Fabriciano e Santana do Paraíso.

O município de Ipatinga (criado para atender as necessidades da Usiminas) desataca-se por ter um dos maiores PIB do Estado além da significativa qualidade de vida da população. Apesar de o município ter sua base econômica em torno da indústria, observa-se nas últimas duas décadas o significativo crescimento da economia local a partir de atividades de comércio e serviços. O presente contexto sinaliza a necessidade de se criar alternativas para se minimizar a dependência da indústria Usiminas, privatizada em meados da década de 90.

Justifica-se tal recorte temático através da importância que o setor de comércio e serviços tem para o município territorialmente, a partir da análise dos fixos e fluxos que sustentam a cidade de Ipatinga, destaca-se a Avenida Vinte e Oito de Abril uma das principais formas espaciais sócio-econômico, como também político-cultural. O presente estudo investiga a evolução urbana da Avenida Vinte e Oito de Abril no município de Ipatinga. Faz – se necessário um estudo do processo de evolução que transcorreu á partir da formação do município com a implantação da Usiminas. Para George, (1991, p. 67), a instalação de fábricas nas cidades ou em seus arredores provoca o crescimento da população urbana e a extensão espacial da cidade. Não se trata apenas de uma relação simplista, pois a cidade não cresce exclusivamente com a contribuição de uma nova população industrial; seu desenvolvimento é estimulado pela aparição de novas atividades ou pela ampliação ou transformação de empreendimentos antigos, como exemplo atividades do setor de comércio e serviços.

Com a formação espacial brasileira vinculada à concentração de centros urbanos, e a demanda de consumismo populacional desses centros, é necessário que se tenha um abastecimento tanto alimentício, quanto produtos como roupas e móveis. Sustentado nessa necessidade, segundo George, (1991 p. 274), o comércio contemporâneo e as formas de produção e de consumo levam à utilização de formas de transporte que são específicos da era econômica e técnica iniciada pela Revolução Industrial é intensificado no período atual.

A evolução urbana da Avenida Vinte e Oito de Abril começa com a chegada dos Árabes responsáveis pela estruturação da Avenida que se transformou no centro do comércio do município de Ipatinga.

A metodologia utilizada foi baseada na revisão bibliográfica de autores que trabalham economia, urbanização e industrialização, além de pesquisas em campo que permitiram a aplicação de questionários e entrevistas com comerciantes, e freqüentadores da Avenida, onde foram aplicados cerca de 100 questionários com os comerciantes abordando 40% das lojas, e 100 questionários com os freqüentadores da Avenida.

HISTÓRICO DA REGIÃO DO VALE DO AÇO

A Estrada de Ferro Vitória-Minas, inaugurada no início do século XX, proporcionou muito mais do que o escoamento do minério de ferro das Minas Gerais para o porto de Vitória (Espírito Santo), uma vez que também se constitui em um dos elementos da urbanização regional. Sua implantação também foi responsável pela devastação da biodiversidade e dos povos de cultura indígena que habitavam a região, (os índios Botocudos antigos Aymorés)

A urbanização impulsionada pela Estrada de Ferro Vitória-Minas, se consolidará na região posteriormente conhecida como Vale do Aço, com a implantação da Usina Siderúrgica ACESITA (Aços Especiais Itabira). Em 1944 no pequeno povoado de Timóteo, (no qual foi implantada uma estrutura de apoio como casas e conjuntos residenciais, estradas e construção da hidrelétrica de Sá Carvalho), e também com a implantação da USIMINAS no município de Ipatinga em 1958. As duas siderúrgicas foram responsáveis pela grande migração para a região.

Muitos migrantes vieram em busca do minério de ferro valioso, outros em busca de empregos nas usinas. Dentre os migrantes Árabes que vieram em busca de melhores condições de vida ou fugindo de guerras constantes no Oriente Médio. O pioneiro em Ipatinga foi "Tufik Trad Láuar", libanês, um dos responsáveis pelo surgimento e consolidação da Rua do Mercado ou Rua do Comércio que posteriormente se tornaria o centro polarizador de relações comerciais do município, (atual Avenida Vinte e Oito de Abril). Os Tufik tiveram influência importante na vida cultural da cidade e como precursores no comércio local, criando as principais atividades comerciais e de serviços, bem como os terminais de transporte e infra-estrutura.

A Avenida Vinte e Oito de Abril passara por toda uma evolução urbana, com um expressivo número de atacadistas e varejistas, além de serviços, tornando - se assim uma das formas espaciais de maior articulação econômica e imobiliária, do centro da cidade, destacando-se pela influência exercida sobre os fluxos.

A rápida expansão do comércio da Avenida Vinte e Oito de Abril ajudou a provocar contradições inerentes ao seu próprio desenvolvimento, como a exclusão social, de pessoas sem qualificação que ficaram à margem do crescimento econômico do município. Parte da população excluída se concentrou nos arredores da Avenida Vinte e Oito de Abril, prostituição e estimulados pelo rótulo da marginalidade na área periférica central, fato marcante na urbanização brasileira como afirma Corrêa (1989).

Essa população excluída se localizou as margens do Ribeirão Ipanema, na rua do buraco, periodicamente inundada na estação das chuvas, causando uma série de transtornos para os moradores. Esse impasse só teve início de melhoria na década de oitenta, com a retirada de parte da população é remanejada para casa popular no bairro Planalto II, feitas pela Prefeitura Municipal de Ipatinga, dentro do Projeto “Novo Centro”.

CONTEXTUALIZAÇÃO DO MUNICÍPIO DE IPATINGA

A cidade de Ipatinga no leste de Minas Gerais está numa posição geográfica estratégica, interligando-se com as demais regiões do Vale do Aço e com os principais centros do país, como Belo Horizonte, São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo e Bahia através das rodovias BR 381 e 458 e da Estrada de Ferro Vitória-Minas além de rotas aéreas.

O município de Ipatinga está localizado no domínio dos Mares de Morros, sua topografia é de 55% da área plana, ondulado 30% e montanhoso 15%. As cotas altimétricas variam de 220m e as drenagens que recortam o relevo são alongadas e encaixadas em forma de V. O solo é caracterizado por formações rochosas de origem granítica havendo a presença de latossolos.

O clima registrado na área do município está inserido na zona tropical quente e úmida que se submete a forte radiação solar. A precipitação máxima atinge 1000 a 1300 mm no trimestre novembro-dezembro-janeiro. O período mais seco compreende os meses de junho-julho-agosto com uma precipitação total de 200 mm, o clima é caracterizado por ser um clima tropical subquente e subseco, apresentando uma temperatura média anual em torno de 23º C.

A vegetação presente no município, pertence ao domínio florestal de Mata Atlântica, sendo caracterizada pela floresta estacional semidecidual. Estas florestas desenvolvem-se em áreas onde dominam dois períodos bem distintos, ou seja, um chuvoso e outro seco. A vegetação anteriormente formada por tipos arbóreos de médio e grande porte, atualmente encontra-se descaracterizada sendo substituída por pastagens e capoeiras. Alguns resquícios desta vegetação natural são encontradas em áreas de difícil acesso, principalmente nos topos dos morros.

O município de Ipatinga abrange uma área de aproximadamente 166,5 Km², sendo essa área dividida em 74 km² área urbana e 92,5 km² área rural. A população do município no ano de 2000 era de 212. 496 habitantes, sendo 210.895 pessoas residentes na zona urbana do município e 1.601 habitantes presentes na área rural. A taxa de urbanização do município é de 99,25% (IPEA, 2000).

A população economicamente ativa de Ipatinga está vinculada principalmente a indústria e ao comércio, a maior parte da arrecadação municipal é proveniente das atividades industriais, o setor de serviços também é importante para a economia local, que vem buscando alternativas para diminuir a dependência da indústria.

O fato da economia do município de Ipatinga ter como base a indústria, faz com que as outras atividades sejam diretamente influenciadas pela Usiminas, assim o comércio de Ipatinga nasce dependente (para atender) a economia industrial.

HISTÓRICO DA AVENIDA VINTE E OITO DE ABRIL

Entre as cidades do Vale do Aço, Ipatinga é a cidade que apresentou o maior crescimento, desde a emancipação do município em 1964. Antes, a cidade era um lugarejo que vivia da exploração do carvão vegetal. Em 1954, Ipatinga tornou-se distrito de Coronel Fabriciano. O lugarejo tinha aproximadamente 300 habitantes que viviam sem nenhuma infra-estrutura. A construção da USIMINAS (1958) provocou um aumento populacional para o qual o lugarejo não estava preparado, o que implicou num processo de urbanização desordenada (exceto das áreas planejadas pela Usiminas).

Os líderes políticos locais organizaram um movimento reivindicatório, objetivando sensibilizar o governador de Minas Gerais Magalhães Pinto, a autorizar a emancipação de Ipatinga. Depois de várias articulações políticas e com muito esforço, a emancipação acabou ocorrendo em 29 de abril de 1964.

Em 1959 a Avenida Vinte e Oito de Abril chamava-se “Rua do Comércio”. No local, poucas casas existiam e nenhuma infra-estrutura como água, rede de esgoto, rede pluvial e rede elétrica. O comércio existente se resumia a bares, mercearias e loja de tecidos. Os produtos oferecidos eram basicamente vendidos para pessoas da roça e para os carvoeiros.

Na medida em que as empreiteiras foram chegando para a construção da Usina, o mercado começou a ganhar força, mas a falta de infra-estrutura dificultava as atividades comerciais, pois no período das chuvas o caminhão que fazia o transporte das mercadorias não conseguia passar na via de acesso e atolava, fazendo necessário que esse fosse retirado com ajuda de tratores.

O comerciante pioneiro em Ipatinga foi "Tufik Trad Láuar", libanês, um dos fundadores responsável pela estruturação da “Rua do Comércio” que posteriormente se tornaria um centro polarizador de relações comerciais do município, passando a se chamar Avenida Vinte e Oito de Abril (Foto 1). Os Tufik tiveram influência importante na vida cultural da cidade e como precursores no comércio local, estabeleceram o início das principais atividades comerciais e de serviços, além de terminais de transporte em Ipatinga.

A Avenida Vinte e Oito de Abril foi palco de acontecimentos que marcaram a história do município de Ipatinga. Em 1960 foi criada a Sociedade dos Amigos de Ipatinga, essa associação liderada pelos partidos PSD e PTB, se reuniam em uma casa onde é hoje a loja Ribeiro situada na Avenida Vinte e Oito de Abril, dali saíram as motivações políticas reivindicando a emancipação do município. O principal elemento que trabalhou pela emancipação do município de Ipatinga foi o então deputado Geraldo Quintão, que negociou com o governador Magalhães Pinto a emancipação de Ipatinga que ocorreu em 1964 ( junto com outros 262 municípios ).

A Sociedade dos Amigos de Ipatinga teve uma grande participação mais tarde na concretização do comércio no município e principalmente no comércio existente na Avenida Vinte e Oito de Abril, através da formação da “Associação Comercial”, que atuava em defesa dos interesses dos comerciantes.

No início o centro de Ipatinga onde se encronta a Avenida Vinte e Oito de Abril não teve planejamento urbano caracterizou-se pela ocupação desordenada, com a emancipação do município e a posterior construção da Prefeitura ( na esquina da antiga Rua do Comércio ) ( Foto 4 ), a Avenida Vinte e Oito de Abril bem como outras ruas comerciais, passaram por um processo de estruturação que num primeiro momento abrigou atividades diversificada como comércio, hotéis, pensões, destinados aos funcionários e operários solteiros da USIMINAS, e à população flutuante de compradores, vendedores e visitantes. ( Prefeitura Municipal de Ipatinga, 1991 ).

A rápida expansão comercial da Avenida Vinte e Oito de Abril, contribuiu para muitas contradições oriundas do processo de desenvolvimento do município de Ipatinga, como a exclusão de muitas pessoas que vieram em busca de empregos. A população excluída ocupou áreas de risco vivendo em barracos aos redores da Avenida, a prostituição, violência e marginalidades são rótulos impostos à essa população, os problemas com inundações e doenças também marcaram a história da Rua do Buraco.

Em meados da década de 1990, parte da população remanejada para casas populares no bairro Planalto II, construídas pela Prefeitura Municipal de Ipatinga, num processo de “Limpeza Urbana”. Apesar dessa população viver com melhores condições higiênicas-sanitárias, o estudo de Murta (2004), aponta que muitas pessoas desejavam não terem saído da Rua do Buraco.

CARACTERIZAÇÃO DA AVENIDA VINTE E OITO DE ABRIL

- Análise socioeconômica das lojas

Os estabelecimentos comerciais localizados na Avenida Vinte e Oito de Abril, em sua maioria não são proprietários dos imóveis onde funcionam, correspondem a 82%, apenas 18% dos comerciantes são proprietários dos imóveis.

O crescimento urbana da Avenida se deu através de uma reestruturação física dos estabelecimentos , antes todos os estabelecimentos se caracterizavam por terem apenas o andar térreo, hoje apesar de 69% terem apenas o andar térreo, a competitividade impõe a necessidade de se oferecer diversos produtos de diferentes modelos e várias marcas num mesmo estabelecimento, por isso 29% das lojas apresentam dois andares e 2% com três andares. A área de uma loja é de suma importância, tanto na acomodação dos produtos, mas também como forma de atração de consumidores.

58% dos funcionários recebem o salário de valor fixo que varia de 200 a 700 reais e 42% dos funcionários da avenida são remunerados através do salário comercial mais a comissão das vendas que são realizadas por eles.

As condições comerciais das lojas da avenida se baseiam no setor varejista, realizando a venda de seus produtos para os consumidores através da venda a vista e a prazo. As vendas feitas á vista representam 48% das vendas realizadas pelos estabelecimentos e 44% das vendas a prazo.

Ipatinga é um centro urbano-industrial, por isso há uma supremacia dos funcionários da USIMINAS em relação ao perfil dos clientes que as lojas da Avenida Vinte e Oito de Abril. Historicamente o crédito foi facilitado para os funcionários da Usiminas em função da crença de estabilidade financeira nas relações comerciais com esse perfil de consumidor. Em seguida, mas bem representativos, estão os funcionários da Prefeitura Municipal de Ipatinga e trabalhadores diversos que compõem o perfil dos clientes da Avenida Vinte e Oito de

As lojas da Avenida Vinte e Oito de Abril se caracterizam pelo comércio varejistas, os produtos comercializados são basicamente adquiridos em outras cidades e a maior parte dos produtos são de outro estado.

Os estabelecimentos arcam com várias tarifas e impostos na comercialização dos produtos, além de enfrentar grande concorrência do comércio informal, que funciona paralelamente as lojas formais. Os estabelecimentos formais realizam estratégias comerciais objetivando criar diferenciais para atrair mais clientes. Os investimentos em estrutura, qualidade dos produtos, atendimento e promoções são as principais estratégias para enfrentar o comércio informal.

Os comerciantes entrevistados em sua maioria (79%) afirma que seus negócios sempre dão lucro. Apenas 21% dos entrevistados às vezes têm lucro.

O consumismo que caracteriza a sociedade contemporânea, aliado a outros fatores de ordem local, garantem aos comerciantes da Avenida Vinte e Oito de Abril lucros a curto e médio prazo.

Diante da fragilidade econômica nacional, os comerciantes utilizam várias estratégias para garantir o seu negócio; de promoções, atendimento e marketing, os comerciantes tentem vencer os momentos de crise econômica do país.

– Perfil socioeconômico dos freqüentadores / consumidores da Avenida Vinte e Oito de Abril.

A Avenida Vinte e Oito de Abril é um centro polarizador do comércio local, tendo como combustível principal e impulsionador os consumidores.

91% dos consumidores da Avenida Vinte e Oito de Abril no município de Ipatinga , apenas 6% dos consumidores são provenientes de outras cidades, outros 3% são provenientes de outros estados, que quando vêem à região, fazem questão de realizar compras na Avenida Vinte e Oito de Abril.

Onde os consumidores colocam em primeira necessidade há uma grande procura dos consumidores por lojas de roupas (31%) e lojas de sapatos (22%).

Com uma significativa participação na economia do Município, a Avenida Vinte e Oito de Abril é sustentada pelo fluxo de pessoas, que estão cada vez mais consumindo. 52% dos consumidores freqüentemente vão Avenida Vinte e Oito de Abril para compras, os outros 48% às vezes compram na Avenida Vinte e Oito de Abril.

Os consumidores freqüentadores da Avenida relatam que 58% dos funcionários das lojas tem um atendimento “bom”, 39% tem um ótimo atendimento e 3% não estão satisfeitos com o atendimento realizado pelos funcionários das lojas da Avenida. Apesar do atendimento precisar de melhorias, 58% dos consumidores estão satisfeitos com a estrutura da Avenida, pois sempre encontram o procuram, por outro lado, 42% dos consumidores às vezes encontram o que procuram. Esses consumidores são atraídos de várias formas pelas lojas, essas lojas propiciam facilidades para os consumidores efetuarem suas compras, 71% dos consumidores utilizam como forma de pagamento á prazo, e apenas 29% dos consumidores preferem o pagamento de suas compras á vista. Os consumidores encontram nos fixos da Avenida Vinte e Oito de Abril, várias maneiras para compras. 47% no universo dos consumidores que preferem compras à prazo escolhem o pagamento através do carnê.

Apesar da concorrência que os fixos da Avenida tem com o comércio informal, os consumidores que freqüentam as lojas da Avenida estão cientes disso, e relatam que a diferença entre as lojas regulamentadas e o comércio paralelo, está na qualidade dos produtos e formas de pagamento oferecidos pelas lojas.

Há uma grande preferência dos consumidores pela Avenida Vinte e Oito de Abril em relação ao Shopping, sendo que 86% dos consumidores preferem realizarem suas compras na Avenida Vinte e Oito de Abril, devido á uma série de fatores que colocam a Avenida como centro comercial de suma importância, sendo destaque nessa escolha, os preços dos produtos.

Os consumidores que preferem realizar suas compras no Shopping, (14%), apontam a qualidade da infra-estrutura, como principal atrativo.

Apesar do Shopping apresentar uma excelente infra-estrutura. A Avenida Vinte e Oito de Abril, exerce um papel historicamente de referência comercial para a população de Ipatinga.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A Revolução Industrial brasileira foi responsável pela demanda de espaços nos centros urbano e industrial no país. A Avenida Vinte e Oito de Abril no centro de Ipatinga não foi diferente por situar nas proximidades da Usiminas (portaria central) entrada e saída com acesso dos funcionários. A prefeitura que hoje é a 2ª empregadora da cidade localizada na Avenida João Valentim Pascoal paralela a Avenida Vinte e Oito de Abril juntamente com o poder legislativo e judiciário. Além dos terminais de transportes urbanos, fazendo centro da cidade uma área onde se concentram as principais atividades comerciais e de serviços.

A Avenida Vinte e Oito de Abril hoje alem de contribuir muito para o desenvolvimento comercial, também tem uma contribuição muito grande na geração de empregos e para que esse centro comercial de Ipatinga tivesse progresso não podemos esquecer de destacar a Associação Comercial de Ipatinga, que através de seus idealizadores e fundadores, em 21 de março de 1966.

A Avenida Vinte e Oito de Abril é a expressão comercial do município, sua localização próxima a portaria central da USIMINAS, aliada ao grande continente populacional fazem dessa Avenida uma importante forma espacial que polariza diversos tipos de fluxos. A Avenida Vinte e Oito de Abril evoluiu juntamente com a cidade, fazendo parte da sua história local. A cidade de Ipatinga passou por uma evolução juntamente com a Avenida Vinte e Oito de Abril.

Antes mesmo da implantação da USIMINAS, a pequena população do distrito de Ipatinga, já acreditava no potencial da área em se torna uma referência. Com o advento da USIMINAS, o comércio local se consolida.

A importância da Avenida Vinte e Oito de Abril, também é consolidada através da organização espacial pelo uso e ocupação do solo encontrada no local, extremamente diferenciada das áreas restantes do município de Ipatinga, mas que estão em constante relação tanto num contexto de fluxos de capitais, pessoas, objetos em função da sua dinâmica.

Outro ponto importante da Avenida Vinte e Oito de Abril é que serve de um divisor de bairros planejados pela Usiminas e bairros periféricos.

Por outro lado, a Avenida Vinte e Oito de Abril atende os mais variados públicos, em função de sua diversidade de produtos e estruturas comerciais. O fato do centro da cidade polarizar os fluxos dos bairros contribuiu sobremaneira no comércio, uma vez que os deslocamentos na cidade não se apresentam difíceis.

Por outro lado, a valorização do m² da avenida tem provocado a migração de vários estabelecimentos para outros bairros, isto porque muitas das vezes estes não acompanharam o crescimento para arcar com as despesas como o aumento constante do valor da terra, impostos e aluguéis.

REFERÊNCIAS

ALVES, Luci Imaculada de Oliveira. Espaço em Construção. Belo Horizonte, Minas Gerais: Editora Lê, 1999. p. 69 – 83.

BECKER, Bertha K. e EGLER, Cláudio A. G. Brasil: uma nova potência regional na economia-mundo. Rio de Janeiro, Bertrand Brasil, 1998.

CORRÊA, Roberto Lobato. O espaço urbano. São Paulo, Editora Ática, Série Princípios, 1989.

DIÁRIO DO AÇO, Jornal. Vale do Aço 2000: Um século de história. Ipatinga - MG, 1999. 6 - 26 p.

GEORGE, Pierre. Geografia econômica. Rio de Janeiro, Bertrand Brasil, 1991.

IPEA, Índice de Desenvolvimento Humano Municipal, 2000.

MURTA, Sandra. Ipatinga: uma cidade em movimento. Estudo dos Impactos do Projeto Novo Centro na remoção e no reassentamento de população. Dissertação de Mestrado apresentada a UNEC em outubro de 2004.

SANTOS, Milton. O Brasil: território e sociedade no início do século XXI. 4ª ed. Rio de Janeiro: Record, 2002.

Rogério Madeira,
Geógrafo Especialista em Planejamento e Gestão Sócio-ambiental, UnilesteMG


Publicado por: Rogério Pereira Madeira

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