Conheça Morrumbene
Conheça Morrumbene, província de Inhambane, em Moçambique, história, colonização, desenvolvimento...O texto publicado foi encaminhado por um usuário do site por meio do canal colaborativo Meu Artigo. Brasil Escola não se responsabiliza pelo conteúdo do artigo publicado, que é de total responsabilidade do autor . Para acessar os textos produzidos pelo site, acesse: https://www.brasilescola.com.
Distrito de Morrumbene
O nome Morrumbene tem a sua origem numa situação igual a de muitos nomes de regiões moçambicanas, que surgiram de modo geral na tentativa de estrangeiros (aventureiros e comerciantes na era dos descobrimentos) tentarem dizer nomes de coisas locais nas nossas línguas e os erros de pronuncia resultaram em nomes de terras e de pessoas. Há pessoas que se chamaram sevene de seven (sete); naene de nine (nove); matacanha de matequenha (pulga) e terras como Inhambane de bela khu nyumbani (entra por dentro – da casa); Jangamo de jaa ngamu ke (e a família?) e aí por diante. Voltando para o assunto de Morrumbene, este surge quando alguns aventureiros vindos do norte de Inhambane (de Morrumbene também) e fugindo das perseguições dos seus rivais, navegaram pelo oceano Índico e ancoraram na zona que actualmente possui a ponte cais de Morrumbene, para descansar e procurar comida (frutos e peixe, claro).
No local, havia árvores frondosas que proporcionavam boa sombra e até abrigo para quem precisava fugir e esconder se de seus inimigos. O grupo era de quatro homens e não conheciam os costumes nem a língua da zona, por isso, nem sabiam que localmente as frondosas árvores chamavam se rumba nyoni.
E como antes de chegarem os fugitivos, aquela zona era desabitada devido a sua proximidade do mar e o medo das cobras misteriosas que ficavam na praia, ainda não tinham dado nome àquela zona. Por ter pessoas e estar junto a duas grandes árvores, passaram a homenagear as árvores, chamando rumba nyoni tunu (na zona das árvore – rumba nyoni) É o Distrito com maior número de rios na Província, sendo cortado pelos rios Inhanombe, Nhavbeguere, Furvela, Jogo, Chicoane, Panga e pequenos riachos. Alguns dos quais têm as suas nascentes neste mesmo distrito, para além de ser banhado na totalidade pelo Oceano Índico na região Leste ao longo de toda a sua extensão, o que lhe garante alternativas de riquezas, tanto do solo como das águas. O interior é relativamente seco enquanto a costa é mais húmida ao longo de quase todo o ano. É assim como os vatongas (falantes da língua gitonga dizem os locais (na ponte fica poti tunu; na Administração fica Payila tunu, etc).
Com a chegada dos portugueses (que mais tarde colonizaram Moçambique), querendo informações dos nativos sobre o nome da região costeira com árvores grandes. Os falantes da língua gitonga entenderam que os brancos queriam conhecer o nome das árvores e disseram “rumba nyoni”. Os portugueses deturparam o nome de árvores Rumba-Nyoni para Morrumbene. Assim, a região passou a chamar se de Morrumbene tendo sido distrito com a sua sede chamando se também de Morrumbene.
Quando foi montado o sistema administrativo português, a sede da administração foi construída em Cochi – Magumbo onde eram concentrados os Escravos no lugar chamado Nhafokwe, para ser levados a Cabo Verde e outros Países. Os escravos eram controlados por um militar português chamado Loforte, o que fez os vatongas chamarem o local de Nhafokwe na dificuldade de dizer Loforte.
Era também em Nhafokwe onde os portugueses iam se esconder quando eram perseguidos pelos resistentes contra a ocupação e pilhagem colonial (ver Gungunhane) e depois foi transferida para Mocodoene. Como o mar ficasse melhor via para transportar as riquezas locais (minerais, escravos, coisas do mar e da fauna), transferiu se a administração de Mocodoene para a região da actual ponte cais, que os vatongas chamavam de siwoni. (siwoni quer dizer local onde atracam os barcos.
Por volta de 1886, construíram a Adminisatração e a Cadeia na zona de siwoni, e o mercado na zona da actual bomba, com a facilidade de aproveitar as águas do rio para a navegação. Tanto a Administração como o bazar foram construídos com recurso a material local. Pela fúria dos ventos e ares salubres da costa, os edifícios não levaram muito tempo antes da degradação.
Mais tarde chegou um novo administrador que se chamava Sarmento, o qual não gostou das instalações já degradas do siwoni, o que lhe fez mudar a se de da Administração para Guifutela, a zona onde até hoje se encontra a sede da Administração.
Com a Administração na zona de Guifutela, os comerciantes aproximaram se e foram construir suas lojas e o mercado nesta zona, tendo funcionado as primeiras lojas de Cassamo, Makandenai, Martilela e rama.
O distrito de Morrumbene ascendeu ao estatuto de Vila pelo diploma ministerial nº 2695 de 21 de Maio de 1966. Possui dois Postos Administrativos, o de Mocodoene e o de Morrumbene, para seis localidades: Sede, Malaia, Cambine, Gotite, Mocodoene e Sitila.
Perspectivas de Desenvolvimento
Há menos de três anos fez se o plano de desenvolvimento de Morrumbene que chamou se PDD. Houve muitas iniciativas e começou se a produzir peixe nas zonas do interior e a montagem de sistemas de regadio para melhorar a produção. Houve um crescimento considerável, mas muito falta por ser feito no âmbito da construção e reconstrução.
Este ano de 2008, ao completar 42 anos depois de ter sido elevado á categoria de vila, Morrumbene tem muitos planos para um crescimento e desenvolvimento galopantes.
O Administrador Macedo junto com a sua equipa de governo, e sobretudo com a boa vontade da população local em cooperar com o governo, estão a enveredar por contactar pessoas interessadas para investir neste distrito. Neste sentido, está sendo preparada a Conferência Distrital de Investidores, acto que já trouxe muitas pessoas de muitos Países com potencial económico para investirem no crescimento do Distrito e das suas riquezas. Quer dizer, ao investir em Morrumbene, é garantir de um lado, e talvez acima de tudo, criar oportunidade de negócios com muitos lucros; criar oportunidade a muita mão-de-obra com um pouco mais de qualificação; Encontrar espaço sustentável (que já não se encontra)
Informação sobre o Autor
Bernardo, Francisco Miguel
Natural de Maxixe e Província de Inhambane
Trabalha em Morrumbene desde Maio de 2003, tendo feito Educação com os líderes comunitários e pessoas influentes na Comunidade em todas localidades. No mesmo período treinou associações e apoiou na elaboração de pequenos projectos financiados pelo Núcleo provincial de Combate ao Sida.
Teve muito contacto com as comunidades locais durante o mapeamento das zonas de implementação do projecto implementado pela Kulima, uma ONG que visa o desenvolvimento integrado nas Comunidades.
É docente na Escola Secundária de Morrumbene.
Publicado por: Francisco Miguel
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