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Conheça a Comunidade de São Lourenço de Mabil

Fundação da comunidade, localização geográfica, organização da comunidade, a fundação da comunidade, mudanças da comunidade, momentos marcantes...

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MARCOS IMPORTANTES

NOTA DE INTRODUÇÃO

Gostaria imenso de começar a minha obra-prima noutros modos. Mas porque a ansiedade e o cometimento que mais tarde e ainda dentro desta obra ireis perceber a sua razão de ser, são muito fortes nas coisas de Igreja, começo mesmo por narrar a Comunidade. Vou sim narrar sobre a Comunidade de São Lourenço. Se tudo for do meu querer e Deus assim o consentir, vou narrar sobre a minha família e meu povo. Povo no qual faço parte. Mas agora, por necessidade de comemorar os setenta e um anos de fundação da Comunidade e para manter gravada a sua História, pelo menos o começo da sua História, fico tolerante à ambição da minha caneta que se interessou por coisas magníficas.

Então, vamos pois ao assunto, sem regra mas com muito respeito a verdade, como irei repetir este sentimento expresso e sensível nas linhas do livro.

Estamos apresentando pela primeira vez a história da Comunidade de São Lourenço, Comunidade que desde sempre tem sido chamada Comunidade de São Lourenço de Mabil.

Pela natureza do livro, o meu leitor irá encontrar a história dividida em momentos diferentes. Da Fundação até ao ano de 1974? Neste período a Comunidade funcionou como Escola e como Comunidade simultaneamente. Com o processo das Nacionalizações, houve necessidade de abandonar, até mesmo, segundo o interesse daquele tempo, de fechar a comunidade. Por isso houve destruição de imagens, e outros bens da igreja. A segunda fase, substitui automaticamente a primeira, havendo aqui muita dinâmica, onde o povo vai rezando debaixo de árvores e procura lugar em vários sítios, sendo expulso de sombra em sombra. Este, foi um momento decisivo e de uma acesa experiência espiritual. Os fiéis sentiram na carne as provações das quais Jesus disse “Sereis expulsos das povoações por minha causa”. A terceira fase da História da Comunidade é a instalação da Comunidade na actual propriedade concedida pelo Conselheiro membro fiel da comunidade, Custódio Marques. Esse período que anos depois coincidiu com a celebração de 50 anos da sua fundação e posteriormente com as bodas de prata da Irmã Susana e 60 anos. Esse foi um momento eufórico da comunidade de São Lourenço de Mabil. Talvez por isso nasceu o ódio e ambição por parte de seus oponentes que sem se saber explicar porque, finda a celebração de sessenta anos, eclodiu uma grande confusão que dividiu e confundiu os cristãos. Este período durou quase sete anos que terminou com o surgimento de duas comunidades legítimas, sendo a outra com o nome de Santa Paula Elisabeth. Por último encontramos a 5ª fase que se refere ao período de estabilidade social da Comunidade e que preocupa se em manter a sua qualidade de Comunidade mãe.

Aqui, é renomeada comunidade sede da zona 2, alias, nesta fase também são diminuídas algumas comunidades da zona e a outra comunidade que tivera disputa com esta, é integrada na zona 3. A ideia de escrever a história da comunidade surge com a necessidade de ter registado os seus marcos importantes e feitos glorioso. Antes desta, houve várias iniciativas individuais e existem registos de alguns factos que cada pessoa membro desta Comunidade achou pertinente. Porém, nunca sentou um conselho ou grupo de pessoas desta comunidade, ou ao menos fazer uma consulta para recolha de dados imputáveis de estarem registados numa obra destinada a apresentar no tempo e no espaço a Comunidade de São Lourenço. O novo conselho da Comunidade de São Lourenço propõe-se recolher todos factos (pelo menos alguns) e auscultar pessoas que conhecem alguns acontecimentos para relatar num livro a identidade e grandeza da Comunidade de São Lourenço.

O autor desta obra não tem experiência de historiador, irá trabalhar principalmente mediante a inspiração, procurando reconhecer na medida do possível só e só a verdade para uma autêntica história da Comunidade. Receia no entanto a possibilidade de correr atrás do erro, mas, sendo por vontade e sem fins lucrativos, proponho me dizer sempre a verdade. Se o erro dominar, não será apenas responsabilidade de quem escreve, mas também dos que fornecem o material do livro.

Estamos cientes que a Comunidade tem muitos factos gloriosos, mas não determo-nos na glória, se não assim fazendo, correremos o risco de descuidarmos da verdade.
Bom proveito.

FUNDAÇÃO DA COMUNIDADE

Situação da Igreja Católica na Maxixe nos anos 1920

Para perceber melhor o contexto da fundação da Comunidade de São Lourenço, é, pois, necessário que esteja atento à situação da Igreja Católica até aos finais da 1ª Guerra Mundial. Na região da Maxixe, (excepto a Missão de Mongue) não havia Comunidade Católica nem as pessoas tinham cultura de participar de cultos religiosos cristãos. Mantinham as suas tradições e não tinham acesso a Escola. Na Maxixe Velha havia uma Missão onde rezavam e aprendiam brancos e assimilados. Os indígenas que interessassem-se pela escola e evangelização, estes deviam ir até a Missão de Homoine, onde os padres tinham a escola Missão. É para lá onde muitos indígenas vindos de vários pontos da Província e País iam receber a dura educação, não obstante a limitação que sempre houve no ingresso. Quer dizer que era necessário ter um intermediário para se ingressar na escola Missão.

Como foi fundada então a Comunidade e Escola São Lourenço de Mabil?
Na verdade, atendendo e considerando que ia ser erguido um empreendimento social em Mabil e Maxixe, toda população colaborou, bem como os chefes. Houve um trabalho de mobilização. Embora fosse serviço Missionário e os maiores responsáveis pela construção fossem os padres Franciscanos da Missão de São João de Deus de Homoine, precisava se pessoas com muita determinação e capazes de sensibilizar e convidar as outras a aderirem o plano. Pessoas que abdicassem das suas actividades dedicando se a causa do bem comum. Eis que para além de muitos, cujos nomes aqui não estão, por razoes obvias, aparece a figura inquestionável de catequista e professor Custódio Marques. Abaixo vem uma passagem retirada da sua Autobiografia, todavia, aceitam se e agradecem se todas informações, não só de figuras importantes na fundação da Comunidade, como também de todo o valor Histórico da mesma.

DA AUTOBIOGRAFIA DO PROFESSOR CUSTÓDIO MARQUES.

<< Nesta Missão de S. João de Deus de Homoíne, ganhei o gosto pelo estado de sacrifícios sem conta...
Para a minha consolação, nesta minha triste vida infantil, Deus me deu pai adoptivo, o padre Joaquim de Sousa Violante, este instruiu-me, educou me e encaminhou a minha vida desde os 10 anos, em 1927, aos 24 anos, em 1941, o ano em que me casei, sempre foi um bom pai (e muito bom pai ), foi um grande orientador.

Não sei o que viu em mim, depois do meu curso de formação de professores, em vez de me nomear para a Escola-Capela de Boquiço ( Matimbe ) em Homoíne, que era a minha vez de ocupar esta Escola, já que éramos oito professores formados sem vagas, estávamos na “bicha” de ocupação de vagas.

Esta Escola de Boquiço ( matimbe ) era eu a ocupar mesmo durante a construção do edifício da escola, eu ia fazer reuniões com as crianças e encarregados.

Mas, eis que meu pai adoptivo, ( o padre Joaquim de Sousa Violante ) muda de ideias e diz-me: “Custódio, na Maxixe tua terra natal, não temos uma Escola Capela, uma Comunidade da Igreja Católica para assistência de alguns cristãos católicos da Maxixe, baptizadas aqui nesta Missão de Homoíne. E nós, nesta ordem de ideias, vamos fundar uma Escola Capela Católica, nas terras da Maxixe, já que a Missão de S. José de Môngue, está encerrada. E tu meu filho, já que não temos nenhum professor formado, “ bitonga” da Maxixe, você em vez de ir a Escola de Boquiço (Matinmbe), como era a tua vez, tenha paciência, meu filho, você vai fundar uma Escola – Capela, uma Comunidade Cristã Católica na Maxixe, em Mabil”.

E assim, guiado por uma obediência interna e perpétua dos Franciscanos, meus pais, acabei por aceitar, embora a muito custo.
Conduzido por meu pai adoptivo Padre Joaquim de Sousa Violante, em 1931, aos 14 anos de idade, fiz o exame do 1º grau, aprovado no exame com 15 valores, aos 15 anos fiquei aprovado no exame do 2º grau. Em 1933 frequentei a antiga Escola de Habilitação de Professores Indígenas de Amatongas, obtendo a classificação de 15 valores em 1934. Este curso por não ter sido considerado pelo Governo das Missões católicas (Arcebispo D. Teodósio Clemente de Gouveia ), fui tirar posteriormente, o 3º ano de Formação Pedagógica na Escola do Alvor, pela qual me diplomei com a classificação de 14 valores.

Principiei a leccionar em 1936 na Escola Capela de S. Lourenço de Mabil- Maxixe. Na área era reduzidíssimo o número de Escolas. Era a Escola Raul da Costa, Escola de Chicuque, (Jerusalém, o internato feminino) e a Escola Anglicana de Chambone.
A primeira era frequentado pelos brancos e uma minoria de negros assimilados. E as duas últimas destinavam se exclusivamente, aos filhos dos crentes daquelas missões.

Durante (27) vinte e sete anos consecutivos, fui o mestre incansável que sempre na mesma Escola abri muitos olhos á luz das letras, a quantos, e quantos sem número em conta aproximada, para dar o devido valor à minha instrução e formação pedagógica adquirida no meio de tamanhos sacrifícios sem conta...

No início dos meus serviços pedagógicos, no espaço de (5) cinco anos, eu só leccionava até 3ª classe elementar. Para querer dizer que, no tempo colonial para o Indígena na Escola tinha que passar por duas terceiras classes: 3ª classe rudimentar e 3ª classe elementar...Como também havia a categoria de professor do Ensino Rudimentar e do Elementar.

Eu, nesta fase, devido a rica experiência pedagógica, passei para a Categoria do Ensino Elementar, dando ou leccionando as 3ª e 4ª classes.

Aqui, o número de alunos ia a acima de setecentos (700)... e dos trinta alunos que eu tinha na 4ª classe, fazia os monitores a leccionarem as 1ª, 2ª e 3ª classes, no período da manhã, sendo por mim orientados pedagogicamente.

E, à tarde, era eu a dar lhes aulas, 13h30m às 17h30m.

Desta forma, procurava atender aos que de mim se aproximavam em busca de instrução e educação que se contavam por centenas e centenas!..

Fiz este todo trabalho de professorado, no Ensino das missões Cristãs Católicas. Em 1963, concorri para o Ensino Oficial, na qualidade de Professor de Posto Escolar, Categoria esta, dada aos professores melhor qualificados nos Cursos intensivos de Avaliação Pedagógica... tendo sido eu o melhor classificado, nomeadamente colocado na Escola de Nova Lousã de Muvamba ( Macuácua) em Massinga... nesse campo, o rendimento escolar durante os nove anos de serviço foi em percentagem de 90% a 100%.

Em 1972 fui transferido para Mabil, a minha primeira Escola onde tinha residência definida.

Mas, dado o caso de se encontrar encerrada a Escola de Gigune que se abriu a (meu pedido), com a manobra de uma professora de que não tinha número suficiente de alunos para uma turma, pedi a reabertura dessa Escola, poupando sacrifícios de algumas crianças mais corajosas e dedicadas ao estudo que diariamente galgavam a distância de 6km para a Mabil, e o aproveitamento dos demais que ficavam privados de instrução por causa desta distância.

Assim que a população de Gigune viu naquela Escola o “afamado”Professor Custódio, Escola esta que se dizia não ter alunos para uma turma, no mesmo ano, a mesma teve uma enchente de crianças que formavam dez turmas.


Sacrifícios bem galardoados...

Sentindo que a distância de 6Km que diariamente galgava de Mabil a Escola de Gigune, estava dando cabo de mim sem maior necessidade, pedi transferência (cinco anos depois), para a Escola Capela de Mabil, (a minha primitiva Escola), que fica a meio quilómetro da minha residência.

Os responsáveis fizeram a devida justiça, transferindo este docente que se sentia moído pelas marchas e nunca cansado pelo serviço do ensino.

Durante cinquenta (50) anos, totalmente entregues ou empregues ao ensino, a minha maior consolação foi ter conseguido passar das minhas carteiras, mais de três mil indivíduos ou pessoas, aproximadamente, já alfabetizados, catequizados e cristianizados, e ter trabalhado na formação de homens que se encontram espalhados por todo o país (e mesmo fora do país), muitos deles em postos de alto relevo.

Com efeito, o mérito principal dos 50 anos ao serviço do ensino é o facto de ter contribuído para a formação de cidadãos com conhecimentos científicos ou técnicos profissionais, que hoje dão valioso contributo na construção do País. Espalhados pelo país alguns mesmo no estrangeiro, há entre eles os meus antigos alunos, Serralheiros, Mecânicos, Alfaiates, Farmacêuticos, Médicos, Canalizadores, Electricistas, Carpinteiros, Pedreiros, Enfermeiros, Professores, Sacerdotes, Escriturários, Engenheiros, Pescadores, Agricultores, Arquitectos, Comerciantes Economistas, Marinheiros, Motoristas, Aviadores, entre outros, etc...
Consciente e educado, tenho nos meus (50) cinquenta anos, longos anos da minha vida no professorado, oportunidades que me são queridas pelo que representam ligação ao passado.

Os que por mim foram e são educados, são hoje um produto válido e serão eles que julgarão na realidade e com toda a justiça do trabalho que, nos pretéritos anos lhes foi dedicado.

Humildemente, continuo o meu caminho com a maior aspiração de me dar como até aqui à Deus e a Pátria,
E, hoje sou aquilo que sou, muito embora aposentado na educação, mas continuo a ajudar o povo:

. no Tribunal Judicial da Maxixe, Sou Juiz eleito;
. no Município da Maxixe, sou Deputado;
. na Igreja Paroquial da Maxixe; Comunidade de S. Lourenço de Mabil, como Fundador desta mesma Comunidade;
. Sou conselheiro a nível da zona da Paróquia

Inhambane, aos 08 de Setembro de 20011>>
Coloquei este artigo para a sua melhor compreensão sobre o contexto em que se insere a fundação da Escola Primaria de Mabil, que coincide com a Comunidade de São Lourenço de Mabil, para que perceba também o papel do Catequista e Professor Custódio Marques. Ele mesmo escreveu o artigo na sua Autobiografia enaltecendo o seu trabalho no sector da Educação, e como disse, ele esperava que os outros dissessem mais por ele.

Localização Geográfica

A Comunidade de São Lourenço de Mabil localiza a 6 quilómetros sul da cidade da Maxixe e 360,00 m a direita da estrada Nacional nº 1, encontrando-se no limite entre Macuamene e Mabil. Ocupa uma área de 2 hectares. Virado para a parte norte, tem na região leste o campo de futebol 11 pertencente ao clube da comunidade e a família ____________(que vive na propriedade da Comunidade?), oeste o cemitério da família Custódio Marques e a família ……………., Norte a família …..…… e a sul a Família José---. É intersectada por uma rua que passa para Mangapana, cruzando se com a antiga rua de Mabil, tendo outra que vem directamente para a Comunidade passando pelo campo de futebol. Bem dito, a Comunidade é ponto de intersecção de duas ruas.

Organização da Comunidade

A Comunidade tem um conselho representado pelo animador da Comunidade e seu vice, existindo outros membros: Tesoureiros, Secretários, Sectores da Família, da mulher, da Criança, da Justiça e Paz, da Catequese, da Juventude e vocações, os conselheiros, e actualmente esta a revitalizar o sector da Cultura, onde encontramos o desporto, canto coral, Teatro, e mais.
Divide se em dezoito núcleos. Parte se do princípio de cada Núcleo é feito por dez famílias. Mas a realidade mostra que existem núcleos com mais desse número de famílias. Feitos cálculos preliminares, encontram se dezoito Núcleos multiplicados por dez famílias, seriam cento e oitenta famílias. Cada família multiplicada pelo seu agregado mínimo de cinco pessoas, resulta num mínimo de novecentas pessoas. Mesmo assim, nem todas pessoas aparecem permanentemente aos domingos. Datas especiais, aquelas em que a maioria se junta, não resta espaço para ninguém, isto é, as contas não estão certas. Há mais pessoas crentes da comunidade de São Lourenço, mais do que o numero de Núcleos, agora que a religião tornou se moda alternativa.

A media dominical dos crentes estima se em 500 membros participantes aos cultos, fazendo parte crianças, jovens, adultos e velhos numa única celebração. Há distribuição eucarística em todos os domingos, feita pelos ministros extraordinários da Eucaristia formados para o efeito pela Paróquia respectiva.

A Fundação da Comunidade de São Lourenço

Depois de alguns anos de evangelização nas Missões de Homoine e de Mônguè, crescia no seio de brancos e assimilados e até mesmo dos indígenas o número de pessoas que eram convertidas para a fé Católica. Foi neste âmbito que os missionários de Homoine, concretamente o padre Joaquim de Sousa Violante, com o apoio do catequista e professor Custódio Marques pensou em encurtar distancia aos fiéis de Maxixe, construindo a Comunidade de São Lourenço de Mabil em 1936 e mais tarde a Missão de Sagrada Família da Maxixe em 19__ , esta veio acontecer com o Padre Martinho. Ele fazia convívios populares em Homoine e aqui na Maxixe em troca da castanha que posteriormente era vendida. O dinheiro é que foi aplicado na construção da Missão da Maxixe

Segundo fontes orais, o projecto foi concebido em 1934 para a construção da escola e capela de São Lourenço em Mabil. Em finais de 1935 terminou a construção da mesma e houve o primeiro recrutamento de jovens para ingressarem na escola e catequese, tendo iniciado com actividades lectivas em 1936, sendo o primeiro professor e catequista negro o Professor Custódio Marques.

Com a evangelização e ensino na região de Mabil e redondezas, muitos iam aderindo, embora houvesse alguns que fugiam sendo perseguidos até suas casas e praias para recolherem a escola. A população viveu momentos de euforia e ânimo da fé, com auxílio generoso do saudoso Padre Joaquim Violantes e mais tarde do Padre Martinho. A preparação para os sacramentos compreendia o ensino da doutrina cristã, a sociedade e cultura portuguesa, o ensino da escrita e leitura da língua portuguesa. Findos os anos da formação, a pessoa era admitida ao baptismo e estava também disponível a servir nas casas de brancos.
Assim ficou completado o plano de ver erguida uma Escola e Comunidade Católica na terra dos Vatongas. A partir deste período começou a fase da expansão da fé crista pelas redondezas de Mabil. Todavia, a Comunidade de São Lourenço de Mabil foi um modelo a ser seguido. Isto deu se por varias razoes. Uma porque aqueles que iam preparar a primeira caminhada de fé tanto em Mabil, Gigune, Muchirre, Bembe e outros lugares, na sua maioria tinham sido catecúmenos e alunos de Custodio Marques, ou se pretendemos assim, da Escola e Comunidade de São Lourenço, como ele mesmo diz na sua autobiografia. A preocupação das longas distâncias percorridas pelos alunos para a Escola Capela de São Lourenço permitiu com que houvesse necessidade de ter outras Escolas. É importante notar aqui que o objectivo maior da Igreja Católica não era de fundar escolas, mas os padres Franciscanos eram missionário e que queriam espaço para propagar o evangelho, entretanto, o governo português só aceitou esse serviço com a condição de os missionários ajudarem a garantir uma colonização efectiva. Isso passava por ter escolas que ensinassem a cultura portuguesa. Assim foram abertas escolas que ao mesmo tempo eram capelas. Talvez seja por isso que o governo de transição separou as comunidades católicas das escolas. Tal foi a sorte da Comunidade de São Lourenço de Mabil.

As Mudanças da Comunidade

Com a entrada do governo de transição em Moçambique, decretou-se que todas Escolas seriam nacionalizadas e as Igrejas (principalmente Católica) deviam retirar se das escolas. Os membros do governo não deviam ser professantes de nenhuma religião. Em resposta a esta situação política do país, a comunidade de São Lourenço sentiu-se obrigada a abandonar as suas instalações de Mabil, ora na Escola Capela de São Lourenço de Mabil. Os que ainda mantinham a sua fé juntaram-se como os discípulos após a morte do Senhor e durante as noites reuniam-se falando da situação da Comunidade. Aos domingos reuniam-se em segredo debaixo das árvores e liam a palavra de Deus. Partilhavam entre si a mensagem e discutiam sobre onde iriam fixar a casa do Senhor.

Um dos locais escolhidos foi junto a família Maghongane e Bernardo Siniquinha, conhecido por Primero wa Murowe. Quando foi fundado o comité do Bairro Mangapana, talvez por essa contínua perseguição, escolheu se um lugar ainda perto da sombra dos discípulos de Cristo. Estes, já que não tinham vez nem lugar, foram obrigados a abandonar o lugar, senão seriam presos.

Tendo sido feitas várias tentativas no sentido de encontrar um lugar ideal para construir a capela e que não entrasse em contradições com o governo (estar perto da escola, estrada ou sede do bairro, por exemplo), foi contactado o professor e Catequista Custódio Marques, pedindo-lhe parte do seu espaço para erguer a Capela. Ele foi solícito e cedeu o espaço que os membros precisassem. Foi então construída a primeira casa capela utilizando material local. Durante este tempo, quando houvesse intempéries, os cristãos reuniam-se na própria sala da casa do catequista para celebração da palavra.

Em 1986, o padre Elias Jacinto Ofm celebrou a solenidade dos 60 anos da fundação da comunidade de São Lourenço com muita glória. Neste ano já tinha sido ampliada a capela, sendo os bordos de caniço e a cobertura do teto em macuti misturada com palha. Houve naquele ano muitos baptizados e conversões. A Comunidade de São Lourenço tinha feito o seu retorno e todos membros, vindos maioritariamente de Mabil, Mangapana, Macuamene, Macupula e alguns outros lugares, assumiram aquele lugar como a sua própria casa. Mantendo o seu nome de sempre, Comunidade de São Lourenço de Mabil, dedicada unicamente a fazer actividades pastorais, proclamando o evangelho em todos lugares onde fosse possível.
Quanto a situação espiritual, a comunidade tinha aumentado o número de catequistas, sendo destac

dos o senhor Francisco Ndindane, Raquel Naene, Filomena Francisco, José Tomo (que era o coordenador da zona) e todos eram coordenados e aconselhados por ele, o senhor catequista e professor Custódio Marques. O Catequista José Tomo fazia acompanhamento de quase todas Comunidades da Maxixe e por vezes ia visitar algumas de Mongue.

São Lourenço de Mabil, Comunidade Mãe

Depois de cerca de 30 anos de evangelização e correspondendo aos anseios do governo português, houve necessidade de expandir a rede das escolas e consigo as igrejas. Foi neste âmbito que foram abertas as Escolas Capelas de Nhatitima em ----, de Nhaguiviga em-----, de Muchirre em ------, de Nhanguila em -------------. Com a abertura destas Escolas, alguns professores foram indicados a trabalharem nelas como professores e catequistas. É o caso de Jacinto Marunguja, Luís Gonzaga, Carlos Maorana, Joaquina Tinga, Joaquina Muando, alguns jovens e tantos outros (favor de comunicar os nomes de mais pessoas que podem contar alguns dados importantes. Quem não esteja interessado, não esta obrigado a constar o seu nome neste trabalho, mas há necessidade de dizer honestamente o que sabe sobre a comunidade de São Lourenço de Mabil). A abertura de novas escolas obrigou a formação de novos professores, como também a transferência cíclica do professor Custódio Marques que se responsabilizava na capacitação pedagógica e Missionária de outros (novos) professores.

Com a entrada do governo da FRELIMO e com toda a situação politica do País, muitas capelas encerraram as portas. Porém, a de São Lourenço nunca fechou. Continuou sempre firme. O seu exemplo foi apreciado por vários cristãos. Os cristãos das outras Capelas ora encerradas sendo apenas Escolas, vinham para a capela de São Lourenço. Relatos de algumas testemunhas dizem que os Baptismos e casamentos de cristãos funcionários de estado eram feitos de noite. O padre Elias Jacinto Ofm participou muito nesta luta para manter a fé dos perseverantes.

Neste momento não podia fazer nada abertamente. Era preciso acompanhar aqueles que mantinha acesa a vela da sua fé no coração, e, claro, pelas obras, ir gradualmente convidando outras pessoas. Esta era uma tarefa muito difícil, mas foi possível, porque Deus esteve sempre presente na História desta Comunidade, como podemos compreender e iremos demonstrar mais a frente a maneira milagrosa como sempre foi perseverante.

Quando a coisa politica melhorou um pouco, alguns cristãos começaram a manifestar interesse em ter as suas capelas perto de suas residências. O primeiro passo foi dado sob formas de núcleos da Comunidade de São Lourenço e onde tivesse membros suficientes faziam se cultos, excepto nos dias das festas e ou de visitas do padre na Comunidade Mãe. Assim São Lourenço era apelidada de Comunidade Mãe. Este facto de serem filhas de São Lourenço, não correspondia em todas as Comunidades que diziam “Comunidade Mãe”. Elas tinham sua razão porque ou os seus animadores tinham sido catecúmenos na comunidade de São Lourenço, ou então os membros da “Comunidade Mãe” faziam animação naquelas comunidades. Aqui está também o aspecto de o professor e catequista Custódio Marques, conhecido por vovo Cochi ou compadre Custódio, ainda Babe Dhudhu, encorajar os Núcleos a perceberem que podem ser uma Comunidade a ser acompanhada pela Missão, desde que haja pessoas interessadas em participar e fazê-la crescer. Assim, ele orientava algumas pessoas como Josefa Raimundo, Professora Joaquina e outros a irem até essas Comunidades fazerem os ensaios, reuniões e mais. A Comunidade de São Lourenço ia em grupos de Mamanas, de Jovens para as outras Comunidades (Filhas, ficaria melhor este nome para elas) com o objectivo de fazer troca de experiências entre as Comunidades. Nestes encontros, São Lourenço sempre transmitiu algo de novo para os outros. Basta lembrar que uma vez foi censurada por permitir as mulheres presidirem a celebração da Palavra até mesmo fazer leituras ou ritos funerários. Isto se deu porque nenhuma outra Comunidade o fazia, mais tarde veio uma resposta pelo “Eco das Comunidade” a favor deste envolvimento das mulheres e a ser encorajado pela Diocese. Agora, maior parte dos ministros de Eucaristia são as mulheres, talvez as que mais participam, principalmente que ajudam nos funerais.

Todas Comunidades da Maxixe tiveram visitas de São Lourenço e muitas vezes elas mesmas diziam “Comunidade Mãe”.

Os Momentos Marcantes da Comunidade de São Lourenço

ESCOLA CAPELA DE SÃO LOURENÇO DE MABIL

O professor Catequista foi um grande Animador e presidente da Palavra, ajudando muitos cristão a crescerem na fé. O acolhimento e fraternidade entre cristãos aqui permitiram com que os encontros fossem sempre uma festa, principalmente entre os vatongas. Esse foi também momento de muitas vocações: Casamentos cristãos, chamados para catequistas, animadores de coro, chamados a padres, irmãos e leigos. Muitos também descobriram que era possível mudar da situação precária em que viviam para outra melhor. Foi neste tempo que o coro de São Lourenço foi conhecido, os jovens mais fortes, os de Missão de Chambone, estes só respeitavam o coro de São Lourenço. Isto porque por estudarem na “cidade”, orgulhavam se muito. Por exemplo, na recepção do governador, foi uma grande competição coral em que os jovens de São Lourenço passearam a sua classe com a grande colaboração do José Custódio (que foi muito dedicado no ensino de muitos coros quando era Seminarista. Sempre que vinham de férias, os Seminaristas faziam muito trabalho de Animação e José Custódio foi muito dedicado). A beleza e a excepcionalidade dos coros e jovens da comunidade de São Lourenço contribuíram para que fosse sempre convidada a participar de grandes eventos. Pra alem da recepção do governador que vinha de Portugal, os jovens e cristãos de Mabil foram chamados para abrilhantar a despedida do Administrador da Maxixe, Pedro Paulo Matos.

O Padre Martinho, que trabalhou muito na construção da Missão da Sagrada Família da Maxixe e com ajuda dos cristãos de Mabil, sempre confiou este grupo coral. Por isso, se houvesse uma festa ou evento qualquer, convidava no mínimo 14 pessoas desta comunidade a juntarem se com as outras da Missão. Os eventos mais marcantes foram: A Festa do dia de São Francisco em Mucumbini em 1959, onde foi todo o coro e alguns cristãos da Comunidade; Outra viagem a Missão de Cambine. Em 1960, os jovens do Coro da Comunidade de São Lourenço foram para uma inesquecível viagem para visitar a Missão de São José em Maputo.

Não apenas o coro distinguia esta Comunidade, também a vivência da sua fé, como dissemos, nasceram muitas vocações que só não temos muitos padres por causa do caminho que era muito selectivo no tempo colonial, mas a contar pelo numero dos perseveraram muito, encontramos bons exemplos. Muitos jovens foram ao Seminário e as Casa de Formação de Irmãs. Isto acontecia devido aos animadores que a Comunidade tinha, sobretudo a animação do professor e catequista Custódio Marques. Ele mesmo permitiu com seus filhos, se o desejasse, fossem para serem padres. Insistia com os pais que ter um filho padre é bênção para os pais. Talvez por isso, ele tem uma filha irmã, a irmã Susana, e outros filhos e netos manifestaram a vontade até mesmo estiveram nos Seminários a procura da sua Vocação. A Catequese também foi característica da Comunidade. A Escola contava com a doutrina. Muitos recrutados para a Escola, os que não acabaram com o nível de Mabil, pelo menos receberam a doutrina (muitas mulheres e alguns homens dizem que aprenderam doutrina na Escola São Lourenço de Mabil). Este foi o primeiro momento que vem desde a fundação da Comunidade até a época das nacionalizações, esse período de uma crise e que a Comunidade dissocia se da Escola, e, vai aos apuros estalar se em Mangapana e ora os cristãos rezam em segredo.

SITUAÇÃO DA COMUNIDADE DE SÃO LOURENÇO ATÉ 1974?
(Período da 1ª Migração)
A História da África em geral estava a mudar desde 1960. Muitos Países ficavam independentes do colonialismo. Moçambique atrasou um pouco e só em 1974, a 07 de Setembro, a Frelimo assina com o Governo Português os acordos que dariam a sua independência em Lusaka. Foi o dia da Vitória (7 de Setembro). Isto mudou o cenário das coisas. A Frelimo começou o seu trabalho, que não importa avaliar neste ensaio da história de São Lourenço. A verdade é que pessoas em nome da Frelimo, algumas das quais também aprenderam nas Igrejas, mandaram fechar a Capela de São Lourenço e a Escola funcionou com o nome de Escola Primária de Mabil e agora é Escola Primária Completa de Mabil desde 1996. Aquele acto incluiu a destruição de algumas imagens e pintura interna do edifício, destruição de crucifixo e quadros de desenho. Algumas imagens foram enterradas. A ideia não era de mudar a Comunidade do lugar, mas sim, silenciar a voz do Senhor, calar o evangelho, o que não foi possível.
Com certeza, muitos cristãos ficaram aterrorizados e abandonaram a fé católica, muitos voltaram aos seus costumes (também não quero avaliar aqui). A Igreja foi perseguida. Entretanto, alguns continuaram a consultar ora ao professor e catequista o que deviam fazer. Ao mesmo tempo, faziam cultos clandestinos, muitas vezes de noite. Liam a bíblia, rezavam e debatiam os seus destinos. Para os sacramentos, estes eram feitos de noite, muitas crianças de casados eram baptizadas durante a noite. Os funcionários do estado, estes não deviam ser descobertos como membros da Igreja. Foi muito difícil.

As reuniões eram feitas debaixo de árvores, o local situa se junto a rua que vem de Sarene para a Escola de Mabi, depois da família Pene à esquerda quase para a casa dos Maghongane. Ali se tinha varrido debaixo do cajueiro e rezam. Nos dias de chuva iam para casa do professor Custódio e dividiam com ele a sua sala.

A Construção da Comunidade de São Lourenço de Mabil
(Período da 2ª Migração)
Descoradas todas p+ossibilidades, tendo arrefecido o calor da perseguicao religiosa, os lideres da comunidade começaram a tarefa de busca de um espaço que fosse beneficiar da construcao da comunidade. O professor Custodio, com o titulo de professor e com maior parte dos dirigentes merecerem lhe homenagem, já havia muita segurança em construir a Comunidade e rezar abertamente. O impossível era erguer a igreja junto da escola ou da estrada, ou ferir as ordens do Estado. Onde contruir a casa do Senhor? Este lugar deveria ser comprado pelos cristãos, ou oferecido provisoriamente. Foi encontrado um lugar e que avaliado pelo colectivo, ficou reprovado pela sua situacao geográfica. Havia muitos aspectos, devia ser um ponto de encontro para todos. Devia facilitar a chegada de quem viesse para rezar de Mangapana, Macuamene, Macupula e Mabil.

Nisto, foi contactando corajosamente o professor e catequista Custodio para dar uma parte do seu terreno, onde pudesse erguer uma palhota para as reuniões de culto da Comunidade. Ai se chamaria Comunidade de São Lourenço de Mabil. A resposta foi positiva que superou as expectativas dos pedintes: < < Escolham de acordo com o vosso gosto e onde bem vos provir.> >.
Esta doação foi repetida na década por si quando a Comunidade sentiu a necessidade de construir a sua Capela em material convencional.

Então, os cristãos, reanimaram se e juntaram as suas forcas. Construiu se uma barraca do tamanho para juntar as pessoas que rezavam naquele tempo. Continuou o serviço de evangelização e os padres acompanharam a Comunidade. Algumas pessoas preferiram rezar na Missão para participar da eucaristia. A Comunidade crescia e aumentava o número de baptizados e convertidos, como está espelhado no tema sobre os momentos marcantes da Comunidade. Havia também muitas inovações que incluíam o fortalecimento do papel da mulher na Comunidade e na sociedade. Foi mais uma vez, a primeira Comunidade a envolver a mulher nas celebrações, nas leituras, etc. Reconhece se muito aqui o trabalho feito na pastoral da mulher pelo senhor Daniel Mateuga, o qual passou a fazer parte das reuniões das mamanas da Comunidade. Por isso, talvez devidso a esse seu trabalho na companhia do vovo Custodio e da sua esposa, a mulher da comunidade de são Lourenço teve um papel muito importante em todos os tempos, mesmos nos momentos mais difíceis, chegando mesmo a fazer alguns trabalhos tidos como específicos de homens. Elas sentiam se também responsáveis na sua Comunidade.

O envolvimento da mulher e do jovem em muitos trabalhos resultava da consistência em ensinar e chamar novas pessoas, dando lhes tarefas, mesmo mostrando fracassos. Por isso, jovens eram responsabilizados depois do Baptismo e sobretudo crisma2, a presidirem a Celebração da palavra acompanhados por um adulto. Mais tarde, deviam também fazer a homilia.
Aqui foram celebrados os cinquenta anos da fundação da Comunidade de São Lourenço. Foram celebrados os cinquenta anos de casamento do pai da Comunidade de São Lourenço de Mabil. Outro acontecimento foi o de a Irmã Susana, filha de Catequista e professor Custodio Marques pedir e ser aceite celebrar os seus vinte e cinco anos de consagração religiosa na sua Comunidade em 15 de Janeiro de 1995. Foi uma ocasião para revitalizar e engrandecer a fé. O catequista Custodio Marques encarregou se em preparar os crismas que resultou em 150 crismas no mesmo dia. Foi um culto muito concorrido e a celebração foi encarregada ao Fr Amaral Bernardo Amaral, mestre de noviços franciscanos na altura. Vide como a ocasião serviu para o despertar de muitas vocações. A sua pregação, o testemunho dos noviços vestidos a castanho e a experiência de ver 25 anos de consagração religiosa, contribuíram para que doze jovens manifestassem publicamente suas vocações. Alias, houve ocasião para as pessoas saberem o que fazer se desejarem ser padres ou irmãs. Este trabalho foi muito continuado pelo catequista, se preferirem, vovo Custodio. Aqui juntou se também o autor do livro ao grosso numero de vocacionados e seguiu a caminhada franciscana.

Ano seguinte, 1996, a comunidade celebrava sessenta anos da sua fundação. Outro marco muito importante que contou com muito serviço do ex Seminarista, o senhor Bernardo António. Foi agilizado o processo da preparação para o lançamento da primeira pedra para a Capela de São Lourenço de Mabil, e, o local escolhido pela maioria foi ainda no terreno do vovo Custodio. Perdoe, não tem laços de parentesco de sangue com ele, mas o facto de ser muito posterior a ele na fé, leva necessariamente a tratar lhe assim, vovo Custodio.

De Facto, para se feito o lançamento da p’primeira pedra, o conselho reuniu se e procurou muitos lugares, milagrosamente, contactaram o dono do terreno já oferecido. Ele reiterou a sua oferta, tal como se ofereceu a si mesmo e ate a sua filha a disposição de Deus. Assim foi feito. Para dinamizar e dar mais luz e diferença a passagem de sessenta anos, foram fabricadas camisitas com a Inscrição «60 anos da Comunidade de São Lourenço de Mabil». Foi também feita uma peregrinação com cânticos jubilosos do coro de São Lourenço, passando pela Escola Primaria de Mabil, onde todos ajoelharam e rezaram as Ladainhas da nossa Senhora. Depois continuou a marcha ate a estrada nacional. Não há carro nem pessoa que não parasse para admirar as maravilha que via. Depois, padre António Afonso ofm procedeu ao lançamento da primeira pedra da actual capela da comunidade de São Lourenço. Foram celebrados apenas nove Baptismos neste ano. Foi também o meu baptismo. Depois desta euforia toda, veio uma grande tempestade, já na semana seguinte houve uma discussão que ninguém compreendeu donde começou.

A divisão da Comunidade

Uma vez terminada a festa de sessenta anos da Comunidade e de lançamento da primeira pedra, havia sempre o costume de avaliar a festa e ver a frente. No domingo seguinte, parte das pessoas apareceu diferente. Essa maneira de comportar se tinha se verificado em alguns antes da festa, só que talvez faltava coragem. Como estava eminente a construção da Capela, então temiam ficar «sufocados» pelo resto da vida. Deviam manifestar seus desbotamentos, seus ódios e verdades. Não encontrando ate hoje os verdadeiros motivos, pode se concluir que o facto de ser terreno de «Custodio Marque» que já tinha muitos elogios pelo trabalho feito, não conseguirem suportar.

De uma maneira breve, algumas pessoas pressionaram os outros a juntarem se escolher remover a pedra abençoada, voltando a construir a Capela da Comunidade de São Lourenço de Mabil em Mabil. Chamaram se CISLOMA. Algumas pessoas deste grupo tinham seus objectivos, serem também lidewres, ou mesmo serem reconhecidos como era reconhecido o fundador da Comunidade de São lourenço de Mabil. Houv muita campanha, e as pessoas dividiram se em dois grupos opostos. Uns a favor de ficar e outros de sair.

No mio de tudo, havia dois factos, não se podia voltar par a escola e a primeira pedra tinha sido lançada num lugar aceite pela maioria. De outro lado, os cristãos lutavam e confundiam a sua f e com famas. Isso descontentou o pároco que decidiu não visitar nem acompanhar a Comunidade de São Lourenço. CISLOMA tinha varrido erguido um barraca junto da escola e essas pessoas não se saudavam com as de que permaneceram na actual Comunidade de São Lourenço. Todos domingos discutia se a situiaçao da comunidade e a celebração terminava sempre com os crente de joelhos postos no chão e oração da Evocação do Espírito Santo que tinha sido escrito em folhetos e duplicado para todos cristãos rezarem em um ou dois coros, dependendo de que orientava nesse domingo.

Para realização deste trabalho, contamos com informações orais de:
Família Luís Gonzaga; Família José Tomo; Família Manuel Vicente (Braço direito do Fundador); Família Rafael Muando; e tantos outros líderes da Comunidade e da zona. Este texto é apenas o preliminar, vai constituir desafio para o debate que trará o texto acabado sobre a Comunidade de São Lourenço. Para a sua perfeição, ouviremos o Conselho da Comunidade e da Zona. Ouviremos também as sensibilidades de algumas pessoas que não iam a igreja mas que se perceberam da situação da Comunidade, ou dos recém convertidos mas que depois aderiram e militaram pela comunidade, como a dona Isabel Rabiana e outros.

NB: Este Trabalho continua e ainda não é acabado.
1 Tirado da sua autobiografia, falando de si como professor, paginas 6ss.
2 Francisco Miguel, foi um dos jovens que se destacou no seu grupo de catequese, e antes do seu Baptismo, ajudou o seu catequista, dando catequese seus colegas e assumiu esse serviço apos o Baptismo. Também foi celebrante e fez partilha da palavra antes de ser Crismado.


Publicado por: Francisco Miguel

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