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Ambiguidades da noção de “subdesenvolvimento”

Breve análise sobre Ambiguidades da noção de “subdesenvolvimento”.

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O termo “subdesenvolvimento” possui diversos significados e ilustra diferentes realidades. O mais usual se refere à qualificação de países em um patamar econômico inferior em relação às grandes potências, na divisão do planeta entre nações ricas e pobres.

Os países subdesenvolvidos também são denominados Países do Sul (fator que causa certa dificuldade de compreensão para muitos, pois a posição geográfica de muitos Estados não obedece, necessariamente, à sua classificação econômica), Terceiro Mundo (classificação anacrônica na atual Ordem Mundial) ou “periferia do sistema capitalista” (em contraposição aos países centrais, que dominam os fluxos internacionais de capitais e tecnologia).                      

Segundo os economistas, após a Segunda Revolução Industrial, o termo “desenvolvimento” era sinônimo de industrialização, tal como “subdesenvolvimento” era utilizado para caracterizar economias predominantemente primárias. Entretanto, após a Segunda Guerra Mundial, com a industrialização de algumas nações periféricas, para um determinado país ser considerado “desenvolvido” deveria, além de ser industrializado, possuir tecnologia própria e indicadores sociais satisfatórios.

Todavia, é importante não compreender o subdesenvolvimento somente como um “estado”, mas como momento continuamente atualizado do processo histórico “subdesenvolvimento-desenvolvimento”. Ou seja, a atual condição de subdesenvolvimento de muitos países origina-se de séculos de exploração, que remetem às grandes navegações. Nenhum país desenvolvido sofreu intensa exploração colonial. Então, consiste em grave erro metodológico conceber o subdesenvolvimento como “etapa” a ser percorrida rumo ao desenvolvimento.                   

Assim, são controversas as classificações de países pobres e industrializados (Brasil, Índia, México, Argentina, entre outros) como nações “em desenvolvimento”, e a colocação de alguns pensadores que consideram a Europa pré-industrial como “subdesenvolvida”. É certo que as condições de vida da população europeia em geral eram piores naquele período, mas esse suposto subdesenvolvimento não tem nada a ver com as condições dos países pobres atualmente. Qualquer tentativa de comparações soaria como falsa analogia.

Quem emprega o termo “países subdesenvolvidos” sem fazer-lhe as críticas necessárias, corrobora, implícita ou explicitamente, com a idéia que esses países se encontrariam pura e simplesmente em um estágio de evolução econômica e social em atraso no tocante a aqueles países ditos desenvolvidos. De maneira geral, essa idéia não corresponde à realidade, pois os países qualificados como subdesenvolvidos estão em situação radicalmente diferente daquela que poderiam conhecer, há cinqüenta, cem, duzentos ou trezentos anos os países ricos e industrializados.

Além do fator histórico, é necessário analisar os indicadores sociais (IDH, por exemplo) e econômicos de forma correta. Tais indicadores, se estudados em separado, não representam à realidade, mas se interpretados em conjunto, fornecem dados importantes para compreender a real situação de um país.

Referências bibliográficas

LACOSTE, Yves. Géographie du sous-développement. 3. ed. Paris: PUF, 1976.

MASSEY, Doreen. Pelo espaço: uma nova política da espacialidade. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2008.


Publicado por: Francisco Fernandes Ladeira

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