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O Magnífico Festival Folclórico de Parintins

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O texto publicado foi encaminhado por um usuário do site por meio do canal colaborativo Meu Artigo. Brasil Escola não se responsabiliza pelo conteúdo do artigo publicado, que é de total responsabilidade do autor . Para acessar os textos produzidos pelo site, acesse: https://www.brasilescola.com.

Em lugares pequenos como é a famosa Ilha de Parintins no interior do Amazonas, a sabedoria do povo se agiganta em meio a triste realidade em que se encontra; o poder criador do anônimo artista ganha traços de pura magia e por alguns momentos a majestosa natureza se rende aos Caprichos do homem, Garantindo assim uma bela cultura popular.

O que faz a grandeza desse espetáculo que acontece no seio da floresta amazônica é a simplicidade de seu povo, o amor em construir um sonho que nasceu de uma singela paixão, onde o romântico enamorado cria um boi de pano (imortal) em promessa para alegrar a jovem que tanto lhe encanta. A história é mais ou menos assim, em noites escuras à luz de porongas no começo do século XX o quixote da Baixa do São José sai pelas ruas exaltando em prosa e versos seu louco amor e mostra a todos o quanto ama sua musa inspiradora. Entretanto, nem tudo são flores nos romances, eis que sua brincadeira incomoda outros setores da cidade, lá pela rua Cordovil e na Lagoa da Francesa rumores dizem que nasceu um adversário, um inimigo, um algoz, ou melhor, o contrário. Desse duelo entre o boi branco e o boi preto, das cores azul e vermelha, do coração e da estrela nasce o boi-bumbá de Parintins, um réquiem na dialética da natureza.

Os desafios da vida são provas incontestes da genialidade do caboclo. No começo da brincadeira nem energia elétrica havia por essas bandas, hoje em dia a festa dos bois representa quase que 100% da economia local. Naqueles tempos de tablado os brincantes eram em sua grande maioria pescadores, trabalhavam na roça e com o gado, cantavam alegremente suas modinhas (toadas) na batida da palminha e do cheque-cheque (instrumentos típicos da região) debaixo das centenárias mangueiras.

Em 2014, o número de festas com a marca PARINTINS será enorme, a capital Manaus que o diga (lá o boi é o ano todo), milhões em negócios serão fechados; multinacionais, políticos, turistas, imprensa, e outros tantos querendo uma fatia desse bolo, querem sua parte no empreendimento. Mas, como disse: nem tudo são flores, e o povão onde fica?

A resposta que se pode dá em relação ao povo é que bem poucos lucram com o evento, e por outro lado, aumentam vertiginosamente os delitos, a prostituição, o tráfico de drogas, já que na época da festa a população duplica.

É duro dizer isso do festival, mas acontece e é para se lamentar, levantar a cabeça e cuidar. Nem por isso o espetáculo perde sua força, a cada ano uma nova emoção, é de arrepiar ver o boi na arena e a galera fanática cantando no ritmo do dois pra lá dois pra cá, enquanto a outra galera fica em silêncio procurando os erros do contrário, é lindo! Somente vendo para se ter noção.

“Parintins dos parintintins dono das tribos desse lugar” já dizia mestre Chico a respeito desse pedaço de chão que é banhado pelo épico Rio Amazonas, meiga flor a tua sina é maravilhar o mundo com seu ritual de cores, tribos, danças e lendas, uma ópera que vai do sacro ao profano, do mítico ao real, preserva a natureza e a vida, protege a Amazônia com seus guardiões e conscientiza o mundo que o eldorado pode ser realmente aqui.

E que soem os tambores, porque isso é folclore, vem do povo, tem raiz, é a cultura do povo da Ilha Tupinambarana.

*Geone Angioli é especialista em Literatura Brasileira e professor de Língua Portuguesa do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas – Campus/Parintins.


Publicado por: GEONE ANGIOLI FERREIRA

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