Platão e a Academia
Platão e a Academia, O método socrático e a matemática, o verdadeiro conhecimento, vida intelectual, a contemplação das idéias, os discursos escritos.O texto publicado foi encaminhado por um usuário do site por meio do canal colaborativo Meu Artigo. Brasil Escola não se responsabiliza pelo conteúdo do artigo publicado, que é de total responsabilidade do autor . Para acessar os textos produzidos pelo site, acesse: https://www.brasilescola.com.
Tendo como pressuposto que Platão equipara virtude a conhecimento, e que a coragem está ao lado da razão, é a razão quem deve governar a alma. A razão tem o poder da reflexão, que dá a clareza de consciência, que permite analisar todos os atos. Eis que o que se dá na alma é o que chamamos de educação. E a alma busca o Bem, essa é a finalidade de todos os seus atos. Assim, a filosofia é realizada na Academia de Platão, pela oralidade, a vida comunitária regida pelos discursos e diálogos, pela educação da alma. O método socrático e a matemática (fonte em Pitágoras) são ciências necessárias à formação do filósofo, sendo que a matemática revela ordem, harmonia, fornecendo uma visão de perfeição do mundo inteligível.
Platão desiludiu-se com a política, diante das corrupções e violências cometidas no governo. Ficou impressionado com a morte de Sócrates, e constatou que há grande distância entre filosofia e política, e que são incomparáveis. Platão vê a filosofia com soberania para demonstrar a nível individual e público, o que é ser justo, para um governo e uma cidade justa. E que isso se concretizaria se os governantes fossem filósofos.
A Academia objetivava formar novos homens, no sentido transformador do amor ao bem, num ato de sublimação, visando o tornar-se virtuoso pela ação. O filósofo é aquele que escreve na alma. E o verdadeiro conhecimento, é universal, refletido em si mesmo e de si toma consciência. Por isso nos diálogos há o comum acordo, onde se superam os pontos de vista individual. Entretanto havia a liberdade de pensamento, de expressão. O fundamento da escola era o ato do diálogo, visto e tido como um modo de vida, pois o mesmo conduz à transformação do ser humano.
A vida intelectual é uma conversão da alma, que busca purificar-se, tomando consciência em si mesma das verdades eternas, libertando-se de todos os dogmas, das ilusões do mundo aparente. A alma se dispõe, escolhe o bem, visando uma vida boa e digna, e a sua libertação. Nas questões de se tornar um homem virtuoso, o conhecimento abstrato não interfere nos atos. Ele fornece os motivos para a ação, mas não modifica no coração dos homens a intenção de tal ação. Para atingir e influenciar a intenção nos atos dos homens é preciso que a alma tome consciência de si mesma, para apurar se o ato é intento de bondade sincera, de desinteresse e nobreza. É no ato, na conduta da ação do homem, que se vê e opera a virtude. Na ação é que está o seu fundamento moral, o conceito somente exprime de modo abstrato a sua realidade.
Platão diferencia os dois tipos de escrita que podem ser impressas: a escrita gravada na alma dos homens, e a escrita nos rolos de papel. E ele considera filósofo, aquele que tenta escrever na alma dos homens. Por isso, atribuía grande importância à oralidade. Os escritos em papel são passíveis de diferentes interpretações, e capazes de despertarem os mais variados sentimentos. Uma palavra escrita que está simplesmente impressa em papel aparente, corresponderia, a uma cópia da cópia. Por isso, a alma tem tanta dificuldade de reconhecer, de lembrar-se do verdadeiro conhecimento.
Uma palavra escrita tem que ser revivida (rememorada), para ser sentida e tocar nas profundezas da alma. Não basta a razão, o intelecto, refleti-la simplesmente. Precisa unir essa reflexão ao sentimento, que combinado à imaginação, vai ao encontro da idéia, a única e imutável que originou tal pensamento. Pois a variação das representações dá-se na aparência, na multiplicidade do mundo dos sentidos. E a razão, enquanto em contato com os sentidos, produzirá os mais variados conceitos, que não corresponderão à idéia em essência. Desse modo, a palavra falada tem o poder de firmar-se na nossa interioridade, pois no momento em que é proferida, é vivida, sentida, e se sentida é real. Os discursos escritos para serem estudados com fins didáticos, e inscritos na alma, devem ter como temas o bom, o belo e o justo.
Daí Platão ver o poder da transmissão do conhecimento pela oralidade. Pois a oralidade exterioriza, os sentimentos (rememoração) gravados na alma, quando da contemplação das idéias, e foram alcançados pelo pensamento, no uso da reflexão, isolado de todos os sentidos fenomênicos, pois são mutáveis e aparentes. O conhecimento é apreendido no curso da experiência, em contato com as coisas sensíveis, como uma espécie de rememoração. Pois, o mundo sensível participa do inteligível, traz na sua essência o princípio original. E o homem vem a conhecer, a saber, o que quer, por que quer, porque finalmente consegue compreender o que é.
Publicado por: Neiva da Silva Martinelli
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