PARQUE DAS AVES CARIRI: CRIAÇÃO DE UM PARQUE DE CONSERVAÇÃO E OBSERVAÇÃO DE AVES DA REGIÃO DO CARIRI DENTRO DA FLONA ARARIPE-APODI
Estudo sobre a criação de um parque de aves, das espécies encontradas na região do cariri, dentro das normas do Ibama para criação de aves.O texto publicado foi encaminhado por um usuário do site por meio do canal colaborativo Meu Artigo. Brasil Escola não se responsabiliza pelo conteúdo do artigo publicado, que é de total responsabilidade do autor . Para acessar os textos produzidos pelo site, acesse: https://www.brasilescola.com.
RESUMO
Na região do cariri existe uma grande diversidade de aves que se encontram em sua maioria na Área de Proteção Ambiental Chapada do Araripe, que desperta interesse do tráfico ilegal e a falta de conhecimento da população local, por essa questão propõem-se a criação de um Parque das Aves Cariri, onde oferecerá uma gama de atividades ecoturísticas, voltadas para conservação, observação e educação ambiental, como também esportes radicais para atrair diversos setores turístico. Essa intervenção acontecerá dentro das normas do Ibama para criação de aves silvestres, levando as pessoas a uma aproximação como a natureza, o entretenimento e o aprendizado em relação a ornitologia, desta forma, este trabalho contribuirá para uma maior conscientização sobre a preservação da avifauna e a diminuição do comercio ilegal de aves silvestres.
Palavras-chave: Avifauna; Conservação de aves; Flona Araripe-Apodi; Ecoturismo.
INTRODUÇÃO
O parque das aves do Cariri é um projeto que visa a conservação das espécies de aves encontradas na região do Cariri, no nordeste do Brasil, tendo como finalidade a conservação da biodiversidade que se encontra em franco processo de extinção, é o primeiro projeto do gênero nesta parte do País e será desenvolvido dentro da Flona Araripe Apodi, uma Parceria Público Privado (PPP), localizado dentro da APA Chapada do Araripe, mais especificamente na cidade de Barbalha no Estado do Ceará.
O parque contará com um estacionamento, bilheteria, trilhas para percurso guiado, uma trilha suspensa, galeria de destaque, aviários para observação, berçário, centro veterinário, centro de quarentena para aves apreendidas, centro de alimentação das aves, um mirante, quiosques e banheiros. O visitante terá uma experiência de conexão com o meio ambiente e as aves em seu habitat natural, serão criados viveiros que reproduzirão os ecossistemas de cada grupo de pássaros, ou seja, as aves da caatinga.
Entre os anos de 2010 e 2014 pesquisadores e biólogos vinculados ao Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), catalogaram no Brasil 1980 espécies de aves, dentre elas 234 aves estão ameaçadas de extinção. Alguns fatores aceleram esse processo de extinção, como as queimadas, o tráfico ilegal, hidrelétricas, turismo desordenado, mineração, extração e incêndios florestais. (MACHADO E ARAUJO, 2018).
Existe serviços do Governo que catalogam e planejam a conservação da avifauna no Brasil, como PAN, Plano de Ação Nacional, que no último de seus relatórios em 2019, o “PAN Aves da Caatinga” estabeleceu estratégias prioritárias de conservação para 39 táxons de aves endêmicas e de outros bioma consideradas ameaçadas de extinção, o Centro Nacional de Pesquisa e Conservação das Aves Silvestres (CEMAVE) também avaliam a cada cinco anos espécies em risco de extinção e a (ARA) Atlas de Registro de Aves Brasileiras que reúne informações referentes à biologia das espécies e ações de conservação. (ICMBio, 2020).
Mediante aos serviços citados, está registrado como risco de extinção por perda do habitat provocada pelo desmatamento e degradação de mananciais o soldadinho-do-araripe (antilophia bokermanni), estando entre as 190 aves classificadas como Criticamente em Perigo de desaparecer no mundo, das quais 22 vivem no Brasil, segundo a BirdLife International. (ICMBio, 2020). Restam menos de 800 casais de sua espécie, encontrado somente nos municípios de Barbalha, Crato e Missão Velha, a ave é endêmica do Ceará, um pássaro raro que depende da água das nascentes para sobreviver, e muitos dos habitantes da região não tinham conhecimento da ave, mas hoje fomenta o turismo e impulsiona a economia.
Segundo Neiman e Mendonça, (2000, pág.105) “O setor de ecoturismo, definido muito recentemente, se propõe a possibilitar o contato dos indivíduos com os espaços naturais, de modo a garantir a esses últimos sustentabilidade econômica eecológica.” Atualmente na região do Cariri temos como referência turística ambiental o Geoparque Araripe, localizado na APA Chapada do Araripe, contendo 9 geossítios (geológicos e paleológicos) nas de Juazeiro do Norte, Crato, Barbalha, Missão Velha, Nova Olinda e Santana do Cariri. No topo da chapada encontra-se a Flona Araripe-Apodi, a primeira floresta nacional a ser preservada, e será a área de intervenção do devido projeto.
De acordo com Macêdo e Pinheiro (2014, pág.147), “dentro da proposta do Geoparque Araripe, esse segmento da atividade turística é a promoção do crescimento econômico da comunidade, a entrada de recursos financeiros e o aumento do rendimento das pessoas para que elas usufruam do ambiente natural sem destruí-lo. No entanto, se faz necessário conhecer os recursos para poder explorá-los de forma sustentável.”
Mediante a pesquisa feita para os moradores da comunidade Riacho do Meio, Barbalha-CE, 61% dos entrevistados tem sua renda de programas governamentais, quanto a influência do Geoparque no desenvolvimento da comunidade 34% não souberam responder, em relação ao comportamento dos turistas 58% não souberam responder, os impactos econômicos sobre a comunidade parecem inexpressivos à medida que há eficácia do geoturismo e preservação ambiental. (MACÊDO E PINHEIRO, 2014).
Conforme o (IBAMA CE, 2020), “O Ibama fiscaliza empreendimentos e atividades que envolvem criação, venda e exposição de espécies da fauna, e também atua no combate à caça, à captura de espécimes na natureza e aos maus tratos de animais” No ano de 2016, o Ibama registrou a maior apreensão de aves na região do cariri, foram cerca de 260 pássaros da espécie canários-da-terra, 257 canários, 1 sabiá e 1 abre feixe, encontrados em um fundo falso de um veículo. (NETO, 2016). Muitas espécies além de sofrer maltrato, morrem no processo de transporte ilegal, que ocorrem em tubos de cano pvc, pequenos caixotes de madeira ou caixa de papelão. O projeto prevê a reabilitação e cuidados médicos veterinários, para a introduzir a natureza, junto as demais famílias.
Assim como o comercio ilegal de aves, as queimadas na Flona Araripe-Apodi é um fator preocupante, devido ao clima tropical quente semiárido, a possibilidade de se conter o fogo é mínima, em agosto de 2019 o Corpo de Bombeiros e o ICMBio registraram várias ocorrências de incêndio e queimadas no Cariri, em Janeiro de 2020 um incêndio de grande proporção devastou uma área de equivalente a 2mil hectares, onde levará em torno de 30 anos para a área devastada se recuperar, o ocorrido afetou não só a fauna e a flora, como também a renda de famílias extrativistas. (RODRIGUES, 2020).
Portanto, na decorrência dos impactos ambientas como queimada e incêndio, a critico risco de espécies ameaçadas, o tráfico ilegal de aves silvestres e a falta de informação turística e empregabilidade, prevê-se a implantação de um Parque em uma Parceria Público Privado (PPP), onde geraria empregabilidade, conhecimento sobre a preservação ambiental, conservação da avifauna local e o crescimento do polo turístico, incentivando assim, o desenvolvimento econômico, social, cultural e turístico para cidade de Barbalha e regiões vizinhas.
OBJETIVO GERAL
Criação de um parque de aves, das espécies encontradas na região do cariri, dentro das normas do Ibama para criação de aves, com o intuito de conservar e levar as pessoas uma aproximação como a natureza, o desenvolvimento do polo turístico e o aprendizado em relação a ornitologia promovendo assim, a diminuição do comercio ilegal de aves silvestres.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
- Conceberá um observatório/criatório, com áreas de lazer integrada.
- Um centro veterinário especializado em receber aves apreendidas, para cuidados especiais de reabilitação e reprodução das mesmas.
- Um centro de exposição de fotos e estudos de cada espécie.
- O parque garantirá a conservação das aves nativas e o ecoturismo.
METODOLOGIA
Este trabalho terá como objetivo traçar problemáticas e soluções para que levem a criação de um Parque de preservação e observação, visando contribuir com o desenvolvimento cultural e econômico local. A pesquisa é de natureza aplicada, com o intuito de através do conhecimento científico busque a aplicação na prática para os problemas específicos, bibliográfica que por meio de livros, artigos científicos e sites permita a investigação do problema e exploratória levantando estudo de caso e familiaridade com objeto de pesquisa.
Na primeira etapa de orientação será feito um levantamento bibliográfico através de livros, artigos científicos, e sites governamentais, levando assim para um posicionamento mediante a pesquisa por intermédio de um embasamento teórico. Já na segunda etapa, farar-se-á um levantamento de dados quanto ao planejamento, estudo e desenvolvimento, seguido da delimitação da área de estudo que será a conservação de aves e o ecoturismo localizado no município de Barbalha-CE, gerando assim um mapeamento dessa região, na terceira etapa de pré-projeto, buscaremos a viabilização por meio de leis e planos, reorganizando assim a proposta de um Parque dentro de uma PPP, e como será a aplicação das estratégias no mesmo, toda essa sistematização de referencial teórico, mapas de base e estratégias levará as diretrizes do projeto.
CONSERVAÇÃO DE AVES
- Conservação Ambiental No Brasil
O movimento conservacionista brasileiro advindo de tempos coloniais, sob a iniciativa de José Bonifácio de Andrada e Silva (1763-1838), e Hercules Florence (1877) condicionou o desenvolvimento à proteção ao meio ambiente (art. 170, VI). Na decorrência da criação de vários Parque Nacionais surgiram unidades não governamentais de fiscalização e proteção, mas foi em 1989 que ocorreu a primeira entidade governamental responsável pela conservação da natureza e, em particular, dos Parques Nacionais e Unidades de Conservação, como as APA´s, que é o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA). (SICK, 2001).
De acordo com a Lei nº 11.516, 2007, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis – IBAMA, autarquia federal dotada de personalidade jurídica de direito público, autonomia administrativa e financeira, vinculada ao Ministério do Meio Ambiente, assim como o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidades – ICMBio, tendo o poder de exercer como polícia ambiental para a proteção das Unidades de Conservação federais. (BRASIL, 2007).
Portanto a conservação ambiental se dá pelo uso sustentável da natureza, procurando garantir o equilíbrio entre as atividades humanas e a renovação dos recursos naturais, fiscalizada pelos órgãos citados, como intuito de executar e promover, programas recreacionais, de uso público e de ecoturismo nas unidades de conservação, onde estas atividades sejam permitidas.
- Conservação de Aves da Caatinga
O Bioma Caatinga é o único restrito ao território brasileiro, ocupa uma área de 835.997km², abrange basicamente a Região Nordeste, com algumas áreas no Estado de Minas Gerais. O nome “Caatinga” é de origem Tupi-Guarani e significa “Floresta Branca”, uma alusão ao aspecto da vegetação durante a estação seca. O clima da região é tropical semiárido, chove menos de 750mm anuais, concentrados e irregularmente distribuídos entre os meses de novembro e junho, a vegetação apresenta o aspecto seco dominadas por cactos e arbustos, sugere uma diversificação da fauna e flora. (LEAL, TABARELII E SILVA, 2003).
Segundo a PAN Aves da Caatinga (2019, p. 2) "a caatinga tem sido apontada como uma importante área de endemismo para as aves sul-americanas, porém a distribuição, a evolução e a ecologia da avifauna da região continuam pouco investigadas, refletindo, consequentemente, na política e ações de conservação.” O Ceará está inserido no Bioma Caatinga, apesar de tudo ser considerado caatinga, existem uma enorme variedade de solos e relevos, permitindo uma diversificação da paisagem e vegetação, ou seja, todos os animais encontrados dentro deste bioma são considerados da caatinga, mesmo que localizados em serras e chapadas.
A conservação da caatinga está relacionada ao combate da desertificação, processo de degradação ambiental que ocorre em áreas áridas, semi-áridas e subúmidas secas. Atualmente 80% do seu ecossistema original foram alterados na decorrência de queimadas e desmatamento, por outro lado, há uma intervenção de pessoas que usufruem de recursos da sua biodiversidade para sobreviver, e gerando um desenvolvimento econômico local. No contexto internacional, a caatinga está relacionada diretamente a duas convenções de meio ambiente, no âmbito das nações unidas, sendo a Convenção de Diversidade Biológica - CDB e a Convenção de Combate à Desertificação – CCD, onde neste contexto coopera na conservação deste bioma. (MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE, 2020).
- Unidades de Conservação
As Unidades de Conservação são áreas vulneráveis que merecem cuidados especiais devido suas peculiaridades naturais. Sejam elas de esfera federal, estadual, municipal ou privada, abrigam importantes espécies consideradas pelo PAN Aves da Caatinga, com o intuito de proteger e recuperar aves ameaçadas de extinção por meio de diversas medidas. Tem-se como objetivo especifico a redução da perda e alteração dos ambientes naturais, manutenção e recuperação dos habitats das espécies alvo, manutenção e incremento das populações das espécies alvo do Plano e redução das pressões de caça e do tráfico. Serão 70 um número de ações estimado a um custo de 8.655.000 milhões de reais, com vigência prevista até dezembro de 2022. (PAN AVES DA CAATINGA, 2019).
São avaliados grupos taxonômicos pelos Centros Nacionais de Pesquisa e Conservação do Instituto Chico Mendes, orientados pela Diretoria de Pesquisa, Avaliação e Monitoramento da Biodiversidade – DIBIO, e contam a participação de pesquisadores de várias Sociedades Cientificas e instituições de ensino e pesquisa, que fornecem informações e avaliam o risco de extinção das espécies.
Foram avaliados 1.979 taxóns de aves no Brasil (ICMBio 2018), dentre os quais, 193 espécies encontram-se na Chapada do Araripe, 15 ocorrem exclusivamente no Brasil (Sick, 2001), uma endêmica da região (antilophia bokermanni, Coelho e Silva, 1998) sendo criticamente em perigo de extinção (CR), e 11 espécies ameaçadas de extinção (EN). (Plano de Manejo - FLONA/ARARIPE, 2005).
- Ameaças
De acordo com o Plano de Ação Aves da Caatinga (2019, p. 5) "são diversas as ameaças à avifauna da Caatinga, sendo que muitas delas podem ser consideradas restritas a uma determinada espécie ou localidade como, por exemplo, o impacto causado por atividades de extração mineral, o turismo desordenado, espécies invasoras e o uso indiscriminado de agrotóxicos."
A expansão de atividades agropecuárias representa o principal fator de pressão para as espécies da Caatinga. Caça/captura vem em segundo lugar, afetando espécies capturadas para consumo, como a ave zabelê (Crypturellus noctivagus zabele), a captura para tráfico também é citada para alguns psitacídeos. (MACHADO E ARAUJO, 2018). O desmatamento parcial ou corte seletivo de determinadas espécies vegetais é realizado para o abastecimento de carvoarias ilegais. O desmatamento total tem-se o uso de queimadas e está principalmente ligado à pecuária e às práticas agrícolas, gerando um empobrecimento do solo e afetando a fauna. (PAN AVES DA CAATINGA, 2019).
As principais ameaças do presente/futuro é a perda e degradação do habitat, seguida pela captura excessiva, a invasão de espécies exóticas e a poluição, a perturbação antrópica e a morte acidental, alterações na dinâmica das espécies nativas e os desastres naturais. (MARINE E GARCIA, 2005). Há também os efeitos das mudanças climáticas sobre a avifauna, que precisam ser melhor estudados e compreendidos, pois a previsão até 2070 é que haja redução da distribuição climaticamente adequada para algumas espécies dependentes de florestas, agravando o seu risco de extinção. (PAN AVES DA CAATINGA, 2019).
Umas das ameaças que afetam diretamente as aves da Caatinga é a caça, que tem como finalidade o comércio ilegal, sendo ele para criação, venda ou consumo. A criação de aves silvestre está elencada a cultura de cidades ou vilarejos de interiores, assim como o consumo de determinadas aves, gerando um lucro ilegal. (PAN AVES DA CAATINGA, 2019). A maioria das espécies capturados ilegalmente são libertadas em locais impróprios, ou seja, fora de sua distribuição geográfica natural, e sem uma avaliação apropriada de seu estado sanitário, sendo os efeitos dessas solturas desconhecidos. (MARINE E GARCIA, 2005).
O comércio ilegal de animais silvestre está estimado como terceiro maior do mundo, perdendo apenas para o de armas e drogas, gerando uma rentabilidade de quantias superior a 15 bilhões de dólares. A participação do mercado negro brasileiro leva a uma movimentação de aproximadamente US$ 2 bilhões ao ano, levando a esse comércio um lucro duas vezes maior que o prejuízo causado as espécies. (SOUSA, 2010).
São inúmeras atividades cruéis, além das “criações de aves de estimação”, como o caso das aves destinadas ao abate, onde fazem uso das penas para travesseiros ou artesanato, o fígado usado para patê ou a própria carne da ave que são servidas em finos restaurantes e por outros criadores em busca de choque de sangue. (SOUSA, 2010).
À vista disso, o desenvolvimento de projetos de conservação da avifauna local, visará um acompanhamento veterinário para reintrodução de aves do tráfico ilegal na natureza, incentivando ao órgãos ambientais confiar na responsabilidade do mesmo, possibilitara a educação ambiental, o lazer e o ecoturismo, com uma intervenção que preveja a reposição/recuperação do desmatamento no decorrer do processo construtivo, assim como, um projeto de combate a incêndio, sendo de causas naturais ou de intervenção humana, sabendo que está área há ocorrência de vários casos de incêndio ao logo do meses de setembro a janeiro.
CHAPADA DO ARARIPE
A Área de Proteção Ambiental Chapada do Araripe é uma Unidade de Conservação que visa proteger a diversidade biológica, disciplinar o processo de ocupação e assegurar a sustentabilidade do uso dos recursos naturais. Tem como bioma predominante a caatinga, com área 972.605,18 hectares, localizada nos estados do Ceara, Piauí e Pernambuco onde abrange os municípios de Abaiara (CE), Araripe (CE), Barbalha (CE), Brejo Santo (CE), Campos Sales (CE), Crato (CE), Jardim (CE), Jati (CE), Missão Velha (CE), Nova Olinda (CE), Penaforte (CE), Porteiras (CE), Potengi (CE), Salitre (CE), Santana do Cariri (CE), Araripina (PE), Bodocó (PE), Cedro (PE), Exu (PE), Ipubi (PE), Serrita (PE), Moreilândia (PE), Trindade (PE), Fronteiras (PI), Padre Marcos (PI), São Julião (PI), Simões (PI), Caldeirão Grande do Piauí (PI), Alegrete do Piauí (PI), Marcolândia (PI), Caridade do Piauí (PI), Curral Novo do Piauí (PI), Francisco Macedo (PI). (MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE,2020).
Essa área de proteção ambiental, foi criada pelo Decreto Presidencial de agosto de 1994, considerando que a APA Chapada do Araripe dispõe de um plano de manejo, não cabe aqui qualquer intervenção na Flona, visto que, a Chapada do Araripe envolve totalmente a Flona. Em caso de licenciamento de atividade degradadora que ponha em risco o equilíbrio das FLONA, esta UC seja ouvida pela APA ou qualquer outra instância do SISNAMA. (ICMBIO, 2020).
- Flona Araripe-Apodi
A Floresta Nacional Araripe-Apodi foi a primeira unidade de conservação de sua categoria no Brasil, aprovado pelo decreto-lei nº 9.226, de 2 de maio de 1946, e ficaram sujeitas ao regime estabelecido pelo Código Florestal aprovado pelo Decreto nº 23.793, de 23 de janeiro de 1934. (PRESIDENTE DA REPÚBLICA, 1946). Com intuito de conservar os recursos florestais e manter as nascentes de água que irrigavam os vales, tem sua gestão e administração pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade- ICMBio, com sede no município de Crato/CE. (Plano De Manejo – FLONA/ARARIPE, 2005).
Os biomas predominantes são o cerrado, cerradão, carrasco e flores úmidas, as vias de acesso a esta unidade são a BR-122 Exu-PE, CE-060 Jardim ou Barbalha, CE-292 Crato ou Nova Olinda, CE-494 Crato, e as rodovias não pavimentadas interestaduais e intermunicipais que cortam essa unidade de conservação, interliga as vias de Crato-Moreilândia, Crato-Santana do Cariri, Crato- Jardim, Arajará-Moreilândia. A distância até os centros urbano do Crato é de 10 km, Barbalha 12 km, Jardim 8 km e Santana do Cariri 12 km. (Plano De Manejo – FLONA/ARARIPE, 2005).
- Geoparque Araripe
O Geoparque Araripe localizado no sul do Estado do Ceará, abrangendo seis municípios: Crato, Juazeiro do Norte, Barbalha, Missão Velha, Nova Olinda e Santana do Cariri, como é possível observar na (Figura 19). No Brasil o primeiro Geoparque foi criado a partir da iniciativa do Governo do Estado Ceará, que em dezembro de 2005, solicitou ao Departamento de Ciências da Terra da UNES CO a inclusão do Geoparque Araripe na Rede Global de Geoparques Nacionais. (MACÊDO E PINHEIRO, 2014).
"Elaborou-se um relatório técnico, produzido a partir de levantamentos geológicos e paleontológicos e feita a avaliação em campo por peritos da UNESCO. O Geoparque Araripe foi oficialmente reconhecido na Segunda Conferência Internacional de Geopaques da UNESCO em Belfast, Irlanda do Norte, em 2006." (HERZOG, 2008, apud MACÊDO E PINHEIRO, 2014, p.148).
Segundo Brilha (2005, pág. 190), um geossítio é a “ocorrência de um ou mais elementos da geodiversidade (aflorantes quer por resultado da ação de processos naturais, quer devido à intervenção do homem), bem delimitado geograficamente e que apresenta valor singular do ponto de vista científico, educativo, cultural, turístico ou outro”. Dentre o Geoparque Araripe encontram-se 9 geossítios, cada um com suas particularidades e entretenimento diferenciados.
Existem guias de turismo e Agência de turismo em parceria ao Geopark Araripe voltadas para passeios turísticos dento dos geossítios. o geoturismo e o ecoturismo são vertentes que vem ganhando um novo seguimento a cada ano, alguns impactos positivos do setor estão relacionados à conservação do Patrimônio. Natural, geração de empregos diretos e indiretos, a compreensão do ambiente através de uma educação ambiental dos visitantes e o aumento da conscientização da população local.
ECOTURISMO
Conforme Ceballos-Lascurain (1991) apud, Pires (1998 p. 79), "o ecoturismo é uma forma de ecodesenvolvimento que representa um meio prático e efetivo de atrair melhorias sociais e econômicas para todos os países, e é um poderoso instrumento para a conservação das heranças naturais e culturais pelo mundo."
A justificativa de Layrargues (2004) quanto a importância do ecoturismo, ressaltam três fatores relevantes, que são: o desempenho na proteção ambiental, as trocas culturais e a geração de emprego e renda. Levando em conta que tem sido uma área de estudos científicos, tenta-se compreender as relações positivas ou negativas e estabelecer limites e possibilidades em relação a conservação ambiental.
O ecoturismo está definido por setores em função dos seus interesses mediatos e imediatos, que tende a conceber sua própria ideia quanto a origem, definição ou terminologia a respeito do ecoturismo:
- O trade turístico, ou seja, operadores, agências, promotores, empresas de viagens, hotelaria, guias, etc. Define como uma promoção de atividades ecológica.
- A área governamental e os organismos oficiais ligados ao turismo. Procurar planejar estratégias nacionais para o desenvolvimento de uma determinada região.
- As organizações não governamentais da área ambiental e conservacionista. Veem o ecoturismo como meio útil para o desenvolvimento conservacionistas das regiões.
- As populações residentes nos destinos potenciais. Conceituam como um aspecto de valorização dos recursos naturais e culturais, gerador de renda.
- O público turista e suas diferentes motivações de viagem; conceito particular, condicionado pelas motivações e expectativas pessoais.
- O meio acadêmico estuda sobre a pesquisa e a reflexão do tema. (PIRES, 1998).
- Ecoturismo e o Desenvolvimento Socioeconômico
O desenvolvimento socioeconômico é considerado um processo que requer reflexão teórica, entre as relações do ecoturismo e a reprodução das condições sociais. Essas relações levantam uma discussão a respeito das oportunidades oriundas do mercado ecoturístico, que pode movimentar altas quantias de recurso financeiros, considerando que esse segmento é o que mais cresce no mundo. O mercado de ecoturístico no Brasil movimenta em torno de meio milhão de turistas, com cerca de 500 milhões de reais ao ano, gerando uma empregabilidade direta, mas não se sabe ao certo onde estão distribuídos os benefícios dessa riqueza gerada. No entanto, o ecoturismo apresenta uma vaga expressão em promover o bem-estar e a melhoria da qualidade de vida da população local, diante da concentração de renda no setor promovedor, e mesmo assim, o ecoturismo sobressair como uma importante função social na geração de emprego e renda, benefícios indiretos e melhoria da qualidade de vida dos envolvidos. (LAYRARGUES, 2004).
Layrargues (2004), também afirma que o mercado capitalista construiu valor destruindo a natureza, e agora protege a natureza para se ter valor. A questão é saber como será repartida a riqueza gerada pela exploração econômica da natureza protegida.
Surge a preocupação em definir ecoturismo, se é para promover o bem estar dessas populações, compreende como integração ao processo de desenvolvimento econômico sem corromper suas características culturais, afinal, a população local são os únicos a conhecer as formas de sustentabilidade de um determinado ambiente. (NEIMAN E MEDONÇA, 2000).
Devido a procura por espaço natural, que remeta a pureza, a ordem, o ritmo e a estética natural, urge a necessidade de criar políticas públicas voltadas ao ecoturismo, onde possibilite a formação profissional, aplicada em duas vertentes, uma que prepara para geração de empregos, outra que prepara para ascensão social, ou seja, que vise as questões ambientais e culturais, mas também a socioeconômica da sustentabilidade. (LAYRARGUES, 2004).
A definição de Layrargues (2004, pág. 5) é que “políticas públicas liberais e conservadoras podem ter como meta a “geração de emprego e renda”, investindo, por conseguinte, em modelos de ecoturismo empreendedor; já as políticas públicas progressistas e emancipatórias podem ter como meta a “ascensão social e a distribuição de renda”, investindo, portanto, em modelos de ecoturismo de base comunitária.”
A proposta do parque destaca para aplicação desses modelos, onde a percepção dos visitantes não seja somente de exuberância e aventura, mas também, se conheça o local e as pessoas que ajudam na conservação e educação ambiental.
Neiman e Mendonça (2000) explicam que sustentabilidade são argumentos estritamente técnicos, embasados no conhecimento científico, que a criação de uma unidade de conservação não garantirá que existirão ecossistemas viáveis. Esse estudo, pode prever a quantidade de árvores que se pode cortar para fazer um manejo florestal ou quantos animais pode-se abater para garantir a estabilidade de uma população.
Devemos refletir dentro de uma nova lógica, que possibilite desenvolver uma relação harmoniosa entre o ser humano e o seu contato com o ambiente natural, ou seja, a fauna e flora. Para isso, é necessário que os ambientalistas, os empresários interessados nas atividades em parques e os administradores discutam sobre os destinos dessas áreas, perante ótica de conservação coletiva, que não se restrinja somente a ação do poder público. Observa-se ainda que as populações residentes possuem um forte vínculo com a natureza, desenvolvendo uma característica cultural local. (NEIMAN E MEDONÇA, 2000).
Acredita-se que o contato com a natureza, já é suficiente para garantir mudanças excepcionais no comportamento do indivíduo. Com isso as instituições brasileiras voltadas para as atividades ecoturísticas veem ganhado prêmios, principalmente as ONGs, por incentivar o setor e o trabalho educativo elaborado a partir de pressupostos inovadores. Diferentemente de algumas empresas que ainda priorizam a prestação de serviços e ao retorno econômico, tendo em vista, o prejuízo causado pelas ações conservacionistas. (NEIMAN E MEDONÇA, 2000).
- Ecoturismo na Região do Cariri
O município de Barbalha é reconhecido pela arquitetura colonial e suas tradicionais festas juninas, embasados na tradição religiosa, a vida cotidiana dos moradores ainda é a agricultura e o comércio que cobre toda a extensão de bares, restaurantes e boutiques, assim como o setor industrial que segue em avanço contínuo. A cidade ostenda de suas belezas naturais, nascentes de águas, balneários, cachoeiras e trilhas compondo o cenário de um lugar atraente e charmoso para visitar ou morar. (LIMA, 2016).
Na pesquisa obtida por Macêdo e Oliveira (2013, pág.12), quanto a percepção dos gestores no incentivo do turismo sustentável, mostrou que, “na cidade de Barbalha, verificou-se que apesar da cidade apresentar uma significativa área verde, com fontes naturais, fauna e flora de grandes riquezas, não existe nenhuma ação para aproveitar e incentivar o Turismo Sustentável. As ações que foram desenvolvidas com o GeoPark foram de palestras, casos relacionados a preservação do meio ambiente. O turismólogo ressalta a importância da existência de planejamentos para o desenvolvimento do Ecoturismo na região, apesar de não existirem esse tipo de projeto para a cidade.”
Levando em consideração, a falta de planejamento e incentivo das instruções públicas voltados para o setor ecoturístico, e desconhecimento de sustentabilidade e turismo pelos moradores ao redor do Geossíto Riacho do Meio, busca-se, promover a educação ambiental, fazer um treinamento com a comunidade envolvida, de como lidar de maneira adequada com turistas e solicitar o apoio de instituições públicas e privadas, na garantia da valorização local, o crescimento socioeconômico e a conservação e preservação da natureza. (MACÊDO E OLIVEIRA, 2013).
ÁREA DE INTERVENÇÃO
- Localização
O presente projeto estará localizado dentro da Floresta Nacional do Araripe Apodi, no sul do Estado do Ceará, há 1,6km do Caldas, distrito do município de Barbalha. A intervenção corresponderá a uma área de 104,29 Hectares, por onde passa a CE-060, e está próxima a uma via interestadual não pavimentada, Arajará-Moreilândia.
Em um raio de 2km, encontram-se pontos importantes, como o Balneário do Caldas, o Hotel da Fontes, o Balneário Caminho das Águas, o Cruzeiro Bom Jesus do Caldas, um ponto visitado pelas pessoas que fazem trilha, um posto da Polícia Militar Ambiental e alguns comércios.
- Clima, Solo e Vegetação
Segundo a classificação de Kõppen, denomina o clima como tropical chuvoso, em que a temperatura média no mês mais de frio é maior ou igual a 18ºC, e a precipitação do mês mais seco é menor que 30 mm. Já para Thornthwaite a classificação é: clima tropical chuvoso, clima muito seco, seco sub-úmido, úmido e sub-úmido e semi-árido. Há uma grande perda registrada no sistema hídrico, por conta da evaporação e evapotranspiração, de acordo com a estação meteorológica de Barbalha, atinge 2.288,6 mm/ano. A evapotranspiração é um potencial para região, e será aproveitado, pela coleta da umidade do ar de maneira sustentável. A insolação supera 2.800 horas/anos mostrando-se como um excelente fator na produção de um ecossistema. (Plano de Manejo – Flona Araripe, 2005).
O solo é constituído por uma considerável quantidade de Latossol Amarelo e Latossol Vermelho-Amarelo, como mostra suas divisões na (figura 66), possuindo um relevo plano, boas condições físicas e bem drenado. O relevo da bacia sedimentar do Araripe está dividido em três zonas distintas: Zona de Chapada, Zona de Talude, Zona Pediplano, como curvas de níveis variando de 760 até 290 m. (Plano de Manejo – Flona Araripe, 2005).
A vegetação da Flona Araripe está classificada segundo Lima et al. (1983), apud Plano de Manejo – FLONA ARARIPE (2005, pág. 73 e 74) como:
- Floresta úmida Semi-perenifólia: constituída por uma vegetação de médio porte alcançando altura de 11 a 15 metros. Transição floresta úmida/serrado: possui uma vegetação mais espaçosa de médio porte com altura máxima de 11 metros.
- Carrasco: formado por uma vegetação arbóreo/arbustiva de pequeno porte, densa, apresentando um xeromorfíssimo acentuado alcançando uma altura máxima de 5 metros.
- Floresta úmida: coincidência de incêndios está situada em áreas sujeitas a frequentes incêndios florestais danificando sensivelmente o sub/bosque.
- Cerradão: apresenta uma vegetação formada por maciços intercalados por grandes clareiras com solo descoberto ou sob uma cobertura rala de gramíneas, apresentam arvores tortuosas de médio e pequeno porte.
CONCLUSÃO
A Natureza com suas cores, texturas, movimento e formas é o elemento essencial para o exercício da arquitetura. Traz consigo, o bem estar espiritual e emocional, a sensação de lar, de não só fazer parte da natureza, mas viver a natureza em diferentes perspectivas, sejam elas de lazer, aventura ou serenidade interior.
O projeto Parque das Aves Cariri, tem como finalidade união de todas estas características emocionais, inseridas no meio de suma relevância para a população caririense, ou seja, a Floresta Nacional do Araripe, levando ao mundo as riquezas da avifauna encontradas na região e promovendo as pessoas local um maior entendimento cientifico e contribuído para o desenvolvimento socioeconômico.
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Publicado por: Jamilly
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