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Universidade de Salamanca: a primeira de língua espanhola no mundo

Breve resumo sobre a Universidade de Salamanca: a primeira de língua espanhola no mundo.

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A primeira definição de Salamanca no dicionário da verdadeira academia da língua espanhola é uma caverna natural que se encontra em algumas colinas. Outro significado de Salamanca no dicionário é na tradição popular, iguanido com poderes maléficos.

Habitante ou natural de Salamanca; salamanguino, salamanquense, salamanticense, salamântico, salamantino, salmanticense, salmantino. A história de Salamanca teve sua origem numa aldeia assentada na colina de São Vicente sobre o rio Tormes. Isto aconteceu há 2.700 anos, durante a Primeira Idade do Ferro, e desde então o lugar foi testemunha da passagem de váceos, vetões, romanos, visigodos e muçulmanos. Foi só no final do século XI, que o conde francês Raimundo de Borgonha, genro do rei Afonso IV, repovoou Salamanca com um reduzido grupo de pessoas, no qual predominavam francos e galegos. Dessa repovoação medieval foram assentadas as bases de uma cidade que, após oito séculos acumulando arte e sabedoria se tornou, graças sobretudo a seu caráter universitário, numa das capitais com maior tradição cultural e esplendor monumental de todo o continente europeu.

Salamanca faz parte da comunidade de Castela y Leon, sendo uma das cidades mais ricas em monumentos da Idade Média, do Renascimento e das épocas Barroca e Neoclássica; rica, também, em arquitetura, religião e cultura gastronômica. Foi escolhida como Capital Europeia da Cultura, em 2002. A Plaza Mayor, construída em 1729, considerada a mais bonita de toda a Espanha, onde ficam vários cafés e restaurantes, é o local em que as pessoas se reúnem para conversar e passar o tempo, e onde pudemos provar o típico presunto (jamón) ibérico.

Salamanca é uma das poucas cidades do mundo com duas catedrais: a Velha, cuja construção teve início no século XII, prosseguindo até o século XIV, e a Nova, construída entre os séculos XVI e XVIII em dois estilos, gótico tardio e barroco. Uma curiosidade a respeito da catedral nova é que aparecem, na decoração da fachada, alguns elementos estranhos à época, entre eles um astronauta, e a explicação é que, a cada período de tempo, ela é restaurada e o arquiteto responsável tem direito a deixar uma "marca própria", que são esses detalhes "modernos".

Na Espanha, 200 km de Madri e próxima à fronteira com Portugal, Salamanca é uma típica cidade universitária europeia. O destino abriga uma das universidades mais antigas e tradicionais do continente, no mundo falante de espanhol, a Universidade de Salamanca, fundada em 1218 por el-rei Afonso IX, com a categoria de Estudo Geral do seu reino. Em 1255, recebeu o título de universidade pelo Papa Alexandre IV. A instituição levou cerca de dois séculos para conseguir contar com edifícios próprios onde ministrar à docência. Mais antiga que ela somente as universidades de Bolonha (Itália), Oxford (Reino Unido) e Paris (França). A Universidade de Salamanca é a terceira universidade em funcionamento contínuo mais antiga de todo o Velho Continente. Referência nos estudos das ciências humanas, a cidade também atrai um grande número de estudantes estrangeiros, sendo um destino popular para intercâmbios e cursos de espanhol.

A Universidade é formada por prédios que são verdadeiras joias da arquitetura espanhola. As três construções mais antigas da instituição, que foram edificadas entre os séculos XV e XVI, são o Edificio de Escuelas Menores, utilizados para aulas de graduação; o Edificio de Escuelas Mayores, que é o principal de toda a universidade; e o Hospital del Estudio, que já funcionou como um hospital entre os anos de 1413 e 1810, mas hoje é a sede da reitoria da instituição. Esses três prédios estão localizados no Patio de Escuelas, uma praça no centro da cidade de Salamanca.

Dentro do Edificio de Escuelas Mayores está a Biblioteca General Histórica, que nada mais é que a biblioteca universitária mais antiga da Europa, tendo sido fundada em 1254. Mas no total a universidade tem 22 bibliotecas que, juntas, mantêm um acervo de pouco mais de 1 milhão de volumes.

A estrutura da universidade também é composta por 573 laboratórios, três museus, três centros universitários e quatro residências estudantis. Além disso, a Universidade de Salamanca também tem dois campi secundários nas cidades de Ávila e Zamora.

O campus de Ávila é formado por três escolas: a Escola Politécnica Superior de Ávila, a Escola Universitária de Educação e Turismo e a Escola Universitária de Enfermagem de Ávila. Já o campus de Zamora conta com quatro escolas: a Escola de Enfermagem, a Escola de Magistério, a Escola Politécnica e a Escola de Relações Laborais.

A Universidade de Salamanca oferece 93 programas de graduação (25 deles de graduação dupla), 75 programas de mestrado, 41 programas de doutorado e 113 programas de títulos próprios (especializações, cursos de extensão, etc.).

A Escolástica Tardia (o período dos pós-escolásticos) começou no séc. XIV e se caracterizou pela separação definitiva entre a Filosofia e a Teologia. A Teologia manteve-se em vigor na escola franciscana, representada por Escoto e Occam e a Filosofia concentrou-se no empírico, no particular e no sensível. A Escolástica conheceu então um notável florescimento na Espanha e em Portugal, comandado pelas ordens dominicana e jesuíta, orientadas para a nova interpretação que se fez da teoria de São Tomás na Itália, especialmente por Santo Antonino de Florença e São Bernardino de Siena. O dominicano Francisco de Vitoria fundou uma escola em Salamanca, em que se formaram notáveis teólogos tomistas que, juntamente com os jesuítas de Coimbra e Francisco Suárez, em polêmica com o escotismo e o nominalismo, defenderam uma síntese escolástica tradicional, porém de acordo com as novas tendências de pensamento da época.

O século XVI foi um período extremamente turbulento na história da civilização ocidental. Turbulento por agitações nos mais diversos campos da cultura humana, tais como na religião, com os movimentos das reformas protestantes, contrarreforma ou reforma católica, que proporcionaram intenso debate nas bases religiosas, fundantes da então cristandade europeia; conflitos entre a vontade papal e dos reis, que se refletiu em agitações políticas das mais diversas, a exemplo dos embates envolvendo a dinastia Tudor, na Inglaterra; a descoberta de um novo mundo, a saber, as terras ameríndias no atlântico, que proporcionaram o desafio da expansão de uma visão de mundo e das relações sociais e econômicas; o renascimento das culturas clássicas, juntamente com o final da gestação do que teríamos por cultura moderna; dentre outras coisas mais.

A Escola de Salamanca pode ser dividia em dois grandes períodos, que são, Primeira e Segunda Escolas de Salamanca. A Primeira Escola tem seu início com a chegada de Francisco de Vitória, em 1526, na primeira cátedra de teologia da Universidade. Os autores mais destacados desse período, além do próprio Vitória, são: Melchor Cano, Domingos de Soto, Juan Gil de Nava, Pedro Sotomayor, Juan de Peña e Mancio de Corpus Christi, compreendendo o período histórico que vai de 1526, com a chegada de Vitória, até 1575, com o fim do magistério de Mancio na primeira cátedra de teologia. A Segunda Escola, se estende pelos magistérios de Juan de Guevara, Bartolomé de Medina e Domingo Báñez, no período histórico de 1565 a 1604 (PLANS, 2000, p. 170-83).

O frade dominicano Francisco de Vitória é considerado o fundador do direito internacional moderno, da Escola de Salamanca e sua maior referência. Foi, além de filósofo, teólogo e jurista. O teólogo espanhol dedicou-se à defesa dos direitos dos índios do Novo Mundo e à limitação das causas que justificam a guerra.

O direito das gentes, a primeira gramática de língua espanhola, o calendário gregoriano vigente até os dias de hoje e as bases do direito internacional moderno surgiram da Universidade de Salamanca.

Notas e Referências

Espanha. Universidad de Salamanca (USAL). Disponível em: . Acesso em 13 de nov de 2022.

PLANS, Juan Belda. La Escuela de Salamanca: y la renovación de la teología em el siglo XVI. Madrid: Biblioteca de Autores Cristianos, 2000.

VERMEHREN, Luis Valenzuela. Vitoria, Humanism, and the School of Salamanca in Early Sixteenth-Century Spain: a heuristic overview. In: Logos, 16, 2, Primavera, 2013, p. 99-125.


Publicado por: Benigno Núñez Novo

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