Novo canal do Brasil Escola no
WhatsApp!
Siga agora!
Whatsapp

Uma Viagem Chamada Educação

Uma observação sobre os percussos dos professores na vida profissional.

O texto publicado foi encaminhado por um usuário do site por meio do canal colaborativo Meu Artigo. Brasil Escola não se responsabiliza pelo conteúdo do artigo publicado, que é de total responsabilidade do autor . Para acessar os textos produzidos pelo site, acesse: https://www.brasilescola.com.

Para discorrer sobre essa “viagem” chamada educação tomo por empréstimo uma metáfora do eminente sociólogo polonês, Zygmunt Bauman, na qual ele exemplifica as diferenças entre um peregrino X um turista. Com relação ao propósito educacional ao qual vou me referir neste texto, aqui cabe uma indagação: nós, educadores, temos feito essa “viagem” da educação na condição de peregrino ou de turista? Claro que o questionamento também tem sentido metafórico.

Antes de lançarmos as inquietações sobre essa nossa caminhada na educação, sobre o percurso dos professores na sua vida profissional, necessário se faz lembrar as diferenças entre o turista e o peregrino. Parece-me que o único ponto de convergência entre ambos é o da ideia da viagem: ambos viajam. Entretanto, ao refletirmos além dessa semelhança o que encontramos são grandes diferenças nos objetivos da viagem de cada um.

A viagem de um peregrino tem tudo a ver com o seu estilo de vida. A do turista com certeza está ligado ao lazer, ao uso de uma parte do seu tempo de vida como deleite pessoal. O peregrino faz a escolha do seu roteiro de viagem em razão da busca de algo que ele acredita que será capaz de fazê-lo crescer na sua fé, algo que multiplicará a sua crença e o tornará mais perto de Deus.

Quais são os critérios da escolha da viagem do turista? Normalmente um dos principais critérios é a fama do lugar. É muito comum inclusive, que o mesmo faça questão de tirar fotografias para publicar nos jornais e revistas com o intuito de mostrar para as pessoas que ele esteve ali. Claro que este é um traço de uma sociedade do espetáculo. Portanto, a viagem do turista não tem como objetivo a busca de algo que o torne mais humano, mais sensível aos problemas do seu cotidiano. A viagem do peregrino tem um sentido existencial. No caso do turista esse sentido existencial inexiste. Para o primeiro a sua viagem é um ato de fé e para o segundo é um ato de consumo.

A viagem do peregrino leva-o a busca de uma identidade ou mesmo à mudança da sua identidade. Este é o sentido mais forte da sua viagem. Por outro lado, o turista busca o contrário de tudo isso. Ele parece muito mais perseguir a alteridade. Ele quer ver o diferente, o exótico. Ao término da viagem o peregrino apresenta experiência, aprendizagem, fortalecimento da sua fé; o turista, por outro lado, vem com souvenir, fotografias, e às vezes contas a pagar!

Importante lembrar que a “viagem” do educador pela educação não é uma “viagem” solitária. Ele nunca está sozinho. Os seus companheiros são os educandos. Aliás, em função desses acompanhantes é que o professor determina quais são os seus objetivos. E, a meu ver, neste momento, o educador também se define com relação ao seu objetivo na “viagem”: Ele é peregrino. Não no sentido piegas do entendimento. Mas fundamentalmente vive ao longo dessa trajetória características semelhantes ao peregrino.

O educador responsável e consciente sabe como ensina, porque ensina e para que ensina. Portanto, não paira dúvidas quanto aos seus objetivos profissionais. Lembrando Paulo Freire, o educador que assim se comporta sabe “que a educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela tampouco a sociedade muda”.

O estilo de vida do educador peregrino está pautado na crença de que ele é capaz de contribuir de maneira significativa para plantar novas ideias, fazer florescer mentes novas, ser um incentivador da existência de homens e mulheres novos para uma sociedade que acreditamos pode sim ser mais humana, mais acolhedora e justa.


Publicado por: Roberto Peixoto

O texto publicado foi encaminhado por um usuário do site por meio do canal colaborativo Meu Artigo. Brasil Escola não se responsabiliza pelo conteúdo do artigo publicado, que é de total responsabilidade do autor . Para acessar os textos produzidos pelo site, acesse: https://www.brasilescola.com.