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Um fator fundamental, mas omitido por muitos

Analíse da relação entre família e scola, no que diz respeito às competências educacionais.

O texto publicado foi encaminhado por um usuário do site por meio do canal colaborativo Meu Artigo. Brasil Escola não se responsabiliza pelo conteúdo do artigo publicado, que é de total responsabilidade do autor . Para acessar os textos produzidos pelo site, acesse: https://www.brasilescola.com.

Inúmeras são as matérias publicadas em revistas, jornais e páginas da Web, acerca da relação entre família e escola, no que diz respeito às competências educacionais. Não há dúvida de que esses agentes do processo educativo sejam de fundamental importância, na qualidade da educação dos alunos, vez que ambos são responsáveis diretos pela formação do corpo discente, ainda que tal formação não se restrinja a eles, porque, como se sabe, a educação coexiste à vida interacional – é, pois, mais abrangente.

Há, no entanto, na maioria de tais publicações, um fator que passa “despercebido” e, por sua ligação, sobretudo pelo grau de implicância, deve-se salientá-lo: o econômico, especialmente o familiar. Este “egrégio” elemento está relacionado, estreitamente, com o avanço, a estagnação ou com o declínio educacional. E isso é de fácil constatação. Afora a desvalorização salarial do professor, impondo-lhe a busca de outras jornadas de trabalho complementares, enfatizam-se algumas proposições direcionadas aos pais, como acompanhar os filhos no cumprimento das atividades escolares, motivando-os; mostrando-se atenciosos, tornando o ambiente doméstico estimulante, programado, e, enfim, estando mais presentes no dia-a-dia da escola, de modo que haja uma integração, tencionando o favorecimento de sua formação completa. A relevância disso, não se pode negar.

Por outro lado, inegável o fato de que, para tanto, os pais terão de dispor de tempo. Toda essa atividade não implica tempo? Qual, então, a disponibilidade dos pais de baixa renda, face ao trabalho sobrecarregado, fora ou dentro do lar, a fim de lhes garantir a provisão, da qual necessitam, de forma a lhes impossibilitar uma conversação útil, com os filhos, a qualquer hora oportuna? Ora, caminha-se à luz da realidade, não escamoteando-a, sem pretextos, buscando-se soluções devidas, sempre que possível e, nesse contexto, torna-se inviável de os pais viabilizarem o acompanhamento esperado pela teoria pedagógica. A renda familiar se revela essencial, força motriz, derivando dela as demais condições, como habitação, alimentação, saúde, educação, etc.

E essa estrutura, da qual se ressalta o valor, não depende, na maioria dos casos, tão-somente da força de vontade dos envolvidos no processo educacional, mas dos governos, que priorizam alguns e desfavorecem outros milhões, a começar pelas condições precárias de vida. Assim, como corresponder às expectativas educacionais, como incumbir os pais, sem antes solucionar um problema crônico e condicionante? Não bastam as transformações que vêm sendo realizadas, porque não atendem às necessidades dos lares humildes, deixando de suprir, por conseguinte, o todo, provendo, apenas, uma pequena parcela – e de êxitos parcelados a educação do país está farta, empanturrada, desde há muito tempo.

Omitir um fator tão prioritário quanto o exercício da educação, é tentar travestir a realidade triste em palhaço sonolento, esperando por um despertar; é delegar a Deus os seus cuidados, que nada têm a ver com os percalços sociais; é contribuir para acobertar o descaso, que perdura em falsas tentativas governamentais, com ações quantitativas, para efeito de dados estatísticos, somente.

Não raro é, em suma, a percepção de que o efeito positivo da educação, começando com a participação dos pais, depende das condições sociais e, estas, por sua vez, do fator econômico – eixo em torno do qual os resultados se apresentam. Não havendo, portanto, alteração em tal estrutura, não haverá, de modo algum, harmonia, coerência entre a prática e a teoria educacionais, ficando a baixa renda familiar alheada, ocultada, mascarada em muitos textos ideológicos, e a educação tanto mais distante de sua realização, ancorada em promessas intermináveis, articuladas por seres a serviço da educação deficiente, plena de lacunas, de inverdades, sob a luz da camuflagem, à sombra do adágio “salve-se quem puder”.


Publicado por: Renneé Cardoso Fontenele

O texto publicado foi encaminhado por um usuário do site por meio do canal colaborativo Meu Artigo. Brasil Escola não se responsabiliza pelo conteúdo do artigo publicado, que é de total responsabilidade do autor . Para acessar os textos produzidos pelo site, acesse: https://www.brasilescola.com.