Tempo de plantar, tempo de colher
O sentido da vida e a melhor forma de viver, proclamando a sabedoria como meio para uma boa vida.O texto publicado foi encaminhado por um usuário do site por meio do canal colaborativo Meu Artigo. Brasil Escola não se responsabiliza pelo conteúdo do artigo publicado, que é de total responsabilidade do autor . Para acessar os textos produzidos pelo site, acesse: https://www.brasilescola.com.
Eclesiastes, terceiro livro da Biblia Hebraica e pertencente tambem ao Antigo Testamento cristão, é tido como um dos textos mais sábios da literatura mundial. O livro data do período entre 450 e 180 A.C. e trata das experiências e lições de um homem, possivelmente o rei Salomão, discutindo o sentido da vida e a melhor forma de viver, proclamando a sabedoria como meio para uma boa vida terrena, e aconselhando os seres humanos a aproveitar os prazeres simples da vida diária, como comer, beber e se orgulhar de seu trabalho, pois são presentes de Deus. Em um de seus trechos, diz: “Para tudo há uma ocasião certa; há um tempo certo para cada propósito debaixo do céu: tempo de nascer e tempo de morrer, tempo de plantar e tempo de arrancar o que se plantou”.
Um dos grandes impasses do processo educativo hoje é a questão do tempo que se deve dedicar às atividades escolares. Cada vez mais as crianças e jovens estão envolvidos nos chamados cursos livres, de inglês, de informática, de futebol, de tênis, além das horas de escola e, em princípio, visando qualifica-los melhor tanto no aspecto pessoal quanto para um futuro mercado de trabalho cada vez mais exigente e competitivo.
Com isso, deixamos de apreciar o potencial também educativo que tem a vida cotidiana, como se apenas valorizássemos a instrução, esquecendo que a aprendizagem não é resultante apenas dela, um universo de maravilhosas descobertas é feito no dia-a-dia; as lições da vida podem ser lentas, mas costumam ser profundas.
Quando pais e familiares amorosos reservam um espaço de suas vidas para viver – brincar, conversar, passear, assistir filmes, jogar – com seus garotos e garotas, quando as demandas do trabalho e do restante de suas próprias vidas não impedem este contato, professores tem nas mãos um educando mais equilibrado, capaz de aprender e se relacionar, apto a partilhar, a desenvolver relações de confiança, que influenciam positivamente os processos cognitivos.
Apoiar a curiosidade, as iniciativas, explicando eventualmente o porquê de algumas não serem adequadas, com certeza é fundamental para o pleno desenvolvimento da autoestima, aquela verdadeira, que aumenta a confiança em nós mesmos, porém não nos torna arrogantes ou temerários. Da mesma forma, boa parte do que sabemos e nos fez adultos interessantes na convivência, veio de forma assistemática e completamente sem a mediação de algum adulto, pois autonomia e tempo livre para brincar, exercendo a imaginação, expandindo a motivação individual, inter-relacionando as histórias pessoais, personalizando seu próprio grupo familiar, as estruturas e caracteres de cada um com quem se convive e se planeja um futuro, é essencial para ampliar o conhecimento.
Ouvir com real interesse o que crianças e jovens tem a contar, entrar em seus jogos de faz-de-conta, são auxiliares na elaboração de conceitos e aumento da resiliência, sem o que não podemos realizar o enfrentamento das dificuldades do dia-a-dia. Mesmo que nossa cultura valorize certas platitudes, que são verdadeiras lições de vida: “não existe almoço grátis”, “colhe-se aquilo que se plantou”, e muitas outras que, mais do que um formulário supostamente materialista, expressam o fato incontestável de que é necessário esforço, trabalho e determinação para obter o que queremos, é preciso também considerar que o tempo aparentemente dedicado ao “ócio criativo” nos ensina muito. Dosar tempo de escola e tempo de lazer produz seres mais saudáveis e tranquilos.
Da área de psicologia, sabemos que há possibilidade de aprender a brincar, mas não de ensinar a brincar. Assim, cabe ao adulto criar ambiente favorável à brincadeira, quer participe ou não dela, por saber o quanto a imaginação é terreno fértil para a criatividade e inovação, qualidades indispensáveis à vida.
Publicado por: Wanda Camargo
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