REPRISANDO AS IDEOLOGIAS DO PAULO FREIRE
Análise sobre as ideologias de Paulo Freire.O texto publicado foi encaminhado por um usuário do site por meio do canal colaborativo Meu Artigo. Brasil Escola não se responsabiliza pelo conteúdo do artigo publicado, que é de total responsabilidade do autor . Para acessar os textos produzidos pelo site, acesse: https://www.brasilescola.com.
SOBRE O AUTOR
Paulo Reglus Neves Freire (Paulo Freire) nasceu em 19 de setembro de 1921, na cidade de Recife, capital de Pernambuco. Foi um educador brasileiro, criador do método inovador no ensino da alfabetização para adultos. Seu método foi levado para diversos países do mundo todo e a sua obra Pedagogia do oprimido, é o terceiro livro mais citado em trabalhos da área de humanidades no mundo.Neste livro, Paulo Freire propõe uma explicação da importância e necessidade de uma pedagogia dialógica emancipatória do oprimido, em oposição à pedagogia da classe dominante, que contribua para a sua libertação e sua transformação em sujeito cognoscente e autor da sua própria história através da práxis enquanto unificação entre acção e reflexão. Paulo Freire morreu em 1997, aos 76 anos, após passar por uma angioplastia e apresentar um complexo quadro de saúde devido a problemas no sistema circulatório.
INTRODUÇÃO
Nas breves páginas constituintes a este pequeno resenha teremos a oportunidade de ler e interpretar, o autor idealizador da obra que serve de alicerce base para construção de vários trabalhos voltadas a conscientização de uma educação libertadora visando garantir o contínuo grito de descorrentamento dos oprimidos pela sistema que a mil milhas arrasta nos ao abismo de silenciamento frente a desumanização. Ergueu pontes seguras para meditar a educação como “prática da liberdade” em sintonia com uma visão do mundo viavelmente humano. Criou não apenas teorias, conceitos e ideias que despertam para uma vida digna e merecida para todos como também convocou-nos a refletir sobre o valor da existência.
PRINCIPAIS ARGUMENTOS
O autor nas idéias fluidas começa por formar situações concretas pelo que passam homens de classe média ou baixa como proletários, camponeses ou urbanos apontando a consideração em provocar em alguns leitores uma reação sectária, por medo da crítica que a estes são feitas ou por considerarem ideológica e inaceitável as aspirações que levou a origem desta obra.
A obra arquitetada esteticamente em quatro partes que são precedidas de uma breve introdução desponta com eleição de diálogo enquanto instrumento metodológico propenso a crítica da realidade e da verdadeira concepção do mundo carregada pela ambição de transformar a luta pela liberdade daqueles tomados como oprimidos.
No primeiro capítulo, a justificativa do título oprimido embasada na superação da contradição entre os homens (opressor-oprimido) criando um homem-novo não opressor nem oprimido numa sintonia com a ideia da libertação.
Numa sociedade de classes temos os opressores vistos como desumanizados porque impõe regras sobre o oprimido procurando manter a manutenção do seu interesse e poder enquanto identificado como um ser mais. Do outro lado, encontramos o oprimido que precisa se reconhecer dentro dessa realidade e procurar a mudança social, que ao fazendo-o desconstitui a sociedade desumanizada. Entretanto, alerta-se que na luta o oprimido não pode ser o opressor do opressor embora que em algumas vezes se vê adotando essa posição, quando deva garantir a restauração das relações humanizadas rompendo com relações desiguais. O papel do oprimido é ser o restaurador da humanidade, uma luta humanista e histórica, e por isso mesmo, a preocupação do oprimido é consigo mesmo e com os outros criando uma mundo mais igual a reconhecimento e valorização um do outro.
Como ele parte desse pressuposto? Para freire essa libertação se concretiza com a libertação que significa libertar da posição alienante que acaba estabelecendo a condição de não superação. Partindo de um assunto social e político o freire torna a problemática numa educação da pedagogia libertadora, desvendando o mundo opressor e por intermédio disso comprometer a superá-la.
Outros pontos fundamentais dessa obra seriam também as que reproduzem a ideia de que ninguém liberta ninguém e ninguém liberta-se sozinho, porém, os homens precisam se libertar em comum. Isso traz uma necessidade essencial levando nos a compreender que a luta precisa ser em conjunto, engajamento de todos em transformar a realidade.
Uma vez que a realidade que se propõe hegemônica é de opressão falar da luta para superar a violência é justa. A existência da desumanização acaba dando sentido ao processo da humanização e o povo através da reflexão sobre a opressão e suas causas gera uma acção transformadora, denominada por “práxis libertadora”.
No que respeita à situação concreta de opressão e os oprimidos, o autor refere que só na convivência com os oprimidos se poderá compreender as suas formas de ser, de comportar e de refletir sobre a estrutura da dominação, sendo uma delas a dualidade existencial que leva a assumirem atitudes fatalistas, religiosas, mágicas ou místicas, que não permitem a superação da visão inautêntica do mundo e de si. A pedagogia do Freire possibilita o ser humano a se humanizar o mundo do seu sujeito.
No segundo capítulo ele traz em debate a concepção bancária da educação como instrumento de dominação, onde são apresentadas as relações com características opressoras. De acordo com Freire quanto mais analisamos as relações educador-educandos, na escola, em qualquer de seus níveis, (ou fora dela), parece que mais nos podemos convencer de que estas relações apresentam um caráter especial e marcante – o de serem relações fundamentalmente narradoras, dissertadoras. Isso, nos leva a desejo de mudança apontando as limitações ao conhecimento sem debate de opinião e ideias. Cria a colocação de questionamento do comportamento do professor que aparece depositador e o seu educando como depositado porque em lugar de comunicar-se, o educador faz “comunicados” e depósitos que os educandos, meras incidências, recebem pacientemente, memorizam e repetem. posição que cria a necessidade de Problematizar a educação para gerar consciência de si e de estar com os outros pela reafirmação da interdependência entre educador e educando, porém, isso passa pela superação da contradição educador-educando tornando os trocadores de conhecimento.
No terceiro capítulo o Freire argumenta que a dialogicidade é a essência da educação como prática da liberdade. O diálogo assente na palavra é visto como fenômeno humano, e ela se torna práxis enquanto ato de criação que procura a conquista do mundo para a libertação dos homens, de maneira que precisa necessariamente se encontrar no presente no processo de ensino e aprendizagem em uma dinâmica de relação horizontal baseada na confiança entre os sujeitos e na esperança transformada na concretização de uma procura eterna fundamentada no pensamento crítico.
No quarto capítulo centra-se nas teorias da ação antidialógica e nas teorias da ação dialógica. Assevera Freire que evitar o diálogo é temer a liberdade e não crer no povo, pelo que chama a atenção para que as lideranças revolucionárias não se deixem arrastar para posturas características das classes dominadoras, como a absolutização da ignorância, a descrença no homem e a impossibilidade do diálogo. Ele fez críticas no intuito de apelar a união pela libertação que convenientemente seria proveniente da colaboração e organização que nos conduzirão à síntese cultural, que considera o ser humano como ator e sujeito do seu processo histórico.
Finalizou deixando essas palavras: “Se nada ficar destas páginas, algo, pelo menos, esperamos que permaneça: nossa confiança no povo. Nossa fé nos homens e na criação de um mundo em que seja menos difícil amar” (FREIRE, p.115 2005).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao longo da leitura dos quatro capítulos compreende se a preocupação do autor em nos fazer vislumbrar a arte da prática da liberdade com uma nova pedagogia de ação reflexiva e crítica, abrindo dessa maneira as fronteiras que nos ajudem a pensar o homem enquanto ser igual e por isso digno do nosso conhecimento humanístico. Realça a efetivação de discussões dos problemas da desigualdade social que atinge particularmente as minorias com vista a captar a importância de não só termos uma cultura escolar com capacidade de formar estratégias que contribuam em fazer a escola, um projeto aberto, assente na cultura de diálogo e comunicação entre grupos sociais diversas, mas também despertar o espírito de coabitação com as aspirações dos grupos humanos diversos respeitando suas condições e valores que os guiam. Isto, significa desconfigurar esse pirâmide na qual as unidades hierárquicas “dominantes” exercem uma forte pressão sobre os “dominados”, prevalecendo assim, a lei do mais forte, por intermédio de afloramento do senso crítico e lutas colaborativas bem organizadas para a transformação da realidade opressiva.
REFERÊNCIAS
FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. 17ª , Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1987.
Por
Mamim Alfissene Baciro Baldé
Universidade da integração Internacional Da Lusofonia Afro-Brasileira- UNILAB CE
Publicado por: MAMIM ALFISSENE BACIRO BALDÉ
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