Relativismo Cultural e Práticas de Tortura
A diversidade cultural é sinal de riqueza, patrimônio, e, ao mesmo tempo, fonte de conflito.O texto publicado foi encaminhado por um usuário do site por meio do canal colaborativo Meu Artigo. Brasil Escola não se responsabiliza pelo conteúdo do artigo publicado, que é de total responsabilidade do autor . Para acessar os textos produzidos pelo site, acesse: https://www.brasilescola.com.
O relativismo cultural está associado às reivindicações identitárias, ao multiculturalismo, valorizando a diversidade cultural como traço essencial da humanidade.
Podemos dizer que a diversidade é sinal de riqueza, é um patrimônio, e, ao mesmo tempo, fonte de conflito. Mas por quê?
Porque diversidade está relacionada à variedade de ideias, crenças, valores, regras morais, diferentes visões, e muitos desses elementos geram conflitos, uma vez que cada indivíduo tende a afirmar a sua cultura e negar a do outro. Um exemplo claro disso são os grupos com fortes convicções religiosas, que tentam de todas as formas que todos aceitem seu modelo de sociedade e se submetam a ele.
Temos uma forte tendência de julgar o modo de vida alheio, apontando erros e querendo propor soluções, no entanto, nos esquecemos que da mesma forma que julgamos, também somos julgados. Pois nosso ponto de vista é relativo à nossa cultura.
Julgamos algo como “mal”, como é o caso da cliterodectomia e a infibulação que acontece na África, porém, para os que praticam tais ações trata-se de processos fundamentais dentro da sociedade na qual estão inseridos.
Acusamos por acreditar que estamos certos e os outros errados. Mas, se enxergássemos do ponto de vista deles? Qual seria nosso posicionamento?
Como podemos julgar quais atitudes estão certas ou erradas? Verdadeiras ou falsas?
Se todos os atos praticados em nome da cultura são igualmente válidos, terá alguém ou alguma organização o direito de punir? Ou de acusar?
Compreendemos que devemos aceitar e respeitar as diferenças, no entanto, cabe-nos refletir sobre determinadas ações praticadas em nome da cultura, da tradição, como é o caso da cliterodectomia, uma prática a ser considerada, uma vez que é extremamente dolorosa e perigosa; e que, além de causar danos físicos, causam traumas psicológicos que acompanham a vítima durante toda a sua vida.
A chance de se sofrer uma hemorragia é grande, o que pode resultar em morte; infecções crônicas podem ser contraídas, pois o órgão, saudável, é extraído sem cuidados e procedimentos cirúrgicos. Isso sem considerar a possibilidade de se contrair HIV, pois geralmente os instrumentos usados na mutilação são compartilhados e não passam por processos de esterilização. As ações e/ou rituais que provocam dor, tortura, sofrimento físico e psicológico precisam ser considerados pelas organizações internacionais.
A Convenção sobre os Direitos da Criança, assinada em setembro de 1990, considera-a um ato de tortura e abuso sexual. Assim, várias organizações internacionais, como a Organização Mundial da Saúde (OMS), têm lutado para desencorajar a prática da mutilação genital feminina, considerando-a como um ato de tortura e abuso sexual.
É preciso que se levantem médicos, educadores, pessoas comuns, empresários, políticos comovidos com essa situação e promovam movimentos através dos quais esses povos possam compreender “com entendimento”, não com imposição, que esse tipo de prática é um erro, é tortura, é desumano, de modo que essas meninas/mulheres tenham dignidade, possam se livrar das amarras psicológicas que esse tipo de tortura constrói.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
http://missoesvenezuela.blogspot.com/2009_01_01_archive.html, acesso em 24/11/09, às 14:25.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Mutila%C3%A7%C3%A3o_genital_feminina, acesso em 24/1/09, às 17:00.
Marina C da S Palma
Graduada em Letras
Especialista em Metodologia do Ensino Fundamental
Publicado por: Marina Cabral da Silva
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