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O papel do professor: repensando a prática pedagógica rumo a educação de qualidade

De quem é a culpa pelo fracasso escolar?

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Resumo

Palavras chave: Introdução

Não é intenção atribuir ao professor a culpa pelo fracasso escolar, mas sim, avaliar dentro do contexto de sala da aula quais são os problemas enfrentados pelo professor e, conseqüentemente, o erros mais comumente cometidos por estes profissionais que tem comprometido de maneira alarmante o processo ensino-aprendizagem de milhares de crianças, Brasil afora.                                                                            Tais indagações terão como apoio e fundamentação teórica os pensamentos de autores renomados na área de educação como: Edgar Morin, Paulo Freire, Luiz Carlos de Menezes, Albertina Maria Rocha Salazar, além de dissertações, artigos e periódicos publicados por fontes idôneas como: Revista Nova Escola, Ministério da Educação, Secretaria de Estado da Educação de Minas Gerais, Coleção Projeto Veredas: Formação Superior de Professores, dentre outros. O método utilizado será o hipotético-dedutivo e terá como embasamento a pesquisa bibliográfica que possibilitará toda fundamentação teórica.

Segundo Góis ao jornal Folha de São Paulo (12/07/2009) apesar dos avanços, o Brasil ainda tem 11,5% das crianças de oito e nove anos analfabetas. E completa, uma criança não alfabetizada com mais de oito anos de idade apresenta dificuldades não apenas em português, mas em todas as outras disciplinas, já que sua capacidade de compreender textos é limitada.

A reportagem da Revista Nova Escola ainda afirma:

Termômetros da qualidade, os indicadores de evasão e repetência continuam altos (...) E “não se pode culpar o aluno por isso. A responsabilidade de ensinar bem é da escola (grifo nosso), e o governo precisa ajudá-la nessa tarefa” diz Maria de Salete Silva, coordenadora de Educação do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) no Brasil. (REVISTA NOVA ESCOLA, 2011, p. 112)

Neste sentido, propõe-se um passeio pela profissão de educador e de sua importância para a formação do cidadão:

Neste sentido é essencial compreendermos que os profissionais da educação da atualidade e, em especial o professor, necessitam de um engajamento profissional e pessoal diferente daquele que se tinha e bastava a alguns anos atrás, quando os alunos aguardavam atentos e perfilados em suas carteiras a chegada do mestre, meros espectadores de uma “educação bancária” (PAULO FREIRE, 1983), desprovida de sentido e preocupada apenas em atender as necessidades de uma sociedade capitalista emergente, pois, como afirma Menezes (2011, p. 82) “ensinar bem requer, além de conhecimento e competência, doses de responsabilidade e envolvimento emocional”.

O papel do professor no desafio de se alcançar uma educação de qualidade

Outro fator importante a ser considerado parte do principio de que o professor ainda não consegue administrar e promover em sala de aula a inclusão, assim, o que evidenciamos muitas vezes são salas de aulas homogêneas, formadas apenas por alunos considerados “bons” ou por alunos considerados “fracos” e, quando existem as salas heterogêneas a segregação também ocorre em seu interior, através do estereótipo de separação entre bons e fracos. Por isso, Solé reitera que:

De tal modo, os professores estão condicionados a prepararem suas aulas para os alunos bons, que compreendem os conteúdos, apresentam os trabalhos e tarefas em dia, tiram notas boas, estão bem classificados nas escalas de proficiência, enquanto os alunos tidos como “fracos” ficam a mercê do sistema, sofrem com a evasão, a repetência, a discriminação, o estereótipo, ou até mesmo a com a promoção automática. Muitos profissionais até proclamam que a formação destes alunos tem que ser para a vida e basta, no sentido de que se conseguirmos formar homens de bens e não criminosos e/ou marginais a escola já cumpriu muito bem seu papel, sua parcela de responsabilidade para com a sociedade.

Do mesmo modo, é fundamental pensarmos sobre o que diz Menezes (2010): quem acredita que basta ter a intenção de ensinar não se constrange em culpar o aluno que não conseguiu aprender.

Mendes assegura que:

Há consenso quanto o fracasso do ensino vernáculo no Brasil. As diversas avaliações oficiais o confirmam: não se sabe ler, não se sabe escrever. E também não se conhece a gramática tradicional. É comum ouvir dos colegas que nossos alunos não sabem o que seja sujeito e predicado. Costuma-se atribuir tal fracasso a várias causas, de diversas naturezas. Certamente nem todas as causas são de nossa responsabilidade. Mas raramente admite-se que as teorias e metodologias que dão suporte a esse ensino podem não ser as mais adequadas. (...) com isso aprendi algumas lições: a não ter preconceitos pelas novidades, mas a não desacreditar a tradição (...) (MENDES,2010) .

A implementação da LDB com certeza é um marco para a educação no Brasil, pois a partir dela começamos a visualizar melhor a escola que tínhamos e a escola que é preciso fomentar mediante as necessidades humanas tão eminentes no limiar do século XXI, Contudo, este é um processo complexo, e até mesmo doloroso para todos os envolvidos com o processo educativo, pois, propõem a estes agentes um processo de “(re) aprendizagem” da própria prática pedagógica, tendo que endoçar a partir daí uma prática articuladora, transformadora da realidade, capaz de promover um processo baseado na aprendizagem do aluno, onde este desenvolva-se a partir do conceito de que é preciso conhecer a conhecer.

A Leitura da Lei deve ser feita à luz de aspectos econômicos, históricos e culturais, pois assim todas as interpretações serão contextualizadas com a situação momentânea do país. A visão de uma LDB transcede as questões educacionais, incorporando-as e indo muito além delas. A LDB contém normas gerais, de âmbito nacional, revestindo-se de características de flexibilidade e garantindo aos sistemas de ensino espaços para exercitarem a sua autonomia como sistemas. Essa autonomia garante às escolas ampla liberdade para definirem seus projetos político-pedagógicos.

Assim sendo, cabe a escola voltar seus olhos especialmente para seus educadores, devolvendo-lhes a dignidade necessária e a ousadia diante do ato de educar, pois as mudanças necessárias para a educação de qualidade se manifestam primeiro diante da quebra de paradigmas internos, crenças e valores arraigados ao ato de ensinar. Quando professores tomam consciência destas novas perspectivas, dão o primeiro passo para a mudança e se tornam agentes transformadores.

A Escola que busca hoje ser um espaço de rupturas, transformações e de construção de uma sociedade verdadeiramente democrática deve ter seu trabalho primeiramente, pautado no fazer pedagógico e nas premissas das quatro aprendizagens (UNESCO, 1999): aprender a conhecer, isto é, adquirir os instrumentos da compreensão; aprender a fazer, para poder agir sobre o meio envolvente; aprender a viver juntos, a fim de participar e cooperar com os outros em todas as atividades humanas e aprender a ser, via essencial que integra as três precedentes.

Portanto, a finalidade desta discussão é identificar a importância do trabalho pedagógico e dos instrumentos de planejamento, metodologia e registro para a consolidação de uma ação docente pautada na ação-reflexão-ação. Em função disso queremos investigar se os educadores e a escola tem assegurado que os alunos aprendam com qualidade e que sejam capazes de desenvolver sua autonomia intelectual. Bem como, promover uma reflexão profunda sobre o papel do professor no processo educativo como ator capaz de assegurar ao aluno seu direito a aprender e a se desenvolver de acordo com suas limitações e capacidades, sem perder de vista as possibilidades ofertadas e exigidas pela sociedade contemporânea.

Educar é difícil, é trabalhoso, exige dedicação, sobretudo aos que mais necessitam. Transferi problemas é fugir da verdadeira educação, é uma espécie de médico que transfere o Deste modo verificaremos que a reflexão acerca do trabalho do professor é indispensável para que tais deficiências no processo ensino-aprendizagem sejam sanadas. O professor, nesta perspectiva, assume um papel essencial, não apenas na transmissão de informações, mas, sobretudo, na elaboração de situações que possibilitem ao sujeito buscar naquilo que já sabe elementos para desvendar o que ainda não sabe. Igualmente relevante, são as interações produzidas entre aprendizes e ensinantes. O professor que reconhece suas limitações, trabalha em prol do crescimento coletivo, respeita as diferenças individuais e cresce com seus erros e incertezas é certamente capaz de mudar os rumos de nossa educação.

AA aprendizagem é a construção de competências e capacidades por meio da reelaboração pessoal de elementos social e culturalmente transmitidos. É uma forma de apropriação e de ressignificação da cultura pelo sujeito, e interage com seu desenvolvimento. Sendo processo articulado com a construção da subjetividade, mobiliza elementos cognitivos, afetivos, estéticos, lúdicos, sociais e físicos.

Analisando essa conceituação, percebemos que apesar de processos distintos, educação, aprendizagem e ensino se interligam, tornando-se impossível separá-los, sendo partes constituintes da ação pedagógica e da razão de ser da escola: o processo de aprendizagem do educando.

Salazar traz a tona uma reflexão emancipadora, quando estampa o cotidiano de professores, de diretores, de técnicos e especialistas em educação quando discutem a prática pedagógica e a postura diante de questões que colocam em cheque crenças e valores que davam sustentação ao seu desempenho como educadores,demonstrando claramente que uma nova ordem se instituiu na organização da sociedade em geral, e como tal é papel da educação acompanhá-la, a fim de promover um fazer pedagógico libertador, democrático, autônomo e capaz de proporcionar a todo e qualquer indivíduo os mecanismos (habilidades e competências) necessárias para se firmar como parte indissociável da sociedade e de suas construções, pois como afirma a autora nessa escola,o saber terá função validada socialmente, pois tudo é construído de competências e de habilidades requeridas pela vida no século XXI. As resistências às mudanças e às normas são esperadas, mas são inúteis.

“É preciso insistir: este saber necessário ao professor – que ensinar não é transferir conhecimento – não apenas precisa ser apreendido por ele e pelos educandos nas suas razões de ser (...), mas também precisa ser constantemente testemunhado, vivido. (FREIRE, 1997).

Conseqüentemente, Educar é um processo construtivo e permanente, que vai da vida para a escola e da escola para a vida, articulando conhecimentos e redes. Tem caráter histórico e cultural, nos quais estão incutidos todos nós, que representamos concretamente o processo educativo quando agimos em sociedade, interagimos, fazemos valer nossos direitos, assumimos nossa identidade e nos reconhecemos como parte fundante de uma sociedade que se aproxima pela diversidade humana .

Diante desta perspectiva, a aprendizagem é a construção de competências e capacidades por meio da reelaboração pessoal de elementos sociais e culturalmente transmitidos. Segundo Perrenoud (2000), competência pode ser considerada como a “capacidade de agir eficazmente em um determinado tipo de situação apoiando-se em conhecimentos, mas sem limitar-se a eles”, A competência afirma esse autor, não consiste na aplicação pura e simples de conhecimentos, modelos de ação ou procedimento.

Portanto, “competência é a capacidade de um sujeito mobilizar saberes, conhecimentos, habilidades e atitudes para resolver problemas e tomar decisões adequadas” (ZABALA, 1998). É uma forma de apropriação e de ressignificação da cultura pelo sujeito, e interage com seu desenvolvimento integral. Sendo o trabalho por competências um processo articulado com a construção da subjetividade, mobiliza elementos cognitivos, afetivos, estéticos, lúdicos, sociais e físicos.

Por aprendizagem significativa entendo uma aprendizagem que é mais do que uma acumulação de fatos. É uma aprendizagem que provoca uma modificação, quer seja no comportamento do indivíduo, na orientação futura que escolhe ou nas suas atitudes e personalidade (ROGERS, 1988).

Conclusão

Assim, o trabalho do professor e as relações que este estabelece dentro de sala de aula são fundamentais para o processo de democratização e promoção da qualidade na educação.

Portanto, o professor precisa estar atento e comprometido com sua prática. Trabalhar com inovação sem deixar de lado o planejamento de suas ações, pois o processo educativo exige organização sistemática, sem abandonar os princípios de liberdade, atendimento as necessidades individuais e coletivas, oportunidades para todos e formação para cidadania.

Abstract

Key-words: Referencias bibliográficas

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FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia. Saberes necessários à prática docente. São Paulo: Paz e Terra, 1997.

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MENEZES, Luis Carlos. A escola dos últimos 25 anos. In REVISTA NOVA ESCOLA. Ed nº 239, p. 146, janeiro/fevereiro, 2011.

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MORIM, Edgar.Os sete Saberes Necessários à Educação do Futuro. 3ª ed. São Paulo, Cortez. Brasília, DF: UNESCO, 2001.

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UNESCO, MEC, Cortez Editora, São Paulo, 1999.

ZABALLA, Antoni. A prática educativa. Porto Alegre, ARTMED, 1998.

[1] Maria Angélica Ferreira Fonseca. Formação: Normal Superior (UNIS/MG). Professora, efetiva desde 2000 na rede municipal de Educação de São Sebastião da Bela Vista. End: Rua: Antonieta Camilo de Souza, 141, Bairro: José Brandão de Oliveira, São Sebastião da Bela Vista, MG, Cep: 37.567-000. Email: mangel_ferreira@hotmail.com.


Publicado por: Maria Angélica Ferreira Fonseca

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