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O papel do professor na correção das produções dos alunos

O papel do professor na correção das produções dos alunos, a construção de textos, os desafios dos professores em criticar as produções textuais, o que se entende por texto, procedimentos utilizados na produção de texto, a revisão do texto.

O texto publicado foi encaminhado por um usuário do site por meio do canal colaborativo Meu Artigo. Brasil Escola não se responsabiliza pelo conteúdo do artigo publicado, que é de total responsabilidade do autor . Para acessar os textos produzidos pelo site, acesse: https://www.brasilescola.com.

O PAPEL DO PROFESSOR DE LÍNGUA PORTUGUESA NA CORREÇÃO DAS PRODUÇÕES TEXTUAIS DOS ALUNOS

Súsie Fernandes Santos Silva[1]
Rubens Martins da Silva[2]

O direcionamento para a construção de produções textuais representa o porquê da participação docente durante a oferta do ensino aos discentes, com isso corrigir adequada e satisfatoriamente os textos produzidos por estes, tem sido a preocupação de muitos professores de Língua Portuguesa.

Frente a este desafio os professores devem em primeiro lugar construir as concepções críticas sobre o que se quer analisar diante de um determinado texto com a premissa de não prejudicar ou desestimular aquele aluno que, com muito esforço conseguiu por suas palavras no papel.

Como auxílio vê-se o professor participando dos estudos continuados em encontros promovidos pela Secretaria de Educação do Estado ou pela própria escola; adquirindo livros sobre o assunto como fonte de orientação e preparo e ainda dedicando-se a estudos espontâneos sobre leitura e produção escrita.
Como enfoque para a importância dos textos diante da consolidação da aprendizagem crítica dos alunos, o professor deve perceber que seu papel é salutar para o avanço do ensino e aprendizagem.

O QUE SE ENTENDE POR TEXTO?

A conceituação de texto não se restringe ao ato da palavra escrita, pois texto é tudo aquilo que é possível ser compreendido pelo interlocutor (ouvinte/leitor) podendo ser oral ou escrito.

Para Geraldi (1991), o texto é “... uma proposta de compreensão” onde o autor chama a atenção do locutor para a importância de cinco ações indissociadas da prática de produção textual, a saber:

a) ter o que dizer;
b) ter motivos para dizer o que se tem a dizer;
c) ter um interlocutor;
d) construir-se como locutor enquanto sujeito que diz, o que diz, para quem diz; e
e) escolher as estratégias para realizar o que dizer, os motivos, o interlocutor e o próprio posicionamento como locutor.

Segundo Gladys Rocha (2005)

 “... a escola é o lugar privilegiado onde se constituem, ou não, no processo ensino-aprendizagem, as condições de construção de propostas de compreensão das produções textuais”.

PROCEDIMENTOS UTILIZADOS NA PRODUÇÃO DE TEXTOS

Os procedimentos utilizados para que o aluno produza um texto são vários e têm mudado com o passar dos anos, bem como, as suas nomenclaturas, segunda mostra Janete Silva dos Santos (2004), “Antes era a composição (...) depois veio a redação (...) agora é a produção de texto”.

As datas importantes ou comemorativas que não podiam passar sem um texto, como por exemplo, no primeiro dia de aula a inesquecível redação “minhas férias”. Como no primeiro dia de aula o aluno vai escrever sobre suas férias? Se não foram férias e sim muito trabalho, capinando lotes para ganhar algum dinheiro, trabalhando como babá para ajudar no sustento em casa? E, ainda como falar de algo tão particular e constrangedor para um professor desconhecido? Pois se este será o único a ler o seu texto.

Outros temas sugeridos sempre são “o dia das mães” em maio. Muitos dos alunos chegam até a chorar neste dia ou mesmo a faltar na escola porque não têm boas lembranças da mãe ou não tem mãe. Alguns são órfãos de mãe, outros a mãe os abandonou com o pai e foi embora com outro homem.

É de grande importância que o professor tenha cautela ao sugerir temas para produção textual, que conheça um pouco da história de vida de cada aluno, e que saiba respeitar as particularidades da vida do aluno. Pois, forçando o aluno a produzir um texto fora da sua realidade pode ser desastroso, chegando a ser uma poda de seus “sonhos criativos”.

No livro “O texto na sala de aula” organizado por Wanderley Geraldi há a indicação de uma proposta para fugir de temas repetitivos e pessoais, dando outra finalidade aos textos produzidos pelos alunos que não seja o cesto de lixo. Pois são raros os alunos que lêem as observações escritas pelo professor, em suas produções de texto. A grande maioria só amassa o papel e joga-o no cesto de lixo, visto que o mesmo já cumpriu sua finalidade, obter nota.

Um dos motivos que leva o aluno a não escrever é o fato de seu texto não possuir um destinatário. O único leitor é o professor, que o lê apenas com os objetivos de corrigir, e avaliar se o aluno está se desenvolvendo dentro dos padrões exigidos pela escola. Quando existe mais alguém que lê o texto é a mãe do aluno, que na maioria das vezes critica o professor pelos riscos (observações e marcações de alguns vocábulos) feitos no texto do filho.

O professor deve trabalhar com a sugestão de um novo tema (diferente daquelas datas especiais e comemorativas ou férias) como, por exemplo, a audição de determinada história, que pode ser uma história contada por algum parente de aluno. A partir daí cada aluno (re)conta a história à sua maneira e, no final de todo o processo de organização do texto, as histórias produzidas pelos alunos podem fazer parte de uma antologia daquela série para que os alunos possam ler os textos uns dos outros.

Para ampliar as produções os docentes devem sugerir que os textos tenham destinatários, pois, na maioria das vezes, quando é sugerido que ele escreva bilhetes para os colegas da sala de aula ou para colegas de outra escola, a produção de texto flui porque o seu texto sai da condição de monólogo para a condição de diálogo. Isso indica que existem perguntas a serem respondidas, novidades a serem contadas, explicações e justificativas a serem dadas. Existe um motivo para escrever.

A REVISÃO DO TEXTO

A dinâmica leitura/escrita é fundamental para melhorar o texto do aluno. E funciona como um círculo que sempre se repete, ou seja, há sempre algo a alcançar que decorre da leitura, da escrita e da reescrita.

O ciclo da produção de texto consiste em: ler, escrever e rescrever.
O ato de redigir deve ser mais do que um exercício de busca de um padrão modelar, de repetição de esquemas formais e estilísticos de treinos mecânicos.

Fazer com que os alunos desenvolvam uma competência discursiva marcada por um bom domínio da modalidade escrita e por uma visão de que a produção de texto é um trabalho que exige a superação de jogos de palavras ou frases soltas.

Para Braggio (2002): “... ao escrever, a criança vai se aproximando das formas estruturadas e convenções da linguagem escrita para alcançar seus objetivos, isto é, o de dizer alguma coisa, a alguém, por uma determinada razão.”

É com a necessidade de se comunicar que o aluno começa a utilizar os sinais de pontuação, ponto de interrogação no final de frases interrogativas; ponto de exclamação para expressar admiração, etc. Passando a utilizar o dicionário quando encontrar palavras desconhecidas nos textos que lê, ou até mesmo quando vai escrever para um amigo de correspondência, e precisa saber a grafia correta de determinada palavra. Pois não pode correr o risco de o amigo escrever uma carta ou bilhete e colar um pedacinho do papel, pedindo para explicar que palavra é aquela, e justificando que não conseguiu fazer a leitura da mesma.

A revisão textual contribui para que o aluno perceba a estrutura do seu texto e considere aspectos relativos ao nível de informatividade do mesmo, como: a ortografia, a caligrafia, a concordância, a pontuação, e os demais aspectos formais do texto.

Durante a primeira versão do texto, o aluno tem sua atividade reflexiva centrada em aspectos como: o que dizer, como dizer, que palavras usar, etc. Já no momento de revisão do texto, o aluno tem a possibilidade de perceber como dizer mais, dizer de outra maneira, analisar o que foi escrito, fazer correções, como a concordância, ortografia e caligrafia para que o leitor compreenda melhor o que foi escrito.

Para o professor que convive com uma realidade de 35 (trinta e cinco) a 40 (quarenta) alunos em uma sala de aula, não é fácil o processo de correção de textos dos alunos, principalmente pela quantidade de turmas, que é de 8 (oito) a 10 (dez) para a composição de sua carga horária mensal. Somadas todas as turmas, são cerca de 300 (trezentos) textos para o professor ler, corrigir e questionar, devolver para que o aluno refaça, e depois, ainda, releia-os para confirmar se foram feitas as alterações por ele (professor) sugeridas. Para um professor que tem uma carga horária de 60 (sessenta) horas, que é o caso da grande maioria dos que trabalham para a rede pública (estado e município), não sobra tempo para tal prática de correção. Apesar da excessiva jornada de trabalho, o professor passa, no mínimo, duas horas de algumas de sua madrugada, a ler e corrigir textos de alunos, pois é responsável no cumprir do seu papel.

Ao enfoque de seu papel na articulação da produção de texto, percebe-se que o professor venha a ser privado dessa atribuição, no entanto, ele não se afasta de sua visão de produtor de textos (ao corrigir e indicar as modificações aos seus alunos), pois mesmo diante da realidade da falta de tempo, cada um dos discentes estão à espera de uma palavra “nova” ou “sugestão” para o início ou continuidade das produções como articulação crítica do conhecimento em decorrência do ensino e aprendizagem promovido pela escola.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

GERALDI, João Vanderley, (org.). O texto na sala de aula. 3ª ed. São Paulo: Ática, 2002.
BRAGGIO, Sílvia L. B. A importância da construção do sentido na aquisição da linguagem escrita. 2002.
CAGLIARI, Luiz Carlos. Alfabetização e lingüística.
SANTOS, Janete Silva dos. Produção de texto na escola: uma prática dialógica. UEFS. A Cor das Letras: Revista do Departamento de letras e Artes da Universidade Estadual de Feira de Santana – nº V, 2004 Feira de Santana, 2004.
TEBEROSKY, Ana. Debater e opinar estimulam a leitura e a escrita. Revista Nova Escola. Nº 187, ano XX, novembro de 2005.


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[1] Pós-graduada em Leitura e Produção Escrita pela UFT – Universidade Federal do Tocantins; Graduada em Letras pela UNITINS – Universidade do Tocantins; Coordenadora Pedagógica no Colégio Estadual CAIC – Jorge Humberto Camargo em Araguaína-TO.

[2] Pós-graduado em Gestão Educacional e Metodologias do Ensino de Linguagem pela EDUCON – Educação Continuada Ltda; Graduado em Letras pela UNITINS – Universidade do Tocantins, Ex-professor Substituto da UFT (2005-2006); Coordenador Pedagógico no Colégio Estadual Adolfo Bezerra de Menezes.


Publicado por: Rubens Martins da Silva

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