Whatsapp

O NEUROPSICÓLOGO FRENTE AO RESGATE DO ALUNO COM SÍNDROMES EMOCIONAIS NO PÓS-PANDEMIA COVID-19: RETORNO AS AULAS PRESENCIAIS EM 2022

Análise sobre o neuropsicólogo como um auxiliar dos profissionais educadores na mediação do aluno, frente ao retorno às aulas presenciais no ano de 2022, assim como, a necessidade de aproximar a família do contexto escolar, mesmo que ainda este fator já faça parte dos projetos educacionais por longos anos.

O texto publicado foi encaminhado por um usuário do site por meio do canal colaborativo Meu Artigo. Brasil Escola não se responsabiliza pelo conteúdo do artigo publicado, que é de total responsabilidade do autor . Para acessar os textos produzidos pelo site, acesse: https://www.brasilescola.com.

RESUMO

O estudo tem como objeto mostrar que o neuropsicólogo tem uma tarefa árdua para desenvolver nos próximos anos, frente ao retorno das aulas presenciais em 2022 onde em alguns municípios foi decretado a Aprovação Automática dos alunos. Isso porque depois de um período de Pandemia, causado pelo Covid-19, nos anos de 2020/2021 e que ainda perdura de forma lenta em todo o mundo, faz com que a sociedade retome aos poucos a “vida normal”, mas dentro de um contexto de estigmas, isto é, variadas síndromes que se estendem a cada dia, tais como: a Síndrome do Pânico, o TDAH (Transtorno de Déficit de Aprendizagem e Hiperatividade), ansiedade, medo de relações interpessoais, ausência de afetos e comportamentos agressivos, dentre outros, o que poderá inibir uma parcela considerável de alunos ao acesso ao aprendizado, logo, na construção de novas amizades, acrescentando também, o bom desempenho no processo de ensino-aprendizagem. E, tendo por meta evidenciar a escolha do tema, o objetivo geral pauta-se em apresentar o neuropsicólogo como um auxiliar dos profissionais educacionais na mediação do aluno ao retorno às aulas presenciais em 2022. Justifica-se pela observação de que muitos alunos estão com dificuldades de aceitação da escola e algumas reclamações vem associadas aos problemas emocionais, afetivos, (etc.) e a ausência de contato presencial durante o isolamento, inibindo o aprendizado, as habilidades e competências dos alunos diante das tarefas a serem desenvolvidas em salas de aula. A metodologia é uma revisão bibliográfica com abordagem qualitativa e métodos descritivos, utilizando-se de autores: DORON & PAROT (2001); DEBRAY e NOLLET (2004); FREIRE (2006); SILVA (2011 apud MELO DIEGO & BORGES apud MELO D; et al., 2019); BNCC (2019), dentre outros citados para a fundamentação teórica. Os textos não possuem o intuito de esgotar a linha de pesquisa, mas propor uma breve abordagem acerca de alguns transtornos visíveis no espaço de aprendizagem. Mencionando, a necessidade de se criar estratégias no modo de ensinar, devido aos receios dos alunos em não conseguirem acompanhar as metodologias abordadas pelo sistema, citando-as, tem-se as novas tecnologias com as metodologias ativas para ampliar as possibilidades de aprendizado com recursos pedagógicos dentro dos conteúdos curriculares.

PALAVRAS-CHAVE: Neuropsicólogo. Aulas presenciais. Problemas emocionais, afetivos e psicossociais. Novas tecnologias, metodologias-Aprendizagem.

INTRODUÇÃO

As mudanças que vem ocorrendo na sociedade, devido aos dois últimos anos de Pandemia (Covid-19 - isolamento social), tem evidenciado que um número considerável de pessoas está doente emocionalmente e afetivamente. E, os alunos demonstram em salas de aula o medo de não conseguirem acompanhar as propostas educacionais (passar de série). Também, se tem a ansiedade que gera desconforto entre os pares e o desânimo para os estudos, o que atrapalha o bom andamento do processo de ensino-aprendizagem (SILVA, 2011; apud MELO DIEGO & BORGES apud MELO D; et al., 2019).

São muitas as síndromes que estão envolvidas na ação do não aprendizado, podendo citar algumas agressões que surgem mediante a aceitação do outro (sentimento de rejeição por causa do longo período de distanciamento, etc.), medo do contato físico, ansiedade, dentre outros. Evidenciando que todos os setores sociais foram afetados, mas a escola como lugar de aprendizagem e socialização, precisa que seus profissionais se adequem às novas metodologias para ensinar, aproximar, estimular e propor segurança ao aluno no ambiente escolar, de modo que criem satisfação para aprender em coletividade.

Portanto, trabalhar o alunado para que reaprenda a aprender, requer nos dias de hoje, a aplicação de novas tecnologias aplicadas as metodologias ativas, isso porque o aluno para readaptar-se necessita dos espaços de interações e intervalos entre os conteúdos, tendo em vista ajustar-se ao novo momento fora do isolamento, mas ainda com restrições à doença.

A tecnologia se tornou ainda mais aliada nesse processo, já que os ensinos remotos e híbridos se transformaram num suporte essencial para não permitir que os alunos ficassem totalmente sem acesso à escola, o que levou a aprenderem em casa por meios de métodos associados aos conteúdos pedagógicos, as chamadas Metodologias Ativas, destacando como suportes técnicos, o google.meet, Zoom, WhatsApp, etc., para auxiliar professores e alunos durante o isolamento social (PAVÃO e ROCHA, 2017).

Ressaltando que, os transtornos emocionais são ocasionados pelo desempenho cerebral com base em fatores internos e externos, controlados pelo Sistema Nervoso Central (SNC) e nos anos de isolamento social (2020/2021), tanto os aspectos internos preexistentes (medo, raiva, ansiedade, distúrbios alimentares, desvios de comportamentos, diferentes tipos de deficiências que estão associadas as síndromes, etc.), quanto aos externos (dificuldades de acesso ao básico: alimentos, álcool para manutenção da higiene, etc., ausência de acesso aos profissionais de saúde em tempo hábil, etc.), vem ocasionando a resistência de alguns familiares em levar os filhos para à escola e, ao mesmo tempo, o não aprendizado dos alunos, requerendo o auxílio de profissionais habilitados para ajudar nas angústias proporcionadas pelo afastamento social.

Partindo dessa pequena abordagem, o objetivo geral pauta-se em apresentar o neuropsicólogo como um auxiliar dos profissionais educadores na mediação do aluno, frente ao retorno às aulas presenciais no ano de 2022, assim como, a necessidade de aproximar a família do contexto escolar, mesmo que ainda este fator já faça parte dos projetos educacionais por longos anos.

Os objetivos específicos buscam: identificar como o neuropsicólogo pode trabalhar o aluno com diferentes problemas emocionais para obter um bom retorno ao ambiente escolar e; mostrar que os afetos se constituem numa opção para tornar o espaço de aprendizagem mais acolhedor; apresentar algumas síndromes que necessitam ser diagnosticadas pelo neuropsicólogo para ajudar na mediação do professor com os alunos frente ao retorno as aulas presenciais e;  averiguar como o aluno poderá alcançar um bom desempenho no processo de ensino-aprendizagem nos anos posteriores a 2022.

Quanto à problemática: Quais instrumentos podem ser utilizados pelo neuropsicólogo para trabalhar os alunos com dificuldades de aprendizagem e interações no ambiente escolar?

Destacando que, muitos municípios aderiram a aprovação automática dos alunos, exemplo, a Prefeitura Municipal de Campos dos Goytacazes – RJ, onde expressa que:

Art. 1º DOU – Processo nº. 8349/2007 (2007.005.000063-1 – PA - JULGAMENTO – Edição 1193 de 13 de outubro de 2022 – www.campos.rj.gov.br – “Aprovar o Plano Municipal de Recomposição e Recuperação de Aprendizagens Para o Biênio de 2022/2023, como mecanismo para diminuir os prejuízos causados pela pandemia à aprendizagem no desenvolvimento educacional de alunos da Rede Pública Municipal”, para que possam dar continuidade nos demais segmentos na trajetória institucional (PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMPOS DOS GOYTACAZES – RJ,2022, p.3).

O Decreto, ao mesmo tempo em que não leva o aluno a repetir de série poderá promover retenção se o professor junto aos demais profissionais julgarem necessário, assim como, causar problemas emocionais e de recusa à escola ou a não aceitação de transferência escolar se a atual não oferecer um ensino que abranja até o 9º ano do Ensino Fundamental, isso devido ao medo de associar-se a novos grupos, mas, principalmente, pela ausência de leitura e escrita (alfabetização básica/letramento).

Justifica-se pela observação de que muitos alunos estão com dificuldades de aceitação do ambiente escolar e algumas reclamações vem sendo associadas aos problemas emocionais, afetivos e psicossociais, nos quais inibem as habilidades e autonomia do aprendiz, dificultando o acesso às aulas presenciais, haja vista que muitos pais/responsáveis ainda sentem medo de encaminhar seus filhos à escola regularmente, devido a presença do Covid-19 e outras doenças que estão se propagando em pequena escala, mas requerem atenção (varíola do macaco, gripe e dores constantes, alergias, etc.), contribuindo decisivamente na redução do tempo de aprendizagem.

A metodologia é uma revisão bibliográfica com abordagem qualitativa e métodos descritivos, utilizando-se de alguns dos autores, tais como: DORON & PAROT (2001); DEBRAY e NOLLET (2004); FREIRE (2006); SILVA (2011 apud MELO DIEGO & BORGES apud MELO D; et al., 2019); BNCC (2019), dentre outros citados no decorrer dos textos.

Mencionando o processo de ensino-aprendizagem que necessita do aluno boas condições psicológicas e satisfação para receber os conteúdos didático-pedagógicos e aos poucos, ir se adaptando ao novo contexto que é a sala de aula, exigindo dos profissionais a formação continuada para o bem-estar físico-cognitivo, comportamental, emocional e afetivo dos alunos.

Destacando ainda que, uma das estratégias para aproximar o aluno do ambiente escolar pode ser dada pela pedagogia dos afetos, isto é, trabalhar a integração professor/aluno e aluno demais pares, com o apoio das novas tecnologias e metodologias ativas, visto que esses recursos promovem o raciocínio lógico, contribui para minimizar a resistência ao aprendizado e eleva a autoestima (dentre outros), colaborando para que o espaço escolar seja menos desafiador e mais motivador, logo, que o aprendizado aconteça conforme as propostas educacionais.

DESENVOLVIMENTO

A Necessidade de novas práticas docentes para atender o alunado em seu processo de ensino-aprendizagem no Pós-pandemia Covid-19.

Os diferenciados contextos em que a população mundial encontra-se inserida na sociedade pela presença do Covid-19 e outras doenças que estão ressurgindo pós-pandemia (novos vírus causados pela pandemia, etc.), tem demonstrado a necessidade de aprimoramento no modo de receber e ensinar ao alunado, visto que o ano de 2022 com o retorno das aulas presenciais, tornou cada vez mais visível os estigmas vivenciados por crianças/adolescentes e famílias, em especial as mais vulneráveis e que dependem, também da escola pública como lugar para interagir-se, aprender, socializar e alimentar-se (etc.), adequadamente durante o tempo de estudo (UNICEF, 2022).

Segundo a UNICEF (2022),

O estudo confirma a crise profunda da Educação no Brasil. Por isso, o UNICEF lançou a campanha #VotePelaEducação, em parceria com a Artplan, agência do Grupo Dreamers, mobilizando a sociedade para que cobre de candidatas e candidatos que priorizem a Educação se eleitas e eleitos. Realizada em agosto deste ano (2022), ouvindo meninos e meninas de todas as regiões do País, a pesquisa mostra que a exclusão escolar afeta principalmente os mais vulneráveis. No total, 11% dos entrevistados não estão frequentando a escola, sendo que, na classe AB, o percentual é de 4%, enquanto, na classe DE, chega a 17% – ou seja, é quatro vezes maior. Entre quem não está frequentando a escola, metade (48%) afirma que deixou de estudar “porque tinha de trabalhar fora”. Dificuldades de aprendizagem aparecem em patamar também elevado, com 30% afirmando que saíram “por não conseguirem acompanhar as explicações ou atividades”. Em seguida, 29% dizem que desistiram, pois, “a escola não tinha retomado atividades presenciais” e 28% afirmam que “tinham que cuidar de familiares”. Aparecem na lista, também, temas como falta de transporte (18%), gravidez (14%), desafios por ter alguma deficiência (9%), racismo (6%), dentre outros. Entre os estudantes que estão na escola, a evasão é um risco real. Segundo a pesquisa, nos últimos três meses, 21% dos estudantes de 11 a 19 anos de escolas públicas pensaram em desistir da escola. Entre os principais motivos, está o fato de não conseguirem acompanhar as explicações ou atividades passadas pelos professores – item citado por 50% dos que pensaram em desistir (UNICEF, 2022, p.1).

Em afirmação aos desafios, Ramos (2018) descreve que a socialização é um dos primeiros passos para fazer com que os seres humanos entendam a necessidade de compartilhar a vida com seu próximo, portanto, a escola é um lugar para inserção da criança/adolescente em variados meios sociais, isso porque, ao mesmo tempo em que ensina aos sujeitos, aproxima a família e comunidades, construindo a interdependência entre os pares.

Para Ramos (2018 apud CAVALIERE, 2009, p. 57),

As formas de socialização das classes populares ainda contam com o trabalho juvenil em diversas modalidades e, ao lado dele, com um tipo de formação que induz muito cedo o adolescente e o jovem à autonomia. A tutela, típica da ação escolar, é algo que incomoda particularmente ao jovem de classe popular, que, em geral, adquire mais cedo sua independência de locomoção e autocuidados. A escola, empobrecida e burocratizada, que tutela, mas não oferece algo desafiador, acaba sendo intolerável para uma parte desses jovens, perdendo-os para outros chamamentos da vida cotidiana.

Sem deixar de mencionar os problemas enfrentados pelos genitores, tais como:  o desemprego, a fome, o medo de perdas e a falta de autoestima, etc., afetando crianças e adolescentes em diversos processos do desenvolvimento. Todos esses fatores influenciam diretamente os alunos nos aspectos neurológicos, cognitivos, comportamentais, afetivos, emocionais e na aceitação do novo, isto é, na utilização das novas tecnologias em massa em todos os setores da economia, aliando-se ao processo educacional, levando a apresentar um processo de ensino-aprendizagem defasado no de 2022 para àqueles que não puderam acompanhar as aulas remotas durante o isolamento social em 2020/2021 (RAMOS, 2018).

Ramos (2018), destaca ainda que, é preciso que a escola além de trabalhar a criança/adolescente para fortalecer a convivência em coletividade, os profissionais educadores devem considerar os fatores individuais, pois, cada sujeito é único e tem a sua história de vida formada nos meios de pertencimento, que na maioria das vezes, ao se tratar da instituição de ensino público é permeado por problemas, sendo alguns deles os já citados anteriormente e o uso abusivo de substâncias psicoativas (remédios, álcool, drogas, etc.) e a desestruturação familiar (formada por famílias multifacetadas, dentre outros), o que corrobora para a desatenção em sala de aula e recusa do aprendizado.

Portanto, o retorno à “vida normal”, ainda está sendo um fator muito relevante para os pesquisadores em variadas áreas, em especial a Medicina que deixa claro que a pandemia (Covid-19) não acabou e que os danos serão aumentados gradativamente, caso toda a população não venha a aderir as vacinas e cuidados essenciais para evitar a propagação da doença.

Com isso, o ano de 2022 apontou para um alto custo social, principalmente, ao tratar-se das famílias que se encontram em vulnerabilidade e não podem acompanhar os altos e baixos da economia e no que se trata de alimentação básica que é fator essencial à manutenção da vida e ao desenvolvimento da criança/adolescente em todos os aspectos (BRASIL, 2021).

Portanto, a neuropsicologia dentro dessa abordagem pode ser entendida como de “caráter multifuncional” por avaliar o indivíduo como um todo, observando as singularidades apresentadas. Esta ciência busca saber os fatores que contribuem para a não aquisição do aprendizado do sujeito e, quais técnicas podem ser utilizadas para auxiliá-lo na redução dos estigmas, que atrapalham os aspectos cognitivos e comportamentais, inibindo o aprendizado nas fases ideais da idade e escolar.

Tokuhama-Espinosa (2008, p.14),

Enumera ainda o que seriam 14 princípios básicos, a serem usados como fio condutor da neuroeducação, em torno dos quais se articulariam premissas das três áreas estruturadoras (neurociências, psicologia e educação, segundo a autora), não necessariamente em ordem hierárquica de relevância: Estudantes aprendem melhor quando são altamente motivados do que quando não têm motivação, fazendo com que o estresse venha a impactar o aprendizado e a ansiedade, com isso, bloqueia oportunidades de aprendizado e estados depressivos podem impedir a eficácia do processo de ensino-aprendizagem, dentre outros.

Com base na citação acima, percebe-se que o aluno quando sente satisfação em aprender, esse processo se torna prazeroso, elevando a autoestima e procurando aplicar os conteúdos curriculares de forma lúdica, isto é, utilizando-se das novas tecnologias e metodologias ativas, isso porque faz com que o comportamento melhore, ampliando; assim, as possibilidades de um aprendizado com mais atenção direcionada as aulas ministradas pelo professor, logo, contribuindo para a minimização da ansiedade, do estresse e de outros estigmas provocados no período de isolamento social.

Segundo Libâneo (1994), o processo de aprendizagem requer assimilação, concentração e, acima de tudo, a motivação da criança/adolescente para o aprendizado. O professor precisa dar o suporte necessário a ação de aprender a partir de métodos que integrem o alunado nos conteúdos, de forma que o faça sentir-se importante na participação em sala de aula.

Os professores precisam dominar, com segurança, esses meios auxiliares de ensino, conhecendo-os e aprendendo a utilizá-los. O momento didático mais adequado de utilizá-los vai depender do trabalho docente prático, no qual se adquira o efeito traquejo na manipulação do material didático. (LIBÂNEO, 1994, p. 173).

Para Libâneo (1994), o planejamento é essencial para estimular o alunado a aprender, cabendo ao professor elaborar aulas criativas, apropriando-se dentro da estrutura de cada escola de recursos que levem a adaptar-se à realidade social que está inserida nas novas tecnologias e metodologias ativas, também se torna indispensável a Educação Continuada.

A Educação Continuada pode ser entendida como uma tarefa que precisa ser realizada de forma conjunta pelos diferentes profissionais educadores, isso porque, o professor tem a missão de formar o aluno integralmente para os meios sociais, cabendo um olhar atencioso e afetuoso para trabalhar a criança/adolescente em suas singularidades e peculiaridades. Por isso, utilizar a pedagogia dos afetos em muito facilita para a criação de integração e participação dos alunos no contexto escolar (LIBÂNEO, 1994).

O processo de ensino é uma atividade conjunta de professores, organizado sob a direção do professor, com a finalidade de prover as condições e meios pelos quais os alunos assimilam ativamente conhecimentos, habilidades, atitudes e convicções (LIBÂNEO, 1994, p.27).

A aprendizagem requer uma prática conjunta dos educadores, portanto, quanto maior as habilidades destes, as possibilidades de aprendizado do alunado se ampliam. A Educação Continuada é uma forma de atualização do profissional, visto que, os métodos mudam cotidianamente exigindo especialização e novos conhecimentos por parte dos profissionais. Também é essencial se praticar ações com afetividade, pois os afetos promovem segurança e bem-estar no ato de aprender.

Por isso, ao apresentar o neuropsicólogo como um auxiliar dos profissionais educadores na mediação do aluno, frente ao retorno às aulas presenciais no ano de 2022 e próximos anos, este profissional pode atuar a partir da observação dos comportamentos demonstrados pelos alunos, pois se traduz em um indicativo do aprendizado assimilado e das dificuldades que podem ser desde o processo de alfabetização (leitura e escrita), em relação aos fatores inibidores do ato de aprender, isto é, os estigmas nos quais impactam o aluno em sua trajetória educacional (não adaptação ao ambiente escolar, ao professor, demais pares etc.), tanto quanto aos problemas cognitivos, emocionais, afetivos, comportamentais, dentre outros (BLAKEMORE; FIRTH, 2000).

Mencionando que ao se tratar de quais instrumentos podem ser utilizados pelo neuropsicólogo para trabalhar os alunos com dificuldades de aprendizagem e interações no ambiente escolar? Pode-se dizer que, os afetos se constituem na primeira opção, seguida de uma prática integradora com possibilidades de oportunizar o alunado a ser participativo nas atividades planejadas pelo professor, por isso, o trabalho em equipe é fundamental para propor a união da comunidade escolar em diferentes aspectos que abrangem a aprendizagem eficaz do aluno.

Para Freire (1996, p.20),

[...] A grande tarefa do sujeito que pensa certo não é transferir, depositar, oferecer, dor ao outro, tomado como paciente de seu pensar, a intelegibilidade das coisas, dos fatos, dos conceitos. A tarefa coerente do educador que pensa certo é, exercendo como ser humano a irrecusável prática de inteligir, desafiar o educando com quem se comunica e a quem comunica, produzir sua compreensão do que vem sendo comunicado [...].

Sendo de suma relevância, mostrar que os afetos se constituem numa opção para tornar o espaço de aprendizagem mais acolhedor, isso porque a afetividade transmite segurança, promove conforto e confiança entre o aluno e o mediador, o que poderá fazer com que o diálogo fique mais aberto e; com isso, ocorra possíveis soluções para os problemas enfrentados pelo alunado nos aspectos internos e externos.

Não podendo deixar de ressaltar que algumas síndromes apresentadas parcialmente em sala de aula necessitam ser analisadas pelo neuropiscólogo e mediada com outros profissionais e a família para a obtenção detalhada de atitudes da criança/adolescente fora do contexto de escolar, tendo em vista, a partir do diagnóstico dado pelos responsáveis ajudar na mediação do professor para alcançar um processo de ensino-aprendizagem eficaz (TOKUHAMA-ESPINOSA, 2008).

No entanto, a necessidade de aproximar a família do contexto escolar é fundamental para fortalecer os laços entre a criança/adolescente com a escola, do mesmo modo, as questões relacionadas aos afetos, interações (etc.), com os profissionais educadores e demais pares, para que haja de fato, integração entre os educadores frente aos alunos, mas principalmente, com toda a comunidade escolar.

Por isso, cabe identificar como o neuropsicólogo pode trabalhar o aluno com diferentes problemas emocionais para obter um bom retorno ao ambiente escolar e prosseguir com ênfase nos estudos e demais segmentos, visto que, esse profissional precisa olhar cada aluno em sua singularidade e especificidade, sem procurar fazer qualquer tipo de comparação as dificuldades e problemas emocionais entre os pares, mas buscar dentro das possibilidades, resolver em acordo com ofertas dada pela escola, família e o próprio aluno os conflitos que aparecerem no decorrer do ano letivo (BLAKEMORE; FIRTH, 2000).

Ressaltando que, a aprendizagem é um processo lento e cada aluno tem o seu tempo de aprendizagem, o que o neuropsicólogo deverá considerar antes de traçar um planejamento para trabalhar a criança/adolescente, isso porque nem sempre as dificuldades de aprendizagem devem ser tratadas como problemas que requerem intervenção mais ativa pelo neuropsicólogo, pois poderá ser uma questão de readaptação que passará com a satisfação de retornar a escola, do mesmo modo, alguns momentos de birra, no qual de forma conjunta escola/aluno/familia poderá ser solucionado com o diálogo e afetos contínuos sem maiores preocupações (GALVÃO, 1995).

Tanto Vygotsky quanto Wallon afirmam que não se pode separar afetividade e cognição. Para Wallon, ambas não se mantêm como junções exteriores uma à outra, [...] estão envolvidas em um processo de integração e diferenciação. (GALVÃO, 1999, p. 45).

Finalmente, averiguar como o aluno poderá alcançar o bom desempenho no processo de ensino-aprendizagem, tendo como base o retorno as aulas presenciais que aconteceram em 2022, promove a relevância em avaliar o alunado e propor segurança ao retorno as aulas neste ano de 2023 e posteriores, para que se cumpra os objetivos da Educação e; ao mesmo tempo, ocorra a satisfação da criança/adolescente em estar no ambiente escolar e poder aprender, assim como, sentir-se motivado a interagir-se e integrar-se de forma presencial, para um desenvolvimento cognitivo, psíquico e emocional satisfatório (GALVÃO, 1995).

CONCLUSÃO

Com base na pequena abordagem anteriormente realizada, é válido mencionar que é preciso trabalhar a criança/adolescente em seus afetos e demais fatores essenciais relacionados ao Sistema Nervoso Central (SNC), para que o aluno aprenda e ambiente-se novamente ao contexto escolar, assim como o neuropsicólogo deverá criar estratégias para mediar os conflitos que constantemente farão parte de todo o processo educativo.

E, para a criança/adolescente que ainda irão frequentar a escola pela primeira vez, o olhar deverá ser diferenciado, mas acima de tudo muito acolhedor, pois refletirá os problemas vivenciados pela família de forma mais expressiva, visto que terá de aprender a integrar-se a novos pares e sobrecarregado de estigmas, nos quais precisarão ser moldados no decorrer dos demais anos letivos.

Destacando que, para os já pertencentes as escolas (matriculados), também exigirão dos profissionais educadores uma revisão em todo o conteúdo curricular aplicado no ano de 2022 e a atenção aos índices de defasagens dos alunos, para que se possa conseguir trabalhar os fatores cognitivos, emocionais, comportamentais e afetivos. Por isso, uma prática mais acrescida de recursos dentro das novas propostas curriculares, isto é, novas tecnologias e metodologias ativas, serão de grande valia para auxiliar crianças e adolescentes no processo de ensino-aprendizagem.

Ressaltando ainda que, os problemas sociais são maiores em relação aos vulneráveis, haja vista que, muitos dependem do apoio governamental para manter o mínimo de condições básicas necessárias à sobrevivência (alimentação básica, higiene pessoal, lazer, cultura, etc.), o que interfere decisivamente em indivíduos de diferentes idades.

Mas, ao se tratar de crianças/adolescentes em desenvolvimento e em fase de aprendizagem escolar (alfabetização), os desafios se agravam, pois, os problemas vivenciados no lar nos tempos de isolamento são reproduzidos na escola e no modo como aprende e se relaciona com os profissionais educadores e demais pares (SILVA, 2011; apud MELO DIEGO & BORGES apud MELO D; et al., 2019).

De acordo com Graciani (2014), o sistema de ensino ainda é muito complexo e se torna menos compartilhado pelas famílias em vulnerabilidade social, devido aos estigmas nos quais são variados dentro de contextos familiares e; que na maioria das vezes, pela ausência de um dos genitores e demais problemas no contexto familiar, o acesso ao aprendizado fica comprometido, interferindo decisivamente na maneira como o aluno aprende e se desenvolve no ambiente escolar.

Em conclusão aos textos, o neuropsicólogo é um profissional que precisa ter um olhar crítico e; ao mesmo tempo, avaliador dos problemas que o aluno leva para a sala de aula e que reflete em todo o ambiente escolar em diferentes aspectos, portanto, a Educação Continuada é um fator indispensável para o alcance da criança/adolescente no aprendizado, pois a formação integral acontecerá a partir da satisfação que o aluno encontra em fazer parte da escola.

A prática do neuropsicólogo irá refletir decisivamente no comportamento do aluno que apresenta algum tipo de dificuldade, seja de interação, socialização e principalmente, aprendizagem. Quanto maior o envolvimento na vida de aprendizagem do alunado o profissional neuropsicólogo ajudará o professor e demais mediadores na solução de problemas, por isso, o trabalho em equipe é de suma relevância, não podendo ser negligenciado, mas sim, acolhido por todos os educadores de forma afetuosa e com respeito as diversidades que abrangem o contexto escolar.

REFERÊNCIAS

BATISTA PEREIRA DA SILVA, Diogo. A neuropsicologia na atualidade e suas contribuições. Psicologia.pt, [S. l.], p. 1 - 7, 2020.

BLAKEMORE, S.; FRITH, U. The implications of recent developments in Neuroscience for research on teaching and learning. London: Institute of cognitive Neuroscience, 2000.

BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional n°. 9.394/96. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm>. Acesso em 29 de ago. 2022.

_______. Base Nacional Comum Curricular – BNCC-2019. Disponível em: . Acesso em 07 de dez. 2022.

_______. Linguagem cidadã: Transparência dos valores orçamentários e da execução de despesas do Governo Federal relacionadas ao enfrentamento da pandemia de coronavírus (Covid-19) em todo país. Disponível em: . Acesso em 20 de nov. 2022.

CAVALIERE, A. M. Escolas de tempo integral versus alunos em tempo integral. Em Aberto, Brasília: INEP, v. 22, n. 80, p. 51-63, 2009. Disponível em: . Acesso em: 1 nov. 2022.

DEBRAY, Q., & NOLLET, D. (2004). As personalidades patológicas. Lisboa: Climepsi Editores.

DORAN, Roland; PAROT, Françoise. Dicionário de Psicologia. Lisboa: Climepsi Editores, 2001.

F. BORGES, Rayane et al. Avaliação Neuropsicológica do Autista. Aee, [S. l.], p. 1-20, 2016.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa/ Paulo Freire. – São Paulo: Paz e Terra, 1996. – (Coleção Leitura).

_________. Pedagogia da esperança: um reencontro com a Pedagogia do oprimido. São Paulo: Paz e Terra, 2006.

GALVÃO, I. Uma concepção Dialética do desenvolvimento infantil. Rio de Janeiro: Vozes,1995.

LIBÂNEO, J. C. O processo de ensino na escola. São Paulo: Cortez, 1994. P. 77-118.

___________. Didática, 1994. Disponível em: . Acesso em 17 de nov. 2022.

MELLO DE ALMEIDA SCHNEIDER, Andréia et al. Planejamento da avaliação psicológica: implicações para a prática e para a formação. Scielo, [S. l.], p. 1 - 25, 2018.

MELO, Diego Gomes da Silva; BORGES, Mikaelly Cavalcanti. A avaliação neuropsicológica nos casos de microcefalia. Disponível em: chrome-extension://efaidnbmnnnibpcajpcglclefindmkaj/https://www.psicologia.pt/artigos/textos/A1281.pdf. Acesso em 12 de dez. 2022. 

PAVÃO, Ana Cláudia Oliveira; ROCHA, Karla Marques. Tecnologias Educacionais em Rede: Produtos e práticas inovadoras. Santa Maria Editora Experimental pE.com UFSM 2017.

PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMPOS DOS GOYTACAZES. Aprova o Plano Municipal de Recomposição e Recuperação de Aprendizagens para o Biênio 2022/2023 Como Mecanismo para Diminuir os Prejuízos Causados pela Pandemia à Aprendizagem no Desenvolvimento Educacional de Alunos da Rede Pública Municipal. Disponível em: chrome-extension://efaidnbmnnnibpcajpcglclefindmkaj/https://www.campos.rj.gov.br/app/assets/diario-oficial/link/5471. Acesso em 10 de dez. 2022.

RAMOS, Francicleo Castro. Socialização e cultura escolar no Brasil, 2018. Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, RJ, Brasil. Disponível em: . Acesso em 18 de nov. 2022.

TOKUHAMA-ESPINOSA, T. N. (2008). The scientifically substantiated art of teaching: a study in the development of standards in the new academic field of neuroeducation (mind, brain, and education science). Tese de Doutorado, Programa de Pós-Graduação em Educação, Capella University, Mineápolis, Minesota. Disponível em: chrome-extension://efaidnbmnnnibpcajpcglclefindmkaj/http://www.cienciasecognicao.org/pdf/v15_1/m276_10.pdf. Acesso em 12 de dez. 2022.

UNICEF. Dois milhões de crianças e adolescentes de 11 a 19 anos não está frequentando a escola no brasil, alerta UNICEF. Disponível em: . Acesso em 12 de dez. 2022.


Publicado por: Giselle Alves da Conceição

O texto publicado foi encaminhado por um usuário do site por meio do canal colaborativo Meu Artigo. Brasil Escola não se responsabiliza pelo conteúdo do artigo publicado, que é de total responsabilidade do autor . Para acessar os textos produzidos pelo site, acesse: https://www.brasilescola.com.