O bullying atinge ambos os sexos
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O bullying, processo repetitivo e constrangedor pelo qual milhares de alunos passam todos os dias nas escolas, é hoje um mal a ser combatido em caráter emergencial. A desinformação generalizada e o medo de diretores e professores de admitir a existência deste fenômeno em suas instituições de ensino têm propiciado o crescimento de atitudes agressivas de alguns alunos para com o que é diferente, produzindo cidadãos intolerantes e preconceituosos.
Enganam-se quem imagina que tal experiência degradante seja vivida e provocada apenas por meninos. Quando fui proferir uma palestra sobre o tema numa escola estadual aqui em Goiânia, uma aluna indagou sobre a obrigatoriedade de sua presença durante minha explanação, afinal, o bullying, por ser caracterizado por atitudes agressivas, seria prática exclusiva dos meninos. É preciso entender que o bullying é uma tipologia usada para identificar vários tipos de violência em um determinado grupo de estudantes, compreendendo violência física, verbal, emocional, etc.
O bullying com uso da violência física é mais comum entre meninos, mas temos inúmeros casos entre meninas também. O mais comum entre meninas é a violência verbal e emocional, o uso de amizades que desvirtuam a vítima de seu eixo social ou ainda a exclusão da vítima pelo grupo. Assim, esta agressão acaba sendo menos percebida pelos professores e pelos pais, imaginando que a vítima é apenas tímida, triste ou que este é o jeito dela, sendo que de fato esta é vítima da crueldade de alguns alunos no ambiente onde a segurança deveria estar presente. Todos nós queremos ser aceitos no grupo em que estamos inseridos. Entre crianças e adolescentes isto não é diferente. O ato de apelidar, de amedrontar, de humilhar, de chantagear, ameaçar, de agredir fisicamente, de excluir do grupo, ou simplesmente ignorar, leva suas vítimas a uma perda de identidade, gerando sérios problemas psicossociais, prejuízos no processo de aprendizagem destes educandos e levam até mesmo a suicídios ou homicídio seguido de suicídio. Exemplos destas conseqüências são vistos principalmente em países como EUA, onde o porte de armas é comum.
Os agressores, como são chamados os que praticam o bullying, sejam meninos ou meninas, também sofre com esta prática. Afinal, está comprovado que 60% dos agressores terão passagem pela polícia até os 18 anos de idade. Ou seja, a prática do bullying, independente do sexo do agressor, leva os jovens ao crime e aumenta a evasão escolar.
Nós enquanto pais, professores e seres humanos, não podemos mais aceitar atitudes como estas presentes na prática do bullying. Afinal, estamos vendo jovens estressados, deprimidos, com baixa autoestima e incapacidade de autoaceitação. Devemos entender que este fenômeno é praticado por meninas e meninos e que suas conseqüências atingem a todos nós.
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Publicado por: Alexandre Vinícius Malmann Medeiros
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