No País do Futuro
Entenda sobre a educação brasileira e sua relação com o Índice de Desenvolvimento Humano.O texto publicado foi encaminhado por um usuário do site por meio do canal colaborativo Meu Artigo. Brasil Escola não se responsabiliza pelo conteúdo do artigo publicado, que é de total responsabilidade do autor . Para acessar os textos produzidos pelo site, acesse: https://www.brasilescola.com.
No país do futuro, futuro parece não ter muita importância. Nos últimos vinte anos, o Índice de Desenvolvimento Humano – IDHM da maioria dos municípios brasileiros teve acréscimo notável, passando de uma classificação considerada muito baixa, para um nível entre bom e muito bom. O IDHM considera três aspectos: a longevidade, a renda e a educação. Nos dois primeiros, o desempenho do país pode nos orgulhar. Quanto à educação, amargamos uma mediocridade preocupante.
O Brasil contou com governantes em sucessão que, cada um a seu modo, o mudou para muito melhor, com a estabilização da Economia, o início do resgate da dívida social, melhora da geração e distribuição de renda, condições de alimentação e cuidados com a saúde, que propiciaram a elevação nas duas dimensões do IDHM. Infelizmente, a educação parece não ter tido a mesma sorte - e nem tanto pela determinação dos dirigentes. O trágico é a quase total falta de ressonância, principalmente nas populações de mais baixa renda, da sua necessidade real. Como se ganhos financeiros um pouco melhores do que os de seus pais e acesso a financiamento para aquisição de bens de consumo encerrassem toda a sua jornada de melhoria de vida.
Houve tempos em que o diploma e o anel simbolizavam a condição de “bacharel”, quase um título de nobreza, e davam ao portador direito a privilégios e vantagens, independente de sua real competência ou conhecimentos. Criou-se uma mitologia acerca da educação, como se seus benefícios fossem destinados a uns poucos e, para os demais, reservada apenas obrigação enfadonha de frequentar aulas durante alguns anos, geralmente com a atenção em outra coisa.
A forma de resolver os problemas da educação brasileira é extensamente conhecida. Escolas que não possuem biblioteca, quadra esportiva e área de lazer são maioria no ensino público - e isso acontece até mesmo nos estados mais ricos. Desnecessário falar em valorização do magistério, metodologias adequadas, recursos pedagógicos e estímulo à participação da família no processo de ensino e aprendizagem.
Assistimos à (tardia) constatação governamental acerca da inexistência de docentes para o ensino fundamental e médio, consequência de baixa atratividade da carreira aos jovens formandos. Apenas fica surpreso aquele que desconhece os salários oferecidos, em alguns locais inclusive abaixo do mínimo, o que é um disparate, além de crime.
O desvio de recursos públicos é crime hediondo, pior ainda se são destinados à educação e à saúde. É igualmente criminoso o mau uso de recursos públicos decorrente de incompetência, apadrinhamentos e descaso. Se muitas verbas são simplesmente roubadas, outras são pessimamente empregadas por pessoas que não sabem o que fazem - e que não serão perdoadas, como queria o Nazareno.
O desafio que se apresenta a nós, brasileiros, é imenso. Além do combate à corrupção, fazer a difícil transição de donos de cartão de crédito, para donos da própria vida e consciência. O futuro demandará pessoas com conhecimentos e habilidades que só se adquirem na escola de qualidade. Sabemos que o processo é trabalhoso, requer disciplina e renúncia, mas é o melhor caminho para a verdadeira liberdade e cidadania.
*Wanda Camargo – educadora e assessora da presidência das Faculdades Integradas do Brasil – UniBrasil.
Publicado por: Central Press
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