Medo e capacidade de aprendizagem
O medo pode ser um benefício, mas ao mesmo tempo pode prejudicar o processo de ensino-aprendizagem da criança. Aprenda a lidar com essa sensação.O texto publicado foi encaminhado por um usuário do site por meio do canal colaborativo Meu Artigo. Brasil Escola não se responsabiliza pelo conteúdo do artigo publicado, que é de total responsabilidade do autor . Para acessar os textos produzidos pelo site, acesse: https://www.brasilescola.com.
Embora o medo faça parte da vida normal, desenvolver-se é sinônimo de aprender também a controlar este sentimento. Benéfico em muitos casos, pois é o medo que nos impede machucados sérios, queimaduras, quedas de grandes alturas, por outro lado pode ser incapacitante e prejudicar seriamente o processo de ensino-aprendizagem.
Assim, é importante, e de forma geral cabe à família, oferecer à criança um ambiente capaz de sustentar seu processo de amadurecimento, vencendo o medo e controlando a aflição normalmente presente também nas situações de apavoramento emocional.
O medo costuma ser mais transitório, embora possa durar bastante tempo em alguns poucos casos, mas é a ansiedade, sentimento onde a fonte da ameaça não está claramente definida, ou pelo menos não presente como ameaça real, que pode perdurar muito mais tempo e até definir-se como característica de personalidade.
De forma geral é através das brincadeiras que as crianças efetivam seu contato com seu mundo interior e exterior, promovendo interação entre eles, o que é essencial para vencer o medo, começar a distinguir o real do imaginário, vencer seus fantasmas e adquirir confiança em si mesmas. Brincar permite lidar com a ansiedade, e na ocorrência de um ambiente familiar estável, com amor e atenção envolvidos, deixa a criança fortalecida e segura, desde os primeiros terrores noturnos na tenra infância, passando pelos conflitos escolares – que muitas vezes resultam em bullying – até os receios adolescentes dos primeiros relacionamentos amorosos.
Crianças brincam por prazer, mas também para dominar sua angustia, e quando esta é muito intensa, o entretenimento acaba muitas vezes em pura gratificação sensorial momentânea, e não em felicidade; o relacionamento com o exterior compromete-se com a posse de bens (compras, consumo, comida) para preencher a solidão, o vazio angustiante e a ansiedade de algo que não pode ser suprido. Numa casa acolhedora, o brincar enriquece a realidade e permite convivência social satisfatória, com os demais e consigo mesma; unifica e integra a personalidade em suas necessidades emocionais e psíquicas.
Pais que brincam com seus filhos ensinam a dominar a ilusão de um mundo perfeito onde obtemos tudo que seja querido e necessário, ou seja, de que a realidade interior é exatamente igual à exterior, e que nossa capacidade criadora moldará o mundo da forma exata em que o desejamos. Ao mesmo tempo, dominar a desilusão, pois quando as situações não transcorrem como sonhamos, é o senso de realidade e de persistência que nos impulsiona a continuar e tentar melhorar.
É impossível blindar o jovem para que não tenha experiências negativas, mas é perfeitamente viável auxilia-lo a adquirir auto confiança e até aprender um pouco mais sobre suas próprias características ao ultrapassar problemas. Aprender a rir um pouco de si mesmo pode auxiliar bastante no controle das situações amargas, e para isso exemplos são essenciais, mais que falar, pais e professores podem mostrar este tipo de comportamento, o que é muito mais eficiente.
Adquirir humor é essencial para enfrentar a vida adulta e, embora a crença popular de que quem tem bom humor goza de excelente saúde física e mental não seja exatamente verdadeira, é fato que este é um bom caminho para o bem estar da mente, e que costuma se refletir no corpo. Pessoas bem humoradas tem convivência mais agradáveis com os demais, e o hábito de ver a vida sob seu melhor ângulo. Mesmo que brincar com absolutamente tudo seja indesejável, brincar um pouco no dia-a-dia é hábito que se traz da infância, e que auxilia a enfrentar dificuldades.
Por Wanda Camargo – educadora e assessora da presidência do Complexo de Ensino Superior do Brasil – UniBrasil.
Publicado por: Wanda Camargo
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