Inovação Tecnológica
A educação nos tempos da inovação tecnológica. Confira!O texto publicado foi encaminhado por um usuário do site por meio do canal colaborativo Meu Artigo. Brasil Escola não se responsabiliza pelo conteúdo do artigo publicado, que é de total responsabilidade do autor . Para acessar os textos produzidos pelo site, acesse: https://www.brasilescola.com.
O pesquisador suíço Jean Piaget afirmou que “o principal objetivo da educação é criar indivíduos capazes de fazer coisas novas, e não apenas repetir o que outras gerações fizeram”. Essa afirmação ganha maior importância em nossos tempos de inovação tecnológica acelerada, em que não há como imaginar a educação sem o uso de tablets, smartphones e equipamentos que os sucederão. Cada vez mais o ambiente educacional se integra instantaneamente a um universo de informações, parecendo que, enfim, o aluno será o construtor de seu próprio conhecimento.
Nessa realidade, em aparente paradoxo, assomam como indispensáveis a escola e o professor, até mesmo como moderadores do fluxo quase infinito de conteúdos processados. Muitos dados não se transformam instantaneamente em conhecimento coerente e satisfatório - a mediação pode fazer toda a diferença na aprendizagem.
Escola, segundo Hannah Arendt, é o lugar do passado, onde se transmitem/discutem conhecimentos testados e sedimentados, só a partir dos quais os indivíduos poderão se tornar capazes de criar coisas novas.
Uma provocação pueril que, às vezes, se faz a enxadristas é afirmar que “xadrez desenvolve o raciocínio... para jogar xadrez” - o que é injusto. O jogo é fascinante, exige concentração, disciplina, estratégia e, também, desenvolve o raciocínio para muito mais do que jogá-lo.
Algo semelhante é dito acerca do uso de equipamentos eletrônicos na escola. Quando as calculadoras portáteis se popularizaram, começou o abandono das réguas de cálculo, tabelas trigonométricas e logaritmos - que eram indispensáveis, até então, a quem usasse cálculo em sua profissão. Esses recursos requeriam prática e atenção - e ainda que muitos usuários tenham desenvolvido grande habilidade, e ainda hoje os usem como exercício, eram mais lentos e imprecisos que a mais banal calculadora. Isso não implica em que o ensino básico da Aritmética e da Matemática deva dispensar os cálculos “manuais”. É muito importante para o bom aprendizado que se tenha plena noção de como as coisas acontecem, como se chegou a conclusões que parecem óbvias, mas que implicam em grande caminho percorrido.
A resolução de dificuldades - não apenas ligadas às ciências exatas - pode ser sintetizada na sequência usada nos primeiros passos da aritmética: definição do problema (a indagação “qual é a pergunta?”, a partir da qual se buscará a racionalização dos dados, fatos, informações, dúvidas e o modo de resolvê-los), cálculo (o processamento organizado da solução proposta) e resposta (a expressão das conclusões a que se chegou, com as respectivas provas ou justificativas).
A perfeita demarcação do problema, e seu término, dependem de conhecimento, criatividade e até mesmo intuição - são atividades essencialmente humanas. O cálculo pode ser mecanizado. Um cirurgião, um arquiteto, um escritor, se valerão dos recursos da tecnologia moderna em seus trabalhos e multiplicarão sua eficiência com eles - no entanto, suas ferramentas não prescindem do operador. Discernir o instrumento utilizado - por mais tecnológico e adequado que seja - do verdadeiro trabalho do espírito humano, ainda é função da escola e do bom professor.
Publicado por: Central Press
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