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Formas de trabalho com crianças depressivas

Depressão, crianças, relação entre escola e família, colegas, pais, o que deve ser feito, auto-estima, características.

O texto publicado foi encaminhado por um usuário do site por meio do canal colaborativo Meu Artigo. Brasil Escola não se responsabiliza pelo conteúdo do artigo publicado, que é de total responsabilidade do autor . Para acessar os textos produzidos pelo site, acesse: https://www.brasilescola.com.

“O professor afetivo é aquele que em premissa maior, acalanta o baú cheio de conhecimento adquirido na informalidade do seu educando e conduz a uma aprendizagem significativa em seu cotidiano escolar”.

A depressão é um dos mais significativos problemas no mundo atual, e a sua incidência tem aumentado exponencialmente. Ela reflete o desequilíbrio não só das pessoas em si, mas também de nossa sociedade e de nosso meio ambiente. Atualmente a depressão, tornou-se comum em crianças. A depressão é uma doença séria e pode contribuir para várias alterações como o isolamento das crianças, baixo rendimento escolar, baixa auto-estima e até mesmo uso de drogas como tentativa de sentirem-se melhor. Provavelmente, por estarem em desenvolvimento, não têm capacidade para compreender o que acontece internamente e, com freqüência, ela apresenta comportamentos agressivos.

A interação entre a escola e a família é muito importante. Corroborando Coll e et al (1995), assinalam que: tanto o desenvolvimento adequado da criança como sua própria atitude para com a escola depende do correto estabelecimento de uma rede de relações positivas entre os colegas. Quando as relações comunicativas com os colegas são deficientes ou negativas, a criança pode apresentar dificuldades de ajustamento, durante a escolarização ou mesmo posteriormente.

Da mesma forma, a falta de habilidades interpessoais e o rechaço dos colegas de aula estão relacionados com problemas emocionais, sentimentos de ansiedade, baixa-estima, condutas desordenadas e sentimentos de hostilidade para com a escola. Em troca, quando as relações estabelecidas com os colegas são de aceitação e apoio mútuos, é favorecido o sucesso dos objetivos educativos.

Além disso, deve-se assinar que as relações entre colegas não são apenas um problema interpessoal, mas dependem, em grande parte, no clima da classe e da organização social das atividades que nela são realizadas. Lembrando que, o aspecto afetivo tem uma profunda influência sobre o desenvolvimento intelectual. Ele pode acelerar ou diminuir o ritmo de desenvolvimento. Ele pode determinar sobre que conteúdo a atividades intelectual se concentrará.

Ainda Coll e et al (1995) destacam que, tanto as relações que mantém com as crianças, como o modelo geral de atuação que apresenta em aula, possui um impacto positivo no êxito acadêmico e no autoconceito dos alunos. Com relação aos pais, estes atuam como espelhos, que devolvem determinadas imagens ao filho. O afeto é muito parecido com o espelho. Quando se demonstra afetividade por alguém, cria-se um espelho, refletindo um no sentimento de afeto do outro, é desenvolvido o forte vínculo do amor, essência humana, em matéria de sentimentos.

É nesta interação afetiva que se desenvolvem os sentimentos positivamente ou negativamente e se constrói a auto-imagem. Se os pais estão sempre opinando a partir de uma perspectiva negativa para os filhos, e se estão sempre os taxando de inúteis e incapazes, ou usando de zombarias e ironias, irá se formando neles uma imagem “pequena” de seu valor. E se com os amigos, na rua e na escola, repetem-se as mesmas relações, assim a criança apresentará auto-estima baixa e baixo sentimento de auto-avaliação (Souza, 2000).

Para Souza (2000), a conduta do professor em relação ao aluno, será determinante para o autoconceito da criança, pois os sentimentos que um aluno tem sobre si mesmo, dependem em grande parte, dos comportamentos que percebe que o professor mantém em relação a ele.

Vale salientar, que uma atitude continuada, consistente de alta expectativa diante do fracasso, facilita os resultados acadêmicos do aluno ou de surpresa diante de seu sucesso. Todavia, ao fomentar sua insegurança, reduz as possibilidades dele enfrentar os problemas, criando no aluno um sentimento de incapacidade.

Outro fator que influencia, indiretamente, o conceito que o aluno faz de si mesmo é o aluno-conceito do professor. Os professores que possuem sentimentos positivos a respeito de si mesmo tendem a aceitar os outros com mais facilidade, no entanto, o professor com um elevado sentimento de eficácia, segurança em suas execuções e pouca ansiedade, fomentam aos alunos o desenvolvimento de percepções positivas a respeito deles mesmos e de seus colegas, incrementado a qualidade da interação em aula.

Oportuno lembrar, que é de grande auxílio à criança depressiva que pais, professores e amigos admitam seus próprios erros ou fracassos, pois a criança precisa saber que também os adultos e/ou os que a rodeiam não são perfeitos, inclusive podendo sentir os mesmos sentimentos que ela.

Na teoria de Piaget, o desenvolvimento intelectual é considerado como tendo dois componentes: um cognitivo e outro afetivo. Paralelo ao desenvolvimento cognitivo está o desenvolvimento afetivo. Afeto inclui sentimentos, interesses, desejos, tendências, valores e emoções em geral. Piaget aponta que há aspectos do afeto que se desenvolve.

Dessa forma, o afeto apresenta várias dimensões, incluindo os sentimentos subjetivos (amor, raiva, depressão) e aspectos expressivos (sorrisos, gritos, lágrimas). Na ótica de Piaget, o afeto se desenvolve no mesmo sentido que a cognição ou inteligência. E é responsável pela ativação da atividade intelectual (Souza, 2005).

Nesse sentido, a auto-estima mantém uma estreita relação com a motivação ou interesse da criança para aprender, é uma poderosa necessidade humana, que contribui de maneira essencial para o processo da vida, sendo indispensável para um desenvolvimento normal e saudável. Tem valor de sobrevivência.

Na ausência de uma auto-estima positiva, o crescimento psicológico fica comprometido. A auto-estima positiva funciona como se, na realidade, fosse o sistema imunológico da consciência, fortalece, dá energia e motivação. Ela inspira a obter resultados e permite sentir prazer e satisfação diante das realizações (André & Lelord, 2000).

É importante destacar, que o afeto é o princípio norteador da auto-estima. Entretanto, depois de desenvolvido o vínculo afetivo, a aprendizagem e a motivação, como meio para conseguir o autocontrole da criança e seu bem estar, são conquistas significativas. Atendendo as necessidades afetivas da criança, elas se tornarão mais satisfeitas consigo mesmas e com os outros, e terão mais facilidade e disposição para aprender.

A criança com quadro depressivo de acordo com Coll e et al (1995), necessita sentir-se protegida, amada, possibilitando a sua integração social, familiar e escolar. Em síntese, cabe aos pais, psicopedagogos e professores ajudar a criança com quadro depressivo a acreditar em si mesmo. O que a criança pensa de si mesma é mais importante do que ela sabe. Todavia, é mister salientar que, a criança que se sente amada, aceita, valorizada e respeitada, adquire autonomia, confiança e apreende a amar, desenvolvendo um sentimento de autovalorização e importância. A auto-estima é uma coisa que se aprende. Se uma criança tem uma opinião positiva sobre si mesma e sobre os outros, terá maior condição de aprender.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS

ANDRÉ, C. & LELORD, François. A auto-estima. François Lelord, Coleção Conviver, 2000.

COLL, C.; PALACIOS, J; MARCHESI, A. Desenvolvimento psicológico e educação: psicologia evolutiva. Porto Alegre: Artes Médicas, 1995.

SOUZA, M. R. S. Saúde e vida on-line. Campinas, SP: Disponível in: http://www.nib.unicamp.br/svot/artigo53.htm, 2000.

________________Afetividade. A questão afetiva se bem atendida ajudará seu filho para que tenha êxito na escola. Disponível in: http://www.saudevidaonline.com.br/artigo53.htm, 2005.

Roberto Giancaterino*

Prof. Dr. Roberto Giancaterino, PhD, nasceu em 1964, na cidade de Campinas, estado de São Paulo. Residente em São Bernardo do Campo - SP. É Pós-Doutorado em Educação; Doutor em Filosofia e Mestre em Ciências da Educação e Valores Humanos. Especialista em Psicopedagogia Clínica e Institucional; Valores Humanos Transdisciplinares; Docência do Ensino Superior; Administração e Supervisão Educacional. Também é Bacharel e Licenciado em Filosofia, Física, Matemática e Pedagogia. Escritor, Pesquisador, Palestrante, Conferencista e Seminarista na Área Educacional. É autor de vários trabalhos científicos reconhecidos por acadêmicos, entre eles: O best-seller “Escola, Professor, Aluno. - Os Participantes do Processo Educacional” editado pela editora Madras que já é sucesso mundial. Iniciou-se no magistério em 1984 na disciplina de Matemática, posteriormente, ao final da mesma década já lecionava também na disciplina de Física. Atualmente atua como professor universitário em cursos de pós-graduação em disciplinas pedagógicas, e, na rede pública estadual leciona Matemática e Física. Em seu caminhar pela educação, Giancaterino idealiza com uma educação de qualidade e completa para todos, principalmente aos menos favorecidos e que associe todas as dimensões do sujeito como ser humano. Uma frase marcante de sua autoria: “Um país se constrói com bons homens e bons livros”.

Contato: prof.robertogian@terra.com.br / prof.giancaterino@terra.com.br


Publicado por: ROBERTO GIANCATERINO

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