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Didática

Relata como um educador pode ajudar seu aluno a construir um pensar crítico evitando a alienação das salas de aula.

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1. Didática: a prática de construção do aluno

O texto apresentado como base para este trabalho relata o professor, certo de seus métodos, tentando lecionar aos seus alunos pássaros e, estes últimos, cansando de nenhum aprendizado absorvido. Ou seja, a didática usada pelo professor não resultou de nenhum ensinamento aos seus alunos pássaros. O professor não construía educação.

Foi quando o professor percebeu, ou seja, deixou livres seus alunos e entendeu o que eles desejavam. O voar e bater as asas eram essenciais para seus alunos. Nesta situação o professor compreendeu de que maneira pode ensiná-los. A partir de então os alunos começaram a aprender e o professor a ensinar. E o professor aprendeu com seus alunos.

Nesta estória se percebe que o “ensinar-aprendendo” fez a diferença. A didática dentro da pedagogia é a prática de ensino. É o que o professor aprendeu na teoria passando aos seus alunos. A pedagogia constrói o aluno. A construção é a interação do aluno com o professor. Na estória dos ‘pássaros’, o professor somente começou a construir quando ouviu seus alunos. Foi na interação que obteve uma didática certa: “O professor estaria passando (ensinando) ao aluno o prazer de aprender – com o professor aprendendo – e o prazer de ensinar – com o aluno ensinando” (TIBA, 2006).

O professor deve conhecer os seus alunos: “antes de qualquer estímulo que sirva para detectar as condições de prontidão da criança, nada melhor do que conhecê-la. E para tal, uma forma agradável de iniciar o contato seria oferecer oportunidades para a criança falar de si mesma” (NICOLAU; MAURO, 1986). E antes de conhecer, primeiramente deve gostar de seus alunos, gostar de seu ofício. Ensinar não deve ser meramente uma profissão e sim uma vocação, do qual o professor se orgulhe do que faz. A didática parte do espírito do professor. O método da didática define o aprendizado do aluno, pois a educação é intencional. Deste modo, o professor deixa sempre uma marca ao aluno: “um bom professor é lembrado nos tempos de escola” (CURY, 2003).

A didática é a prática pedagógica do qual se constrói o aprendizado do aluno. Esta construção se efetua quando, como já foi dito, o professor conhece seus alunos. E o processo de conhecimento se dá no diálogo.

“Dirigindo a conversa com a criança, o professor pode fazer com que ela diga seu nome, sua idade, data de aniversário, nome dos pais, no que os pais trabalham, como é a sua família, quantos irmãos tem, onde e no que trabalham. Recupera-se, assim, a identidade da criança, valoriza-se o seu contexto familiar, considerando-a como interlocutor. E o professor obtém dados que permitem construir uma configuração social do seu grupo-classe. Outros temas podem tornar-se objeto dessa conversa de aproximação com a criança. Conversar com a criança sobre o trajeto de casa à escola, os fatos pitorescos normalmente observados nesse trajeto; as fontes de medo e ansiedade que porventura apresentem; as coisas do que gosta e sabe fazer, aquelas que acham difíceis; suas preferências; brinquedos de casa e de escola, tudo isso contribui para que haja uma aproximação e uma troca interpessoal entre professores e alunos. O importante é deixar a criança à vontade, propiciando-lhe condições para que se dê a conhecer e que o educador venha a amá-la, respeita-la e compreendê-la”. (NICOLAU; MAURO. 1986 pª 25).

2. Interação professor - aluno

O professor deve criar um vínculo com a criança. Através de sua criatividade, sua amizade, seus dons, ele conquista o aluno. Cada aluno não é mais um número na sala de aula, mas um ser humano abrangente, como necessidades particulares. O professor possui sensibilidade para falar ao coração dos seus alunos. Ensinar é transmitir o que se sabe a quem quer saber, portanto, é dividir a sabedoria. É um gesto de generosidade, humanidade e amor. A relação entre professor e aluno depende, fundamentalmente, do clima estabelecido pelo professor, da relação empática com seus alunos, de sua capacidade de ouvir, refletir e discutir o nível de compreensão dos alunos e da criação das pontes entre o seu conhecimento e o deles.

“Com o objetivo de “desalienar a população” com vistas a sua conscientização, Freire criou a “pedagogia do diálogo” orientando que a relação educando – educador se desse de forma horizontal. De acordo com essa visão, o processo educativo tem como ponto de partida “as situações vividas” pelo educador na realidade do educando. Nesse processo, a relação “educador-educando” converte-se na relação “educando-educador e educador-educando” da qual brotam os “temas geradores” ou “palavras geradoras” para serem trabalhadas nos círculos de cultura. Dessa forma, os círculos de cultura ocupavam-se dos temas geradores ou palavras geradoras que emanavam do diálogo sobre as experiências e dificuldades vividas pelo educando, compartilhadas pelo educador. Os “temas geradores” ou as “palavras geradoras” deviam ser aprofundadas na perspectiva da “problematização”, desenvolvendo no educando “uma visão crítica” de sua realidade”. (BIZERRA, 2001 pª 267).

Mesmo sabendo que esta é uma ferramenta difícil, o professor deve passar ao aluno o gosto pelo estudo: “Ao demonstrar o prazer de aprender com o aluno e agradecer-lhe, olhando-o no fundo dos olhos, o professor passa sentimentos progressivos que, com certeza, vão agradar bastante o aluno” (TIBA, 2006). Esse aluno vai sentir na sua alma o prazer e a utilidade de ensinar.

A sala de aula é um dos espaços privilegiados, onde o conhecimento é construído, compartilhado e reconstruído. Os vínculos estabelecidos entre professor e aluno são muito fortes para o desenvolvimento pessoal e intelectual do aluno. A sala de aula é uma grande rede de interações sociais. E, para que essa organização funcione como instrumento de aprendizagem, é muito importante que haja uma boa comunicação entre o professor e os alunos: “a sala de aula não é um exercício de pessoas caladas nem um teatro onde o professor é o único ator e os alunos, espectadores passivos. Todos são atores da educação. A educação deve ser participativa”. (CURY, 2003)

Nas interações, em sala de aula, cada aluno tem o direito de expressar suas idéias, de mostrar o seu jeito próprio de ver o mundo. E tem um jeito criativo de inventar tarefas, de promover o aprendizado. Cada aluno sabe algo que seus colegas e seu professor não sabem. É muito importante conseguir que os alunos façam parte de sua própria aprendizagem.

“O professor deve aprender rapidamente o nome dos alunos que é uma forma básica de aproximação entre os dois: pesquisas indicam que as crianças desenvolvem atitudes mais positivas quando a relação com os professores é mais calorosa. Se ao contrário é marcada pela distância, pela frieza, os alunos vão reagir através da oposição aberta à aula ou ao professor. Outra atitude do professor está relacionada a manter o "radar" em funcionamento: os professores de sucesso tendem a ressaltar no diálogo com os alunos os aspectos curriculares em prejuízo do mau comportamento, ou seja, a centralidade do professor sobre os comportamentos de indisciplina pode constituir-se como um reforço dos mesmos” (WILD, 2009 pª 04)

Professor e aluno aprendem juntos. O diálogo é de suma importância para esta interação. Deve haver colaboração de ambos, a união numa base empática. Neste diálogo se diverge a honestidade, do qual se entrará em um clima de confiança. Favorecer este diálogo é algo que não ocorre de maneira espontânea, pois, o professor deve ter um conhecimento atento de sua turma. A interação em sala de aula é um dos aspectos que contam para o bom desenvolvimento da aprendizagem.

3. O aluno pensador

Na estória “Os pássaros”, apresentada acima, os alunos tinham o desejo de ficar fora da gaiola, ou seja, tinham pensamento próprio, eram críticos. Essa é uma tendência da educação transformadora. O aluno entra na escola e sai diferente de como entrou. Esse “sair” significa o aluno ter adquirido idéias próprias, ter tornado auto-crítico.

O aluno aprende a ser crítico a partir da interação entre este e o professor. Não se pode ficar apenas nas respostas de livros. O aluno deve ter auto-conhecimento, auto-crítica, replicar suas questões e dúvidas. É preciso adquirir idéias próprias, ser racionalista nos estudos.

O professor deve fazer com que o aluno trabalhe suas questões: “Quando o professor começa uma aula contando uma notícia relacionada ao conteúdo da aula do dia e pede comentários aos alunos, está dissimulando a capacidade de compreensão, interpretação e comunicação dos que sabem, bem como a curiosidade dos que não sabem. (TIBA, 2006).

O professor deve fazer com que o aluno fale, responda, discuta, debata. É preciso fazer com que o aluno exercite.

“O professor-orientador dirige as explicações recebidas ao tema que interessa à aula, pedindo aos alunos que sabem para explicarem aos que não sabem. Além de estimular o entrosamento entre os alunos, cria-se um bom “ibope” com o professor-orientador, cuja aula passa a ter a responsabilidade de alinhavar as informações, complementando com tópicos de que ele precisaria falar. E o que torna uma informação mais atraente são os temperos do humor, da clareza, além da sua assertividade e utilidade” (TIBA, 2006 pª 42).

A sociedade atual pede seres humanos dotados com criatividade, inteligência, capazes de resolver questões e assumir responsabilidades próprias. Para tempos novos, obras novas. Devido a isso hoje o aluno deve construir seu pensamento próprio. “O objetivo fundamental é ensinar os alunos a serem pensadores e não repetidores de informações” (CURY, 2003). Os alunos de hoje serão os médicos, advogados, cientistas e políticos do amanhã.

Promover o aluno a um estudo crítico e/ou uma busca por idéias particulares, a Escola coopera para a construção e promoção social, isto é, o aluno se torna responsável pelo meio social em que ele vive, permite conhecer e ouvir o outro, o egocentrismo se torna uma universalidade recíproca. A partir da aprendizagem se parte uma construção para a vida. Tudo parte da aprendizagem, ou como disse Piaget: “Não se pode ter aprendido sem algum pensamento, nem se pode desenvovler o pensamento sem algum aprendizado” (FURTH; WACHS, 1979).


Publicado por: JAIME ROBERTO THOMAZ

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