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A MODERNIDADE LÍQUIDA DE ZYGMUNT BAUMAN E OS DESAFIOS ENCONTRADOS NA REALIDADE EDUCACIONAL DAS GERAÇÕES DE VETERANOS, BABY BOOMERS, X, Y, Z E ALPHA

Breve discussão acerca do panorama educacional das gerações de veteranos, baby boomers, X, Y, Z e alpha a partir dos estudos de Zygmunt Bauman em Modernidade Líquida.

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RESUMO

O presente artigo tem por finalidade compreender, a partir da modernidade líquida de Zygmunt Bauman e os desafios encontrados na realidade educacional das gerações de Veteranos, Baby Boomers, X, Y, Z e Alpha. Foi abordada a evolução tecnológica que perpassou todas as gerações, conforme a evolução de cada uma delas e como a evolução atual se reflete na convivência interpessoal entre elas. Evidenciou-se a importância do preparo educacional para o futuro, integrando aluno e professor, sem esquecermos o passado como base para formação de um pensamento crítico, ético, analítico, capaz de formar suas próprias opiniões. Efetivamente comprovou-se através da pesquisa bibliográfica que a educação possui inúmeros desafios para acompanhar a evolução tecnológica, mas que a integração professor-aluno, aluno-professor proporciona a eles funcionarem como agentes de elaboração do conhecimento que vai além do ambiente escolar e atinge a sociedade como um todo e que ainda existem muitas barreiras a serem rompidas como a aproximação das gerações e seus conhecimentos diversos.

Palavras-chave: Modernidade Líquida. Gerações. Educação. Desafios.

ABSTRACT

The purpose of this article is to understand Zygmunt Bauman's liquid modernity and the challenges encountered in the educational reality of the Veteran, Baby Boomer, X, Y, Z and Alpha generations. The technological evolution that has permeated all the generations was addressed, according to the evolution of each of them and how the current evolution is reflected in the interpersonal coexistence between them. The importance of preparing education for the future was highlighted, integrating student and teacher, without forgetting the past as a basis for forming critical, ethical and analytical thinking, capable of forming their own opinions. The bibliographical research effectively showed that education faces numerous challenges in keeping up with technological developments, but that teacher-student and student-teacher integration enables them to act as agents for the development of knowledge that goes beyond the school environment and reaches society as a whole. There are still many barriers to be broken down, such as bringing the generations and their diverse knowledge closer together.

Keywords: Liquid Modernity. Generations. Education. Challenges.

Introdução

Incialmente far-se-á uma pesquisa sobre a modernidade líquida de Zygmunt Bauman e os inúmeros desafios encontrados na realidade educacional do Brasil, pois tal assunto envolve as gerações de Veteranos, Baby Boomers, X, Y, Z e Alpha, gerações essas que apresentam perspectivas de mundo diferentes, mas que podem se complementar a partir de uma troca experiências entre elas que não precisa ficar restrita ao ambiente escolar.
Na sequência será abordada a conceituação sobre as diferentes gerações que integram não somente o ambiente escolar, mas também, famílias, trabalho e sociedade como um todo e os obstáculos encontrados para não renegarmos o legado do passado, mas estimular o educando a ir além desse passado se preparando para o futuro com o advento das novas tecnologias. Evidenciando-se a importância do preparo educacional para o futuro, integrando aluno e professor, sem esquecermos o passado como base para formação de um pensamento crítico, ético, analítico, capaz de formar suas próprias opiniões.
De acordo com Bauman (2007) todos nós precisamos da educação ao longo da vida para termos a possibilidade de escolha. Escolhas que nos serão apresentadas a todo momento não somente no período escolar, mas durante toda nossa existência. Na visão de Gerone Junior (2016) o processo educativo é uma constante na sociedade atual a exemplo as inúmeras transformações da tecnologia e da informação.

A Modernidade Líquida de Zygmunt Bauman e os desafios encontrados na realidade educacional das gerações de veteranos, baby boomers, X, Y, Z e alpha

Atualmente a educação não pode mais ser vista como algo estático, pois estamos diante de uma era fluida e altamente tecnológica. Diante das provocações apresentadas pela modernidade líquida de Zygmunt Bauman está a adequação da uma realidade educacional legisladora para uma realidade educacional mais intérprete que utiliza tecnologias em prol de um aprendizado mais envolvente para as novas gerações.

Em todos os ambientes pelos quais transitamos, coabitam as diferentes gerações e encontramos inúmeras características peculiares entre elas e em virtude disso várias dificuldades de convívio existentes nas gerações de Veteranos, Baby Boomers, X, Y, Z e Alpha, as quais serão conceituadas a seguir.

A geração dos Veteranos abrange os nascidos antes de 1940, e com o aumento da expectativa de vida nos deparamos atualmente com pessoas acima de 84 anos independentes e ativas na sociedade, o que nos leva ao passado e ao futuro na mesma fração de segundo. Essa geração apresenta maior dificuldade em lidar com as mudanças mais céleres do mundo, como por exemplo as tecnologias. Trata-se de uma geração que viveu a Segunda Guerra Mundial e que por isso tem a segurança como objetivo principal e a estabilidade. Os professores desta época eram os detentores do saber e permaneciam no mesmo local de trabalho e nessa profissão por muito tempo.

Algumas mudanças começam a ocorrer com a geração posterior, a geração Baby Boomers, com o retorno dos soldados ao fim da guerra, ocorre um crescimento populacional. Houve uma retomada do desenvolvimento que acarretou a inovação da forma de se transmitir informação que passou a ser feita pela televisão. Essa transformação cultural veio acompanhada da estabilidade e da massificação do trabalho consistente.

Em meados da década de 1960 até os anos de 1970, surge a geração X, que vivenciou a Ditadura Militar e as Diretas Já, no Brasil. Essa geração apresenta resistência ao novo e alguma insegurança. Talvez influenciada pelas gerações anteriores, prefere estabilidade e o equilíbrio, mas é neste período que acontece o nascimento da tecnologia no Brasil.

A geração Y nasce na década de 1980 e com ela os avanços tecnológicos e a quebra de inúmeros paradigmas. Os jovens com suas características multifacetadas de fazer várias coisas ao mesmo tempo, como: navegar na internet, ouvir música, ler e-mail e trabalhar, apresentam o desejo constante por novas experiências e no ambiente laboral buscam a rápida ascensão em seus cargos em períodos mais curtos e contínuos. Esse contraponto com a geração X gera alguns conflitos entre elas.

Com o advento da geração Z, que são os nascidos em meados dos anos de 1995, verificou-se uma mudança comportamental mais individualista. Trata-se de uma geração que já nasceu conectada à internet, em que os valores familiares vão perdendo espaço para os contatos virtuais, proporcionando o isolamento. São mais excêntricos, imediatistas, inquietos, sem paciência com os mais velhos no que tange ao manuseio das tecnologias. Tudo isso pode gerar dificuldades no ambiente de trabalho, o qual exige atitudes coletivas.

Enfim chegamos à geração Alpha que abarca os nascidos a partir de 2010. É essa a geração de pessoas que trazem na sua construção a curiosidade, a criatividade e que não tem medo de errar e acertar. Trata-se de jovens independentes e rápidos nas soluções, mas impacientes com aqueles que possuem dificuldades de identificar qual caminho seguir.

Apesar das inúmeras diferenças existentes entre elas, é possível que haja harmonia no seu convívio, pois em algum momento cada geração foi surpreendida com algum tipo de novidade, seja ela comportamental ou tecnológica. A troca de conhecimentos entre elas criaria uma oportunidade de relacionamento entre passado e futuro com exemplos vivenciados por alguns na nossa história e a participação de todos nas evoluções constantes da nossa sociedade.

A educação tem um papel importante neste processo evolutivo, mas nosso sistema educacional atual enfrenta grandes problemas com a cultura do imediatismo, provenientes dessa modernidade líquida, que se esvai a todo momento, a cada da nova informação.

Na visão de Bauman (2010) o conhecimento se destina a perseguir eternamente objetos sempre fugidios que se dissolvem no momento que são aprendidos. A velocidade desenfreada do novo pode ser um fator desmotivacional para o aluno que precisa ser incentivado pelo educador para que não desista de aprender. Educação e imediatismo podem ser vistos como termos contraditórios, já que não se pode ter os dois. Ou se tem uma educação de qualidade ou se tem imediatismo. Não dá para ter os dois ao mesmo tempo, eles não coabitam.

Não é de hoje que a educação enfrenta grandes desafios, ela vive constantemente algum tipo de crise porque se as circunstâncias mudam e ela precisa se ajustar às novas informações de acordo com a realidade educacional. Os novos alunos já não aceitam mais a educação depositária de outrora.

Há que se ressaltar também a desvalorização em massa das instituições educacionais existentes, bem como dos professores, que por serem de gerações diferentes levam mais tempo para se adaptar às novas tecnologias, as quais são facilmente dominadas pelos alunos.

Os governantes precisam investir em tecnologias constantemente e capacitar os professores com cursos, além de remunerá-los significativamente. Isso daria a eles motivação e a possibilidade de experimentar o novo como ferramenta de auxílio e não como ameaça ao mercado de trabalho.

A tecnologia da informação é reconhecida como uma biblioteca de fragmentos sem algo que os reúna e os transforme em sabedoria, em conhecimento. Essa biblioteca de fragmentos pode ser utilizada pelos professores interligando o passado, o presente e o futuro, pois eles têm o conhecimento pedagógico para extrair o melhor dos métodos de ensino. Sabe-se que o fluxo de informações nas redes é grandioso e veloz e isso pode destruir algumas capacidades psicológicas dos alunos como atenção, concentração e o chamado pensamento linear.

Há incontáveis mudanças na psique humana e isso é uma situação completamente nova, que impõe ao educador desafios cada vez mais difíceis. Não somente ao educador, mas à sociedade como um todo, pois encontramos pessoas cada vez mais impacientes, com dificuldades de formar um pensamento longo, com uma reflexão mais prolongada e profunda. Concentrar-se em uma atividade fica cada vez mais difícil, devido à quantidade de informação a que temos acesso diariamente.

As instituições têm absorvido as “novas tecnologias de ensino” que agitam o aluno e atrapalham seu processo reflexivo de aprendizagem. A adequação das instituições às tecnologias ainda é um longo caminho a ser percorrido, mas que precisa ser enfrentada para que a rapidez tecnológica não ponha em dúvida a necessidade do espaço físico do saber humano.

Há capacidade nos agentes educacionais em configurarem uma imagem do mundo que seja coerente e que proporcionem condições necessárias para que as pessoas desenvolvam a autonomia do pensamento racional e ético.

Conforme assinalado por Moran (2013) a educação universal e de qualidade é vista hoje como condição fundamental para que qualquer país avance. A educação é necessária para evoluir, ser competitivo, superar as desigualdades ainda existentes, é o meio para se alcançar autonomia, empreendedorismo e empregabilidade.

Neste processo evolutivo que abrange todas as gerações há que se ressaltar a importância de todas elas para que pudéssemos chegar a todos os avanços existentes hoje. As vivências de momentos históricos das gerações anteriores servem de base para a formação das gerações de atuais dando-se ênfase à construção de um pensamento crítico, ético, analítico, capaz de formar suas próprias opiniões.

A exemplo das gerações baby boomer e X que eram uma reprodução daquilo que se aprendia nos livros didáticos, uma reprodução do passado. Num mundo contemporâneo a tecnologia muda muito rapidamente e o aluno precisa ser educado no presente, ele não pode ser educado apenas para reproduzir o passado. O agente educador tem que prepará-lo para o futuro, no qual um novo legado está sendo construído e a adaptação precisa ser mais veloz, uma vez que os alunos de agora são os alunos prontos para o futuro.

Assim sendo, não há necessidade de renegar o passado, o legado passado, mas estimular o aluno além desse legado passado para que se prepare para um futuro e esteja pronto para novas formas de comunicação, que ele seja ágil para interpretar poemas, bem como interpretar as novidades diárias da internet. Professores e alunos podem trabalhar em conjunto como agentes de evolução de ajuda mútua, pois muitas vezes os alunos entendem mais de tecnologia que o docente.

De acordo com Kneski (2013) a escola tem o papel de instituição social de suma importância em todos os momentos de mudança da sociedade e essa característica se faz presente em todo processo evolutivo que vivenciamos ao longo da vida.

Todo ambiente educacional precisa repensar sua metodologia e nisso a sociologia pode ter um papel fundamental para fazer com que as instituições, os agentes educacionais tenham uma consciência do seu papel como agentes de processo. Uma educação crítica para que todos possam lidar com a gama de informações falsas e verdadeiras ao mesmo tempo.

Há uma simbiose entre as educações formal e não formal para que a educação faça sentido desde o início e não só na formação técnica voltada para o mercado de trabalho, mas também, na formação de humanos no ambiente escolar e fora dele. Família e escola são agentes de educação.

No entendimento de Kenski (2013) a escola precisa assumir o seu papel na formação de cidadãos capazes de lidar com a complexidade do mundo. Preparar cidadãos conscientes, para analisar com criticidade o excesso de informações e as mudanças.

Considerações Finais

Diante dos argumentos apresentados, verifica-se que é perfeitamente possível a troca vivências entre as gerações apontadas neste trabalho, pois cada uma traz visões diferentes, mas interligadas no processo evolutivo da sociedade é um processo de coabitação possível e valoroso para todos os envolvidos, já que transitamos em todos os ambientes sociais além da escola física e eles se complementam.

Conclui-se que a realidade educacional precisa se adequar à velocidade das tecnologias da informação, e para que isso aconteça é necessário investimentos governamentais, mas também é possível ao professor enxergar o aluno como agente de elaboração do conhecimento. A realidade educacional precisa estar atenta à modernidade líquida, pois o aluno já chega ao ambiente escolar com uma grande gama de conhecimento, principalmente no que tange às novas tecnologias. Ambos são capazes de gerar conhecimento sem que fiquem presos aos arquétipos passados de professor, como detentor do saber, e aluno, como recebedor do que é ensinado. O mundo mudou e muda em milésimos de segundo.

Referências Bibliográficas

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Gerone Junior, Acyr de. (2016). Desafios ao educador contemporâneo: perspectivas de Paulo Freire sobre a ação pedagógica [livro eletrônico]. Curitiba, PR. InterSaberes.

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Moran, José Manuel. (2013). A educação que desejamos: novos desafios e como chegar lá [livro eletrônico]. Campinas, SP. Papirus. Disponível em https://plataforma.bvirtual.com.br. Acessado em 04 de fevereiro de 2024.


Publicado por: Luciana Coutinho Barros da Silva

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