RELAÇÃO ENTRE BULLYING E TRANSTORNO DE ANSIEDADE SOCIAL: UMA REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Análise acerca do Bullying nas escolas; Transtorno de Ansiedade Social; Relacionar os fenômenos do bullying e do TAS.O texto publicado foi encaminhado por um usuário do site por meio do canal colaborativo Meu Artigo. Brasil Escola não se responsabiliza pelo conteúdo do artigo publicado, que é de total responsabilidade do autor . Para acessar os textos produzidos pelo site, acesse: https://www.brasilescola.com.
RESUMO
O presente artigo é fruto de uma pesquisa bibliográfica realizada a partir da disciplina Ética profissional e responsabilidade social. Componente curricular do curso de Arquitetura e Urbanismo do Centro Universitário Paraíso do Ceará. Tendo como temática a relação entre o bullying nas escolas e o TAS. O fenômeno bullying trata-se de situações em que se constatam relações de poder assimétricas entre agente(s) e vítima(s), apresentando dificuldade de se defender(em). (MALTA, et al, 2009, p.3066). É uma situação que se caracteriza por agressões intencionais, verbais ou físicas, feitas de maneira repetitiva, por um ou mais alunos contra um ou mais colegas. Segundo Nova Escola (2009), o bullying pode afetar tanto emocionalmente quanto fisicamente o alvo. Podendo ter como consequências o isolamento social, queda no rendimento escolar, abandono escolar, doenças psicossomáticas, mudanças na personalidade e suicídio. Existem estudos que demonstram a estreita relação entre os problemas em saúde mental na idade adulta com o fato de ter sofrido diversos tipos de vitimização durante a infância e adolescência. (Craig, 1998; Piedra, 2006 apud Stephan e Gomes, 2021). Essa vitimização apresenta no alvo, entre outras sintomatologias, o caráter ansioso e depressivo. Diante da problemática do bullying é relevante trazer o conceito de Transtorno de Ansiedade Social que está relacionado às suas consequências. De acordo com Isolan et al (2007), o Transtorno de ansiedade social (TAS) é um transtorno incapacitante e altamente prevalente em crianças e adolescentes ao longo da vida. Se não tratado, pode interferir no funcionamento emocional, social e escolar. O TAS é definido como ansiedade clinicamente significativa provocada pela exposição a certos tipos de situações sociais ou de desempenho, frequentemente levando ao comportamento de esquiva (DSM-5, 2014 apud Stephan e Gomes). Diante disso, o presente estudo pretende apontar a relação entre o Bullying nas escolas e o Transtorno de Ansiedade Social por meio de uma revisão bibliográfica. A fim de explorar essa problemática que está para além dos muros escolares. A presente pesquisa de revisão bibliográfica atingiu seus objetivos tanto gerais quanto específicos. Obtendo êxito ao apontar a existente relação entre o bullying nas escolas e o Transtorno de Ansiedade Social. O fenômeno bullying é descrito como uma violência que intimida e agride de forma física e psicológica, podendo acarretar transtornos psicológicos como o TAS. Portanto, é uma problemática de teor social, político e de saúde pública.
PALAVRAS-CHAVE: Bullying nas escolas; Transtorno de Ansiedade Social; Fobia Social;.
INTRODUÇÃO
O presente artigo é fruto de uma pesquisa bibliográfica realizada a partir da disciplina Ética profissional e responsabilidade social. Componente curricular do curso de Arquitetura e Urbanismo do Centro Universitário Paraíso do Ceará. Tendo como temática a relação entre o bullying nas escolas e o TAS.
A palavra bullying tem origem inglesa: bully. Seu significado se refere a valentão, brigão. De acordo com a Nova Escola (2009), no português o termo é entendido como ameaça, tirania, opressão, intimidação, humilhação e maltrato. Como apontado por Souza e Silva (2015), tendo em vista a dificuldade de encontrar uma palavra nas diferentes línguas que representasse o que a comunidade científica vem chamando de bullying, optou-se por adotar esse termo inglês em todo o mundo, facilitando a comunicação entre os pesquisadores. Segundo Nova Escola (2009), Dan Olweus, professor da Universidade da Noruega, no fim da década de 1970, foi o primeiro a apontar a relação entre o fenômeno e o termo, ao observar que a maioria dos adolescentes que cometeram suicidio havia sofrido algum tipo de ameaça.
Com a influência dos meios eletrônicos, como a internet, o fenômeno do bullying expandiu-se: “os apelidos pejorativos e as brincadeiras ofensivas foram tomando proporções maiores.” (Nova Escola, 2009) Trata-se de situações em que se constatam relações de poder assimétricas entre agente(s) e vítima(s), apresentando dificuldade de se defender(em). (MALTA, et al, 2009, p.3066) Como apontado por Nova Escola (2009), o Bullying é uma situação que se caracteriza por agressões intencionais, verbais ou físicas, feitas de maneira repetitiva, por um ou mais alunos contra um ou mais colegas. Para se caracterizar como bullying a agressão, sendo física ou moral, deve ocorrer entre pares. Podendo acontecer em qualquer contexto social, como escolas, universidades, famílias, vizinhança e locais de trabalho. Apresentando a seguintes características: “a intenção do autor em ferir o alvo, a repetição da agressão, a presença de um público espectador e a concordância do alvo com relação à ofensa” (NOVA ESCOLA, 2009) Souza e Silva (2015), acrescenta: a produção de um efeito negativo para a vítima; o autor recebe apoio de um grupo; o alvo, ou a vítima, além de não ter provocado essa conduta agressiva, encontra- se indefeso; e a presença de uma relação hierárquica de dominação e submissão entre autor e alvo. O website Nova escola (2009), também apontou que o autor do bullying é uma pessoa que não aprendeu a transformar sua raiva em diálogo e para quem o sofrimento do outro não é motivo para ele deixar de agir. Ele é movido pelo desejo de querer ser mais popular, sentir-se poderoso e obter uma boa imagem de si mesmo. O seu alvo costumeiramente é colega com baixa autoestima e retraído tanto na escola quanto no lar. Apresentando traços psicológicos e/ou particularidades físicas. As agressões podem abranger questões religiosas, étnicas e culturais. Além de elementos relacionados a “questões de gênero, as relações raciais, as dinâmicas familiares e os demais arranjos sociais.” (Souza e Silva, 2015, p. 146) Segundo Nova Escola (2009), o bullying pode afetar tanto emocionalmente quanto fisicamente o alvo. Podendo ter como consequências o isolamento social, queda no rendimento escolar, abandono escolar, doenças psicossomáticas, mudanças na personalidade e suicídio. A relevância das intervenções e pesquisas nessa óptica está, como apontado por Souza e Silva (2015), além dos prejuízos à estrutura formal do meio escolar, também representando uma ameaça ao bem-estar dos alunos e professores, uma vez que o ambiente de violência afeta não apenas os sujeitos diretamente envolvidos, mas todos que estão a sua volta.
Como já citado a escola é constantemente um palco para a prática do bullying, ele por sua vez é um tipo de violência que ocorre entre pares. A escola, enquanto espaço de socialização, é também reconhecida como local de violência (Brasil, 2005 apud Stephan e Gomes, 2021). Existem estudos que demonstram a estreita relação entre os problemas em saúde mental na idade adulta com o fato de ter sofrido diversos tipos de vitimização durante a infância e adolescência. (Craig, 1998; Piedra, 2006 apud Stephan e Gomes, 2021). Essa vitimização apresenta no alvo ,entre suas sintomatologias, o caráter ansioso e depressivo.
Frente a problemática do bullying é relevante trazer o conceito de Transtorno de Ansiedade Social que está relacionado às suas consequências. De acordo com Isolan et al (2007), o Transtorno de ansiedade social (TAS) é um transtorno incapacitante e altamente prevalente em crianças e adolescentes ao longo da vida. Se não tratado, pode interferir no funcionamento emocional, social e escolar. O TAS é definido como ansiedade clinicamente significativa provocada pela exposição a certos tipos de situações sociais ou de desempenho, frequentemente levando ao comportamento de esquiva (DSM-5, 2014 apud Stephan e Gomes). Experiências nocivas repetitivas, como implicância dos colegas, também podem levar à ansiedade social e evitação. (Isolan, et al , 2007)
Diante disso, o presente estudo pretende apontar a relação entre o Bullying nas escolas e o Transtorno de Ansiedade Social por meio de uma revisão bibliográfica. A fim de explorar essa problemática que está para além dos muros escolares e é um impasse de ordem social e política.
OBJETIVOS
Objetivo geral
O presente artigo tem como objetivo geral explorar a relação entre o bullying nas escolas e o Transtorno de Ansiedade Social (TAS).
Objetivos Específicos
O presente artigo tem como objetivos específicos: a realização de uma pesquisa bibliográfica acerca do Bullying nas escolas; realização de uma pesquisa bibliográfica acerca do Transtorno de Ansiedade Social; Relacionar os fenômenos do bullying e do TAS.
MATERIAIS E MÉTODOS
A pesquisa tem caráter bibliográfico e teor qualitativo, que é a base que sustenta qualquer pesquisa científica. Uma vez que, toda pesquisa inicia-se com um estudo acerca da temática e da literatura existente sobre. Em relação às fontes de pesquisa utilizadas, foram trabalhados artigos científicos publicados em periódicos da área. Acessados através da biblioteca virtual SciELO e Google Acadêmico a partir das palavras chaves: Bullying Nas Escolas, Transtorno De Ansiedade Social, Fobia Social, onde foram encontrados um total de 8 artigos intitulados: Fobia Social; Transtorno De Ansiedade Social E Comportamentos De Evitação E De Segurança: Uma Revisão Sistemática; Bullying Nas Escolas: Comportamentos E Percepções; Tratamento Do Transtorno De Ansiedade Social Em Crianças E Adolescentes; Bullying Nas Escolas Brasileiras: Resultados Da Pesquisa Nacional De Saúde Do Escolar (Pense); 21 Perguntas E Respostas Sobre Bullying; Bullying Nas Escolas: Conhecer Para Intervir; Bullying E Transtorno De Ansiedade Social: Relatos Retrospectivos;
A análise dos artigos foi hegemonicamente de cunho qualitativo, no sentido de que, procurou-se identificar as ideias centrais dos artigos, interpretá-las e organizá-las em consonância com nossos objetivos e as ideias introdutórias do presente estudo.
DISCUSSÕES
O bullying, que é a repetição de ações negativas de um aluno, ou grupo, em direção a outro, de acordo Souza e Silva (2015), pode ser considerado um fenômeno mundial, pois pode ser observado em todos os países onde foram realizadas pesquisas, independentemente de etnia, cultura e condições econômicas. Porém, somente causou comoção pública quando foi associado aos casos de suicídios de sujeitos que foram vítimas desse fenômeno. Tal fenômeno pode ser observado em instituições tanto públicas quanto privadas e em diversas faixas etárias.
Como apontado por Malta et al (2009), essas ações negativas podem atingir diversos níveis de violência, causando sentimentos de dor, angústia, exclusão, humilhação e discriminação. Ademais, podem acarretar problemas comportamentais e emocionais na vítima, como o estresse, a diminuição ou perda da autoestima, a ansiedade e depressão, o baixo rendimento escolar e o suicídio. Stephan e Gomes (2021), descrevem que o bullying pode ser dividido em duas formas: diretos e indiretos. E também subdivididos em físicos e verbais. As ações indiretas podem abarcar a disseminação de histórias desagradáveis ou indecentes relacionadas à vítima. Segundo Gaspar de Matos e Gonçalves (2009), as ações diretas abrangem comportamentos como bater, pontapear, empurrar, roubar, ameaçar, brincar de uma forma rude e que intimida. Os autores acrescentam ainda, mais uma tipologia de bullying: o psicológico. Que refere-se a chamar nomes, arreliar ou pegar com alguém, ser sarcástico, insultuoso ou injurioso, fazer caretas e ameaçar. Como citado anteriormente, há uma relação entre o fenômeno bullying e o Transtorno de Ansiedade Social (TAS). O TAS, de acordo com Isolan et al (2007), também é conhecido como Fobia Social, é um transtorno de ansiedade caracterizado por medo acentuado e persistente de uma ou mais situações sociais ou de desempenho. O sujeito apresenta o medo de de forma que seja embaraçosa e humilhante. Evitando ou enfrentando situações consideradas fóbicas com intenso sofrimento. É observado que há maior prevalência de TAS em adolescentes. Esse transtorno está relacionado a prejuízos sociais, ocupacionais e familiares.
Além disso, pode predispor ao uso de drogas e ao desenvolvimento de depressão e de outros transtornos de ansiedade. Trazendo também prejuízo ao desenvolvimento do indivíduo. Para Burato, Crippa e Loureiro (2009), os sintomas somáticos (palpitação, rubor, tremor e sudorese) são expressos antes, durante e depois de uma situação social. A ansiedade social tem relação com percepções negativas da pessoa com relação a si e ao outro. Frente a isso, o sujeito tende a expressar comportamentos evitativos, visando diminuir sua exposição a situações de interações sociais. Além do comportamento evitativo, o sujeito apresenta auto-imagem negativa e os pensamentos negativos, que estão associadas ao aumento e à manutenção da ansiedade social. Segundo Bados (2009), às situações que provocam o medo podem ser classificadas como: Intervenção pública (falar/agir em público); Interação informal (iniciar, manter e encerrar conversas, falar sobre assuntos pessoais, fazer elogios, expressar amor, interagir com o sexo oposto ou preferido, marcar ou manter compromissos, estabelecer relações íntimas, ir a festas, conhecer novas pessoas, telefonar para alguém, receber críticas); Interação assertiva (pedir aos outros que mudem seu comportamento irritante, uma reclamação, devolver um produto, fazer ou recusar pedidos, expressar desacordo/crítica/nojo, ter opinião própria, interagir com figuras de autoridade); Ser vigiado (comer/beber/escrever/trabalhar/telefonar na frente dos outros). Uma das característica do TAS é o alto nível de temor. Stephan e Gomes (2021), aponta que a prática do bullying entre pares pode acarretar tal temor, por ser um fator de grande estresse social. Dessa forma, aumentando a chance de o sujeito apresentar ansiedade social na vida adulta. Registrando, assim, efeitos a longo prazo que irão afetar a confiança em si próprio e capacidade de relacionamento com os outros.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A presente pesquisa de revisão bibliográfica atingiu seus objetivos tanto gerais quanto específicos. Obtendo êxito ao apontar a existente relação entre o bullying nas escolas e o Transtorno de Ansiedade Social. O fenômeno bullying é descrito como uma violência que intimida e agride de forma física e psicológica, podendo acarretar transtornos psicológicos com o TAS. Portanto, é uma problemática de teor social, político e de saúde pública.
REFERÊNCIAS
BADOS, Arturo. Fobia social. Madrid: Síntesis, 2001.
Burato, Kátia Regina da Silva, Crippa, José Alexandre de Souza e Loureiro, Sonia Regina Transtorno de ansiedade social e comportamentos de evitação e de segurança: uma revisão sistemática. Estudos de Psicologia (Natal) [online]. 2009, v. 14, n. 2 [Acessado 8 Junho 2022] , pp. 167-174.
Gaspar de Matos, Margarida; Pedroso Gonçalves, Sónia M. BULLYING NAS ESCOLAS: COMPORTAMENTOS E PERCEPÇÕES Psicologia, Saúde e Doenças, vol. 10, núm. 1, 2009, pp. 3-15 Sociedade Portuguesa de Psicologia da Saúde Lisboa, Portugal
ISOLAN, Luciano; PHEULA, Gabriel; MANFRO, Gisele Gus. Tratamento do transtorno de ansiedade social em crianças e adolescentes. Archives of Clinical Psychiatry (São Paulo), v. 34, p. 125-132, 2007.
MALTA, Deborah Carvalho et al. Bullying nas escolas brasileiras: resultados da Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE), 2009. 2010.
Nova Escola. 21 perguntas e respostas sobre bullying. In: Criança e Adolescente. [S. l.], 1 ago. 2009. Disponível em: https://novaescola.org.br/conteudo/336/bullying-escola. Acesso em: 8 jun. 2022.
SOUZA, Jackeline Maria de; SILVA, Joilson Pereira da. Bullying nas escolas: conhecer para intervir. In: PARENTE, Cláudia da Mota Darós; VALLE, Luiza Elena L. Ribeiro do; MATTOS, Maria José Viana Marinho de. A formação de professores e seus desafios frente às mudanças sociais, políticas e tecnológicas. Porto Alegre: Penso, 2015. cap. 10, p. 144-158.
STEPHAN, Francesca; GOMES, Daniel Alexandre Gouvêa. Bullying e Transtorno de Ansiedade Social: Relatos retrospectivos. In: LOURENÇO, Lelio Moura et al. Estudos contemporâneos sobre violência e agressividade humana. Juiz de Fora MG: UFJF, 2021. cap. 9, p. 123-137.
Publicado por: Paloma de Lima Saraiva Faustino
O texto publicado foi encaminhado por um usuário do site por meio do canal colaborativo Meu Artigo. Brasil Escola não se responsabiliza pelo conteúdo do artigo publicado, que é de total responsabilidade do autor . Para acessar os textos produzidos pelo site, acesse: https://www.brasilescola.com.